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Texto científico e texto literário – Qual é a diferença?

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Em nosso post de hoje iremos refletir sobre alguns dos pontos que podem diferenciar os textos científicos dos textos literários. Também iremos esclarecer se um texto literário pode ser introduzido em um material científico e de que forma essa inclusão pode ser feita.

Assim, a fim de que esta conversa seja ainda mais aprofundada, iremos esclarecer o que é a “literatura” sobre a qual tanto falamos, visto que ela não diz respeito às obras da literatura. Também iremos discutir sobre outros tipos de textos que não têm características científicas, mas que podem ser objetos de estudo.

O nosso objetivo, por fim, será o de lhe ajudar a desenvolver e apresentar um texto científico tanto no nível da graduação quanto da pós, porém, antes de qualquer coisa, é preciso compreender quais são essas diferenças vitais. Certos tipos de textos não são aceitos e entenderemos os motivos que fazem com que sejam rejeitados.

Compreendendo os textos literários (ou não-científicos)

Ao longo deste post apresentaremos alguns pontos que fazem com que um texto não seja científico, o que abre brechas para a sua não aceitação. Dessa forma, a fim de que possa compreender quais são os aspectos que diferenciam esses diversos tipos de texto, iremos discorrer sobre os mais diversos formatos de textos não-científicos.

Compreendendo os textos literários (ou não-científicos)

O nosso intuito é de lhe ajudar a sanar essas dúvidas e de fazer com que consiga converter um texto não-científico em um material que pode ser aprovado e até mesmo publicado.

Para que possamos compreender os cuidados e técnicas que devem ser tomados, optamos por partir de uma linguagem mais simples.

Há conceitos por trás dessas questões, mas o nosso objetivo é que você possa empregar esses conceitos e técnicas na prática. São questões bastante complexas e que não podem ser reduzidas em um único post. Desse modo, apresentaremos algumas dicas gerais que podem lhe auxiliar nessa jornada.

Como são definidos os textos literários?

Iniciaremos esta discussão apresentando uma definição sobre os textos literários. O primeiro ponto a ser levantado é que cada texto é escrito a partir de um formato específico. Nesse sentido, um texto literário pode assumir a forma de uma poesia, de um romance, de uma reportagem ou notícia, de um documento, de qualquer narrativa.

O que nos importa aqui não é a compreensão dos pontos de cada um desses gêneros, mas dos aspectos que qualificam uma obra como literária. Logo, sabendo que qualquer texto que se enquadra nesses gêneros é literário, podemos tecer algumas diferenças entre ele e o texto científico.

Saber essas diferenças é de suma importância porque muitos professores e acadêmicos empregam o termo revisão de literatura para se referirem a um certo tipo de material científico.

No entanto, ele não é a mesma coisa que uma obra literária!

O que é a revisão de literatura?

Uma revisão de literatura não apresenta uma narrativa como é o caso da obra literária. Essa distinção acaba deixando muitos alunos confusos. Nesse sentido, há aqueles que associam a revisão de literatura à compilação dos principais pontos de uma obra literária, porém, esse raciocínio não está correto.

O que é a revisão de literatura

A revisão de literatura parte obrigatoriamente de textos científicos. Ela também compila dados sobre esse tipo de texto. Essas diferenças devem ficar claras, o que implica conhecer essas terminologias.

Mantendo isso em mente, podemos compreender o que é um texto científico. Trata-se de um texto que assume uma linguagem formal, impessoal, objetiva e neutra. A linguagem, portanto, não é coloquial, visto que o texto é escrito para um público específico.

Posto isso, pensemos um pouco mais nas características que qualificam esse tipo de texto, que é naturalmente formal e impessoal.

A estrutura de um texto científico

Independentemente do idioma a partir do qual esse texto será escrito, ele deverá seguir algumas regras para que possa ser aprovado e, se for o caso, publicado em algum veículo científico.

Esses textos, a fim de que atendam às características mencionadas no parágrafo anterior, são escritos em terceira pessoa, visto que o autor não pode se posicionar sem que as suas ideias estejam embasadas em outros textos.

A estrutura de um texto científico

As suas ideologias, percepções e valores não devem ser transparecidas, visto que deve prevalecer o pressuposto da ciência quanto àquela questão que está sendo abordada e não a sua visão pessoal, cuidado esse que não é tomado em outros tipos de textos.

Alguns exemplos de termos utilizados para introduzir uma ideia são “propõe-se”, “discorre-se”, “nota-se” e outros. Dificilmente o autor irá se incluir nesse processo de construção de ideias, salvas certas áreas que compõem o campo das Ciências Humanas.

A compreensão por área

Esses cuidados sobre os quais estamos chamando a sua atenção são tomados de formas diferentes a depender da área na qual você se encontra. No domínio das Ciências Humanas o conhecimento é desenvolvido de uma forma mais flexível, de modo que não são raros os casos em que o autor se posiciona no texto e faz uso da primeira pessoa do singular.

A compreensão por área

Entretanto, na maior parte das áreas, prevalece a linguagem impessoal, ou seja, a terceira pessoa.

A atuação e participação deste pesquisador na pesquisa como um todo se dá de maneira distante, neutra.

A investigação ali proposta, portanto, não parte de suas ideologias e pressupostos por si só, visto que para cada afirmação precisará apresentar fontes que comprovem esses pressupostos.

Caso não haja, eles não terão qualquer validade e serão refutados. Todo e qualquer texto científico precisa de uma base sólida para que tenha esse viés.

Bases nos textos científicos e não-científicos

Os textos literários e não-científicos não precisam de qualquer tipo de base para comprovar as suas ideias, visto que os dados não serão questionados. Contudo, um texto científico sem base sequer será aprovado.

Você pode escrever um texto literário que narra a sua história de vida. Também pode criar um romance com personagens fictícios ligados a uma sociedade/grupo social específico. Pode criar uma poesia que exprima algum sentimento/emoção que está sentindo nesse momento. Uma canção também pode nascer de sua inspiração.

Em todos esses casos não há a necessidade de apresentar as bases que deram origem a tais ideias. Ninguém irá questioná-lo nesse sentido. Também não há qualquer tipo de preocupação com a formalidade e a linguagem não é rígida. Entretanto, os textos acadêmicos não têm essa flexibilidade. Todas as afirmações nesse tipo de texto precisam de uma base sólida para que não sejam refutadas.

A construção das ideias em um material científico

A fim de que um material científico possa ser aprovado e validado, é preciso que você deixe muito claro quais são e de onde vem as bases que está utilizando para tecer cada uma das afirmações de seu texto.

Por exemplo, se você deseja afirmar que a reforma protestante se deu no contexto alemão e suíço por volta de 1517 e que diversas personalidades exerceram um papel de suma importância na consolidação dessa reforma, será preciso apontar uma ou mais fontes que tenham discutido sobre essa questão específica. A ausência de fonte fará com que o seu texto perca a validade.

A fim de que cada ponto do seu texto seja desenvolvido conforme o viés da ciência, para cada afirmação, uma fonte deverá ser citada conforme as normas de sua instituição, sendo a mais comum a ABNT. Não importa se você é um especialista e que já tenha escalado todos os degraus da cátedra, esses cuidados devem ser tomados por todos.

Os doutores precisam citar fontes?

Pessoas renomadas em suas áreas têm uma certa flexibilidade, porém, via de regra, uma afirmação não pode se desvincular de sua fonte geradora, que não pode ser o próprio texto em processo de produção.

Entretanto, devemos chamar a sua atenção para o fato de que quando uma pessoa se torna doutora em uma dada linha de pesquisa, ela adquire um certo renome e passa a ter local de fala nesse âmbito de pesquisa específico.

Contudo, seja você doutor ou não, deve deixar muito claro de onde retirou essa informação. No caso de nosso exemplo da reforma protestante, deve ficar muito claro no texto qual ou quais são os autores responsáveis pelo desenvolvimento dessa ideia.

Eles devem ser devidamente citados para que o seu texto seja caracterizado como científico. Seja uma data, local, personalidade ou conteúdo, esses dados devem ser acompanhados de suas respectivas fontes, que devem ser científicas.

A essência do texto científico

Todo e qualquer texto científico precisa de um embasamento, até mesmo os materiais de revisão. Todas as informações ali apresentadas não são aleatórias. Elas têm um porquê para estarem ali. Esse porquê é justamente a fonte que a gerou.

Pensemos em um exemplo prático. Digamos que você tenha se deparado com um texto científico sobre depressão. As informações ali apresentadas estão ligadas a um contexto científico específico.

Os dados foram testados e comprovados antes do texto ser publicado. A fim de que os autores possam afirmar que a depressão é considerada como um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil, devem partir de dados sólidos que comprovem essa dada questão. Recorrer a uma literatura sólida é o primeiro passo. Os dados do Ministério Público ou de algum órgão especializado em saúde mental seria o mais indicado.

Dados oficiais em textos científicos e não-científicos

Além dos artigos científicos, dissertações e teses, os dados fornecidos por órgãos e agências governamentais são considerados como seguros e podem ser introduzidos em seu texto. Essa preocupação não é comum no campo literário, visto que em uma narrativa os dados, datas e personalidades podem ser inventados, caso o autor queira.

Essa flexibilidade existe porque há uma liberdade criativa muito maior. Por outro lado, na ciência, os materiais que irão embasar o texto devem ser retirados de espaços específicos, como dos sites dos órgãos e agências ou das bases de dados onde as revistas científicas se encontram indexadas.

Como mencionamos, no texto literário tudo pode ser inventado e aumentado, visto que não é exigido qualquer tipo de comprovação dos dados. As informações são trazidas e exploradas conforme o contexto da narrativa. No texto científico, a forma como o conteúdo é desenvolvido é outra.

Cuidado com os excessos

Cuidado com os excessosDiferentemente do texto literário, em que os detalhes são muito bem-vindos, no texto científico, sobretudo nas áreas mais “duras”, menos é mais.

O pesquisador, nesse caso, deve ir direto ao ponto, sem rodeios. As informações, nesse sentido, devem ser apresentadas de modo breve, claro e objetivo.

Além disso, esse texto deve ter um motivo para existir. Assim sendo, a fim de que a sua validade seja comprovada, é preciso que esse texto científico parta de uma questão-norteadora.

Ela, por sua vez, deve corresponder a um fenômeno e/ou problema social atual e urgente para que esse estudo seja relevante.

Esses cuidados demonstram ao leitor que o texto ao qual você se propôs a desenvolver é relevante e útil para a sociedade na qual vivemos. É por esse motivo que tudo tem uma razão para existir. As informações não são reunidas de maneira aleatória, como ocorre na literatura.

Materiais científicos vs não-científicos

Como frisamos, a fim de que um texto científico possa ser aprovado e publicado, ele tem que ter um motivo que justifique a sua existência. Sendo assim, parte-se de alguns elementos básicos.

É a questão-norteadora que irá gerar os objetivos gerais e específicos que irão guiar todo o processo de construção do estudo. É a partir desses objetivos que você irá traçar uma linha de pensamento. A fim de que esses objetivos sejam alcançados, você terá que seguir um sistema para que o método escolhido seja bem executado.

Posto isso, esses cuidados não são tomados no processo de produção de um texto literário ou não científico, uma vez que não há preocupação com a comprovação da veracidade dos fatos ali mencionados. Nesse contexto, um exemplo de texto não científico diz respeito aos de cunho jurídico, realizados pelos advogados.

De modo que, parte de seus materiais não podem ser publicados em um veículo científico, pois, além de alguns não terem o cuidado de apresentar fontes que forneçam subsídios para as suas afirmações, utilizam-se de uma linguagem diferente daquela considerada como correta para a produção de textos científicos.

A linguagem jurídica faz uso frequente de adjetivos, posicionamentos pessoais e colocações enfáticas que vão ajudá-lo no momento de realizar uma defesa, entretanto, como já foi dito, o texto científico deve ser impessoal.

Nesse tipo de material, não deve haver colocações ideológicas ou juízo de valores, mas sim o distanciamento do autor com relação ao objeto de estudo e ideias embasadas em outros materiais que comprovem a veracidade do que está sendo dito. Desse modo, a fim de que o texto possa ser considerado como científico todos os cuidados mencionados devem ser seguidos com rigor.

Qual é o objetivo do texto literário e científico?

Um texto literário pode ter diversos objetivos, ou seja, vai depender do tipo de literatura que está sendo produzida. Se o texto tomar a forma de uma prosa, um poema, uma história ou uma dissertação, vai depender daquilo que o autor tem como objetivo e o que ele deseja alcançar com a sua produção.

Já o texto científico é sistemático, de modo que deverá passar por todos os critérios de avaliação, podendo ter algumas ressalvas de acordo com o núcleo de pesquisa, com o tema, com o professor ou com as práticas de pesquisa.

O qual tem como objetivo servir como uma base de informação sólida, sustentada por outras fontes de conhecimentos originais. Esse tipo de texto pode ser utilizado por alunos, pela sociedade acadêmica, por profissionais da área ou como uma forma de texto informativo, ou seja, o texto científico, assim como o literário, também pode possuir diversas finalidades.

Desse modo, é importante enfatizar que, embora esses dois tipos de textos apresentem as suas diferenças, elas não devem ser evidenciadas como uma forma de desvalorizar um ao outro. Dessa forma, nenhum tipo de texto deve ser diminuído, seja ele literário, técnico ou qualquer outro, pois cada texto possui a sua própria finalidade e deve ser tratado com devida importância.

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