No post de hoje iremos discutir sobre algumas questões fundamentais e bastante decisivas que podem impedir a aprovação do seu artigo por uma dada revista. São alguns “erros fatais” que podem estar retardando a sua aprovação pelos pares da revista.
Diante desse cenário, ao longo da discussão iremos elencar quais são esses erros fatais, bem como iremos nos ater às estratégias que podem lhe ajudar a produzir o artigo de uma forma muito mais assertiva.
Contudo, antes de discutirmos sobre esses erros, é preciso que deixemos uma questão clara: é muito difícil que um artigo científico seja aprovado logo de primeira, sobretudo nos primeiros anos de carreira.
É preciso que adquiramos mais autonomia, sabedoria e maturidade. Esses advêm do feedback que obtemos ao longo de nossa trajetória. Assim, a reprovação de um artigo muito tem a contribuir com a aquisição de mais maturidade.
1° erro ao produzir um artigo científico
Quando falamos sobre “erros fatais”, estamos nos referindo àqueles deslizes que cometemos na produção de um artigo. Se você cometer um ou mais desses erros e submeter o artigo a revista, ele poderá ser reprovado. Sendo assim, o primeiro erro está ligado à escolha da revista.
É muito comum que as pessoas acreditem que devem produzir um artigo e depois procurar por uma revista. Na verdade, o mais coerente é realizar o contrário. Esse cuidado é necessário porque cada revista tem a sua própria equipe editorial.
Essa equipe segue um escopo específico e tem preferência por certas metodologias e perspectivas teóricas. Além disso, determinam uma formatação específica que todos os autores deverão seguir para que haja uma certa padronização. Apontam a quantidade de páginas e/ou de caracteres, dentre outros aspectos normativos que garantem a aprovação.
Porque escolher a revista primeiro?
Como cada revista tem a sua particularidade, se você produzir um artigo antes de escolher a revista, terá que realizar uma série de adaptações para que ele se adeque a revista escolhida.
Em certos casos, o autor precisa reescrever todo o material, caso a revista não esteja seguindo a mesma sequência. Portanto, é melhor começar pela escolha da revista para que o artigo seja escrito dentro desses moldes, pois, assim, serão poucos os ajustes finais. Todo o artigo será produzido a partir do escopo e normas da revista.
Por exemplo, embora a norma mais comum seja a ABNT, a revista escolhida pode requerer a APA (ou qualquer outra).
Além disso, a quantidade de laudas mínimas e máximas também pode variar de uma revista para outra.
Há, inclusive, revistas que determinam uma sequência de tópicos que deve ser seguida. Sem a atenção a esses aspectos, o artigo terá grandes chances de reprovação.
2° erro: elaboração do problema de pesquisa
O segundo erro está ligado ao problema de pesquisa. É crucial que você demonstre que o seu artigo parte de um, pois a falta de um problema de pesquisa é um grande erro, visto que este justifica a necessidade de existência do seu material.
Portanto, este problema que se quer responder deve ficar muito claro ao leitor. Temos observado que os pesquisadores-autores têm essa dificuldade (demonstrar o porquê de o material ser necessário).
Sendo assim, uma dica valiosa é: quando realizar qualquer material científico (monografia, TCC, artigo, dissertação, tese e afins), comece pensando no porquê desse material ser necessário para o mundo no qual vivemos.
Do problema surgirá uma pergunta norteadora que irá guiar o seu material do início ao fim. É essa questão norteadora a principal responsável por conduzir o desenvolvimento de seu material, fazendo com que ele atinja uma certa coerência e possua relevância acadêmica.
3° erro: clareza do problema de pesquisa e os objetivos de pesquisa
Esteja o seu problema implícito ou explícito, ele deve ser o mais claro e coerente possível. Os editores e os pares (professores) que irão avaliar o seu material devem identificar o problema logo de cara.
Com isso, adentramos no terceiro erro que pode fazer com que o material não seja aprovado: a falta de consistência nos objetivos e o não alinhamento destes com a questão norteadora/problema de pesquisa.
Não podemos eleger um objetivo simplesmente porque acreditamos que ele é relevante, pois são eles que determinam quais serão os caminhos a serem percorridos para responder ao problema de pesquisa.
Por exemplo, suponhamos que você queira discutir sobre a desigualdade social. Sem uma questão norteadora fica impossível abordar o tema, já que ele é bastante amplo e assume múltiplas formas. Portanto, primeiramente, é necessário definir a questão norteadora que se pretende responder.
Após isto, os objetivos devem ser definidos. Os objetivos são as estratégias que irão garantir que esse problema de pesquisa, após definido, seja respondido (e solucionado, caso seja possível). O problema de pesquisa está intrinsecamente ligado aos objetivos.
A conexão entre o problema e os objetivos
Muitos autores têm um problema de pesquisa coerente, porém, os objetivos não garantem que o problema seja respondido. A falta de conexão entre esses dois elementos tão importantes faz com que o problema seja rejeitado, já que não há como respondê-lo com tais estratégias (objetivos).
Entendendo o objetivo como uma resposta ao problema, a pesquisa passa a ser conduzida de uma melhor forma. Sendo assim, os objetivos podem ser divididos entre geral e específicos.
Geralmente, o artigo propõe um objetivo geral que irá permitir que o problema seja respondido, o que implica a escolha de uma questão norteadora.
Essas questões devem aparecer logo no resumo:
- objetivo;
- problema de pesquisa;
- questão norteadora.
4° erro: atenção à metodologia escolhida – área de humanas
Adentramos em nosso quarto erro: a falta de uma metodologia coerente. Com exceção de algumas áreas/linhas de pesquisa, como é o caso das humanidades, se tratando exclusivamente de materiais de revisão bibliográfica, a falta de uma metodologia consistente e que demonstre todos os passos utilizados para a elaboração da pesquisa pode fazer com que o material seja reprovado.
Certos artigos da área das humanidades não necessariamente possuem um tópico para a metodologia. Contudo, caso essa seja uma exigência para você, o ideal é que a metodologia seja apresentada de forma sistemática.
No caso das humanidades, você poderá partir de uma abordagem discursiva para discutir sobre os conceitos e teorias de um dado autor. É este o seu método. É um artigo que promove uma reflexão sobre um dado assunto.
Neste caso, como metodologia, basta mencionar que é um artigo que promove uma revisão de literatura. Com isso, o tópico de metodologia não precisa ser melhor desenvolvido. Entretanto, materiais mais aplicados não seguem esta lógica.
Precisam atender rigorosamente às exigências da metodologia escolhida. Portanto, com exceção dos estudos que propõem uma revisão bibliográfica, o ideal é que haja um tópico apenas para a metodologia.
A metodologia científica nas pesquisas aplicadas e o Comitê de Ética
Quando discutimos sobre metodologias aplicadas, estamos nos referindo a estudos que lidam com seres (humanos ou animais). Se o seu intuito é o de aplicar uma entrevista, questionário ou semelhantes, precisará tomar certos cuidados.
O mesmo vale para as pesquisas laboratoriais, aplicação de ferramentas e similares. Antes que você possa realizar o estudo, é necessário que ele seja aprovado pelo Comitê de Ética.
Quando a instituição na qual o pesquisador está vinculado não dispõe de um Comitê de Ética, a proposta deverá ser submetida à plataforma Brasil.
Esta plataforma envia a sua proposta para o Comitê de Ética mais próximo de sua instituição. Se a sua pesquisa lida com seres humanos, é normal que a revista requeira um documento que comprove que o Comitê de Ética aprovou este estudo.
Por fim, a metodologia deve estar especificada em um tópico de forma sistematizada, informando todos os procedimentos utilizados passo a passo.
5° erro: o resumo pode fazer com que um artigo seja reprovado?
Sim! O resumo, assim como os demais pontos que elencamos até o momento, são fatores decisivos para a aprovação ou reprovação de seu material por uma revista científica, o que implica tomar certos cuidados.
Como temos destacado ao longo de nossos posts, cada vez mais têm sido requerida a realização dos tópicos fundamentais de um estudo de forma sistematizada para que o leitor compreenda os processos de pesquisa envolvidos.
Nesse sentido, nosso quinto erro está na não sistematização do resumo, pois este deve ser escrito de forma ordenada, obedecendo a uma certa ordem. Você poderá iniciar esse resumo apresentando de forma breve um panorama contextual sobre o assunto que está se propondo a investigar.
Na sequência, não se esqueça de deixar claro qual é o seu problema de pesquisa e a questão norteadora, o objetivo (ou os objetivos), a metodologia e os principais resultados encontrados pela pesquisa.
As características de um resumo sistematizado
Além dos tópicos que mencionamos no item acima, há alguns outros aspectos que você deve levar em consideração ao elaborar o seu resumo. Atenção: o não atendimento a esses requisitos pode fazer com que o seu resumo seja reprovado logo de cara.
Há uma quantidade mínima e máxima de palavras que um resumo deve ter. Geralmente, o mais comum é que os resumos tenham entre 250 e 350 palavras, porém, pode variar de revista para revista.
O resumo sistematizado é indicado para que o leitor que procura por um artigo saiba de forma rápida se, nesse momento, o artigo serve para sua pesquisa.
Não escrevemos um artigo simplesmente por uma questão de ego. A nossa missão é a de contribuir com a sociedade!
A relevância social de uma pesquisa e a importância do resumo sistematizado
A fim de que o estudo seja, de fato, relevante, ele precisa propor a resolução ou reflexão sobre um problema de ordem social. Diante de tal necessidade, o nosso dever é o de promover uma discussão sólida sobre um dado fenômeno/problema que afeta o dia a dia de todos.
É o resumo que faz com que o leitor tenha a vontade de ler ou não o seu material.
Portanto, a produção de um bom resumo é uma forma de respeitar o seu leitor, pois você fará com que ele tome uma decisão mais assertiva quanto ao uso de certos tipos de informações, ou seja, irá otimizar o seu tempo de busca por dados.
O resumo faz com que o leitor decida se irá ou não ler o seu material na íntegra. Caso ele escolha ler e utilizar em sua pesquisa, irá citar a sua produção, o que é muito interessante para a sua carreira acadêmica.
Por esse motivo, o resumo deve conter todas as informações que tornem o seu leitor capaz de tomar uma decisão coerente na continuidade ou não da leitura de seu material.
Erros comuns na produção de um resumo
É muito comum que os autores que têm dificuldade em produzir resumos comecem introduzindo a temática e finalize com a apresentação dos objetivos do trabalho.
Nesse processo, é como se o autor estivesse omitindo certos tipos de informações, de modo que o leitor terá que ler todo o material para obter esses dados e tomar uma decisão, o que não é viável quando estamos coletando dados. Sendo assim, o resumo deve reunir todas as informações que estão no texto de forma breve.
Não pode esconder nada. Há professores que defendem que o resumo deve ser escrito de uma forma mais livre, porém, é essencial que este tópico reúna informações precisas.
É preciso que permitamos que o leitor escolha o nosso material, porém, nesse processo, é necessário que sejamos honestos e responsáveis. Não podemos enviesar a sua opinião.
6° erro: as referências
Um sexto erro que pode fazer com que o seu material seja reprovado é referenciar os autores de forma incorreta. Não apenas as referências, mas também as citações diretas e indiretas devem ser referenciadas de modo correto.
Todos os autores utilizados nas citações diretas e indiretas devem ser referenciados no tópico específico.
Cada revista irá apontar a forma a partir da qual as citações e referências devem ser feitas para que o material seja aprovado.
A maior parte das revistas não se utilizam mais das notas de rodapé para que as citações sejam feitas. O esquema mais comum é o de autor-data.
Contudo, o esquema autor-data nas normas da ABNT e APA, por exemplo, não é feito da mesma forma (na ABNT as letras são todas em maiúscula e na APA apenas a primeira letra é maiúscula, o restante, minúsculo).
Assim, a fim de que as referências sejam feitas do modo correto, é necessário consultar a formatação indicada pela revista na qual esse artigo será publicado.
A realização de citações diretas e indiretas de forma errônea pode fazer com que seu material não seja aprovado. Tenha sempre atenção às normas da revista.
7° erro: o título
O sétimo erro que iremos abordar neste post está ligado ao título. Um bom título também é um fator chave para que o seu material seja ou não aprovado.
A maior parte das revistas prezam por materiais que apresentem títulos que deixem claro as propostas do estudo.
Embora sejam poucas as revistas que se encaixam em outras situações, elas existem. Nesse caso, elas preferem que o título não entregue a proposta por completo.
Os títulos são mais enigmáticos. Contudo, há a preferência geral por títulos que revelam o que o autor irá encontrar ao ler o material.