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O que não pode ter no título do artigo científico? – Motivos que levam à reprovação do artigo científico

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O que faz com que um artigo científico possa vir a ser reprovado?

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje retomamos as nossas discussões sobre os momentos pelos quais um artigo científico passa. Como temos destacado ao longo de nossos posts, a partir do momento em que o artigo é submetido a uma revista, ele passará por uma série de avaliações. Em primeiro lugar, analisa-se se o material submetido é original e não se encontra publicado em nenhum outro lugar da web. Essa análise é conhecida como verificação do plágio. Analisa-se, ainda, se esse material se encontra de acordo com as normas direcionadas aos autores. Na sequência, avalia-se o conteúdo desse material. Esse processo é conhecido como avaliação por pares e eles, em geral, são pessoas que possuem uma titulação superior à sua. Contudo, hoje iremos conversar sobre os motivos que fazem com que um artigo possa ser reprovado. Como são variados, hoje iremos nos concentrar no título ideal de um artigo.

Cuidados ao elaborar um título

Cuidados ao elaborar um título

Iremos elencar ao longo desse post aquilo que não deve ser feito no momento de elaboração do título do seu artigo científico. Essas dicas também podem ser aplicadas para aqueles que estão desenvolvendo uma dissertação ou tese. Ao avaliar os materiais que chegam até a revista, conseguimos observar algumas pautas que podem auxiliar o autor a criar um título interessante e que pode suscitar a aprovação. Um dos grandes problemas que observamos ao analisar esses materiais está ligado ao título. Desse modo, ao elaborarem um título, muitos autores acabam tendo os seus trabalhos reprovados em razão de alguns descuidos. O título é o primeiro elemento que o avaliador analisa. Se o título não está ideal, esse fator irá o influenciar durante toda a leitura. Após verificar esse título é que irá tecer as suas observações. Se esse título logo de cara não estiver apropriado, todo o seu material poderá ser comprometido.

O problema do título sem delimitação

Iremos elencar os motivos que podem fazer com que seu material seja reprovado em relação ao título. O primeiro deles é a apresentação de um título que não se encontra delimitado. Os títulos que não se encontram delimitados, em geral, dizem respeito aos materiais de autores que confundem tema e título. Essa confusão manifesta-se no primeiro aspecto que chamará a atenção do leitor e que será avaliado. Suponhamos que você deseja discutir sobre a alimentação de crianças. Esse interesse não poderia ser o título, pois a alimentação infantil é uma grande dimensão, logo, precisa ser afunilada. É preciso que de forma breve e exata você diga, por meio do título, qual é o seu recorte de pesquisa. O mesmo vale para o lúdico na educação infantil, recursos humanos e administração financeira. São temas que pertencem a várias disciplinas e, desse modo, são muito abrangentes.

A impossibilidade de esgotar um tema de pesquisa

Os temas são muito amplos e não podem ser esgotados em um único material, seja ele mais curto ou mais extenso. Para evitar que o seu material seja reprovado por esse motivo, é preciso que haja a delimitação. Se você for falar sobre os aspectos históricos é preciso que você retome o tema e mencione com qual recorte irá trabalhar para discutir sobre esses aspectos históricos. Em geral, é possível delimitar esse tema de pesquisa e, por consequência, o título, de forma mais simples quando você tem um problema de pesquisa e os objetivos bem delimitados. Chegar ao título será um exercício muito mais tranquilo. É muito comum que, na maior parte das vezes, o próprio objetivo geral da pesquisa acaba sendo o título de forma adaptada. Nos objetivos mencione-se certos verbos para exprimir o que será feito ao longo da pesquisa. Os mais comuns são analisar, explorar e descrever. Inserimos um dos verbos antes dos objetivos.

Os objetivos em um estudo científico

Os objetivos em um estudo científicoA fim de que o leitor conheça os seus objetivos de pesquisa é importante que você indique a partir de mecanismos apropriados esses objetivos. No caso do tema da alimentação, uma das formas de apresentar esse objetivo seria “descrever um padrão de alimentação saudável para crianças de dois a quatro anos” ou “apontar os fatores que influenciam na alimentação infantil de dois a quatro anos”. O que você precisa entender com base nessa lógica é que é o seu tema de pesquisa que irá fazer com que você chegue a alguns recortes, como o do próprio título e dos objetivos que você deseja cumprir para que seja possível debater sobre o tema escolhido (sendo o título a delimitação deste tema). Os seus objetivos de pesquisa são cruciais nesta etapa, visto que tornarão essa etapa mais simples. São os objetivos que buscam responder a questão-problema que irá nortear todo o seu estudo.

Evite mencionar siglas no título do seu trabalho

Evite mencionar siglas no título do seu trabalhoA segunda dica que gostaríamos de mencionar relacionada aos cuidados com o título da pesquisa diz respeito às siglas. Não é indicado que quaisquer tipos de siglas apareçam nos títulos dos estudos. Siglas nos títulos é uma prática que não costuma ser bem vista, pois, via de regra, títulos não carregam essas siglas. Apenas um ou outro estudo pode admitir esse uso, mas não é comum. Se você optar por essa inserção, terá que transcrever o nome completo da sigla antes de inseri-la. Dentre as siglas que causam mais confusões, temos o CRM. Suponhamos que você deseje propor uma análise acerca da efetividade do CRM nas organizações. O CRM possui uma série de significados, como Conselho Regional de Medicina, CRM aplicado à área da administração (especificamente à área de TI nas empresas) e o CRM pode estar relacionado, ainda, com a área da engenharia. É uma sigla que possui pelo menos cinco significados.

A polêmica de algumas siglas

Se você estiver utilizando uma sigla que possui uma infinidade de significados, o seu leitor poderá interpretar a sua reflexão de forma diferente em relação ao sentido que pretendeu empregar ao escolher a sigla. Assim sendo, se o seu artigo científico, trabalho de conclusão de curso, monografia, dissertação ou tese conter uma sigla nesta etapa, é muito provável que este título seja reprovado pelo seu orientador ou pela banca. Para evitar esse tipo de confusão, coloque essa sigla por extenso, se estiver se referindo ao CRM médico, mencione que é o Conselho Regional de Medicina. A sigla deve estar sempre entre parênteses e deve vir depois da palavra por extenso. Com isso, podemos partir para a terceira dica. Em um trabalho acadêmico não usamos adjetivos no título. Na verdade, no texto todo deve-se evitar esses adjetivos.  Alguns tipos de trabalho permitem esse uso, mas na grande maioria é algo que deve ser evitado.

Por que os adjetivos não são bem vistos em textos acadêmicos?

Os adjetivos não costumam ser bem vistos em textos acadêmicos porque quando utilizamos adjetivos em um texto de nossa autoria, em geral, estamos querendo expressar e reiterar uma superestimação de uma ideia que acabamos de ler. O mesmo vale para aqueles aspectos que são subestimados. Por esse motivo, adjetivos não costumam ser bem vistos, seja no título ou no texto com um todo. Como o trabalho acadêmico é científico, ele precisa de certos cuidados para que ganhe esta característica. Um dos cuidados mais essenciais e que, na verdade, é uma exigência, diz respeito ao conhecido distanciamento do pesquisador. A fim de que você possa ser reconhecido como um pesquisador e para que o seu texto tenha credibilidade, é de suma importância que você, enquanto pesquisador, apoie-se em uma prática fundamental: a neutralidade. Quanto mais imparcial você for, mais bem visto será o seu texto.

A neutralidade e a imparcialidade nos textos científicos

Tanto a neutralidade quanto a imparcialidade são aspectos que tornam os textos, de fato, científicos. Por exemplo, suponhamos que você deseja investigar uma caneta. Para investigar esse cenário e para que possa analisá-la, é preciso que você não tenha nenhum tipo de envolvimento com a empresa responsável por essa caneta, pois, do contrário, a pesquisa perderá a sua credibilidade. Como é o seu papel analisar essa caneta de modo científico, é apenas por meio do distanciamento que você conseguirá atender a essas exigências. Para estudar o design dessa caneta, a sua efetividade, a agregação de valor e outros aspectos, podemos partir de uma série de óticas diferentes, desde que partamos de uma literatura que seja capaz de sustentar a sua análise. Se você tiver criado essa caneta ou um vínculo emocional muito grande com ela, a tendência é que você manipule esses dados para beneficiá-la.

O modo de enxergar o objeto de pesquisa

Se você possui um vínculo afetivo com o objeto que está sendo analisado é muito provável que você não consiga ser imparcial em sua análise. Os adjetivos são os principais mecanismos que podem prejudicar a neutralidade da linguagem. Dessa forma, é preciso que as suas escolhas linguísticas sejam cuidadosas. Essa questão está relacionada com a nossa próxima dica que é o apego a uma ideologia específica, o que faz com que a sua análise se prenda a essa ideologia específica, o que também é uma forma de manipular os dados. Ao apoiar-se em uma ideologia pessoal, acabamos ferindo os preceitos científicos que alicerçam a pesquisa na academia. Assim sendo, é necessário que você saiba analisar o seu objeto, uma cena ou uma situação de forma distante e neutra. Ao assumir que você é um pesquisador, passará a aceitar todas as possibilidades negativas e positivas sobre o objeto de pesquisa em questão.

A influência das ideologias pessoais em uma pesquisa científica

A influência das ideologias pessoais em uma pesquisa científicaQuando o objeto está muito envolvido com uma ideologia pessoal, tendemos a anular essa neutralidade e imparcialidade científica, pois não é possível realizar esse exercício de distanciamento. Com isso, este cenário torna-se muito propício para que este pesquisador faça algumas acusações. Como exemplo podemos citar o estudo do movimento neopentecostal. Se você faz parte de um movimento distinto ou se possui uma ideologia que não vai ao encontro dos valores neopentecostais, não conseguirá se libertar da sua ideologia pessoal ao analisar este objeto. Quando você for discutir sobre esse movimento neopentecostal é muito comum que os julgamos pessoais se sobressaiam nessa discussão. Assim sendo, ao invés de você ser capaz de realizar uma análise sobre esse movimento, é provável que acabe ferindo e distorcendo esse movimento do qual você não faz parte. É comum que as informações sejam distorcidas.

As distorções provocadas pela falta de distanciamento

As distorções provocadas pela falta de distanciamentoA falta do distanciamento na pesquisa científica pode fazer com que os dados trazidos para a análise sejam manipulados para que os seus ideais pessoais critiquem o objeto em questão que está sendo analisado. Dessa forma, ao produzirmos ciência, desde um artigo até uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado é preciso que não haja esse vínculo afetivo com o objeto em questão. A fim de que o seu título não seja associado a uma ideologia pessoal, é de suma importância que ele seja o mais imparcial e neutro possível. O seu título (na verdade, todo o conteúdo do seu material) precisa ter base científica, e, além disso, você não pode se valer dessa base científica para defender os seus valores pessoais em uma pesquisa. Nós, enquanto seres humanos, temos as nossas ideologias e nos posicionamos, porém, elas não podem se sobressair ao que foi comprovado pela ciência. A pesquisa é séria.

Em razão da seriedade da pesquisa científica, ao iniciarmos este estudo precisamos nos comprometer com a objetividade, neutralidade e imparcialidade ao explorarmos os fatos desse estudo em questão. Para isso, é fundamental que partamos de uma base científica para fazermos as nossas afirmações. Esse cuidado deve ser manifestado logo na escolha do título. A ideia de seriedade deve ser passada ao leitor, avaliadores e quaisquer pessoas que terão contato com o seu material. Até mesmo para que esse material possa ser aceito pelos acadêmicos e pela sociedade em geral, todos esses cuidados que mencionamos são essenciais. Assim sendo, enquanto cientista, é preciso que, ao longo da sua jornada, você desenvolva essa capacidade de ter a mente aberta para o aprendizado e o não julgamento sem base científica. Podemos concordar e discordar, desde que nos apoiemos em uma base científica para tal.

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