Em nosso post de hoje iremos discutir um pouco sobre um assunto de extrema importância para todos os que estão envolvidos ou se interessam pela pesquisa científica. Iremos falar sobre o artigo científico e a sua validade.
Além disso, também iremos discutir ao longo dessa conversa sobre o momento ideal para você realizar a publicação do seu material em uma revista científica. Iremos apresentar alguns dos pontos mais importantes sobre esse processo de publicação, mas traremos um maior foco para a questão da validade da publicação de um artigo científico.
Dessa forma, podemos iniciar nossa conversa dizendo que sim, há um tempo máximo indicado para que o artigo científico seja viável de ser publicado. Assim sendo, iremos apresentar os motivos para isso ao longo desta discussão. Entretanto, precisaremos, antes de tudo, que você entenda o que é um artigo científico.
Quais são suas características, o processo pelo qual ele passa antes de poder ser publicado, como ele é avaliado, de que forma ele se diferencia de outros gêneros, entre outras coisas. Reflitamos, então, sobre algumas características essenciais de um artigo científico.
Quais são as características de um artigo científico?
Um artigo científico, antes de qualquer coisa, é um material que segue metodologias científicas rigorosas para a sua realização. Mesmo que esse material científico seja mais teórico, ele precisará respeitar critérios rigorosos.
Nesse sentido, mesmo que se trate de um artigo de revisão de literatura, onde apresentará em toda a sua composição as concepções, teorias e conceitos sobre um tema, ele sempre irá se basear em um método para a sua confecção.
Dessa forma, o artigo científico se baseia em fontes seguras, de qualidade e confiáveis para tecer argumentações quanto ao tema, onde o problema de pesquisa e os objetivos definem o melhor método para este estudo em específico.
Posto isso, nem sempre este estudo precisa ser aplicado, realizado em laboratórios!
O processo para a publicação de um artigo científico
Como temos ressaltado, um artigo científico deve ser construído conforme o método escolhido. Nesse sentido, para que seja caracterizado como científico, precisará se preocupar com a qualidade das fontes selecionadas.
Após a elaboração desse material conforme o método, ele será encaminhado para uma revista de sua preferência.
Contudo, algo que precisamos deixar claro, é que nem sempre ele não será aprovado a partir do momento em que chega até as mãos da revista. Ele passará por uma análise rigorosa até que esteja apto para ser publicado.
Além disso, até que ele obtenha esse parecer, pode ser que seja “reprovado” mais de uma vez. É algo normal. A avaliação tem esse rigor para que seja possível garantir que o artigo tenha a devida qualidade. Cada revista tem o seu próprio esquema de avaliação, mas iremos esclarecer como o processo ocorre na revista Núcleo do Conhecimento.
A avaliação de um artigo científico
A primeira avaliação pela qual um artigo submetido à Núcleo passa é a avaliação do plágio. Após detectar que esse material não possui plágio, ele passa pela avaliação das normas e da linguagem. Trata-se de uma revisão técnica do material. Na sequência, avalia-se se as fontes utilizadas pelo autor são de qualidade.
Feito isso, ele chega, finalmente, às mãos dos pares. Os professores com titulação superior à sua avaliam o conteúdo de seu material. Assim sendo, além desse artigo ser avaliado a partir de critérios bastante rigorosos, ele tem um feedback de pesquisadores especializados nessa área/linha de pesquisa.
O interessante nesse processo é que o material passe por diferentes níveis de avaliação até chegar nas mãos dos especialistas que irão aprovar ou não esse conteúdo. É por esse motivo que os materiais científicos se diferenciam de outros gêneros, como artigos de blog, reportagens e notícias.
De que modo um artigo se diferencia de outros gêneros?
As reportagens e notícias são escritas por uma pessoa que expressa a sua opinião, os seus valores e a sua ideologia sobre uma dada questão, isto é, não há neutralidade e imparcialidade, o que não pode acontecer em um texto científico.
Além disso, as reportagens e notícias, muitas vezes, são escritas por pessoas que não são especialistas e que ao menos estudaram para escreverem sobre isso.
Os artigos, por sua vez, são escritos por pessoas que estudam a fundo e às vezes por muitos anos o assunto sobre o qual estão escrevendo, o que atribui uma maior credibilidade ao texto.
Esses pesquisadores se diferenciam dos repórteres e jornalistas porque os seus textos, para serem aprovados, devem respeitar e atender a um certo rigor que se manifesta na forma de critérios bem definidos. As fontes de pesquisa de um escritor, jornalista e pesquisador são muito diferentes.
As fontes em um material científico
Em um material científico, não podemos utilizar qualquer fonte. Ao contrário das reportagens e notícias, na pesquisa científica, o autor precisa citar as fontes que estão embasando os seus argumentos. Para cada afirmação que um pesquisador deseja fazer em seu texto, deverá citar uma fonte específica para isso.
É por isso que quando lemos um artigo científico há uma ampla gama de elementos visuais que nos permitem identificar e apontar que se trata de uma citação (como os sobrenomes em caixa alta, as vírgulas, pontos e vírgulas, o ano e a página, em alguns casos). Por exemplo, suponhamos que o autor deseja fazer uma afirmação sobre a obesidade: ele deverá citar uma fonte segura que comprove o dado que deseja ressaltar, como a OMS.
As afirmações em um texto científico
Partindo do pressuposto de que a ciência não é uma verdade absoluta, uma vez que está sempre sendo construída, é importante que em todo e qualquer texto científico, o autor deixe muito claro ao seu leitor a partir de qual linha/fonte ele está embasando a sua argumentação em cada momento de seu texto.
A depender do tema, o autor pode partir da literatura ou de fontes de órgãos nacionais e/ou internacionais de relevância em sua área. Os autores se embasam em outros para que o texto que estão escrevendo seja embasado em fontes seguras.
Nesse sentido, podemos afirmar que esses textos são válidos, uma vez que são fontes que partem de dados comprovados e seguros. Esse material passou pelo crivo de alguém antes de ser aprovado. Materiais que não partem de fontes sólidas não são publicados. Além disso, muitos se questionam sobre a finalidade de um artigo científico, isto é, para o que ele serve (em termos de validade).
Qual é a validade de um artigo científico?
Quando dizemos que um artigo tem validade, estamos nos referindo sobre a utilidade que ele tem para a sociedade no momento em que ele se apresenta. Um artigo científico desempenha um papel fundamental na sociedade na qual vivemos, pois ele faz com que um sujeito tenha contato com fontes seguras e cuidadosamente escolhidas e exploradas nos artigos.
Dessa forma, para que o material cumpra essa função social de colaborar com a emancipação da sociedade, ele precisa seguir um modelo de forma rigorosa, respeitando os critérios específicos da revista na qual será submetido. A fim de que a validade qualitativa de um artigo possa ser comprovada, ele precisa se ater aos critérios de avaliação.
Assim, uma das exigências é que o artigo deve ser escrito com base na concepção da ciência e não com base nos valores e perspectivas pessoais do autor, o que ocorre com textos não científicos, como é o caso das reportagens, notícias, posts em redes sociais e artigos de blogs. Posto isso, a questão nos redimensiona para a necessidade de uma outra discussão: A relação do Brasil com a qualidade do material científico.
A relação do Brasil com a qualidade do material
Um dos grandes problemas que o Brasil apresenta em relação à qualidade do material científico, e sobre o qual não poderíamos deixar de comentar, é que muitas pessoas passaram a associar a qualidade de um material a Qualis de uma revista.
Dito isso, precisamos entender o que é a Qualis. Ela, na verdade, é uma métrica utilizada pela CAPES para atribuir notas aos programas de pós-graduação das universidades de todo o país.
A Qualis não é internacional, logo, mensura apenas nossas universidades. Assim, é a partir dessa métrica que os programas de pós stricto sensu recebem as suas notas e, a depender da nota obtida, um programa consegue mais ou menos bolsas das agências de fomento nacionais e internacionais. Assim sendo, não é a revista que está sendo avaliada, mas sim o programa de pós ao qual está vinculada.
O que é avaliado nos programas de pós stricto sensu?
Em linhas gerais, avalia-se a relação dos alunos, professores e coordenadores desses cursos de pós com as atividades de pesquisa ao longo de quatro anos. A nota é mais ou menos alta a depender do engajamento desses sujeitos protagonistas com as atividades de pesquisa, como a produção de artigos científicos.
Avalia-se a qualidade das pesquisas desenvolvidas pelos professores e alunos ligados a esses programas.
Dessa forma, para mensurar todas essas questões, que são muito complexas, a CAPES faz uso de uma série de variáveis.
A cada quatro anos a CAPES coleta e analisa os dados sobre a produção dos acadêmicos para destinar os recursos de uma melhor forma para esses programas.
Contudo, durante muito tempo, as revistas recebiam a nota Qualis, de modo que muitos entendiam que apenas revistas com Qualis alta tinham bons materiais.
As empresas internacionais e o seu interesse na academia brasileira
Ao longo dos anos, diversas empresas, organizações e associações passaram a adentrar no mercado acadêmico brasileiro, assim os acadêmicos foram impulsionados a investirem nesse mercado, dando preferência pela publicação em revistas internacionais.
O que ocorre é que diversos desses grandes grupos, como Thompson e Elsevier, têm disseminado a ideia de “qualidade” associada a nota alta recebida pela revista. Criaram métricas próprias relacionadas a esses índices de “qualidade”.
Esses índices, por sua vez, estão ligados a uma estratégia criada para que essas empresas fossem capazes de demonstrar que esses artigos ali publicados têm representatividade. Contudo, há outros indicadores mais modernos, ligados, sobretudo, às bases de dados abertas, como é o caso do índice H da Google. A preocupação é demonstrar o impacto em tempo real do artigo. O cálculo é feito a partir do momento em que é publicado.
O impacto social de um artigo científico
Hoje em dia, a CAPES muito tem se preocupado com a mensuração do impacto em tempo real dos artigos que têm sido publicados nas revistas, logo, a Qualis cede lugar para esses outros índices, como o índice H da Google.
A mensuração leva em conta a quantidade de pessoas tanto da comunidade laica quanto da científica que estão lendo esses textos. Assim, a fim de que seja possível mensurar o impacto desses textos no cenário acadêmico, considera-se a quantidade de citações desses materiais.
A partir do momento em que uma outra pessoa lê, cita e publica o material em uma revista indexada no Google Acadêmico, o seu impacto enquanto autor aumenta, pois o seu material está sendo citado em revistas indexadas em uma base que contribui para com o aumento de sua popularidade enquanto autor e cientista. A partir disso, alimenta-se tanto o seu próprio índice H como o da revista na qual o artigo foi publicado.
O fluxo intenso das informações e o seu impacto na academia
Posto esses contextos, a fim de que o seu artigo seja lido e citado, é preciso que você parta de uma estratégia eficiente, pois, hoje, vivemos uma infodemia, de modo que a cada poucos segundos já há novos materiais sobre o mesmo tema de nosso artigo.
A cada momento a academia e mesmo a sociedade laica são abastecidos com uma enxurrada de novas informações. Logo, é preciso que nos destaquemos em meio a esse emaranhado de possibilidades.
É por esse motivo que um artigo também tem um certo “prazo de validade”, pois alguns temas são atualizados com muita rapidez.
Dessa forma, é necessário que garanta que a sua discussão é moderna e possui dados atualizados antes de submeter o artigo a uma revista.
Além disso, hoje tem pouco importado onde um cientista publica, mas sim quem é ele, quais são os seus interesses e o que tem feito em benefício da ciência e da sociedade. Alguns autores se consolidam de tal forma que desde posts quanto livros terão a mesma credibilidade.
Uma resposta
Olá, boa noite!
Conteúdo muito bem concatenado. Parabéns…