O cenário da produção científica e as suas principais peculiaridades
Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje iremos concentrar a nossa discussão em uma temática que consideramos como de suma importância para todos aqueles que desejam continuar no mundo acadêmico e construir nele um legado. Estamos nos referindo à produção científica. São diversos os tipos de materiais acadêmicos que podem ser requisitados ao longo de sua jornada de pesquisador. Contudo, embora seja algo muito difundido e requerido entre os acadêmicos, ainda há dúvidas que afligem os nossos pesquisadores. Embora sempre chamemos a atenção para os artigos científicos, existem, também, outros tipos de materiais que os professores podem requerer. Dentre os principais temos os papers e as resenhas. Esses materiais podem ser requeridos nos mais diversos contextos, desde a solicitação em uma disciplina até por um evento científico no qual pode apresentar seus achados de pesquisa ao longo de sua jornada.
Há diferenças entre o paper, artigo científico e resenhas?
A primeira coisa que precisamos pontuar é que todos são materiais científicos validados. Essa pergunta é uma pauta importante, pois, com certa frequência, vemos os pesquisadores se questionando acerca dessas possíveis diferenças. Pesquisadores da área da Administração costumam se deparar com essa dúvida, especialmente quando ingressam em um programa de mestrado e/ou doutorado. Paper, em sua tradução simples para a língua portuguesa, é a mesma coisa que papel, porém, seu significado é muito mais amplo. Assim sendo, quando você pesquisar por materiais científicos em uma base de dados, sobretudo na área da Administração, perceberá que diversos desses materiais da busca aparecem não como artigos científicos, mas como papers. É muito comum que por esses materiais científicos estarem em uma base de dados, os alunos acabam achando que esses podem ser utilizados.
O que é um paper e qual é a sua finalidade?
Como o próprio termo já indica, “paper” nada mais é do que um papel. Ele é um material mais simples, de modo que você irá reunir algumas informações principais sobre o tema que está pesquisando. Em razão da sua proposta e finalidade, não costuma ter uma exigência teórica e metodológica muito grande. A ênfase na revisão na literatura não é tão grande, bem como pode ser apresentada no formato de Powerpoint. Em relação à área da Administração, a maior parte dos papers desenvolvidos acabam apresentando resultados de pesquisas de mercado. O paper, assim como os artigos científicos, pode assumir diversos formatos, porém, as informações são disponibilizadas de uma forma muito breve, sem uma ênfase nas teorias e conceitos. Como as exigências acadêmicas são menores, não há uma necessidade de dizer qual é a base teórica utilizada, já que é comumente utilizado em apresentações.
A abordagem em um paper
Em razão da finalidade desse tipo de material, você não irá, em um paper, dedicar-se às questões de cunho mais acadêmico, teórico. Você irá discorrer sobre dados. Pensemos em um exemplo. Em sua apresentação você pode dizer que uma empresa x realizou um estudo sobre perfil de consumidores. Um enfoque pode ser nos jovens que consomem os produtos e serviços de bancos digitais. Ter uma faixa etária em mente também é ideal para que o estudo seja mais direcionado. Contudo, como em um paper não há a necessidade do rigor científico, de modo que poderia levar uma entrevista que contenha esses dados para produzir o seu paper. Um artigo científico, por sua vez, não pode ser composto dessa forma, visto que, para que seja aprovado, precisa ter este rigor teórico-metodológico. Assim sendo, quando você for pesquisar em uma base de dados, precisa selecionar artigos científicos na busca.
Os materiais científicos apresentados por uma base de dados
Como temos reiterado, uma base de dados pode reunir uma série de materiais diversos, sendo eles papers, artigos científicos, resenhas e resumos, dentre muitos outros. Assim sendo, torna-se importante pontuar que uma base de dados pode reunir materiais científicos que não necessariamente seriam aceitos para a composição de certos tipos de estudos que precisam ter este rigor científico-metodológico. Esta regra vale para desde um TCC até uma dissertação de mestrado, tese de doutorado e afins. Isso se dá em virtude do fato de que esses tipos de materiais precisam se preocupar com a qualidade das fontes que estão sendo utilizadas. Dificilmente você conseguirá encontrar em um paper o embasamento que precisa para a construção do seu próprio texto. O paper apenas compila e organiza certos tipos de informações em Word, Powerpoint ou PDF. As informações são breves e objetivas, sem detalhamento.
Cuidados a serem tomados no paper
Tanto quando você estiver lendo um paper ou produzindo o seu próprio, alguns cuidados fundamentais devem ser tomados. Caso o seu professor peça por um paper, é muito importante que você converse com ele para que observe se é isso mesmo que ele está requerendo, ou se, na verdade, ele está se referindo a um artigo científico. Deve ficar muito claro para você o que esse professor está considerando como paper, porque, se ele estiver entendendo como um artigo, outros cuidados deverão ser tomados. Um paper, além disso, pode servir para que você apresente os resultados gerais da pesquisa ou, ainda, sobre o seu processo de coleta de dados. O diálogo com o orientador é importante, pois ele apontará esses cuidados para que escolha por materiais que são, de fato, científicos. Apenas para retomar: as discussões em um paper são breves e não há uma discussão teórica, preocupada com as fontes.
Caracterização de um artigo científico
Um artigo científico também pode assumir uma série de formatos. Primeiramente, um artigo científico deve partir de um problema de pesquisa. A sua estrutura é influenciada por alguns aspectos. Obrigatoriamente, um artigo científico precisa ter resumo, palavras-chave, introdução, fundamentação teórica, metodologia e uma discussão. Além disso, todas as fontes utilizadas no corpo do texto devem ser referenciadas ao final do texto. Um dos elementos que mais diferenciam os dois tipos de produções é a atenção aos aspectos teóricos, que, no caso dos artigos, é muito maior. O embasamento teórico pode considerar as mais diversas fontes, desde que sejam científicas. Artigos, livros, dissertações e teses podem ser citados e referenciados. Com isso, percebemos que em um artigo científico, além de haver uma preocupação com o embasamento teórico, há, também, questões metodológicas.
O processo de avaliação de um artigo científico
Até que um artigo científico venha a ser publicado, ele passará por um processo rigoroso de avaliação. É exatamente por esse motivo que os professores são insistentes no sentido que querem que os seus alunos priorizem esse tipo de material. Vamos compreender um pouco desse processo. A partir do momento em que você submete um artigo a uma revista científica, ele será analisado e avaliado por uma equipe, primeiramente, pelo editor-chefe da revista. Ele analisará se o seu artigo científico faz parte do escopo da revista. Na sequência, analisa-se se esse material possui embasamento teórico, daí a importância de partirmos de fontes seguras, bem como se ele se encaixa nas normas propostas pela revista. Posteriormente, uma nova avaliação será realizada, agora por professores especialistas em sua área de atuação, que são os pares. Dois professores com titulação analisam o material e avalia-se se ele possui plágio.
A segurança transpassada por um artigo científico
A preferência pelos artigos científicos é uma realidade em todos os contextos porque a partir do momento em que ele é aprovado, entende-se que ele foi avaliado de múltiplas formas e por pessoas diversas, o que assegura a qualidade das informações ali prestadas. Embora estejamos chamando a atenção para os artigos científicos, há aqueles que não se enquadram como científicos, que são aqueles materiais publicados em outros tipos de revista e em blogs/redes sociais. As reportagens e entrevistas são alguns exemplos de materiais que não possuem esse cuidado científico e metodológico. Um repórter ou jornalista apenas noticiam os fatos, não são, necessariamente, pesquisadores. Desse modo, a partir do roteiro de uma entrevista ou reportagem, conduz a discussão com o intuito de obter certas respostas a serem transmitidas àqueles que leem e assistem.
As preocupações de um entrevistador/jornalista
O foco de uma reportagem não é nas questões de cunho metodológico, logo, não são materiais que serão bem aceitos caso sejam inclusos em outros tipos de produções. O intuito desse pesquisador é outro, de modo que até a linguagem empregada ao longo desse texto também é bastante diferente. Gostaríamos de chamar a sua atenção para essas questões. a linguagem empregada é muito mais atrativa, visto que precisa atrair a atenção do público em potencial. Além disso, os cuidados com o distanciamento não são tomados, visto que um assunto pode ser abordado a partir de um cunho muito subjetivo, o que não pode ocorrer nas pesquisas científicas. Assim sendo, esteja atento quando o seu orientador recomenda esse tipo de produção, pois, muito provavelmente, ele está se referindo a esses materiais que precisam de um embasamento teórico profundo.
Meu professor pediu para não inserir artigos de revistas
Quando o professor faz esse pedido, ele está se referindo àquelas revistas que não podem ser consideradas como científicas, já que os artigos científicos também são publicados em revistas, porém, em um outro tipo de revista. Essa exigência se faz presente porque os artigos científicos publicados em uma revista comum ou até mesmo em um jornal, por mais renomados que sejam, não tomam esses cuidados metodológicos que dão forma a um artigo científico, isto é, esses artigos não possuem um resumo, palavras-chave, embasamento teórico e metodologia. Assim sendo, torna-se importante pontuar que o jornalista/redator, para produzir o seu artigo, irá partir de um outro tipo de linguagem, que, por sua vez, possui outras necessidades e demanda outros tipos de cuidado para que o texto seja atrativo para o público leitor da revista/jornal em questão.
O que caracteriza uma resenha?
Assim como os papers e os artigos científicos, ao longo de sua formação, poderá se deparar com uma resenha. Uma resenha nada mais é do que uma espécie de produção a partir da qual você irá desenvolver uma reflexão sobre uma dada obra lida. Essa resenha poderá ser tanto de um livro expressivo em sua área quanto de um artigo científico. Você pegará essa obra e irá resenha-la na íntegra ou parte dela (um capítulo, por exemplo). Alguns dados básicos devem ser apresentados antes do conteúdo desta obra propriamente dito. Eles são o nome do autor, o título da obra e o ano de publicação. Em relação à composição da resenha, primeiramente, você apresentará esse conteúdo como se estivesse elaborando um resumo, elencando os principais pontos da obra. A partir desse resumo, poderá fazer alguns incrementos à produção, como, por exemplo, a comparação dos pontos dessa obra com os de outras.
A composição de uma resenha
Caso você opte por comparar os pontos de vista de diversos autores, você irá cruzar as informações dessa obra que está sendo resenhada com outros tipos de fontes, como é o caso dos artigos científicos. Suponhamos que o seu orientador peça para que você faça uma resenha sobre o texto de Bardin, especialista na área da Análise de Conteúdo. Em primeiro lugar, como vimos, você irá inserir todos os dados bibliográficos sobre a obra de Bardin que será resenhada, para, na sequência, resenhar o conteúdo propriamente dito. Antes de mais nada, você irá resumir esse conteúdo. Pode ser de um capítulo específico ou da obra como um todo. Tudo irá depender das exigências do seu professor e do seu intuito com essa resenha.
Contudo, há outros investigadores que discorrem sobre a Análise de Conteúdo, como é o caso de Gil. Você pode contrapor esses diferentes pontos de vista ao longo de sua investigação. Enfim, o importante nesse exercício é que a partir do resumo da obra principal você introduza outros autores que concordam ou não com o conteúdo dessa obra principal. Apresentar as semelhanças e dissonâncias é interessante e agrega valor ao seu texto. Assim sendo, quando você pega uma resenha para ler, precisa levar esses critérios sobre os quais acabamos de conversar em consideração. Deve ter claro em mente a obra que foi resenhada, o que foi por ela discutido e o que os autores complementares dizem sobre o assunto.