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Revista científica – Compreendendo esse cenário – Qual é o processo de publicação em uma revista científica? É possível publicar um apanhado teórico em uma revista científica?

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O que pode ou não ser publicado em uma revista científica? Conhecendo as suas principais variáveis e como colocá-las em práticaO que pode ou não ser publicado em uma revista científica? Conhecendo as suas principais variáveis e como colocá-las em prática

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje daremos continuidade a uma questão que consideramos como de suma importância. Trata-se da publicação em uma revista científica. Quando discutimos sobre essa temática, algumas variáveis essenciais devem ser levadas em consideração. A primeira delas é justamente o tipo de revista em que deseja publicar. A fim de que o seu texto possa ser aprovado por essa revista, há uma série de mecanismos que irão ser avaliados. Dentre eles temos a titulação. Embora haja revistas que sejam mais democráticas e aceitem materiais de pesquisadores para além dos doutores, há aquelas que somente publicam materiais desses. Além disso, questões como o escopo da revista, se o seu artigo (ou material científico) assume o formato requerido, se a estrutura gráfica (formatação) e se esse material é inédito e relevante para a sociedade atual são algumas das variáveis predominantes.

A exigência da publicação de materiais científicos na pós stricto sensu

A pauta de hoje surgiu em virtude do fato de que os pesquisadores imersos nos programas de mestrado e doutorado lidam com uma cobrança frequente: a publicação massiva de materiais em revistas científicas. A pergunta que irá guiar essa discussão é a seguinte: os programas de pós-graduação requerem de seus alunos a constante publicação de artigos científicos (de materiais semelhantes), porém, nem sempre o pesquisador já tem resultados para apresentar em um artigo nessa fase inicial da pesquisa, contudo, essa cobrança não cessa. No caso de pesquisadores que se enquadram nesse tipo de situação, eles podem publicar os seus apanhados teóricos? Que tipos de materiais científicos um pesquisador que está na fase inicial de seu estudo pode publicar para divulgar os seus achados com a pesquisa atual? Precisamos começar essa discussão sobre a exigência posta aos acadêmicos, que é a publicação.

A relevância social da publicação de materiais científicos

Hoje, exige-se de nossos pesquisadores, cada vez mais, o engajamento com a produção de materiais científicos dos mais diversos formatos, sobretudo artigos. Essa cobrança ampara-se em uma justificativa. Alega-se que em virtude da quantidade de investimento direcionada à pesquisa, os alunos devem demonstrar onde esse dinheiro tem sido investido para a sociedade. Antes, muitas pessoas recebiam bolsas para que realizassem as suas pesquisas, porém, os resultados não eram demonstrados à comunidade em geral, pois não havia políticas de incentivo à produção desses materiais. A preocupação e os cuidados eram mínimos até mesmo no processo de construção da dissertação de mestrado e da tese de doutorado. Assim sendo, a publicação brasileira no ranking ficava em uma posição muito inferior. Nascem algumas polêmicas, pois tem-se núcleos de pesquisa que publicam muito e aqueles que nem tanto.

O que deve-se demonstrar com uma pesquisa científica?

Com uma pesquisa científica, nascem alguns compromissos, não apenas com a comunidade científica, mas com a sociedade em geral. Cobra-se, hoje, que essa ciência chegue até as pessoas, e, desse modo, é preciso que os pesquisadores promovam esse acesso ao conhecimento por eles publicado. A publicação científica é o produto final desse compromisso, pois demonstra-se o que está sendo realizado de fato. Em virtude desse emaranhado de publicações disponibilizadas a cada dia e desse intenso volume de informações, os programas passaram a serem incentivados a cobrarem pela publicação desses alunos, sendo que esse volume influência na nota que esse programa irá receber. A nota irá influenciar, inclusive, na quantidade de bolsas que esse programa irá receber para que os alunos desenvolvam as suas pesquisas com apoio financeiro.

As regras postas pelas instituições de ensinoAs regras postas pelas instituições de ensino

Em virtude desse cenário, as instituições passam a estipular algumas regras, como a publicação na revista x em virtude da y por ter um “status” maior (a famosa qualis A). Além disso, essas revistas costumam ter políticas mais rígidas, admitindo apenas materiais com certos formatos (artigos de revisão, por exemplo), sendo que um doutor precisa assinar para que esse texto possa começar a tramitar na revista. Ademais, há revistas que possuem um processo de avaliação e publicação lento e outras que cobram para que esse material possa ser submetido e analisado. Temos, com isso, características de publicação muito diversas que dão forma a essas revistas. Acreditamos que essas questões estão muito disseminadas no dia a dia acadêmico, de modo que não há como ignorá-las. Junte-se a isso o fato de que no Brasil ainda estamos desenvolvendo o hábito de publicar nos pesquisadores, pois temos essa defasagem.

As influências da academia: o novo formato de dissertação e tese

Vivemos, hoje, em uma academia que ainda é muito arcaica, de modo que esperam que os alunos adotem algumas estratégias relacionadas à publicação científica que não são muito efetivas, o que pode acabar limitando as suas possibilidades de divulgação do material científico em questão. No caso de instituições acadêmicas mais modernas, em virtude dessa demanda da publicação científica que a cada dia cresce muito mais, percebemos que diversas dela preservam o modelo de dissertação, porém, a composição se dá de uma forma diferente, de modo que ela passa a ser composta a partir de artigos científicos publicados por esses alunos em revistas científicas relacionadas à área em que atua. O aluno, aqui, não se preocupa com o desenvolvimento da dissertação ou tese, pois esses artigos já configuram a sua composição. Os artigos que esse aluno conseguiu publicar passam, portanto, a serem os produtos finais do curso.

O que faz com que um cientista seja tão importante para a sociedade?O que faz com que um cientista seja tão importante para a sociedade?

O que faz com que um pesquisador seja tão importante num contexto como esse é a divulgação de uma forma mais eficaz daquilo que tem sido produzido dentro das universidades espalhadas por todo o país. Contudo, as dissertações e teses convencionais não chegam até essa população de forma fluida, de modo que os artigos científicos desempenham um papel crucial nesse contexto. Em relação aos aspectos teóricos de um estudo, eles podem e devem ser publicados. A forma a partir da qual podem ser apresentados irá depender das exigências da revista. Dentre as possibilidades mais recorrentes, temos as revisões sistemáticas, as revisões bibliométricas, as revisões integrativas, as revisões de literatura etc. Atenha-se ao fato de que a revista de sua preferência precisa publicar o tipo de artigo por você escolhido. Além disso, o elemento tempo também é um fator que irá influenciar nesse processo.

Considere o tempo que você tem para finalizar o mestrado/doutoradoConsidere o tempo que você tem para finalizar o mestrado/doutorado

A publicação científica perpassa pela variável tempo, de modo que se você está tentando publicar nos primeiros momentos desse curto, já tem esse fator ao seu favor, pois, em alguns casos, esse processo de avaliação pode levar muitos meses. Uma outra estratégia recomendada é a publicação de artigos de forma conjunta, se possível, junto a um doutor. Procure por aqueles pesquisadores que têm desenvolvido estudos que se conectam com o seu. Assim, cada pessoa pode ficar responsável por uma parte específica do artigo, de modo que, ao final, todos terão contribuído de alguma forma e poderão carregar essa autoria e os benefícios suscitados por essa publicação. Entretanto, temos uma outra tendência muito forte fora do país e que tem tentado se instalar dentro da academia brasileira é a publicação de peer reviews. É um tipo de material que irá apresentar os primeiros resultados da sua pesquisa à sociedade

A instituição do peer review na realidade brasileira

Como esse tipo de material se trata de um estudo preliminar, você irá apontar à sociedade e aos acadêmicos o que você tem desenvolvido neste estágio atual da sua pesquisa. Nele, você poderá apresentar os seus apontamentos teóricos, dados sobre os experimentos que têm realizado, dentre outras questões. Contudo, é crucial que você saiba que esse texto que está sendo publicado nesse momento como um peer review não poderá ser aproveitado depois e publicado exatamente da mesma forma. A essência dele pode ser aproveitada, mas a redação deverá ser outra para que esse material seja considerado como inédito, e, assim, não seja acusado de plágio. Isso se deve em virtude do funcionamento da própria inteligência artificial, pois, para ela, uma vez que você publicou esse material, ele poderá ser facilmente detectado na internet, de modo que você e a revista que aceitou publicar o material podem ser penalizados.

Características do autoplágio

Muitos se perguntam se é possível que um autor faça plágio de uma obra de sua autoria. Sim, é possível. Esse processo é denominado de autoplágio. Diversos pesquisadores afirmam que não querem publicar os seus materiais nesses estágios iniciais da pesquisa justamente por quererem aproveitar os resultados desses materiais em outros tipos de estudos que não são considerados como preliminares. Como ressaltamos, essa é uma tendência muito forte fora do Brasil, porém, aqui, ainda luta pelo seu espaço, de modo que não são todos os pesquisadores que publicam dessa forma ou todas as instituições que aceitam esse tipo de material como publicação a ser contabilizada. Além disso, fora do país, sobretudo na academia estadunidense, tem-se outros hábitos que não temos aqui, como a publicação de memoriais e papers. Por esse motivo, o seu montante de publicação é muito maior em relação ao volume brasileiro.

Professores que ficam presos à tipos de publicação específicasProfessores que ficam presos à tipos de publicação específicas

Temos hoje diversos professores que ficam restritos a um rol de publicações muito restrito e específico. Há que se chamar a atenção para o fato de que os programas que não buscam se adaptar a esse novo contexto de publicação perdem e muito com isso, sobretudo os seus alunos, pois um conhecimento que poderia ser aproveitado por diversas pessoas acabam circulando em um nicho muito específico, isto quando é publicado. Professor e aluno, diante desse contexto, devem buscar estratégias que possibilitem o trabalho no mundo real da publicação. Há, também, um plano ideal, em que os pesquisadores acreditam que terão dois ou mais anos para escreverem sobre um certo assunto e publicar ao final. Contudo, novas demandas surgem a cada dia, de modo que aquilo que é novo e urgente no contexto de hoje pode não mais ser amanhã, de modo que a sua pesquisa pode perder a relevância social.

Consequências da falta da cultura de publicação

Infelizmente, competimos com culturas, nações, em que todo tipo de informação científica é publicada e disseminada. Assim sendo, quando uma publicação é avaliada a partir de métricas internacionais, sempre há perdas, visto que aqui este hábito ainda está sendo desenvolvido. Contudo, nossas revistas não competem apenas com as internacionais, visto que, hoje, possuímos mais de sete mil programas de pós-graduação, o que influencia no status a ser adquirido por essas revistas. Cada um desses programas possui uma lógica de raciocínio muito diferente, bem como perfis de alunos igualmente distintos. A competição não é totalmente justa, visto que cada instituição recebe um tipo de investimento. Por exemplo, se você entra em uma universidade que conta com um laboratório em pleno funcionamento, um grupo de pesquisa que trabalha de forma alinhada, o volume de publicações será muito intenso.

O engajamento com a pesquisa científica

A partir do momento em que adentramos em uma instituição na qual essa cultura da publicação ainda não é tão evidente, embora essa seja uma cobrança posta pela CAPES à todas as instituições de ensino em situação regular, as suas possibilidades de publicação podem ser um tanto quanto mais restritas. Há instituições que entendem que, nessa jornada, é cada um por si; outras preferem trabalhar de forma coletiva, o que pode fazer com que esse volume de publicações seja muito mais alto. Ademais, há instituições que são muito organizadas quanto às estratégias de publicação justamente para que a cada ano contribuam com uma quantidade significativa de novos estudos.

As estratégias podem ser as mais diversas, incluindo-se, inclusive, as parcerias feitas entre grupos de uma mesma instituição ou, ainda, entre instituições diversas, de modo que esse processo de construção e disseminação do conhecimento passa ser mais dinâmico e colaborativo. Contudo, para que esse processo dê certo, é preciso que a instituição, a partir dos seus discentes e docentes que a representam, invista nessa cultura da publicação. É fato que a instituição que não investe tem severas perdas, uma vez que não há como fugir dessa realidade em que a produção científica é cobrada a cada dia por todos os envolvidos. A colaboração em alguns contextos é muito mais organizada, e, portanto, eficaz.

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