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Levantamento de plantas medicinais no município de Caravelas, Ba, Brasil

RC: 52493
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SILVA, Fabio Teixeira [1], SILVA, Alexsandro Santos da [2]

SILVA, Fabio Teixeira. SILVA, Alexsandro Santos da. Levantamento de plantas medicinais no município de Caravelas, Ba, Brasil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 06, Vol. 07, pp. 05-13. Junho de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/biologia/levantamento-de-plantas

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo efetuar um levantamento etnobotânico das espécies de plantas medicinais mais utilizadas pelos moradores do município de Caravelas, BA, Brasil e, divulgar por meio de website, quais plantas ocorrem no município e quais são suas utilidades etnoterápicas. Os dados foram coletados entre Maio a Julho de 2016, a metodologia usada foi entrevistas semiestruturadas acerca do tema com 90 moradores. Para divulgação do trabalho foi criado um blog intitulado “Projeto Polivalente: Plantas Medicinais”, onde foi possível mostrar passo a passo o andamento deste projeto. Nas entrevistas buscou-se saber que tipos de plantas são usadas, pra que serve e qual parte é usada. Após as entrevistas, verificou-se que a planta mais usada é o capim-limão, planta medicinal indicada para dor de barriga, gripe, calmante e cólica. No que se refere à parte da planta, a mais citada foi a folha. Percebeu-se que a população continua utilizando as plantas medicinais como finalidade terapêutica para suprir suas necessidades, além de considerar que as plantas medicinais cultivadas em casa são mais confiáveis e também que os remédios naturais não provocam reações indesejáveis as pessoas, não sendo necessário o seu uso com orientações médicas. A maioria dos entrevistados declarou utilizar plantas medicinais, sendo as orientações referentes às indicações terapêuticas transmitidas oralmente de geração a geração. É relevante novas pesquisas tendo como foco o uso das plantas e suas consequências na comunidade estudada.

Palavras-chaves: Plantas Medicinais, etnobotânico, terapêutica.

INTRODUÇÃO

O uso tradicional de plantas medicinais é uma alternativa, para muitas comunidades, para conservar a saúde ou tratar doenças devido ao seu poder curativo (GIRALDI e HANAZAKI, 2010). Sendo esse uso transmitida oralmente de gerações a gerações (FALCÃO e MENEZES, 2003).

O estudo do conhecimento popular e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito do mundo vegetal e que engloba tanto a maneira como algum grupo social classifica as plantas, como os respectivos usos, segundo Amoroso (1996) pode ser compreendida como etnobotânica.

O uso de plantas medicinais vem desde os primórdios das civilizações, sendo que no passado foram usadas como o principal meio para tratamento de enfermidades e, a partir desse saber popular, foram descobertos medicamentos que são utilizados na medicina tradicional (SANTOS et al, 2018).

A utilização de plantas medicinais no Brasil é resultante da forte influência cultural dos povos indígenas, das tradições africanas e da cultura europeia trazida pelos colonizadores (ALMEIDA, 2000).

O presente trabalho teve como objetivo efetuar um levantamento etnobotânico das espécies medicinais mais utilizadas pelos moradores da cidade de Caravelas, BA, Brasil, bem como registrar as plantas que são utilizadas pela população, de forma a relacionar a utilização desta para a manutenção da saúde do mesmo e se fazem uso sob alguma orientação médica e, também, através de tais informações, teve como objetivo divulgar por meio da website, quais plantas ocorrem no município e quais são as suas utilidades terapêuticas.

METODOLOGIA

Área de estudo – O estudo foi realizado em uma cidade denominada Caravelas, no extremo sul da Bahia, situado entre as coordenadas 17º43’55”S; 39º33’03” W (SILVA, 2016; SILVA, 2019).

Coleta de dados – Foram realizadas entrevistas com 90 indivíduos (Figura 1) da comunidade de Caravelas- BA, divididas em dois grupos de entrevistados, Grupo 1 (G1) 45 jovens com faixa etária de 15 a 29 anos e Grupo 2 (G2) 45 não jovens com faixa etária acima de 29 anos, cabe ressaltar que a classificação adotada para adotar a categoria jovem ou não, segue a lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013.

Foi criado um blog intitulado “Projeto Polivalente: Plantas Medicinais” (http://plantasmedicinaispolivalente.blogspot.com/2016/) para divulgar as plantas mais utilizadas e suas funções terapêuticas, o andamento do projeto, buscando postar passo a passo do presente projeto. No período em que foram registradas as informações do projeto no blog, foram registradas 9 páginas no mesmo. Estas estavam relacionadas aos resultados concedidos nas entrevistas e nas pesquisas bibliográficas, ao projeto e algumas outras informações sobre o assunto (plantas medicinais).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Há inúmeras destinações e funções que relacionam o ser humano com as plantas desde a antiguidade, como o uso das plantas como fonte alimentício, aromatizantes, medicamentos, dentre outros (CASSAS et al., 2016).

Os moradores da cidade de Caravelas ao serem questionados sobre a relação das plantas com a cura de doenças, a maioria declarou utilizá-las para tratamento de alguma enfermidade, sendo os entrevistados do G2 que mais fazem uso e tem maior conhecimento sobre os fins terapêuticos das plantas.

Para Albuquerque et al. (2014), plantas medicinais possuem vários princípios ativos que podem agir no organismo para combater ou prevenir muitas doenças, pois eliminam os agentes patogênicos como, vermes, fungos e bactérias.

A planta medicinal mais citada foi o capim-limão por ambos grupos, (32% citado pelo G1 e 12% citado pelo G2) (Gráfico 1 e 2). Essa planta, segundo os mesmos, é indicado para dor de barriga, gripe, calmante e cólica, sendo que o chá é a principal forma de seu preparo, resultado semelhante encontrado por (ZENI et al.,2016).

Figura 1 Plantas citadas pelos entrevistados do G1 (45 moradores do Município de Caravelas)

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 2 Plantas citadas pelos entrevistados do G2 (45 moradores do Município de Caravelas)

Fonte: Arquivo pessoal

Das partes usadas para o preparo, há uma predominância na utilização das folhas (53%), em seguida a semente (19%), raiz com (12%) e por fim, toda parte da planta (16%) (Gráfico 3) resultado obtido com o G2. Com o outro grupo (G1) resultados semelhantes foram encontrados, tendo como predominância a folha (41%), em seguida toda parte da planta (17%), semente e casca, ambas (13%), raiz (11%) e flores (5%) (Gráfico 4).

Figura 3 Partes das plantas utilizadas pelos entrevistados do G1 (45 moradores do Município de Caravelas)

Fonte: Arquivo pessoal

A predominância das folhas usadas pelas comunidades para fazer medicamento se dá pela maior facilidade de coleta e a disponibilidade durante o ano (PEREIRA et al., 2005). Para Santos et. al (2008) a maioria dos compostos ativos é encontrada nas folhas e a coleta não causa muitos danos a planta, permitindo a preservação e uso continuado, outro motivo que corrobora com esta predominância.

Pinto et al. (2006) apresenta resultado semelhante no seu trabalho, citando a folha como principal parte da planta e o chá como a forma de preparo mais utilizados pela comunidade estudada por ele.

Figura 4 Partes das plantas utilizadas pelos entrevistados do G2 (45 moradores do Município de Caravelas)

Fonte: Arquivo pessoal

Quando questionados sobre o uso das plantas com orientação médica, os entrevistados consideram que as plantas medicinais, por serem naturais, não fazem mal, fazendo o uso do mesmo, sem nenhuma orientação de profissionais da saúde.

Diferente da fala popular de que “medicamento natural se não fizer bem, mal não faz”, a planta medicinal, por ter finalidade terapêutica, ao ser introduzido no corpo humano sofre biotransformação podendo assim gerar produtos tóxicos (VEIGA JUNIOR et al., 2005; NICOLETTI et al., 2007).

Na Tabela a seguir, estão apresentadas as plantas mencionadas por todos os entrevistados e respectivas indicações terapêuticas, modo de preparo e as partes utilizadas.

Figura 5: Plantas utilizadas pelos entrevistados do G1 (45 moradores do Município de Caravelas)

Nome Vulgar Indicação Preparo Parte usada
Alecrim Febre, gripe, Diabete, Coração. Chá, banho, sumo, infusão Folha
Algodão Inflamação urinária Chá, banho, xarope Folha, Broto
Arnica Garganta Infusão Folha
Assa peixe Doença respiratória, anti-inflamatório. Chá, sumo e xarope Folha
Boldo Fígado, dor de barriga, estomago. Infusão, chá e sumo Folha
Barbatimão Anti-inflamatório e febre Chá e banho Casca
Camomila Febre, calmante, diabete. Chá Flor/ folha
Carqueja Fígado Chá Folha
Capim limão Calmante, cólica, dor de barriga e gripe. Chá Folha
Erva Cidreira Dor de cabeça, febre e Calmante. Sumo e chá Folha
Erva-doce Dor de barriga e calmante. Chá Folha
Erva de Santa Maria ou Matruz Gripe, cicatrizante. Sumo e chá Folha e broto
Hortelã-miúdo Dor de barriga. Sumo e chá Folha
Poejo Gripe. Xarope Folha
Tansagem Tosse, Gengivite e Garganta Chá, sumo Folha
Arrozinho Dor no estômago Chá Folha e flor
Manjericão Tosse, dor de garganta, gripe e resfriado. Chá Folha
Hortelã Grosso Asma, dor de cabeça, dor de ouvido. Chá e Sumo Folha
Sabugueira Gripe, febre e tosse. Chá Folha

Fonte: Arquivo pessoal

A criação do blog demonstrou uma ótima alternativa para divulgação das plantas mais utilizadas e suas funções terapêuticas, bem como andamento do projeto. O blog foi criado no dia 07 de Maio de 2016 e, com apenas três meses recebeu 2.103 números de visitantes (dado concedido no dia 21 de Agosto de 2016).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando os dados levantados nesse estudo, constatamos que a população Caravelense tem acesso e conhecimento a uma ampla variedade de plantas medicinais, que é uma alternativa para conservar a saúde da comunidade com o seu poder curativo.

No município de Caravelas, foi possível verificar que o uso de plantas medicinais continua a ser uma grande alternativa como finalidade medicinal. Alguns dos fatores que influenciam a essa escolha é que a população considera as plantas medicinais cultivadas em casa mais confiáveis e, também, que os remédios naturais não provocam reações indesejáveis as pessoas, não sendo necessário o seu uso com orientações médicas.

As orientações de uso são transmitidas oralmente de gerações a gerações, porém, é necessário cautela com a sua utilização, já que fazem sem nenhuma orientação de profissionais da saúde.  Portanto, é relevante novas pesquisas tendo como foco as plantas e as consequências que estas podem acarretar se não forem usados de forma adequada, buscando conhecer os seus princípios ativos para tratamento de doenças.

A utilização do blog (ferramenta da internet) é uma alternativa eficaz, de grande acesso pelos internautas, possibilitando assim, uma abrangência maior dos trabalhos executados serem reconhecidos por um grande número de pessoas. Prova disso, foi o número significante de visitantes no blog criado como um dos métodos deste projeto, blog intitulado “Projeto Polivalente: Plantas Medicinais”.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, U.P.; MEDEIROS, P.M.; RAMOS, M.A.; JÚNIOR, W.S.F.; NASCIMENTO, A.L.B.; AVILEZ, W.M.T.; MELO, J.G. Are ethnopharmacological surveys useful for the Discovery and development of drugs from medicinal plants? Revista Brasileira de Farmacognosia-Brazilian Journal of Pharmacognosy, v. 24, p.110-115, 2014. Disponível em: DOI: http://dx.doi.org/10. 1016/j.bjp. 2014.04.003

ALMEIDA, M.Z. 2000. Plantas medicinais, 1 ed. Salvador, Editora da Universidade Federal da Bahia (EDUFBA), 1 v., 192p.

AMOROZO, M. C.M. 1996. A abordagem etnobotânica na pesquisa de Plantas Medicinais. In: DI STATSI, L.C. (Org.). Plantas medicinais: Arte e Ciência, um guia de estudo interdisciplinar. São Paulo: EDUSP. p. 47-68.

CASSAS, F.; SILVA, D.S., BARROS, C.; REIS, N.F.C.; RODRIGUES, E. Canteiros de plantas medicinais, condimentares e tóxicas como ferramenta de promoção à saúde no jardim botânico de Diadema, SP, Brasil. Revista Ciência Ext. v.12, n.2, p.37-46, 2016.

FALCÃO, D.Q., MENEZES, F.S. 2003. Revisão etnofarmacológica e química do gênero Hyptis. Rev. Bras. Farm., 84(3): 69-74.

GIRALDI, M. & HANAZAKI, N. 2010. Uso e conhecimento tradicional de plantas medicinais no Sertão do Ribeirão, Florianópolis, SC, Brasil. Acta Bot. Bras., 24(2): 395–406.

NICOLETTI, M.A. et al. Principais interações no uso de medicamentos fitoterápicos. Infarma, v.19, n. 1/2, p. 32-40, 2007.

PEREIRA, C.O.; LIMA, E.O.; OLIVEIRA, R. A.G.; TOLEDO, M.S.; AZEVEDO, A.K.A.; GUERRA, M.F.; PEREIRA, R.C. Abordagem etnobotânica de plantas medicinais utilizadas em dermatologia na cidade de João Pessoa-Paraíba, Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.7, n.3, p.9-17, 2005.

PINTO, E.P.P; AMOROSO, M.C.M. FURLAN, A. 2006. Conhecimento popular sobre plantas medicinais em comunidades rurais de mata atlântica – Itacaré, BA, Brasil. Acta Botânica Brasilica. 20(4): 751-762.

SANTOS, J.F.L.; AMOROZO, M.C.M.; MING, L.C. Uso popular de plantas medicinais na comunidade rural da Vargem Grande, Município de Natividade da Serra, SP. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.10, n.3, p.67-81, 2008.

SILVA, E. G. D.; ALMEIDA, J. R. D. Avaliação dos impactos ambientais nos estuários das regiões de Caravelas e Mucuri (BA-Brasil) com base no modelo pressão estado impacto resposta (peir). Revista Internacional de Ciências, v. 6, p. 2-20, 2016.

SILVA, Alexsandro Santos da. Líquens como bioindicadores de poluição atmosférica na cidade de Caravelas – Ba, Brasil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 07, Vol. 14, pp. 75-86. Julho de 2019. ISSN: 2448-0959

VEIGA JUNIOR. V.F.; PINTO, A.C.; MACIEL, M.A.M. Plantas medicinais: cura segura? Química Nova, v.28, n.3, p. 519-528, 2005.

[1] Graduando em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado da Bahia, CAMPUS X. Graduando Gestão Ambiental no Centro Universitário de Maringá, CESUMAR.

[2] Pós graduado em Biociências e Biodiversidade: Ecologia e Conservação Ambiental na Universidade do Estado da Bahia, CAMPUS X. Pós graduado em Educação Ambiental pela Faculdade São Gabriel da Palha – FASG. Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado da Bahia, CAMPUS X.

Enviado: Março, 2020.

Aprovado: Junho, 2020.

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Alexsandro Santos da Silva

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