REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

Dispensação de Medicamentos Betabloqueadores

RC: 22569
305
5/5 - (16 votes)
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SILVA, Carolina Fernanda Dias de Almeida [1], SILVA, Denise Aparecida [2], OLIVEIRA, Cristiano Guilherme Alves [3]

SILVA, Carolina Fernanda Dias de Almeida. SILVA, Denise Aparecida. OLIVEIRA, Cristiano Guilherme Alves. Dispensação de Medicamentos Betabloqueadores. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 11, Vol. 04, pp. 21-33 Novembro de 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

O objetivo geral do presente artigo foi analisar a dispensação de medicamentos da classe dos betabloqueadores, tendo como objetivos específicos discutir a diferença do protótipo da classe dos betabloqueadores com os demais introduzidos no comércio além de avaliar possíveis vantagens em relação ao uso de um ou outro betabloqueador e comparar o custo dos diferentes medicamentos da classe. A pesquisa foi realizada com base em aporte bibliográfico para o referencial teórico, sendo descritiva e qualitativa, juntamente com uma pesquisa a campo com o intuito de verificar a dispensação atual de medicamentos da classe dos betabloqueadores em uma farmácia comercial localizada no município de Pirapetinga – MG durante o período de seis meses. As dispensações foram avaliadas em cada mês e para cada representante da classe, quando foram anotadas todas as vendas de todos os betabloqueadores na farmácia, o princípio ativo bem como a dispensação total por mês avaliado. Entre os resultados observados, o carvedilol apresentou-se como sendo o mais dispensado em relação aos demais pesquisados sendo, provavelmente, prescrito para o tratamento de insuficiência cardíaca crônica.

Palavras-chave: Betabloqueadores, Carvedilol, Atenolol, Propranolol.

INTRODUÇÃO

O uso de medicamentos pelo homem na tentativa de promover tratamento para as enfermidades que o assolavam remete aos primórdios das civilizações e da própria medicina. O homem primitivo usava banhos de água fria ou folha fresca para aliviar a dor de uma ferida ou, ainda, protegendo-a com lama, de forma instintiva. Com a experiência, gerou formas de terapia mais eficientes até que fosse inserida na história a prática da terapia com fármacos (ALVES et al., 2012). O avanço das civilizações também promoveu o avanço da medicina e dos medicamentos a serem utilizados pelo homem para os mais variados tipos de males sejam eles congênitos ou adquiridos com o tempo. Entre os medicamentos desenvolvidos e aperfeiçoados pelo homem encontram-se os betabloqueadores que inicialmente eram utilizados para o tratamento de angina e hipertensão arterial sistêmica (HAS) e hoje apresentam também outras aplicações terapêuticas (CATTANIO, 2013). O propranolol foi o primeiro medicamento betabloqueador, desenvolvido por Sir James Black na Inglaterra no ano de 1962 e, hoje em dia, sua classe constitui uma das opções indicadas ao tratamento de HAS associada à doença coronária assim como às arritmias cardíacas com o intuito de diminuir o índice de mortalidade em idosos hipertensos, principalmente (Cardoso et al., 2006; BORTOLOTTO; CONSOLIM-COLOMBO, 2009; STOCCO et al., 2009). Assim, o propranolol representa a primeira geração de medicamentos betabloqueadores (SEKEFF et al., 1986). No entanto, os betabloqueadores apresentam outras indicações terapêuticas tais como na prevenção da enxaqueca, em casos de ansiedade e através de formulações tópicas no tratamento crônico do glaucoma (SALMITO et al., 2015; GUEDES et al., 2016; COELHO et al., 2017).

É interessante mencionar que os primeiros medicamentos da classe dos betabloqueadores teriam surgido pela necessidade de suprir algumas das potenciais desvantagens que apresentavam os medicamentos alfabloqueadores, tendo em vista que os receptores do tipo beta não eram bloqueados e tal fato resultava em taquicardia, tornando dessa forma o efeito hipotensor da droga pouco significativo (RAMOS, 1998). No entanto, os betabloqueadores ainda estavam associados a muitos efeitos colaterais e, durante a década de 1960, os estudos foram avançando e sendo aprimorados de modo que no início deste século foram introduzidos outros fármacos da classe com efeitos colaterais reduzidos tais como aumento do colesterol, da glicemia e disfunção erétil (PÓVOA, 2013). Teria sido entre as décadas de 1980 e 1990 que os medicamentos betabloqueadores se consagraram como sendo uma das principais alternativas de medicações para o tratamento de pacientes com HAS (BORTOLOTTO; CONSOLIM-COLOMBO, 2009). O fato é que, devido aos índices de óbitos provenientes de doenças cardiovasculares no Brasil registrou-se um aumento significativo do uso de medicamentos betabloqueadores principalmente entre pacientes com quadro clínico de insuficiência cardíaca sintomática de grau leve a grave (NOGUEIRA et al., 2010). Neste aspecto, no decorrer da década de 1990 foram surgindo alguns ensaios clínicos de caráter randomizado, multicêntrico ou placebo-controlado, os quais propunham demonstrar quais seriam os impactos benéficos referentes ao desempenho hemodinâmico assim como na qualidade de vida dos pacientes e na efetiva redução das taxas de hospitalização de usuários de medicamentos betabloqueadores (SOCERJ, 2017).

Os betabloqueadores de primeira geração possuem um mecanismo de ação anti-hipertensivo que envolve além da redução inicial do débito cardíaco também efeitos como a diminuição da secreção de renina bem como de catecolaminas nas sinapses nervosas (KOHLMANN Jr. et al., 2010). No que diz respeito aos betabloqueadores de terceira geração tais como o carvedilol e o nebivolol, estes além de proporcionarem os efeitos de seus antecessores, também possuem propriedades vasodilatadoras as quais, tendo como exemplo o carvedilol, seriam resultado, em grande parte, do bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adrenérgico enquanto que no caso do nebivolol o efeito decorre do aumento da síntese e liberação endotelial de óxido nítrico (Kalinowski et al., 2003; BARBOSA; ROSITO, 2013). Os principais efeitos dos betabloqueadores, à exceção dos de terceira geração, incluem a redução da frequência cardíaca e do débito cardíaco sem modificação significativa da resistência vascular periférica, sendo estes responsáveis pela diminuição da amplificação periférica da PA e redução da pressão sistólica periférica (Cockburn et al., 2010).

No entanto, os betabloqueadores apresentam diferenças farmacológicas relacionadas aos efeitos positivos e adversos havendo controvérsias quanto à suas indicações de modo que, segundo alguns autores, tal classe deve ser considerada como anti-hipertensivos de quarta linha ou somente usada quando houver indicações específicas. Além disso, existem diferenças em relação à seletividade aos receptores e sua farmacocinética que podem ser importantes na escolha do medicamento (BARBOSA; ROSITO, 2013).

Dentro deste contexto, ao se considerar que os betabloqueadores estão no comércio há bastante tempo e que são vários os representantes da classe, alguns questionamentos são levantados tais como: Atualmente, qual deles tem sido o mais prescrito? Qual(is) o(s) provável(is) motivos que justifica(m) a maior dispensação?

A partir de tal perspectiva, esta pesquisa apresentou como objetivo geral analisar a dispensação de medicamentos da classe dos betabloqueadores, tendo como objetivos específicos discutir a diferença do protótipo da classe dos betabloqueadores com os demais introduzidos no comércio; avaliar possíveis vantagens em relação ao uso de um ou outro betabloqueador e comparar o custo dos diferentes medicamentos da classe.

2. METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada com base em aporte bibliográfico para o referencial teórico sendo descritiva e qualitativa. Seu caráter descritivo relaciona-se à descrição de fatos e fenômenos do objeto de estudo (GERHARDT; SILVEIRA, 2009) e o qualitativo por se valer de uma análise documental tendo em vista que “enquanto exercício de pesquisa, não se apresenta como uma proposta rigidamente estruturada” (GODOY, 1995, p. 21). Também foi realizada uma pesquisa a campo com o intuito de verificar a dispensação de medicamentos da classe dos betabloqueadores em uma farmácia comercial localizada no município de Pirapetinga – MG, com autorização prévia do responsável pelo estabelecimento, durante o período de seis meses. As dispensações foram avaliadas em cada mês e para cada representante da classe, quando foram anotadas todas as vendas de todos os betabloqueadores na farmácia, o princípio ativo bem como a dispensação total por mês avaliado. Os resultados foram avaliados através de estatística descritiva e análise da variância com aplicação do teste de Tukey sendo este um teste de comparação de médias (Rodrigues, 1993; Duarte, 2017).

3. RESULTADOS

No período avaliado foi dispensado um total de 316 caixas de betabloqueadores sendo 51 no primeiro e também no segundo mês (16,1%), 54 no terceiro mês (17,1%) e 52 e 57 no quarto e no quinto mês, perfazendo 15,5% e 18,0%, respectivamente. No último mês foram dispensadas 51 caixas, ou seja, 16,1% (Gráfico 1). A média mensal foi equivalente a 52,7 ± 2,4 dispensações.

fonte: autor

 

Gráfico 1. Percentual mensal de dispensações de medicamentos betabloqueadores durante seis meses conforme avaliação em uma farmácia localizada no município de Pirapetinga / MG.

Dentre os betabloqueadores foi verificada a dispensação total de 132 caixas de Carvedilol (41,8%), 106 de Atenolol (33,5%) e 78 do Propranolol (24,7%), conforme gráfico 2.

fonte: autor

 

Gráfico 2. Percentual de dispensações totais de cada medicamento betabloqueador durante seis meses conforme avaliação em uma farmácia localizada no município de Pirapetinga / MG.

Considerando-se a dispensação de cada um dos três betabloqueadores, o carvedilol apresentou a dispensação média de 22 ± 0,89 unidades/mês, enquanto que o atenolol apresentou a média de 17,7 ± 2,34 unidades/mês e o propranolol a média de 13 ± 1,41. No gráfico 3 podem ser melhor observadas as dispensações do carvedilol, propranolol e atenolol ao longo dos meses estudados.

fonte: autor

 

Gráfico 3. Percentual de dispensações mensais de cada medicamento betabloqueador durante seis meses conforme avaliação em uma farmácia localizada no município de Pirapetinga / MG.

Ao se avaliar as diferentes concentrações dispensadas constatou-se que no caso do carvedilol foram dispensadas as concentrações de 3,125 mg (13 dispensações, equivalente a 9,8% das dispensações totais de carvedilol), 6,25 mg (76 dispensações ou 57,6% das dispensações do fármaco em questão), 12,5 mg (sete dispensações ou 5,3% do total) e 25 mg (36 dispensações equivalente a 27,3% do total dispensado de carvedilol). Para o atenolol foram dispensadas as concentrações de 25 e 50 mg, no total de 54 (50,9%) e 52 (49,1%), respectivamente. E no caso do propranolol foram dispensadas 42 caixas na concentração de 10 mg (53,9% do total de propranolol dispensado), 22 e 14 nas concentrações de 40 e 80 mg, perfazendo 28,2% e 17,9% das dispensações totais de propranolol, respectivamente. Todas as concentrações dispensadas podem ser melhor avaliadas na tabela 1.

Tabela 1. Diferentes concentrações prescritas de carvedilol, propranolol e atenolol conforme avaliação durante seis meses em uma farmácia localizada no município de Pirapetinga / MG.

Betabloqueador / concentração Dispensação total /

Percentual específico do betabloqueador

– Carvedilol
3,125 mg 13(9,8%)
6,25 mg 76(57,6%)
12,5 mg 07(5,3%)
25 mg 36(27,3%)
– Atenolol
25 mg 54 (50,9%)
50 mg 52 (49,1%)
– Propranolol
10 mg 42(53,9%)
40 mg 22(28,2%)
80 mg 14 (17,9%)

Ao se avaliar estatisticamente os dados obtidos, pode-se observar as variâncias que ocorreram entre as dispensações dos medicamentos betabloqueadores durante os meses em que se realizou a pesquisa estando expressos por meio de F tabulado (0,0361) que é menor que o F crítico (2,4085), ou seja, não existe diferença entre a dispensação quanto aos meses. Por outro lado, foi observada variação em relação à dispensação entre os medicamentos, Ft (25,1113) Fc (2,1521). Ao se avaliar estatisticamente os dados obtidos em relação ao propranolol, pode-se observar as variações que ocorreram entre as dispensações nas diferentes concentrações durante os meses em que se realizou a pesquisa (Gráfico 4). Comparando-se as concentrações de cada medicamento pode-se observar que o propranolol apresentou diferença na dispensação ao longo do período avaliado (Ft Fc) e ao se aplicar o teste de Tukey (teste de comparação de médias com o qual se faz análise de variâncias, conforme Duarte, 2017). Ressalta-se que a concentração de 10 mg é a que apresenta maior dispensação.

fonte: autor

 

Gráfico 4. Variação das dispensações do propranolol em diferentes concentrações durante seis meses conforme avaliação em uma farmácia localizada no município de Pirapetinga / MG.

No caso do carvedilol [Ft (0,0066) Fc (2,7728)] não houve variação na dispensação das diferentes concentrações no período avaliado, sendo observada maior dispensação para a concentração de 6,25 mg de acordo com teste de Tukey. Para o atenolol [Ft (0,0510) Fc (4,9646)] também não houve variação na dispensação das diferentes concentrações no período avaliado, assim como não foi significativa a dispensação entre as diferentes concentrações. Nos gráficos 5 e 6 podem ser observadas a variações na dispensação do carvedilol e atenolol nas diferentes concentrações.

fonte: autor

 

Gráfico 5. Variação das dispensações do carvedilol em diferentes concentrações durante seis meses conforme avaliação em uma farmácia localizada no município de Pirapetinga / MG.

fonte: autor

 

Gráfico 6. Variação das dispensações do atenolol em diferentes concentrações durante seis meses conforme avaliação em uma farmácia localizada no município de Pirapetinga / MG.

4. DISCUSSÃO

Segundo os resultados obtidos pôde-se constatar que a dispensação de betabloqueadores ao longo dos seis meses avaliados apresentou pequena variação, mantendo-se em valores percentuais bastante próximos em cada mês avaliado. Tal resultado sugere que a indicação dos medicamentos pesquisados encontra-se equilibrada em relação ao percentual de cada um, ou seja, apresentam pouca diferença de indicação médica entre um e outro quando receitados aos pacientes.

Todavia, mesmo havendo tal equilíbrio acima comentado, ainda assim pode-se observar que o carvedilol foi o betabloqueador mais dispensado dentre os demais. Conforme Ladeira et al. (2016) o carvedilol encontra-se entre os cinco fármacos betabloqueadores mais utilizados em hipertensão arterial, no entanto, o mais eficaz para redução dos níveis pressóricos é o atenolol. Segundo os autores, as principais vantagens associadas ao carvedilol devem-se ao fato de ser considerado o betabloqueador com menor potencial de agravamento da insuficiência cardíaca crônica (ICC), promoção de alterações metabólicas, bradicardia e broncoespamos. Atualmente os betabloqueadores são considerados primeira linha no tratamento da insuficiência cardíaca crônica, porém apenas três deles demonstram eficácia comprovada, ou seja, o carvedilol, o bisopropol e o succinato de metoprolol. No caso, o carvedilol tem sido o mais amplamente prescrito dentre eles, talvez pela melhor resposta na ICC associada ao seu efeito vasodilatador sobre os receptores alfa-adrenérgicos, assim como pelas vantagens já citadas anteriormente. Os benefícios clínicos comprovados dos betabloqueadores na ICC incluem melhora da classe funcional, redução da progressão dos sintomas e redução de internação hospitalar, em pacientes com disfunção sistólica, classe funcional I a IV conforme New York Heart Association – NYHA (DARGIE, 2001).

O segundo lugar entre os medicamentos betabloqueadores mais dispensados durante o período da pesquisa foi o atenolol e, neste caso pelo seu efeito anti-hipertensivo. Vale salientar que tal classe de medicamentos vem perdendo espaço no controle da HAS para os medicamentos com atuação no sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA), em especial os bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA) e os inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA). Um dos prováveis motivos para tal, além da melhor eficácia, pode ser em relação à frequente associação de insuficiência renal e HAS, o que pode limitar o uso do atenolol uma vez que este tem sua eliminação realizada pelos rins em grande parte na forma inalterada podendo ser necessária a redução das doses em pacientes com insuficiência renal (BORTOLOTTO; CONSOLIM-COLOMBO, 2009). Além disso, tanto os BRA quanto os IECA apresentam efeito nefroprotetor, sendo de escolha em pacientes hipertensos e com insuficiência renal. Os BRA são considerados na atualidade os medicamentos mais eficazes na HAS, tanto pela resposta terapêutica mais satisfatória quanto pelo melhor perfil de efeitos indesejáveis (Malachias et al., 2016).

O propranolol foi o terceiro betabloqueador dispensado, sendo também sua principal indicação em casos de HAS, apesar de também apresentar indicação terapêutica em casos de tremor de ansiedade e na prevenção de migrânea (SALMITO et al., 2015; COELHO et al., 2017). Tal betabloqueador é considerado o mais preocupante no agravamento da insuficiência cardíaca crônica, nas alterações metabólicas e bradicardia (LADEIRA et al., 2016).

No caso das concentrações mais dispensadas para cada um dos medicamentos betabloqueadores pesquisados observou-se que o carvedilol foi mais dispensado nas maiores concentrações enquanto que o propranolol nas menores concentrações. A indicação principal do carvedilol está de acordo com tal resultado, uma vez que a melhor eficácia dos betabloqueadores indicados na ICC se dá em doses plenas, devendo-se iniciar o tratamento com doses mais baixas (3,125 mg) e aumentar a cada sete a 14 dias até a concentração máxima, a qual deve ser de 25 mg para pacientes com peso inferior a 85 Kg e de 50 mg para pacientes com peso superior a 85 Kg (BOCCHI et al., 2009). No caso do propranolol, o fato de ter uma concentração mais baixa dispensada pode estar relacionado aos efeitos colaterais citados por Ladeira et al. (2016).

Ao comparar os custos de cada medicamento pesquisado observou-se que os valores não tiveram influência em sua dispensação, tendo em vista que o mais dispensado foi justamente o que apresenta maior custo, podendo-se supor que a escolha foi criteriosa e embasada nas particularidades e recomendações reais dos fármacos em estudo.

5. CONCLUSÕES

Considerando-se a metodologia aplicada pode-se concluir que a dispensação dos betabloqueadores mantém estabilidade mensal; o carvedilol corresponde ao betabloqueador com maior dispensação, seguido do atenolol e do propranolol; a concentração mais dispensada do carvedilol é a de 6,25 mg enquanto que para o atenolol é de 25 mg e para o propranolol é de 10 mg. Considerando-se a maior dispensação do carvedilol, provavelmente, os betabloqueadores têm sido mais prescritos no tratamento de insuficiência cardíaca crônica em detrimento de sua indicação nos casos de hipertensão arterial sistêmica, uma vez que há, atualmente, medicamentos comprovadamente mais eficazes para tal quadro.

REFERÊNCIAS

Alves, T.N.P.; Mattos, R. A.; Vieira, R.C.P.A. Medicamentos: conceitos, usos e problemas advindos do uso. Convibra Saúde – Congresso Virtual Brasileiro de Educação, gestão e promoção da saúde. 20 p., 2012. Disponível em: http://www.convibra.com.br/ upload/paper/2012/55/2012_55_4105.pdf Acesso em 12 de agosto de 2017.

Barbosa, E.; Rosito, G. Diferenças dos betabloqueadores no tratamento da hipertensão arterial. Rev. Bras. Hipertens., v. 20, n. 2, p. 73-77, 2013.

Bocchi, E.A.; Marcondes-Braga, F.G.; Ayub-Ferreira, S.M. et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arq. Bras. Cardiol., v. 93(supl.1), p. 1-71, 2009.

BORTOLOTTO, L.A.; CONSOLIM-COLOMBO, F.M. Betabloqueadores adrenérgicos. Rev. Bras. Hipertens.,v. 16, n. 4, p. 215-220, 2009.

CARDOSO, C.; TOREJANE, D.; GHIGGI, R. Evidências no tratamento da hipertensão arterial em idosos. Arq. Catarin. Med., v. 35, n. 2, p. 85-91, 2006.

CATTANIO, G.A.A. Avaliação do Consumo Medicamentoso De Anti-Hipertensivos e Fatores Associados de Idosos Do Município De Dourados-MS. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) Universidade Federal da Grande Dourados. Dourados – MS, 2013.

Cockburn, J.A.; Brett, S.E.; Guilcher, A. et al. Differential effects of beta-adrenoreceptor antagonists on central and peripheral blood pressure at rest and during exercise. Br J ClinPharmacol., v. 69, n. 4, p. 329-35, 2010.

Coelho, J.C.C.G.P.; Miranda, R.M.; Ferreira, L.C. et al. O uso de betabloqueadores para o controle da ansiedade em candidatos à habilitação de motorista. Revista Interdisciplinar Ciências Médicas, MG, v. 1, n. 2, p. 77-85, 2017.

Dargie, H.J. Effect of carvedilol on outcome after myocardial infarction inpatients with left-ventricular dysfunction: the CAPRICORN randomised trial. Lancet, n. 357, p. 1385-90, 2001.

DUARTE, M. Teste de comparação de médias (Teste de Tukey). www.infoescola.com. Disponível em: http://www.infoescola.com/estatistica/teste-de-comparacao-de-medias-teste-de-tukey/. Acessado em agosto de 2017.

GERHARDT, T.E.; SILVEIRA, D.T. Métodos de pesquisa. UAB/UFRGS, Curso de Graduação Tecnológica – Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS, Porto Alegre, Editora da UFRGS, 2009.

GODOY, A.S. Pesquisa Qualitativa: Tipos Fundamentais. Revista de Administração de Empresas São Paulo, v. 35, n.3, p, 20-29, 1995.

GUEDES, R.A.P.; GUEDES, V.M.P.; GOMES, C.E.M. et al. Custo-utilidade do tratamento do glaucoma primário de ângulo aberto no Brasil. Rev. Bras. Oftalmol., v. 75, n. 1, p. 7-13, 2016.

Kalinowski, L; Dobrucki, L.W.; Szczepanska-Konkel, M. et al. Third-generation betablockers stimulate nitric oxide release from endothelial cells through ATP efflux: a novel mechanism for antihypertensive action. Circulation, v. 107, n. 21, p. 2747-52, 2003.

KOHLMANN JR, O.; Gus, M.; Ribeiro, A.B. et al. Tratamento medicamentoso. J. Bras. Nefrol., v. .32, n. 1, p. 29-43, 2010.

LADEIRA, R.C.; ERTHAL JÚNIOR, M.; DA HORA, H.R.M. Método de escolha de medicamentos anti-hipertensivos por gestores da área de saúde. Acta Biomedica Brasiliensia, v. 7, n. 1, p. 48-63, 2016.

Malachias, M.V.B.; Souza, W.K.S.B.; Plavnik, F.L. et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol., v. 107, n. 3, p. 1-83, 2016.

NOGUEIRA, P.; RASSI, S.; CORRÊA, K. Perfil epidemiológico, clínico e terapêutico da insuficiência cardíaca em hospital terciário. Arq Bras Cardiol., v. 95, n. 3, p. 392-398, 2010.

PÓVOA, R. Terapia adicional com anti-hipertensivos: qual a combinação para qual situação. X Congresso Brasileiro de Hipertensão Arterial. Simpósio, Belo Horizonte – MG, 31 de outubro a 02 de novembro de 2013.

RAMOS, O. Aspectos históricos da Hipertensão Arterial: Histórico do tratamento da Hipertensão Arterial. HiperAtivo, v.5, n.4, p. 230-232,1998.

RODRIGUES, P. C. Bioestatística. Niterói: Eduff; 1993.

Salmito, M.C.; Morganti, L.O.G.; Nakao, B.H. et al. Vestibular migraine: comparative analysis between diagnostic criteria. Braz J Otorhinolaryngol., v. 81, p. 485-90, 2015.

SEKEFF, J.A.B.; BUENO, M.S.P.; WEITZEL, L.H. Hipertensão sanguínea leve ou moderada: avaliação clínica, fonomecanocardiográfica e ecocardiográfica do pindolol e do propranolol. Arq. Bras. Cardiol.,v.46, n.4, p. 251-254, 1986.

SOCERJ – Sociedade de cardiologia do Estado do Rio de Janeiro. I Consenso Sobre Manuseio Terapêutico da Insuficiência Cardíaca – SOCERJ. Sociedades.cardiol.br. Disponível em: http://sociedades.cardiol.br/socerj/area-cientifica/ beta-bloqueadores.asp Acesso em janeiro de 2017.

STOCCO, A.; LIMA, B.; AUGUSTO, C. et al. Betabloqueadores adrenérgicos. Rev. Bras. Hipertens., v. 16, n. 4, p. 215-220, 2009.

[1] Farmacêutica Bioquímica.

[2] Ph.D., M.Sc. Professora de Farmacologia – UNIG, Itaperuna – RJ.

[3] Professor Assistente / Farmacêutico Bioquímico.

Enviado: Setembro, 2018

Aprovado: Novembro, 2018

5/5 - (16 votes)

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita