BARBOSA, Arthur Gonelly [1], REZENDE, Fernanda Henriques [2], OLIVEIRA, Tiago Guimarães [3]
BARBOSA, Arthur Gonelly, REZENDE, Fernanda Henriques. A relevância da metodologia de custo para o microempreendedor individual. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 08, Vol. 09, pp. 55-65 Agosto de 2018. ISSN:2448-0959
RESUMO
O conhecimento sobre a gestão de custos é crucial para a permanência e alavancagem de qualquer empresa no mercado atual, não sendo diferente para os Microempreendedores Individuais. Neste contexto, foi elaborada uma pesquisa com uma amostra de 31 Microempreendedores Individuais (MEI) na cidade de Juiz de Fora – MG, objetivando esclarecer quais são os métodos de custeio praticados por estas organizações e qual a influência exercida por eles, destacando os possíveis benefícios à organização em caso de mudança dos mesmos. A metodologia abordada como foi dito anteriormente é a de pesquisa de campo, com a aplicação do formulário aos MEI’s, assim como o estudo exploratório de referencial bibliográfico, tendo como objetivo esclarecer quais são os métodos de custeio praticados por estas organizações e qual a influência exercida por eles, destacando os possíveis benefícios à organização em caso de mudança. Ao final da pesquisa, foi observado que a utilização dos métodos de custei é superficial, pouco conhecimento sobre o tema, podendo assim inibir um melhor desenvolvimento da empresa. Portanto estruturamos este artigo, que visa explorar este campo organizacional vislumbrando as possibilidades que este novo mercado tem disponibilizado. É digno de nota que o MEI possui características atraentes no quesito benefícios, e, mesmo assim, tem apresentado um alto número de fechamento e pequeno índice de progresso para outros regimes – a razão disto será destacada no desenvolvimento do artigo.
PALAVRAS CHAVES: Microempreendedor Individual, Custos, Planejamento
INTRODUÇÃO
A metodologia de custo se refere a uma ferramenta de gestão para as organizações, sendo que as empresas de grande porte geralmente a utilizam de forma estruturada, definida e confiável. No entanto, este artigo demonstra os benefícios que tal método proporciona para qualquer tipo de empresa, tendo como foco o microempreendedor individual, pois este é o caminho para o desenvolvimento.
O Microempreendedor se tornou uma grande ferramenta para aqueles que querem sair da rotina de trabalho na qual tenha que submeter a superiores, sendo assim, trabalhando por conta própria, realizando serviços que tenha habilidade, montando seu próprio cronograma e estratégia para obtenção de recurso, no decorrer deste artigo abordaremos melhor sobre o microempreendedor individual.
Para determinarmos o sucesso e o fracasso de uma empresa basta ter uma visão ampla de como ela é administrada e gerida, uma vez que existem alguns indicadores para relatar tal fato, como os custos fixos e variados, no entanto o foco desse artigo é apresentar a forma em que o empregador diferencia o seu custo do produto e como é a definição do seu preço de venda. Determinar o método de custeio dentro de uma organização pode influenciar sobre o resultado da empresa e a forma de gestão para definição dos lucros, prejuízos, despesas, receitas afetando diretamente nos resultados e nas possíveis analises.
O presente artigo teve como base os dados da “Identidade empresarial dos municípios mineiros”, divulgada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), tendo como fonte de informação o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Fundação João Pinheiro (FJP), RAIS e o Portal do empreendedor, tendo como informativo o desenvolvimento e crescimento de microempreendedores de Juiz de Fora, tendo em vista o ano de 2013 foram 10.579 inscritos no sistema de MEI. Com isso os levantamentos de problemas foram, qual é método de definição de custos que eles utilizam? De que forma é a gestão disso? Qual a relação entre o crescimento e tomada de decisão? O que isso pode influenciar nos custos? Após esses levantamentos, originou-se o presente artigo, para esclarecer esse raciocínio aplicado com a teoria e a pratica.
Este artigo apresenta um estudo sobre a importância do método de custeio para os microempreendedores individual, assim como os principais métodos utilizados e a sua eficácia. Após o estudo teórico é evidenciado a metodologia utilizada, que se refere a uma pesquisa de campo realizada através da plataforma de formulários do Google. Também é apresentado um estudo de caso com 31 microempreendedores que responderam sobre questões elaboradas pelos autores para chegar a uma definição do uso dos métodos de custeio. Por fim, conclui-se com os resultados dos objetivos desta pesquisa.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)
A lei complementar n’ 128, de 19/12/2008 tornou possível que o trabalhador conhecido como informação se tornasse um MEI legalizado, que, segundo o Portal do Microempreendedor está ‘enquadrado no Simples Nacional e fica isento dos tributos federais (Imposto de Renda (IR), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Imposto sobre Produto industrializado (IPI) e Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL)). Assim, paga apenas o valor fixo mensal de R$ 45,00 (comércio ou indústria), R$ 49,00 (prestação de serviços) ou R$ 50,00 (comércio e serviços), que é destinado à Previdência Social e Imposto sobre circulação de mercadoria e serviço (ICMS) ou ao Imposto sobre serviço (ISS). O próprio site indica que para ser MEI, não se pode ultrapassar o faturamento R$ 60.000,00por ano, nem ter participação em outra empresa como sócio ou titular. As vantagens supracitadas que o MEI oferece têm incentivado muitos empresários a optarem por este regime, o que ocasiona um aumento gradativo de registros, a nível nacional. Este aumento pode ser identificado de forma numérica, com base na tabela disponibilizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), que aponta as principais regiões estaduais onde há crescimento de MEIs. Segundo esta tabela, São Paulo lidera o Ranking com 25,58% de crescimento, enquanto o Rio de Janeiro ocupa o segundo lugar com 12,21% e Minas Gerais na terceira posição apresentando 10,97%, enquanto os outros estados também demonstram crescimento considerável. Afinal, desde a sua criação até agosto de 2016 foram abertos o total de 8.908.020 MEIs nacionalmente.
MÉTODOS DE CUSTEIO
A literatura apresenta diversos métodos de custeio que podem ser utilizados tanto pelas organizações industriais quanto pelas comerciais e prestadoras de serviços, esses métodos são utilizados para, entre muitas outras informações, determinar o valor dos objetos de custeio; reduzir custos, melhorar os processos; eliminar desperdícios; decidir entre produzir ou terceirizar; criar e aumentar, ou diminuir, a linha de produção de certos produtos. Além de outras finalidades que ele é útil, como por exemplo: meios gerenciais, tomadas de decisões, e muito mais. No processo de apuração dos custos dos produtos, os gestores dispõem de quatro metodologias:
CUSTEIO POR ABSORÇÃO
Segundo Martins (2000) o custeio por absorção corresponde ao método derivado da aplicação dos princípios de contabilidade que são geralmente aceitos. O autor ainda afirma que tal conceito consiste na apropriação dos custos de produção aos bens elaborados. Portanto, este método não é utilizado nas despesas administrativas, comerciais e financeira, sendo somente naquilo que se refere a produção. A grande vantagem é que é o único método aceito para fins fiscais e legais.
CUSTEIO DIRETO OU VARIÁVEL
Martins (2001, p.216) define o custeio direto ou variável como aquele em que “só são alocados aos produtos os custos variáveis, ficando os fixos separados e considerados como despesas do período, indo diretamente para o resultado, para os estoques só vão, como consequência, custos variáveis”.
CUSTEIO ABC
Padoveze (2003) conceitua o custo ABC como um método de custeamento que atribui primeiro os custos para as atividades e depois aos produtos, baseado no uso das atividades de cada produto. O custeamento com base em atividade é fundamentado no seguinte conceito: produtos consomem atividades, atividades consomem recursos.
CUSTEIO HISTÓRICO
Segundo Cherman (2002, p. 177), o custo padrão “é uma meta que a empresa deseja atingir em um determinado período de tempo. Todos os custos são tomados por estimativa”. Existem três tipos de custo padrão. São eles: Ideal, estimado, e corrente.
Ideal é aquele determinado dentro das condições ideais de qualidade e eficiência de mão-de-obra. Expressa o objetivo da empresa em longo prazo (planejamento estratégico). Supõe a utilização máxima de todos os recursos disponíveis com um mínimo de desperdícios e são desprezados os imprevistos, como quebra de equipamentos, perdas etc. Na prática é muito difícil de ser alcançado. (CHERMAN, 2002)
Estimado é aquele determinado através da observação da produção passada (custo histórico), sem levar em consideração falhas da produção, ineficiências de mão-de-obra etc. é uma estimativa de custo a curto prazo e geralmente os valores encontrados são bem próximos da realidade. (CHERMAN, 2002).
Corrente leva em consideração que certas deficiências não podem ser solucionadas, pelo menos a curto e médio prazo. Os custos são determinados considerando um bom desempenho da empresa e possíveis de serem alcançados. Situa-se entre o ideal e o estimado. (CHERMAN, 2002).
METODOLOGIA
Conforme evidenciado neste artigo, foi elaborado um questionário a fim de identificar para uma posterior análise as metodologias de custeio aplicadas por uma amostragem de MEI. A metodologia utilizada é a de pesquisa de campo, com a aplicação do formulário aos MEIs, assim como o estudo exploratório de referencial bibliográfico, tendo como objetivo esclarecer quais são os métodos de custeio praticados por estas organizações e qual a influência exercida por eles, destacando os possíveis benefícios à organização em caso de mudança dos mesmos. Segundo Fonseca (2002) a pesquisa de campo caracteriza-se pelas investigações em que, além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realiza coleta de dados junto as pessoas, com recursos de diferentes tipos de pesquisa, como foi elaborado nesse artigo um dos exemplos utilizados pelo autor, é a pesquisa Survey tem como objetivo a busca de informações diretamente com um grupo de interesse a respeito dos dados que se deseja obter, utilizando questionário como instrumento de pesquisa.
RESULTADOS
Os dados relativos aos MEIs são amplos e abrangentes, mas, ao processa-los notamos que nem todos estão se adequando a essa nova proposta, pois ainda há uma grande carência de informação, planejamento e estrutura para eles, fazendo com que muitos fiquem inadimplentes, resultando em graves problemas para o CNPJ. Abaixo apresentaremos o resultado da pesquisa e logo as possíveis considerações da mesma.
Gráfico 1: Utilização da metodologia de custeio
Fonte: Autores do artigo, baseada na pesquisa de campo – 2017
Conforme o gráfico 1, podemos identificar baseando-se na pesquisa de campo elaborada, que 51,6% dos entrevistados não utilizam nenhum método de custeio em sua empresa, 45,2% utilizam, tendo como fonte de informação o gráfico 2 o custeio Histórico e Variável são os mais utilizados pelos entrevistados, seguindo do uso da ferramenta do Excel que é um meio alternativo para os empresários que não faz uso de outros métodos, sendo assim o Excel é uma ferramenta viável, de fácil entendimento e clareza dos resultados proposto por quem o utiliza.
Gráfico 2: Se utiliza algum método de custeio, qual deles?
Fonte: Autores do artigo, baseada na pesquisa de campo – 2017
Gráfico 3: Qual a finalidade do uso dos métodos?
Fonte: Autores do artigo, baseada na pesquisa de campo – 2017
Com isso a finalidade apresentada na pesquisa em relação a utilização desses métodos nos mostra que com 38,7% a definição de preço prevalece entre as demais, visto que 29% os entrevistados não responderam ou não sabem, e 19,4% está relacionada aos meios gerencias.
Gráfico 4: A importância dos métodos de custeio, correlacionado com o crescimento.
Fonte: Autores do artigo, baseada na pesquisa de campo – 2017
Os gráficos 4 e 5 faz relação ao crescimento e tomada de decisão, podemos analisar que mais de 90% dos MEI’s tem ciência de que esses fatores são fundamentais para o desenvolvimento e gerenciamento dos mesmo, embora a utilização dessas ferramentas seja invisível para tais.
Gráfico 5: A importância da tomada de decisão, correlacionada com os custos.
Fonte: Autores do artigo, baseada na pesquisa de campo – 2017
Esta pesquisa de campo deixou claro o desconhecimento sobre as metodologias de custeios no âmbito do MEI, o que influencia diretamente no resultado destas organizações. A utilização do conhecimento histórico dos MEI como metodologia de custeio, é praticamente definida como custo padrão, pois eles abordam o custo orçado como a definição de seus preços e custos. A questão a ser analisada neste caso é a subjetividade deste método, pois, não há uma base sólida de dados o que diminui o controle sobre o lucro obtido. Essa informação pode ser utilizada para a geração de alguma ferramenta que possa transmitir o entendimento de custos ao MEI, tendo em vista justificar a não utilização do métodos de custeio como falta de conhecimento.
CONCLUSÃO
Os dados processados, aliados a informação didática sobre o tema, demonstram claramente que os métodos de custeio são essenciais para uma administração confiável, pois, notamos uma dificuldade de compreensão desses recursos, nas organizações que não possuem um método bem definido. Como consequência, essa dificuldade pode inibir o desenvolvimento destas empresas no mercado, fator que deve ser considerado pelo MEI e por profissionais que desejem desenvolver alternativas pratica para este formato de organização que tem crescido em quantidade gradualmente.
REFERÊNCIAS
CHERMAN, Bernardo C. Contabilidade de custos. VemConcursos, 2002.
http://www.portaldoempreendedor.gov.br/mei-microempreendedor-individual, Acesso em: 26 de maio de 2016
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas S.A,2003
MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 9. ed. São Paulo: Atlas S.A, 2011.
MARION, José Carlos. Preparando-se para a profissão do futuro. Contabilidade. Vista & Revista, 2009 – revistas.face.ufmg.br
[1] Estudante 8 periodo de administração, CES/JF
[2] Estudante 8 periodo de administração, CES/JF
[3] Orientador