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Alimentação alternativa para ruminantes: Silagem do abacaxizeiro

RC: 61046
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/zootecnia/silagem-do-abacaxizeiro

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

OLIVEIRA, Raytane Chaves [1], MOURA, Jose Helder [2]

OLIVEIRA, Raytane Chaves. MOURA, Jose Helder. Alimentação alternativa para ruminantes: Silagem do abacaxizeiro. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 07, Vol. 05, pp. 17-27. Julho de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/zootecnia/silagem-do-abacaxizeiro, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/zootecnia/silagem-do-abacaxizeiro

RESUMO

Objetivou-se avaliar o valor nutricional da silagem do abacaxizeiro em duas datas diferentes de abertura do silo. O trabalho foi conduzido no laboratório de bromatológia da Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida, localizada no município de Redenção-PA. A ensilagem foi realizada na Fazenda Boa Vista, localizada no município de Floresta do Araguaia-PA. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado, com dois tratamentos e três repetições totalizando 6 unidades experimentais. Para determinação da matéria seca (MS), material mineral (MM), extrato etéreo (EE) e Fibra Bruta (FB) da silagem da planta da cultura do abacaxi pérola. As médias dos dados observados de cada tratamento foram expostas em análise percentual. A partir do qual foram obtidos na primeira abertura com 17 dias os níveis de MS 24.43%, MM 10.96%, EE 2.29% e FB 69.08% e na segunda abertura com 32 dias os níveis de MS 76.82%, MM 9.67%, EE 9.94% e FB 68.08%. Resultado com diferença significativa nos fatores avaliativos em exceto por material minera e fibra bruta entre as duas aberturas, explicado justamente pelo maior tempo de conservação. Mostrou-se um volumoso com teores de médias aceitáveis para o consumo de ruminantes nas duas datas de abertura da silagem, além disso, uma forma econômica e sustentável na alimentação animal.

Palavras Chave: Abacaxi, escassez de forragem, restos culturais.

1. INTRODUÇÃO

O baixo custo de produção da carne e do leite brasileiro reside no fato da maior proporção de alimentos ofertados aos animais baseadas em forragens, sendo elas na forma de pastejo e conservadas. Mesmo regiões com grande capacidade de produção de biomassa como o Brasil, os fatores de produção são sazonais em determinada época do ano, e apresentam correlação direta com a fisiologia dos vegetais, o que acarreta na estacionalidade do crescimento das forrageiras.

Uma das formas de acomodar os imbróglios da sazonalidade é o uso de forrageiras conservadas, sejam elas como feno ou silagem, no entanto, esta última é a mais comumente usada, em razão do acesso a informação e das ações de operação no campo mais simples (BERNARDES e RÊGO, 2014). No período seco as forragens apresentam baixo valor nutritivo, que coincide em algumas regiões do Brasil com o beneficiamento da safra de abacaxi. Segundo Santos et. al. (2014), restos culturais da cultura do abacaxi, ou seja, as plantas que ficam no campo sem serventia, podem atingir 50 toneladas de massa verde por hectare, podendo variar de acordo com a densidade do plantio.

Segundo dados da Embrapa Mandioca e Fruticultura (2014), o Brasil teve uma produção de 1.655 milhões de abacaxi em 2013, representando uma área de 63 mil hectares colhidos, sendo o estado do Pará o maior produtor do país, se destacando o município de Floresta do Araguaia-PA.

Os restos culturais da cultura do abacaxi já vem sendo utilizado casualmente em algumas regiões brasileiras produtoras do fruto, na alimentação de ruminantes mediante corte, trituração e fornecimento via cocho. Como uma forma de dar um fim economicamente viável e ecologicamente sustentável além de amortizar os custos com alimentação animal (CORREIA et al., 2006), porém poucas pesquisas têm sido relacionadas à produção animal, deixando uma lacuna no uso dos restos culturais em relação a restrições e benefícios nutricionais e alimentares aos animais.

O trabalho aborda os estudos voltados à alimentação alternativa de ruminantes por meio da produção de silagem do abacaxizeiro do abacaxi pérola, e compreender de forma deliberada os principais aspectos que se relacionam com o controle dos processos bioquímicos existentes na conservação de silagens.

Objetivou-se avaliar o valor nutricional da silagem do abacaxizeiro em duas datas diferentes de abertura do silo.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido no laboratório de bromatológia da Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida, localizada no município de Redenção-PA. A ensilagem foi realizada na Fazenda Boa Vista, localizada no município de Floresta do Araguaia-PA.

O experimento foi implantado em delineamento inteiramente casualizado (DIC), com duas datas diferentes de aberturas dos silos, com intervalo de 30 dias, e análises laboratoriais duplicadas, totalizando quatro unidades experimentais.

Foram utilizados restolhos da produção de abacaxi pérola, com idade aproximadamente de 26 meses, sem serventia para o produtor rural (figura 1). O corte das plantas foi realizado com auxílio de um facão e transportados em um carrinho de mão do campo até o triturador forrageiro.

As unidades experimentais, que cumpriram a função de silos, foram confeccionadas em cano de PVC, com diâmetro 100 milímetros, e 50 centímetros de comprimento, sendo colado no fundo um tampão de cano PVC com cola especifica para canos de PVC (figura 2), e para o tampão superior deixando uma abertura com liga de látex bem vedada, para eliminação dos gases nos primeiros dias. No fundo do silo foi colocado cerca de 5 cm de areia e uma tela de plástico, para absorver a umidade da silagem (o chorume).

Figura 1: Restolho de abacaxizeiro.

Fonte: próprio autor.

Figura 2: Confecção dos silos.

Fonte: próprio autor.

Os restos culturais do abacaxi foram triturados e homogeneizados (figura 3 e 4), retirando as partículas maiores não trituradas que foram fornecidas casualmente para bovinos da propriedade como de costume do produtor rural da região (figura 5). Os silos foram enchidos e compactado com um bastão cilíndrico de madeira (figura 6), deixando um espaço de 5 centímetros na parte superior, por fim o tampão superior foi acoplado e vedado com a cola (figura 8).

Figura 3: Trituração do abacaxizeiro.

Fonte: próprio autor.

Figura 4: Homogeneização do resíduo.

Fonte: próprio autor.

Figura 5: Fornecimento casual de resíduos.

Fonte: próprio autor.

Figura 6: Compactação da silagem.

Fonte: próprio autor.

Figura 7: Silos vedados.

Fonte: próprio autor.

As amostras da silagem do abacaxizeiro foram retiradas em datas de aberturas diferentes: 17 (dezessete) e 32 (trinta e dois) dias. Após abertura foi dispensado 10 cm da parte superficial e final da silagem, e reservado o restante (figura 9). Cada amostra foi separada em sacos de papel, posteriormente pesadas e inseridas na Estufa com Circulação e Renovação de Ar TE-394/2 para secagem a 65º C, após 72 h foram retiradas e pesadas novamente para determinação da matéria seca (figura 10), moídas em moinho tipo Willey e analisadas quanto: Fibra Bruta (FB); Material Mineral (MM); Extrato Etéreo (EE) e Matéria Seca (MS). As análises laboratoriais foram realizadas associado ao Projeto de Monitoria de Bromatológica, realizado pela graduanda Raytane Chaves Oliveira, orientado pelo professor Dr. José Douglas G. Melo.

Figura 8: Abertura dos silos.

Fonte: próprio autor.

Figura 9: Início das análises bromatológicas.

Fonte: próprio autor.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados a média referente aos valores da composição bromatológica da silagem da planta do abacaxi pérola com idade de 17 e 32 dias estão dispostos na Tabela 1, onde sua porcentagem não demonstrou variação, se destacando a data de abertura de 32 dias.

Carvalho et al. (1991), encontraram na composição bromatológica da planta do abacaxizeiro a matéria seca de 18,91%, sendo inferior à do presente experimento. Com método de conservação alternativo Pinto et al. (2005), utilizou restolho de abacaxi (plantas trituradas em máquina forrageira e expostas por três dias ao sol), obtenho resultado de MS 84,12% nível superior ao obtidos no presente trabalho aos 32 dias, onde a silagem apresentou um decréscimo expressivo de 76.82%. Com isso sabe-se que as folhas devem ser utilizadas logo após a colheita dos frutos, para que se tenha alta massa foliar e maior teor de matéria seca.

Tabela 1: Análises bromatológicas de Matéria Seca (MS) Material Mineral (MM); Extrato Etéreo (EE) e Fibra Bruta (FB), de diferentes aberturas de silagem dos restos culturais de abacaxi pérola.

Variável 1º Abertura do silo (17 dias) 2º Abertura do silo (32 dias)
MS 24.43 76.82
MM 10.96 9.67
EE 2.29 9.94
FB 69.08 68.08

Fonte: próprio autor.

Cunha et al. (2009) em experimento realizado da silagem de 100% de resíduo do abacaxi com avaliação em 28 dias obteve percentuais inferiores de MM de 6.10%, enquanto no experimento deste trabalho com avalição de 32 dias de silagem dos resíduos obteve 9.67%.

No experimento de Pinto et al. (2005) observa-se EE de 2.54%, valor baixo e similar a silagem com menor tempo de fermentação deste presente trabalho com 2,08 (17 dias), verificou-se que os níveis encontrados de EE foram maiores quando a silagem permaneceu mais tempo em fermentação, 10,49% após 30 dias de ensilagem.

Müller (1978) encontrou valor de 23,6% de FB, relatou que para bovinos, o valor nutritivo dos resíduos da planta do abacaxi é equivalente na base seca a grãos de cereais, assegurando melhor desempenho ao bovino do que qualquer forragem tropical porque contém de nutrientes digestíveis totais (NDT) cerca de 65 a 74%, enquanto isso as gramíneas e leguminosas tropicais apresentam 55% de NDT. No presente trabalho foi encontrado maior nível, no período de 30 dias de fermentação atingiu 76,82% de FB, sendo um valor aceitável para ruminante, pois a fibra aumenta a taxa de passagem no rumem, além de estimular a mastigação, ruminação e saúde ruminal, mas para ruminantes o FDN é melhor indicativo para saber o teor de fibra e também ter uma estimativa da qualidade da silagem.

O melhor aproveitamento da planta do abacaxi é tido imediatamente após a colheita dos frutos e tende a cair com o armazenamento sem a ensilagem. Diferenças das análises bromatológicas entre outros experimentos, podem ser devido ao tipo de cultivar do abacaxizeiro, época de plantio e colheita do material, tratos culturais e metodologias utilizadas nas análises.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A silagem da planta do abacaxizeiro pode ser utilizada na alimentação dos ruminantes como importante fonte alternativa no período de estiagem, em que as pastagens possuem baixa qualidade nutricional. Mostrou-se um volumoso com teores de médias aceitáveis para o consumo de ruminantes nas duas datas de abertura da silagem, além disso, uma forma econômica e sustentável na alimentação animal. É preciso enfatizar a necessidade de mais estudos e pesquisas para que se possa estimar com maior precisão os valores nutricionais do abacaxizeiro para alimentação de ruminantes. Portanto a silagem da planta do abacaxizeiro mostra-se uma alternativa viável e com alto potencial de exploração.

5. REFERÊNCIAS

BERNARDES, T. F.; REGO, A. C. Study on the practices of silage production and utilization on Brazilian dairy farms. Journal of Dairy Science, v. 97, n. 3, 1852–1861, 2014.

CARVALHO, V. D.; PAULA, M. B.; ABREU, C. M. P.; CHAGAS, S. J. R. Efeito da época de colheita da planta na composição química das folhas do abacaxizeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 26, n. 10, p. 1655-1661, 1991.

CORREIA, M. X. C.; COSTA, R. G.; SILVA, J. H. V.; CARVALHO, F. F.; MEDEIROS, R., A. N.; COSTA, R, G.  Utilização de resíduo agroindustrial de abacaxi desidratado em dietas para caprinos em crescimento: digestibilidade e desempenho. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.4, p.1822-1828, 2006.

CUNHA, M. G. G.; OLIVEIRA, E.R.; RAMOS, J. L. F; ALCÂNTARA, M. D. B. Conservação e utilização do resíduo de abacaxi na alimentação de ovinos no Curimataú Ocidental da Paraíba. João Pessoa, v.3, n.3, p.55-62, set. 2009. Acessado em: 10/10/2017.

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EMBRAPA – Empresa Brasileira De Pesquisa – Mandioca E Fruticultura. Produção Brasileira De Abacaxi, 2014. Disponível em: <www.embrapa.com.br/madiocaefruticultura>. Acessado em: 10/10/2017.

MÜLLER, Z.O. Feeding potential of pineapple waste for cattle. World Animal Review, Rome, v. 25, n. 1, p. 25-29, 1978.

PINTO, C. W. C.; SOUSA, W. H.; PIMENTA FILHO, E. C.; CUNHA, M. das G. G.; GONZAGA NETO, S. Desempenho de cordeiros Santa Inês terminados com diferentes fontes de volumosos em confinamento. Agropecuária Técnica, Areia, v. 26, n. 2, p. 123-128, 2005.

SANTOS S.C.; FERNANDES R.J.J.; CARVALHO E.R.; DE GOUVEA V.N.; LIMA M.M.; DIAS M.J. Utilização Da Silagem De Restos Culturais Do Abacaxizeiro Em Substituição À Silagem De Cana-De-Açúcar Na Alimentação De Ovinos, 2014. Acessado em: 12/10/2017.

SILVA M.L.S. Avaliação Nutricional De Silagem De Restos Culturais De Abacaxi Pérola, Universidade Estadual Paulista De Jaboticabal, 2014. Acessado em: 30/10/2017.

SILVA, D.J. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 2.ed. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 1998. 165p. Acessado em: 10/10/2017.

SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de Alimentos (métodos químicos e biológicos) 2 ed. Viçosa: UFV. Imp. Univ. 2002.165 p. Acessado em: 12/10/2017.

[1] Pós Graduação Em Farmacologia E Terapêutica Veterinária; Graduação Em Zootecnia. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8274-4980.

[2] Orientador. Doutorado em andamento em Ciência Animal Tropical. Mestrado em Zootecnia. Graduação em zootecnia. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6471-2267.

Enviado: Janeiro, 2020.

Aprovado: Julho, 2020.

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Raytane Chaves Oliveira

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