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Prática clínica do enfermeiro: diferenças entre Brasil e Estados Unidos da América

RC: 86710
2.150
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/pratica-clinica

CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

CESÁRIO, Jonas Magno dos Santos [1], FLAUZINO, Victor Hugo de Paula [2], HERNANDES, Luana de Oliveira [3], GOMES, Daiana Moreira [4], VITORINO, Priscila Gramata da Silva [5]

CESÁRIO, Jonas Magno dos Santos. Et al. Prática clínica do enfermeiro: diferenças entre Brasil e Estados Unidos da América. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 05, Vol. 15, pp. 40-55. Maio de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/pratica-clinica, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/pratica-clinica

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi descrever as diferenças na prática clínica da enfermagem entre Brasil e Estados Unidos da América. A pesquisa é uma revisão bibliográfica de abordagem descritiva e qualitativa. Foi realizada nos bancos de dados do Google Acadêmico, BVS (biblioteca virtual em saúde) e SciELO (Scientific Electronic Library Online), com a seguinte pergunta de pesquisa: Qual a diferença da prática clínica do enfermeiro nos EUA em relação a prática brasileira? Foram incluídos artigos acadêmicos publicados entre 2013 à 2020, nos idiomas inglês e português, disponíveis de forma gratuita. Foram excluídos os artigos inferiores a 2013, resumos, periódicos que não contemplavam nenhum dos objetivos, que não respondessem à pergunta de pesquisa e artigos repetidos encontrados nas bases de dados citadas acima, no qual resultou em uma amostra final de 19 artigos. A prática da enfermagem nos EUA é bem diferente daquilo que é praticado no Brasil e isso começa pela forma que a pessoa se insere no mercado, já que nos EUA para que o indivíduo obtenha a licença profissional, é necessário que se realize um exame intelectual, o NCLEX-RN (National Council Licensure Examination for Registered Nurse), o qual o habilitará a exercer a sua função como enfermeiro. Observou-se que o enfermeiro americano apresenta uma maior autonomia na tomada de decisão clínica e pode realizar as práticas avançadas que não existem no Brasil, por outro lado é notado que o enfermeiro brasileiro possui uma carga maior de estudo que o enfermeiro americano, mas no Brasil ainda temos muitos paradigmas a serem quebrados na enfermagem para conseguir atingir a tão sonhada autonomia profissional.

Palavras-chave: enfermagem, prática avançada de enfermagem, Advanced Practice Nursing.

INTRODUÇÃO

A Enfermagem é uma profissão fundamental e considerada nuclear na estrutura profissional de saúde no Brasil e no mundo. É uma categoria profissional que se organiza de forma diferenciada e que varia de um país para outro. Com o rápido avanço e a crescente complexidade dos cuidados médicos e de saúde de uma forma geral, bem como o estabelecimento de ampla sistematização de atenção à comunidade, a enfermagem agora se depara com inúmeras questões desafiadoras e que exigem conhecimento científico para respaldo das ações realizadas (SOUSA; FLAUZINO; CESÁRIO, 2020)

Por ser uma profissão que atua em vários ramos da saúde, tais como assistência hospitalar, saúde coletiva, prevenção de doenças e promoção da saúde, presente em todos os segmentos da vida, desde o nascimento até a morte, cabe a ela a noção de sociologia e essencialidade no contexto das profissões. A categoria profissional de enfermagem diferencia-se das demais pela amplitude de ações a serem desenvolvidas pelo enfermeiro, pelo olhar criterioso conferido ao paciente ou discente em enfermagem, e pelo grau de complexidade e responsabilidade de todas as ações tomadas, seja no ambiente hospitalar ou fora dele (LIMA; FLAUZINO; CESÁRIO, 2021).

A raiz da sistematização da assistência de enfermagem está pautada na forma como essa transmissão de habilidades se dá no meio acadêmico, ou seja, como o futuro enfermeiro internaliza todo o conhecimento transmitido e como ele sistematiza isso no momento da execução. Isso significa que o trabalho de formação de um novo enfermeiro inicia-se já no primeiro dia de aula na universidade, e cada país tem uma abordagem diferente para que todo esse processo ocorra. Além disso, sabe-se que o processo ensino-aprendizagem, bem como as práticas de enfermagem, seguimento de protocolos, abordagem de pacientes, e muitos outros pontos importantes têm maneiras diferentes de acontecer em cada país. Ao partir desta premissa, surgiu o seguinte questionamento: Qual a diferença da prática clínica do enfermeiro nos EUA em relação a prática brasileira? Como consequência, o objetivo deste estudo foi descrever as diferenças na prática clínica da enfermagem entre Brasil e Estados Unidos da América.

Apesar da enfermagem possuir uma linguagem universal (cuidado integral e humanizado), as diferenças culturais e a crescente imigração de profissionais de um país para outro, bem como o interesse de alguns profissionais em estudar e conhecer outros sistemas de saúde motivaram a elaboração deste estudo. A justificativa se dá pela carência de estudos com essas informações que são de suma importância para manter os enfermeiros atualizados acerca de como ocorre o cuidado de enfermagem no mundo.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado por meio de uma revisão bibliográfica de abordagem descritiva e qualitativa, que de acordo com Cesário, Flauzino e Mejia (2020), fundamenta-se com base em material que já foram construídos, o que incluí artigos científicos publicados em periódicos acadêmicos. Na primeira etapa, buscou-se reunir evidências para responder a seguinte pergunta de pesquisa: Qual a diferença da prática clínica do enfermeiro nos EUA em relação a prática brasileira?

No DeCS (Descritores em Ciências da Saúde), encontrou-se os seguintes descritores: enfermagem, prática avançada de enfermagem, Advanced Practice Nursing. Os bancos de dados utilizados foram o Google Acadêmico, BVS (biblioteca virtual em saúde) e SciELO (Scientific Electronic Library Online). No Google Acadêmico utilizou-se cada um dos descritores entre aspas (“”). Na BVS (biblioteca virtual em saúde), foi utilizado a opção pesquisa avançada, selecionada as bases da BDENF (Banco de Dados em Enfermagem), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e o operador lógico booleano “OR e “AND”. Na SciELO (Scientific Electronic Library Online), foi utilizada a opção pesquisa avançada e o operador lógico booleano “OR” e “AND”.

Estabeleceu-se como critérios de inclusão, artigos acadêmicos publicados entre 2013 e 2020, nos idiomas inglês e português, disponíveis de forma gratuita e nos bancos de dados já mencionados, que respondessem à pergunta de pesquisa. Excluíram-se artigos repetidos encontrados nas bases de dados, em outros idiomas, resumos, artigos inferiores a 2013 e artigos que não respondiam o problema da pesquisa. A coleta dos dados foi realizada no mês de março, por 5 pesquisadores de forma independente. Os resultados das buscas pelos dados e do número final de publicações que irão compor a revisão serão apresentados por meio de Prisma na forma de fluxograma.

Figura 1: Fluxograma de Prisma

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

RESULTADOS

A tabela 1 foi desenvolvida para mostrar a distribuição dos artigos científicos que foram encontrados nas bases de dados da BVS, ScIELO e Google Acadêmico.

Tabela 1 – Artigos inclusos neste estudo

BVS ScIELO Google Acadêmico Amostra final
Total 90 Total 40 Total 60  

19 artigos

Excluídos 82 Excluídos 36 Excluídos 50
Incluídos 5 Incluídos 4 Incluídos 10

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Durante a realização da pesquisa os resultados encontrados foram divididos em duas categorias A e B de acordo com a sua temática, a categoria A: Prática clínica do enfermeiro no Brasil e na Categoria B – Prática clínica do enfermeiro nos EUA.

No quadro 1, os artigos de revisão da literatura encontrados e utilizados na Categoria A contém as seguintes variáveis:  autor, título, objetivo e tipo de estudo.

Quadro 1. Artigos incluídos na categoria temática A

Autor/ano Título Objetivos Periódico
SILVA, MACHADO, 2020 Sistema de Saúde e Trabalho: desafios para a Enfermagem no Brasil Debater a importância da Enfermagem para o Sistema Único de Saúde, considerando ela estar presente em todas as estruturas organizacionais de saúde, nas 27 unidades da Federação e em todos os municípios do país Ciência e Saúde Coletiva
SOUSA et al., 2017 Cuidado integral: desafio na atuação do enfermeiro Aprender a atuação do enfermeiro no modelo de gestão colegiada de um hospital de ensino na perspectiva do cuidado integral Revista Brasileira de Enfermagem (REBEn)
SILVA et al., 2016 Atuação do enfermeiro na consulta pré-natal: limites e potencialidades Identificar os limites e as potencialidades da atuação do enfermeiro na consulta pré-natal. Revista de pesquisa cuidado é fundamental online
MACHADO et al., 2016 Características gerais da enfermagem: o perfil sociodemográfico. Analisar os aspectos sociodemográficos dos profissionais de enfermagem. Estudo transversal.
MACHADO et al., 2016 Condições de trabalho da enfermagem. Apresentar as condições de trabalho da enfermagem no Brasil. Estudo transversal.
FILHO, ALMEIDA, 2016 Estresse ocupacional no trabalho em enfermagem no Brasil: uma revisão integrativa Descrever os fatores desencadeantes do estresse ocupacional em profissionais da enfermagem, bem como os riscos relacionados com o desenvolvimento desse estresse. Revisão integrativa de literatura
PEDROSA et al., 2015 Enfermagem baseada em evidência: caracterização dos estudos no Brasil Caracterizar estudos brasileiros sobre prática de enfermagem baseada em evidências. Revisão integrativa de literatura
MARTINIANO et al., 2015 Legalização da prescrição de medicamentos pelo enfermeiro no Brasil: história, tendências e desafios. Identificar os contornos legais e normativos da prescrição de medicamentos por enfermeiros no Brasil apontando sua história, tendências e desafios. Pesquisa documental
MARQUES et al., 2018 A importância da educação continuada na socialização do novo profissional de enfermagem Identificar qual a contribuição da Educação Continuada no acolhimento e socialização do novo profissional enfermeiro, que inicia sua atuação como Enfermeiro Assistencial Pesquisa de abordagem qualitativa
FUNAI, et al., 2018 Coren no futuro sobre a ótica dos estudantes de Enfermagem O objetivo é investigar o conhecimento dos mesmos sobre: COREN, COFEN e ABEN. Pesquisa de abordagem quantitativa

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

No quadro 2 os artigos de revisão da literatura encontrados e utilizados na categoria B e contém as seguintes variáveis:  autor, título, objetivo e tipo de estudo.

Quadro 2. Artigos incluídos na categoria temática B

Autor/ano Título Objetivos Periódico
YOSHIOKA, KANEKO, 2019 Concept Analysis of Ethical Competence of Nursing Students and Nurses Realizar uma análise de conceito e esclarecimento da competência ética dos estudantes de enfermagem e enfermeiras, e esclarecer ainda mais os componentes. Revisão de literatura com método de análise de conceito de Rodger.
HOLM, SEVERINSSON, 2016 A Systematic Review of intuition A Way of Knowing in Clinical Nursing? O objetivo desta revisão de literatura foi iluminar a intuição em enfermagem clínica. A questão de revisão foi: O que é descrito como intuição na enfermagem clínica? Revisão de literatura
BARBOSA, PEREIRA, 2015 Nursing education in a curriculum oriented of competence: a systematic review Identificar publicações científicas que abordem o ensino de competências gestão para alunos de graduação em enfermagem. Revisão sistemática de literatura.
FLINKMAN, BOURET, SALANTERÄ, 2013 Young registered nurses’ intention to leave the profession and professional turnover in early career: a qualitative case study Investigar em profundidade por que jovens enfermeiras deixam a profissão de enfermagem e se reeducam para uma nova carreira. Estudo de caso
NIBBELINK, BREWER, 2018 Decision-Making in Nursing Practice: An Integrative Literature Review. Identificar e resumir fatores e processos relacionados ao registr tomada de decisão do paciente das enfermeiras em ambientes médico-cirúrgicos. Revisão integrativa.
MARIANI, 2012 The Effect of Mentoring on Career Satisfaction of Registered Nurses and Intent to Stay in the Nursing Profession. Explorar a influência da participação em uma relação de mentoria sobre satisfação na carreira e com a intenção de permanecer na enfermagem. Revisão da Literatura.
BARNES et al.,

2017

Effects of Regulation and Payment Policies on Nurse Practitioners’ Clinical Practices. Examinar como as políticas estaduais de reembolso do SOP e do Medicaid afetar a participação do PM na atenção primária e praticar a aceitação do Medicaid. Estudo transversal.
PARKER, HILL, 2017 A review of advanced practice nursing in the United States, Canada, Australia and Hong Kong Special Administrative Region (SAR), China fornece uma visão geral da Enfermagem de Prática Avançada (APN) nos EUA, Canadá, Austrália e Hong Kong Revisão da Literatura.

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

DISCUSSÃO

Categoria A – Prática Clínica Do Enfermeiro No Brasil

A grade curricular da faculdade de enfermagem no Brasil contempla a carga horária total de 4.000 horas/aula em média, que está dividida em 10 semestres e inclui treinamentos em campo de estágio, conforme exigência do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Após a sua formação, o enfermeiro deve realizar o cadastro no Conselho Regional de Enfermagem (COREN), no qual ele leva os documentos que comprovem a conclusão de curso, os seus certificados e diplomas são avaliados, faz-se necessário o pagamento de uma taxa administrativa para emissão da carteira profissional, os documentos são encaminhados ao Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) para avaliação e posterior emissão da identidade e carteira profissional, sem a necessidade passar por nenhuma prova (FUNAI et al., 2018).

Para ingressar em qualquer instituição de saúde privada, o enfermeiro deve passar por um processo seletivo, no qual realiza uma prova e entrevistas com psicólogas e chefia de enfermagem, para estar apto a ingressar nas instituições de saúde; ou presta concurso público por meio de exame intelectual pré-agendado por meio de edital para preenchimento de uma vaga no mercado de trabalho e pode atuar em diversas áreas da saúde (MARQUES et al., 2018).

A inserção do enfermeiro no mercado de trabalho não é fácil para o indivíduo sem experiência prévia, especialmente se ele não aprimorar sua qualificação profissional, seja por meio de especializações acadêmicas como cursos de especialização, programas de residência, mestrado ou doutorado. No decorrer do tempo e percurso profissional, o enfermeiro atinge a sua maturidade e plenitude profissional, e se torna especialista na área de atuação da enfermagem escolhida, e passa a ter domínio de suas habilidades e destrezas da sua função juntamente com a parte técnica e o reconhecimento profissional. Com isso, o enfermeiro desenvolve sua prática clínica na assistência, área acadêmica, gerencial e de planejamento.  O enfermeiro possui várias áreas para atuar e ampliar sua carreira e pode desenvolver atividades com diferentes atribuições como orientador, educador, área assistencial, gerente e supervisor; juntamente com suas habilidades clínicas e gerenciais. Dentre outros como liderança, realização planejamentos, organização, sistematização da assistência de enfermagem, coordenação e supervisão da equipe de enfermagem, realização de procedimentos privativos do enfermeiro, conforme a classificação e regulamentações pelo COFEN. (MACHADO et al., 2016)

Conforme Silva e Machado (2020), o enfermeiro no Brasil é multifuncional, o que permite que a sua atuação seja em diversas funções como: gestão da equipe de enfermagem e no gerenciamento de assistência e coordenação da estratégia familiar. O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma referência mundial, o que coloca o Brasil como referência na atenção primária à saúde e a enfermagem é um ponto chave para o bom funcionamento do sistema.

O enfermeiro é responsável por acompanhar o paciente durante todo o processo de cuidado, oferece a atenção integral ao paciente, voltado para um atendimento completo, focado nos múltiplos cuidados e garante o vínculo desse paciente ao sistema de saúde. O enfermeiro precisa estar atento aos tipos de necessidades apresentadas pelos pacientes a ponto de identificar o que de fato o paciente precisa para que o cuidado seja oferecido de forma correta e adequada (SOUSA et al., 2017).

O enfermeiro no Brasil possui importante papel na saúde, pois desenvolve a promoção do bem-estar mental e físico do paciente, através dos principais cuidados e atenção à saúde, com o auxílio à promoção da autonomia, além da prevenção de complicações e de sua recuperação. A atuação do enfermeiro é de suma importância para garantir ao paciente atenção básica, além de suprir as necessidades e garantir a segurança do paciente (SILVA et al., 2016).

O enfermeiro que atua na atenção básica pode realizar a prescrição de medicamentos por meio de protocolos pré-estabelecidos, o que exige do profissional treinamento especializado para a execução correta desses protocolos. Embora este seja apenas um dos atributos compartilhados com outros profissionais de saúde, e ainda não que não seja o mais importante neste modelo de atenção, é o único é questionado regularmente por profissionais médicos (MARTINIANO et al., 2015).

No Brasil, o enfermeiro pode atuar em 70 áreas assistências diferentes e diretamente no ensino e pesquisa. Conforme o COREN, o enfermeiro no Brasil deve: realizar consultoria, auditoria e emissão de pareceres, coordenar, planejar, organizar, executar e avaliar a assistência de enfermagem, cuidados de enfermagem que apresentam uma grande complexidade técnica e que são exigidos conhecimentos científicos e maior capacidade da tomada de decisão imediata, o enfermeiro no Brasil tem diversas atribuições, porém não tem a liberdade da tomada de decisão que o enfermeiro tem nos EUA (PEDROSA et al., 2015)

O fato é que a enfermagem tem uma rotina de trabalho extenuante, carga horária rígida, complexa e fragmentada e não tem tanta autonomia para atuar quanto um enfermeiro dos EUA, consequentemente os profissionais experimentam o estresse ocupacional, no qual incluem: alta demanda, necessidade de atendimento rápido, medo de perder o emprego, aumento gradativo do número de horas e três turnos de trabalho na área hospitalar (FILHO; ALMEIDA, 2016).

Categoria B – Prática Clínica Do Enfermeiro Nos EUA

Nos Estados Unidos da América, a prática clínica do enfermeiro é diferente ao se comparar com o Brasil, pois a equipe de enfermagem apresenta diversos níveis profissionais, apresentados a seguir:

  • Certified Nursing Assistant (CNA): são treinados para realizar alguns procedimentos que auxiliam e trabalham sobre a supervisão de Registered Nurse (RN), as suas práticas são: realizar sinais vitais, banho, transporte de paciente e dispensa de medicamentos (MACHADO et al. 2016).
  • Licensed Practical Nurse (LPN): Além das funções de um CNA, o LPN geralmente é qualificado para preparar pacientes para procedimentos cirúrgicos, realizar registros de enfermagem nos prontuários dos pacientes, trocar curativo, punção venosa periférica, cateterismo vesical, administração de medicamentos intravenosos, sondagem nasoenteral e nasogástrica;
  • Registered Nurse (RN): Desenvolvem as atribuições dos CNAs e LPNs, os RNs e são qualificados para elaborar o plano assistencial de enfermagem e supervisionar o trabalho dos CNAs e LPNs (FLINKMAN; BOURET; SALANTERA, 2013);
  • Advanced Registered Nurse Practitioner (ARNP): São profissionais de enfermagem que apresentam estudos avançados semelhante ao mestrado ou doutorado no Brasil, no qual os profissionais podem desenvolver a prática avançada em enfermagem e exercer a função de enfermeiro obstetra, especialistas clínicas, intensivista e enfermeiras anestesistas. (BARBOSA; PEREIRA, 2015)

Yoshioka; Kaneko (2019) descrevem os RNs após formados são obrigados a passar por uma prova para conseguir a sua licença profissional nos conselhos estaduais e poder atuar no mercado americano de saúde, este tipo de avaliação é semelhante ao exame da Ordem dos Advogados no Brasil (OAB) e o nome deste exame é NCLEX-RN (National Council Licensure Examination for Registered Nurses). Cabe ressaltar que o RN é o profissional que mais se assemelha ao enfermeiro brasileiro em termos de prática clínica. O RN, após alcançar significativa experiência profissional, poderá realizar o programa de mestrado ou doutorado para desenvolver as práticas avançadas na enfermagem, mas sem a necessidade de se realizar uma prova como o NCLEX-RN (HOLM; SEVERINSSON, 2016).

O exame NCLEX-RN identifica pontos fortes e fracos do profissional enfermeiro e é um requisito dos conselhos estaduais americanos para que o profissional possa atuar. É comum que os RNs busquem educação adicional para obter um mestrado em enfermagem ou doutorado em ciências da enfermagem, que contribui para um melhor preparo em funções de liderança ou práticas avançadas dentro da enfermagem. Os cargos de gestão e ensino exigem cada vez mais que os candidatos possuam um diploma avançado em enfermagem (NIBBELINK; BREWER. 2018).

Após aprovação do enfermeiro na prova do NCLEX-RN, ele está apto a trabalhar e exercer as seguintes funções: realizar exames físicos e testes diagnósticos, implantar o plano assistencial de enfermagem, promover a educação de paciente e familiares sobre o processo de saúde doença, administrar medicamentos, realizar curativos em feridas, realizar cateterismo venoso e vesical, sondagem oral, nasal e retal com diversos tipos de sondas, interpretar exames e sintomas e tomar as ações necessárias, discutir casos de pacientes com nurse practitioners (NPs) e profissionais médicos para determinar e traçar planos de tratamento para os pacientes, bem como realizar a gestão da equipe de enfermagem (MARIANI, 2012)

De acordo com Judith e Hill (2017), a prática clínica do NP é delineada dentro da nova estrutura e responsabilidade da enfermeira de prática avançada, que foi identificada da seguinte forma: liderar e supervisionar uma equipe de enfermagem dentro de uma unidade clínica, desenvolver protocolo de atendimento clínico, fornece cuidados complexos aos pacientes, atuar como enfermeiro referência em experiência clínica, gerenciar os serviços conduzidos por RN para fornecer o melhor atendimento especializado para o paciente, treinar e supervisionar RN, LPN e ensinar novos enfermeiros a desenvolverem práticas de enfermagem avançada, iniciar e participar da prática baseada em evidências e pesquisa na enfermagem. participar do planejamento, implementação e avaliação do serviço de enfermagem e coordenar e implementar novas iniciativas de melhoria do serviço de enfermagem (BARNES et al. 2017).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O enfermeiro no Brasil pode atuar em diversas áreas diferentes como orientador, educador, área assistencial, gerente e supervisor; juntamente com suas habilidades clínicas e gerenciais, além de apresentar a multifuncionalidade, no qual permite que a sua atuação se desdobre em diversas funções nas mais de 70 áreas assistências diferentes. No Brasil, cabe ao enfermeiro coordenar, planejar, organizar, executar e avaliar a assistência de enfermagem, prestar cuidados de enfermagem que apresentam uma grande complexidade técnica e que são exigidos conhecimentos científicos e maior capacidade da tomada de decisão imediata e realizar consultoria, auditoria e emissão de pareceres.

A classe de enfermeiros com formação superior nos EUA está dividida em duas categorias, que são os enfermeiros RN e os Advanced Registered Nurse Practitioner (ARNP). O enfermeiro RN tem atuação parecida com o enfermeiro brasileiro, porém ele tem uma maior liberdade para a tomada de decisão frente a intercorrências e diagnósticos de pacientes. O enfermeiro antes de adquirir a licença profissional ele deve realizar uma prova de conhecimento no qual é conhecida como NCLEX-RN, algo que até o momento ainda não existe em território brasileiro.

O ARNP é uma classe de enfermeiro que não existe no Brasil e seu campo de atuação está relacionado com as práticas avançadas que ele pode desenvolver nas áreas clínicas, como exemplo enfermeiro obstetra, especialistas clínicas, intensivista e enfermagem anestesiologista. Para o enfermeiro realizar práticas avançadas, deve terminar o programa de mestrado, obter certificações e aprovações em exames específicos e então, poderá exercer a sua função. Durante a sua prática clínica, cabe ao ARPN todas as funções de RN, mais as funções compartilhadas com outros profissionais de saúde, como o diagnóstico de doenças, acompanhamento clínica, escolha do melhor tratamento etc.

Foi possível constatar que o enfermeiro americano possui maior autonomia na tomada de decisão clínica e pode realizar práticas avançadas que não existem no Brasil. Outra constatação interessante é que a formação do enfermeiro brasileiro possui uma carga horária de estudo maior que a do enfermeiro americano, mas que ainda assim não contribui por si só, para uma maior autonomia profissional. Ainda há muito o que se estudar a respeito do assunto, mas é esperado que este estudo contribua para a discussão a respeito da prática do enfermeiro brasileiro e mostre possíveis caminhos para uma atuação com maior autonomia profissional.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, L. R.; PEREIRA, L. L. Nursing education in a curriculum oriented of competence: a systematic review. Creative Education. v. 6, p. 1860-1866, 2015. Disponível em: http://dx.doi.org/10.4236/ce.2015.617190. Acesso em março de 2021.

BARNES, H el at.  Effects of Regulation and Payment Policies on Nurse Practitioners’ Clinical Practices.  Medical Care Research and Review. v. 74, n. 4, p 431–451. 2017. DOI: 10.1177/1077558716649109. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/1077558716649109. Acesso em março de 2021.

CESÁRIO, J. M. S.; FLAUZINO, V. H. P.; MEJIA, J. V. C. Metodologia científica: Principais tipos de pesquisas e suas caraterísticas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, ano 5, v. 5, n. 11, p. 23-33, nov. 2020. DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/tipos-de-pesquisas. Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/tipos-de-pesquisas. Acesso em março de 2021.

FILHO, M. M.; ALMEIDA, R. J. Estresse ocupacional no trabalho em enfermagem no Brasil: uma revisão integrativa. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, 2016. v. 29, n. 3, p. 447-454. Disponível em: https://periodicos.unifor.br/RBPS/article/view/4645. Acesso em março de 2021.

FLINKMAN, M.; BOURET, U. I.; SALANTERÄ, S. Young registered nurses’ intention to leave the profession and professional turnover in early career: a qualitative case study. ISRN Nursing. v. 1, p. 30-31, 2013. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1155/2013/916061. Acesso em março de 2021.

FUNAI, A et al. Coren no futuro sobre a ótica dos estudantes de Enfermagem. Revista Terra & Cultura: Cadernos de Ensino e Pesquisa, v. 24, n. 47, p. 13-27, 2018. Disponível em: http://periodicos.unifil.br/index.php/Revistateste/article/view/373. Acesso em março de 2021.

HOLM, A. L.; SEVERINSSON, E. I. A. Systematic Review of Intuition–A way of knowing in clinical nursing? Open Journal of Nursing, v. 1, p. 412-425, 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.4236/ojn.2016.65043. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/303595322_A_Systematic_Review_of_Intuition-A_Way_of_Knowing_in_Clinical_Nursing. Acesso em março de 2021.

LIMA, M. L. S. F.; FLAUZINO, V. H. P.; CESÁRIO, J. M. S. Os procedimentos de enfermagem realizados a pacientes submetidos ao estudo eletrofisiológico desde a admissão até a alta hospitalar. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, ed. 02, vol. 08, p. 145-166. Fevereiro de 2021. DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/estudo-eletrofisiologico. Disponível em: acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/estudo-eletrofisiologico. Acesso em: Acesso em março de 2021.

MACHADO, M. H et al. Caracteristicas gerais da enfermagem: o perfil sociodemográfico. Enfermagem Foco. v. 7, p. 09-14, 2016. DOI: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.686. Disponível em: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/686. Acesso em março de 2021.

MACHADO, M. H et al. Condições de trabalho da enfermagem. Enfermagem Foco, v. 7. p. 63-76. DOI: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.695.  Disponível em: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/695. Acesso em março de 2021.

MARIANI, B. The Effect of Mentoring on Career Satisfaction of Registered Nurses and Intent to Stay in the Nursing Profession.  Hindawi Publishing Corporation, v. 1, id 168278, 2012. DOI: https://doi.org/10.1155/2012/168278. Disponível em: https://www.hindawi.com/journals/nrp/2012/168278/. Acesso em março de 2021.

Marques, M et al. A importância da educação continuada na socialização do novo profissional de enfermagem. Revista Inova Saúde, v. 8, n. 2, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.18616/inova.v8i2.2468. Disponível em: file:///C:/Users/Vinicius/Downloads/2468-13566-1-PB.pdf. Acesso em março de 2021.

MARTINIANO, C. S. Legalização da prescrição de medicamentos pelo enfermeiro no Brasil: história, tendências e desafios. Revista Texto e Contexto de Enfermagem, v. 24, n. 3, p. 809-817, 2015. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0104-07072015001720014. Acesso em março de 2021.

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[1] Mestrado em Medicina.

[2] Especialista.

[3] Especialista.

[4] Bacharel em Enfermagem.

[5] Mestre.

Enviado: Maio, 2021.

Aprovado: Maio, 2021.

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Jonas Magno dos Santos Cesário

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