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A importância da detecção precoce do câncer cervical e ações educativas em saúde: Um estudo de revisão sistemática

RC: 57842
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

OLIVEIRA, Maria Luiza Dantas De Souza [1], SIQUEIRA, Danielle Ferreira de [2]

OLIVEIRA, Maria Luiza Dantas De Souza. SIQUEIRA, Danielle Ferreira de. A importância da detecção precoce do câncer cervical e ações educativas em saúde: Um estudo de revisão sistemática. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 08, Vol. 16, pp. 12-23. Agosto de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/deteccao-precoce

RESUMO

Introdução: No Brasil, o câncer de colo de útero, também chamado de neoplasia do colo Cervical, é um tipo de câncer bastante comum entre as mulheres. Esse tumor apresenta maior potencial de prevenção e cura quando diagnosticando precocemente. Objetivos: O presente estudo tem como objetivo analisar a produção científica sobre as ações educativas na detecção precoce do câncer cervical pelo método da revisão sistemática. Metodologia: A busca foi realizada na base de dados Bireme/BVS na qual foram escolhidos alguns estudos publicados entre o período de 2011 a 2015. Resultados: Das 216 produções selecionadas, seis estavam coerentes e permaneceram na revisão. Duas publicações (33,33%) utilizaram a aplicação de questionários e outras duas (33,33%) utilizaram a realização de entrevistas. Foi observado ainda que duas produções (33,33%) estavam relacionadas à análise das dificuldades para a realização do exame Papanicolau, duas (33,33%) trataram da análise do conhecimento das mulheres acerca do exame e a prática Papanicolau, uma publicação (16,66%) analisou a interação das mulheres entre si e com a equipe de saúde e uma publicação (16,66%) realizou relato de experiência de atividades educativas respectivamente. Conclusões: Ficou evidenciada a necessidade de ações educativas para possibilitar realização do exame de forma regular, viabilizando a detecção precoce do câncer cervical e consequentemente a realização do tratamento apropriado com mais chances de cura para a paciente.

Palavras-chave: Educação em saúde, saúde da mulher.

INTRODUÇÃO

No Brasil, o câncer de colo de útero, também chamado de neoplasia do colo Cervical, é um tipo de câncer bastante comum entre as mulheres. Esse tumor apresenta maior potencial de prevenção e cura quando diagnosticando precocemente. O número de casos de neoplasias cervicais vem aumentando significativamente entre a população feminina, esse aumento se dá a grande exposição das mulheres a agentes químicos como os anticoncepcionais, a contaminação pelo vírus HPV, vida sexual ativa precoce entre outros fatores. O câncer uterino tornou-se o segundo tipo mais incidente, principalmente em países em desenvolvimento, onde se encontra um maior número de casos e mortes, sendo no mundo de 75% a 80% de pessoas infectadas por algum tipo do papiloma vírus. (INCA, 2011).

A principal alteração que pode levar a esse tipo de câncer é a infecção pelo vírus HPV, com alguns subtipos de alto risco relacionados a tumores malignos. Os subtipos mais frequentes são os 16 e 18 que estão associados a este tipo de câncer. A infecção clínica mais comum é causada pelo HPV na região genital são as verrugas genitais ou condilomas, se um dos tipos do HPV permanece no organismo, pode provocar alterações nas células normais do colo uterino. O vírus é transmitido através do contato sexual. (SILVA, 2016).

São esperados 17.540 novos casos no Brasil, com risco estimado de 17 casos a cada 100 mil mulheres (INCA 2013). A neoplasia de colo cervical é o mais incidente na região Norte (24/ 100 mil), a região Centro – Oeste (28/ 100 mil) e Nordeste (18/ 100 mil), região Sudeste (15/ 100 mil) e a região Sul (14/ 100 mil). Atingir uma abrangência no rastreamento da população feminina , tendo em vista que o rastreamento e a educação em saúde contribui na diminuição de incidências do câncer (GUIA DO HPV, 2013).

Algumas mulheres, principalmente aquelas entre 20 e 60 anos de idade nunca realizaram o exame citopatológico. Entre as razões que levam a uma baixa adesão e comprometimento com a periodicidade do exame, pode ser destacado a falta de acolhimento da equipe e consequentemente a ausência de incentivo através da educação em saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

Mulheres consideradas vulneráveis socialmente (lésbicas e profissionais do sexo por exemplo) e mulheres privadas de liberdade, todos estes segmentos populacionais específicos demandam adequações para acessar o serviço já que barreiras culturais, ambientais ou atitudes (resistência, discriminação ou despreparo dos profissionais) podem afastá-las do serviço. O exame preventivo deve ser realizado a partir dos 25 anos de idade, ou após o início da atividade sexual e segue até os 64 anos de idade (SILVA, 2016).

Sem dúvida, a busca feita pelas equipes de saúde a fim de cadastrar novas famílias às unidades e também rastrear mulheres que não estão realizando o exame preventivo regularmente, é um dos pontos mais importantes para atraí-las ao serviço. (VALE, 2010). Alguns estudos revelam que as mulheres que menos se previnem, são aquelas que têm menos condições salariais, onde alegam entre outros fatores, não receberem orientações suficientes sobre o assunto, o que implica na qualidade da educação em saúde proposta pelos profissionais (SANTOS, 2015).

Conhecer as condições clinicas é importante para qualificar o cuidado . Também torna-se importante orientar a população feminina através de palestras e rodas de conversa, a fim de conscientizá-las que a prevenção através da realização de exames periódicos, pode evitar significativamente os casos de neoplasia cervical, e que se o mesmo for detectado precocemente, há uma grande chance de cura e dessa forma, prolongar a sobrevida de mulheres acometidas pela doença. As mulheres que apresentam maior risco de contrair o vírus HPV são, no estado aquelas que têm menos acesso aos serviços de saúde (SILVA, 2016).

O alto índice de mortes causado pelo câncer de colo uterino está associado, a falta de informação sobre a gravidade da doença, a detecção precoce e a prevenção, fator este importante para a diminuição dos casos. Existem diversos motivos pelos quais há mulheres que ainda não realizaram o exame preventivo, sejam eles culturais, por sentirem envergonhadas ou até mesmo por ainda restarem dúvidas acerca do assunto, reforçando que muitos desses motivos tendem a decair se houver informações necessárias por parte dos profissionais de saúde, especificamente pelos profissionais de enfermagem à essas mulheres. Palestras, rodas de conversa, troca de experiências podem ajudá-las a compreender melhor o câncer cervical e a grande importância da realização da prevenção para a detecção precoce; o que leva a necessidade também de avaliar como está sendo o trabalho na comunidade pela ESF (Estratégia de Saúde da Família) em relação à detecção precoce; se está sendo favorável, adequado e o suficiente para suprir as dúvidas e necessidades das usuárias (FERREIRA, 2009).

A qualidade da assistência dos profissionais de saúde não pode deixar a desejar, tendo em vista o aumento dos casos de câncer cervical, o que torna a saúde da mulher uma das prioridades do Ministério da Saúde, onde a princípio a assistência deve estar voltada principalmente à prevenção do vírus HPV, orientações sobre a detecção precoce através da prevenção e sobre outros fatores que desencadeiam o câncer, como a diminuição do tabagismo e o uso de preservativos, por exemplo; nesse caso vale ressaltar que no combate ao câncer de colo, a ESF (Estratégia de Saúde da Família) necessita de recursos suficientes para tal, pois além da resistência encontrada por algumas mulheres ao exame, muitos profissionais se deparam com dificuldades para proporcionar uma boa assistência (MENDONÇA, 2011).

Alguns casos de câncer cervical podem ser evitados apenas diminuindo os fatores de risco, a principal ferramenta para que isso ocorra é a educação em saúde que não serve apenas na prevenção da doença, mas também para as mulheres que já a enfrentam. Cabe à equipe, principalmente o enfermeiro com a ajuda dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) para o rastreamento, procurar sempre inovar nas suas ações, considerando a realidade de cada mulher, acolhendo cada uma delas a fim da melhoria da qualidade dos serviços, principalmente as ações educativas, proporcionando mais informações, facilitando seu acesso à unidade de saúde e aumentando assim o número de usuárias que realizam o exame Papanicolau (SOBRAL, 2014).

Cada dia torna-se mais importante falar da humanização em saúde. O acolhimento é sem dúvida uma das formas mais eficazes para a mulher voltar à unidade; ele envolve principalmente respeitar a cultura e fatores socioeconômicos de cada usuária e envolve a escuta do enfermeiro referente às suas dúvidas e angústias (COSTA, 2010). Algumas mulheres procuram as unidades de saúde apenas para emergências ou como acompanhantes, o que passa a não serem atitudes preventivas, e sim remediadoras, aumentando a vulnerabilidade para certas doenças principalmente as que mais preocupam pelos seus índices que é o câncer de mama, seguido pelo câncer de colo. A atuação do enfermeiro frente a essa resistência é de motivar as mulheres a procurarem os serviços, afim da prevenção e promoção à saúde, avaliando fatores precursores do câncer cervical através do exame Papanicolau, sendo este indispensável na detecção precoce, e sempre estar em alerta para a periodicidade da realização do mesmo (ABIZAG, 2014). Portanto, torna-se necessário esclarecer para a população feminina que a detecção precoce aumenta as chances de cura e tentar ampliar o acesso das mulheres às ações, dando-lhes esclarecimentos devidos, pois há uma grande chance do número de câncer diminuir a partir do momento que a mulher também diminui a sua insegurança quanto ao exame (SANTOS, 2015). Para proporcionar uma assistência adequada, a equipe deve visar a qualidade da mesma, investigar os diversos pontos que impedem algumas mulheres de realizarem a prevenção, considerando a forma de vida de cada uma, logo, a não adesão aos serviços de saúde podem estar ligados principalmente às condições socioeconômicas (SOARES, 2010). O presente estudo tem como objetivo analisar a produção científica sobre as ações educativas na detecção precoce do câncer cervical pelo método da revisão sistemática.

MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, que aborda o tema sobre a importância das ações de educação e saúde na detecção precoce do câncer cervical pelo método da revisão sistemática. As revisões bibliográficas são importantes para agruparem as informações de diversos estudos realizados (LINDE; WILLICH, 2003). Dessa forma, o objeto do estudo é o resultado de produções científicas sobre o tema existente, em periódicos indexados em na base de dados Bireme/BVS.

Os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) utilizados foram consultados no início do estudo pelas pesquisadoras deste estudo, [3]sendo selecionados os descritores que melhor representassem o conteúdo, onde destacam-se os seguintes: “Educação em saúde”, “Neoplasias do Colo do Útero” e “Saúde da Mulher”.

Para a realização da coleta de dados, optou-se pelo método da revisão sistemática onde as buscas foram realizadas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).[4]

A busca de documentos foi realizada na referida base de dados, nos meses de setembro e outubro de 2016, sendo selecionados estudos datados de 2011 a 2015. Foram considerados nesta pesquisa: estudos envolvendo seres humanos do sexo masculino e feminino, no período de 2011 e 2015, no idioma português, sobre a importância das ações educativas no processo de detecção precoce do câncer cervical. Foram excluídos desta pesquisa estudos que não apresentavam relação com o tema em questão, que abordavam objetivos diferentes.

O processo de busca, neste primeiro momento, utilizou o cruzamento de descritores, o que permitiu a identificação de 216 documentos. Foram considerados estudos no idioma português, publicados entre 2011 e 2015 o que totalizou nesta fase a seleção de 85 publicações. O material foi inicialmente analisado por meio da leitura dos resumos, onde observou-se sua pertinência com o tema em estudo, totalizando 21 artigos. Em seguida, estas publicações foram catalogadas, fazendo-se ordenação pelas principais informações acerca do tema e os estudos realizados no período selecionado, sendo os estudos repetidos considerados apenas uma única vez, correspondendo esta etapa a um total de 6 publicações. Como limitação, destacou-se o fato de duas publicações não possuírem resumo, o que levou as pesquisadoras a buscar através de texto completo diretamente no portal eletrônico da revista.

Após a leitura das publicações, seis estudos passaram a fazer parte da amostra por terem atendido aos critérios de seleção, sendo estas constituídas por cinco artigos publicados em periódicos e uma dissertação de mestrado. Uma análise minuciosa da amostra permitiu extrair as seguintes informações: local de realização do estudo, objetivos, metodologia e conclusões do estudo. As informações foram apresentadas de forma descritiva para facilitar a compreensão, na sequência cronológica do artigo mais antigo para o mais recente, para melhor compreensão.

RESULTADOS

A amostra, que totalizou seis publicações, foi caracterizada por cinco artigos e uma dissertação de mestrado. Após a leitura minuciosa das publicações todas foram analisadas e categorizadas quanto as abordagens conforme a tabela 1. Foi observado que duas produções (33,33%) estavam relacionadas à análise das dificuldades para a realização do exame Papanicolau. A segunda temática abordada mais frequente tratou da análise do conhecimento das mulheres acerca do exame e a prática Papanicolau (33,33%). Já a terceira e quarta abordagem mais frequentes (16,66% e 16,66%) analisou a interação das mulheres entre si e com a equipe de saúde e relato de experiência de atividades educativas respectivamente.

Tabela 1 – Distribuição da produção científica sobre detecção precoce do câncer cervical e ações educativas em saúde segundo a frequência das abordagens encontradas.

Índice do assunto: detecção precoce do câncer cervical e ações educativas em saúde N %
Análise das dificuldades para a realização do exame Papanicolau 2 33,33
Análise do conhecimento das mulheres acerca do exame e a prática do Papanicolau 2 33,33
Interação das mulheres entre si e delas com a equipe de saúde 1 16,66
Relato de experiências de atividades educativas 1 16,66

Fonte: autor.

Quanto ao ano das publicações, verificou-se que a maior parte dos estudos foram publicados em 2014 (50,0%), seguido dos estudos publicados nos anos de 2012 (33,33%) e 2011(16,66%).

Tabela 2 – Distribuição da produção científica sobre detecção precoce do câncer cervical e ações educativas em saúde segundo o ano de publicação.

Período N %
2011 1 16,66
2012 2 33,33
2014 3 50,00

Fonte: autor.

Após leitura das publicações selecionadas na etapa anterior, foi feita a análise metodológica dos seis estudos que constituíram a amostra, de acordo com autor, ano e local do estudo, objetivos, metodologia e conclusões (Quadro 1).

Quadro 1: Publicações selecionadas para compor a amostra do estudo realizado com ênfase na detecção precoce do câncer cervical e ações educativas em saúde segundo o ano de publicação.
Autor, local e ano. Publicação
Oliveira, L.M.P. Rio de Janeiro, 2011. Desenvolvimento de processo e produto socioeducativo: promovendo saúde em uma sala de espera.
Objetivos Metodologia Conclusões
Desenvolver um processo socioeducativo em sala de espera do ambulatório de Patologia do Trato Genital Inferior. Abordagem qualitativa com aplicação de questionários com 480 mulheres. A educação não formal para mulheres com baixa escolaridade “pode modificar consciências, valores e comportamentos individuais e coletivos” e desta forma contribuir para o seu empoderamento.
Silva, R.S. et al. Minas Gerais, 2012. Atividades educativas na área de Saúde da Mulher: um relato de experiência.
Objetivos Metodologia Conclusões
Relatar práticas educativas realizadas com mulheres, que envolveram ações de incentivo ao autocuidado em relação à prevenção e diagnóstico do câncer de mama e de colo de útero. Relato de caso com aproximadamente 3.600 pacientes. Embora a mídia chame a atenção para a realização das práticas do AEM e do Papanicolau, falta ainda suporte por parte dela no que diz respeito ao como, onde e quando essas práticas devem ser realizadas.
Silva, S.R. et al. Minas Gerais, 2012. Motivos alegados para a não realização do exame Papanicolau, segundo mulheres em tratamento quimioterápico contra o câncer de colo uterino.
Objetivos Metodologia Conclusões
Identificar, entre portadoras de CCU em tratamento quimioterápico, as dificuldades encontradas para a realização do exame de Papanicolau.

 

Trata-se de um estudo quantitativo com análise descritiva com 20 mulheres por meio de questionários. Os motivos para a não realização do exame mostraram a necessidade de maior efetividade nas práticas de educação em saúde.
Nascimento, R.G.; Araújo, A. Minas Gerais,2014. Falta de periodicidade na realização do exame citopatológico do colo uterino: motivações das mulheres.
Objetivos Metodologia Conclusões
Conhecer as motivações de mulheres que não realizam de forma periódica o exame citopatológico do colo uterino. Estudo qualitativo com 14 mulheres por meio de entrevistas. As motivações estão relacionadas a sentimentos, pouca informação, sobrecarga do cotidiano, dificuldades na relação profissional-usuária e barreiras institucionais.
Santiago, R.S. et al. Rio de Janeiro, 2014. Conhecimento e prática das mulheres atendidas na unidade de saúde da família sobre o Papanicolau.
Objetivos Metodologia Conclusões
Descrever o conhecimento e a prática sobre o Papanicolau das mulheres entre 25 a 59 anos atendidas pela Estratégia de Saúde da Família. Estudo de corte transversal com 47 mulheres por meio de entrevistas. As mulheres necessitam de esclarecimento sobre o exame e seu objetivo, sendo necessária a estruturação de atividades educativas permanentes nas unidades de saúde.
Souza, K.R. et al. Bahia, 2014. Educação popular como instrumento participativo para a prevenção do câncer ginecológico: percepção das mulheres.
Objetivos Metodologia Conclusões
Avaliar a percepção de mulheres sobre o câncer do colo do útero, através da prática de educação popular como instrumento participativo. Estudo qualitativo com 15 mulheres por meio de grupo focal. É necessário que os profissionais de saúde trabalhem constantemente a educação popular como instrumento de participação dialógica dos sujeitos.

Fonte: autor.

Foi observado que duas publicações (33,33%) utilizaram a aplicação de questionários e outras duas (33,33%) utilizaram a realização de entrevistas. Oliveira (2011) abordou dados pessoais, hábitos e atitudes, estado de saúde e relação médico-paciente. Silva (2012) abordou informações sociodemográficas e justificativas para a não realização do exame de Papanicolau, construído pelas próprias pesquisadoras.

A categorização dos dados permitiu a compreensão de como os autores buscaram discutir as ações educativas em saúde e sua relação com a detecção precoce do câncer cervical nas populações estudadas, por meio de questionários, entrevistas, análises de conteúdo e relatos de experiências, de forma a obter uma concepção mais aproximada da importância desta temática.

DISCUSSÃO

De acordo com os estudos analisados, constatou-se que todas as publicações abordaram a temática de forma específica. Com relação aos estudos de Souza (2014) e Oliveira (2011), observou-se que foi avaliado o quantitativo de mulheres que realizam o exame citológico, entre outros fatores que também foram considerados cruciais como o número de parceiros, o número de filhos, grau de instrução, com que idade iniciou sua vida sexual e se faz uso de contraceptivos. Para Souza (2014), as mulheres mostraram ter algum conhecimento no que diz respeito aos serviços oferecidos pela Unidade básica de saúde, porém, nenhuma destacou especificamente o serviço prestado pelo profissional da Enfermagem da unidade. Santiago (2014), em seus relatos, concluiu que mais da metade das mulheres entrevistadas não souberam responder quais os motivos específicos pelo qual se realiza o Papanicolau. Pode-se observar com essa informação a necessidade de uma atuação mais direta e específica quanto a temática por parte dos profissionais da Saúde Pública, o que pode favorecer a detecção precoce e possibilitar melhores prognósticos.

Nascimento (2014), constatou que a baixa adesão das mulheres aos serviços para a realização do Papanicolau deve-se a vários fatores como a vergonha de expor o seu corpo, falta de informações coerentes sobre o exame e seus possíveis achados, assim como a falta de conhecimento sobre a necessidade de se prevenir. Algumas mulheres relataram sua angústia ao falar na palavra “Câncer”, o que torna esse fator outro motivo para a não realização do exame.

Diante disso pode-se inferir que o número de mulheres que realizam o exame citológico aumentaria na mesma proporção que as ações de educação, que devem ser voltadas principalmente para esclarecer as pacientes quanto a importância da realização do exame, da detecção precoce e de melhores prognósticos quanto esta é realizada. Em se tratando da angústia sentida pelas mulheres, esse sentimento dobra ao detectarem a doença. Estudos realizados por Silva (2012), com mulheres portadoras do câncer de colo uterino constataram que menos da metade das mulheres abordadas não realizavam o Papanicolau anualmente.

Oliveira (2011) desenvolveu seus estudos através de uma educação não formal, a qual abordou pacientes e profissionais de saúde. Foi constatado que as mulheres ainda se encontravam com dúvidas quanto ao procedimento do exame e constrangidas ao falarem sobre o tema. Observou-se também que os profissionais que as assistiam não davam a devida atenção para os sentimentos das suas pacientes em relação ao exame preventivo. Silva (2012) relatou experiências obtidas a partir de ações de educação em saúde que visavam incentivar as mulheres a se prevenirem das neoplasias de mama e útero, por meio da educação também não formal no qual foi observado diversas dúvidas, muitas delas relacionadas ao vírus HPV, aos fatores associados e ao próprio exame preventivo. Os pesquisadores também encontraram dúvidas por parte das mulheres que participaram dos estudos com relação ao vírus HPV e o câncer de colo uterino, a periodicidade do exame preventivo e quais seriam os fatores de risco para o câncer cervical. Fica evidenciado a contínua necessidade de ações de educação em saúde para as mulheres acerca do câncer cervical para dessa forma viabilizar a detecção precoce e consequentemente o melhor prognóstico, com chances de cura para esta patologia (NASCIMENTO, 2014).

CONCLUSÃO

Ao analisar estudos voltados para a educação em saúde e a percepção das mulheres quanto ao exame preventivo, percebeu-se que o interesse por este tema vem aumentando entre os pesquisadores ao longo dos anos. Mesmo com programas voltados à população feminina quanto ao exame preventivo, a cada dia o número de mulheres vítimas do câncer de colo de útero aumenta no Brasil, o que evidencia a necessidade de ações educativas para possibilitar realização do exame de forma regular, viabilizando a detecção precoce do câncer cervical e consequentemente a realização do tratamento apropriado com mais chances de cura para a paciente.

A atuação do enfermeiro frente à alta incidência de casos de câncer e à detecção precoce do câncer cervical é de extrema importância visto que é atribuição deste profissional a capacitação do indivíduo, o estímulo e a promoção ao autocuidado, cabendo a ele o incentivo a práticas como o exame de Papanicolau. Assim destaca-se a importância das ações educativas, em uma linguagem formal ou não formal, mas que possibilite as mulheres compreender de forma clara a grande necessidade da sua adesão aos serviços de saúde e de realizarem o Papanicolau regularmente. É preciso também considerar fatores socioeconômicos, idade e a melhor forma de informar as pacientes a fim de melhorar a interação entre profissional e usuária e consequentemente a redução na incidência de casos de câncer cervical.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero, 2016.

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Diretrizes para o rastreamento do câncer de colo do útero, 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância Estimativa 2016. Incidência do câncer no Brasil [Internet]. 2016 [citado 2016 outubro 16]. Disponível em: http http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/estimativa-2016-v11.pdf

BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica n.13. Controle dos Cânceres do Colo de útero e de mama. Brasília, 2013.

COSTA, C.O.; et. al. Acolhimento no processo do trabalho de enfermagem: Estratégia para adesão ao controle do câncer do colo de útero. Revista Baiana de Saúde Pública, Salvador, v.34, n.3, p. 706-717, 2010.

FERREIRA, M.L.S.M. Motivos que influenciam a não-realização do exame de Papanicolau segundo a percepção de mulheres. Escola Anna Nery de Enfermagem, v.13, n.2, p.378-384, 2009.

NASCIMENTO, R.G.; ARAÚJO, A. Falta de periodicidade na realização do exame citopatológico do colo uterino: motivações das mulheres. Revista de enfermagem, Minas Gerais, v.18,n.3, p.557-564, 2014.

OLIVEIRA, L.M.P. Desenvolvimento de processo e produto socioeducativo: promovendo saúde em uma sala de espera. 2011. 157 f. Dissertação (Mestrado em Ensino em Biociências e Saúde) – Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro.

RAMOS, A.L.; et. al. A atuação do enfermeiro da estratégia saúde da família na prevenção de câncer de colo de útero. Revista SANARE, Sobral, V.13, n.1, p.84-91, jan./jun. – 2014.

RODRIGUES, B.C.; et. al. Educação em saúde para a prevenção do câncer cérvico-uterino. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v.36, n.1, 2012.

SANTIAGO, T.R.; et. al. Conhecimento e prática das mulheres atendidas na unidade de saúde da família sobre o Papanicolau. Revista de enfermagem, Rio de Janeiro, v.22, n.6, p.822-9,2014.

SANTOS, A.C.S.; VARELA, C.D.S. Prevenção do câncer de colo uterino: motivos que influenciam a não realização do exame Papanicolau. Revista Enfermagem Contemporânea, Salvador, v.4, n.2, p.179-188, 2015.

SILVA, S.R.; GOMES, N. Atividades educativas na área da saúde da mulher: um relato de experiência. Revista de enfermagem e atenção à saúde, Minas Gerais, v.1, n.1, p.106-112, 2012.

SILVA, S.R.; et. al. Motivos alegados para a não realização do exame de Papanicolau segundo mulheres em tratamento quimioterápico contra o câncer de colo uterino. Revista de enfermagem, São Paulo, v.16, n.4, p.579-587, 2012.

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VALENTE, C.A et al. Conhecimento de mulheres sobre o exame Papanicolau. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v.43, n.2, 2009.

APÊNDICE – REFERÊNCIAS DE NOTA DE RODAPÉ

3. No site http://decs.bvs.br/

4. Por meio do site http://www.bireme.br.

[1] Enfermeira, Especialista em Saúde da Mulher, ginecologia e Obstetrícia.

[2] Orientadora. Fisioterapeuta, Docente dos Departamentos de Enfermagem e Fisioterapia das Faculdades Integradas da Vitória de Santo Antão – FAINTVISA.

Enviado: Julho, 2020.

Aprovado: Agosto, 2020.

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Maria Luiza Dantas de Souza Oliveira

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