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Anóxia Neonatal e Sequelas Neurológicas: Relato de Caso Clínico

RC: 5275
2.496
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/anoxia-neonatal

CONTEÚDO

SIMÕES, Maria da Conceição Ribeiro [1], NETO, Daniel Carlos [2], CALIXTO, Christiane Alves [3]

SIMÕES, Maria da Conceição Ribeiro; NETO, Daniel Carlos; CALIXTO, Christiane Alves. Anóxia Neonatal e Sequelas Neurológicas: Relato de Caso Clínico.  Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 01, Ed. 11, Vol. 09. pp. 799-802, Outubro / Novembro de 2016. ISSN: 2448-0959

INTRODUÇÃO

A Anóxia Neonatal é uma condição de privação ou diminuição da oferta de oxigênio ao cérebro, podendo evoluir para Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica (EHI) acometendo principalmente recém-nascidos a termo e pré-termo e, em níveis extremos aumenta as estatísticas de óbitos.

Em que pese reiterados estudos científicos e revisões literárias, ainda não há nenhum que afirme critérios específicos para diagnóstico da anóxia neonatal.

A EHI é a manifestação clínica mais abordada na literatura. Todavia, a inespecificidade dos achados impede um diagnóstico preciso, havendo necessidade da análise pregressa do histórico neonatal.

O objetivo deste trabalho foi, a partir do caso clínico, realizar uma investigação acurada do histórico neonatal com o objetivo de terminar as causas etiológicas da EHI.

RELATO DE CASO

K.D.O.M, 09 anos de idade, apresentou outrora, com cinco anos de idade, comportamento em certo grau de anormalidade se comparado a outros na mesma faixa etária.

Em 20.10.2011, K.D.O.M., já com 5 anos e 4 meses de idade, teve seu quadro de anormalidade agravado, com estágios de agressividade, sendo diagnosticado por profissional como portador de Encefalopatia Grave e Crônica, Retardo Mental Moderado, Transtorno Global no Desenvolvimento e Hiperatividade com Déficit de Atenção.

Considerando a ausência de evidências traumáticas pós-parto que desencadeasse a referida sequela neurológica, passou-se à análise do histórico neonatal, único a justificar lesão cerebral.

Portanto, a parturiente B.L.O., 27 anos, residente em Boa Vista/RR, secundigesta, com gestação de feto único dentro dos parâmetros de normalidade e com acompanhamento pré-natal regular. DUM: 24/08/2005 DPP: 22/05/2006. A ultrassonografia na 37ª semana mostrou feto com apresentação cefálica, batimentos cardíacos fetais rítmicos (144 bpm), placenta com implantação posterior. A parturiente negou infecções, diabetes e hipertensão arterial, apresentava carteira vacinal regularizada, tendo sido admitida no Hospital Estadual Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré no dia 13/06/2006 às 23:54 horas. Tipagem sanguínea O Rh (+).

Ao partograma, a paciente apresentava dilatação pélvicade 4cm às 7:00 horas do dia 14/06/2006. Às 09:15 horas, apresentava 5cm de dilatação; nesse mesmo horário foi realizada a amniotomia, que apresentou presença escassa de mecônio; o médico responsável prescreveu SG 5% de 500ml + 1 ampola de Ocitocina, 8 gotas/min EV; Plasil + Glicose 50%, 1 ampola cada EV lento; repouso no leito e O2 úmido 2L/min. A parturiente evoluiu com dilatação pélvica de 6cm às 10:15 horas, 8cm às 11:00 horas e 9cm às 12:00 horas.

O parto ocorreu às 13:35 horas do mesmo dia por via vaginal, com período expulsivo prolongado e presença de mecônio espesso. RN a termo, do sexo masculino, com peso de 4.335g, 56cm de comprimento, perímetro cefálico de 37cm, perímetro torácico de 36cm. Tipo sanguíneo e fator Rh do neonato: O(-). O RN nasceu deprimido, apresentando Apgar 6 ao primeiro minuto e Apgar 9 ao quinto minuto. Foram realizadas manobras de reanimação e de aspiração traqueal, além de uso de máscara para ventilação e O2 inalatório; foi realizada a ligadura do cordão umbilical em menos de um minuto. Às 22:00 horas do dia 14/06/2006 o RN se apresentava corado, reativo, com boa sucção, evacuação presente e diurese diminuída. No relato do dia 15/06/2006 o RN apresentava-se ativo, reativo, com reflexos e boa sucção do seio materno; ambos receberam alta hospitalar.

DISCUSSÃO

Conforme ventilado, face à existência de estudos científicos inconclusivos sobre as causas da anóxia neonatal, o viés do presente relato leva em consideração as evidências a partir do histórico perinatal e neonatal, realizando análise conjunta dos critérios associados de avaliação durante o trabalho de parto e ao nascer.

Um dos critérios analisados durante o trabalho de parto é a presença de mecônio espesso no líquido amniótico.

Em que pese a literatura não permitir afirmar que a presença isolada de mecônio tenha relação ao prognóstico de anormalidade tardia, é indiscutível que no mínimo considera-se marcador de maturidade (MILLER et. al., 1975; MEIS et. al., 1978). Outro critério a ser analisado é o Apgar no primeiro minuto com escore 6 (seis).

Em que pese estudos não firmarem um perfil de segurança em relacionar o Apgar e a existência ou ausência de sequelas neurológicas, ousamos discordar no caso concreto, pois, ainda que no 5º minuto o Apgar tenha sido 9, o escore do 1º minuto foi precedido pela presença de mecônio espesso, o que não seria tão precoce para gerar sequelas de uma possível asfixia.

Por fim, apesar de controverso na obstetrícia, o período expulsivo prolongado, diminui o fornecimento do sangue placentário ao sistema nervoso do feto, podendo levar a lesões neurológicas graves e irreversíveis.

CONCLUSÃO

Diante todos os pontos apresentados nesse trabalho, conclui-se que apesar do diagnóstico de Encefalopatia Grave e Crônica ter ocorrido tardiamente, sua causa pode ter origem durante o trabalho de parto, antecedido por um conjunto de eventos, que até então é tratado pela literatura como sendo inespecífico.

Contudo, evidências ainda que isoladas, não devem ser descartadas, pois, podem ser suficientes para sinalizar que quanto mais precoce for o diagnóstico e a intervenção em alterações que possam levar às sequelas neurológicas, menor será o impacto no futuro.

Por fim, o presente estudo demonstra a necessidade de investimentos cada vez maiores em estudos que tenham como meta a identificação de fatores de risco antes, durante e após o parto, como forma de diminuir a diversidade de critérios diagnósticos utilizados, os quais nem sempre favoráveis à prevenção da anóxia neonatal e suas sequelas futuras.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Brasília : Ministério da Saúde, 2011. 4 v. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicas)

CORRÊA, R. R. M. et al. Alterações anatomopatológicas da placenta e variações do índice de Apgar. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. Recife:v. 6, n. 2, p. 239-243, abr./jun. 2006.

M.C. Espinheira, M. Grilo, G. Rocha, B. Guedes e H. Guimarães. Síndrome de aspiração meconial – experiência de um centro terciário. Rev Port Pneumol. 2011; 17(2):71-76

MEIS, P.J.; HALL III, M.; MARSHALL, J.R.; HOBEL, C.J. – Meconium passage: a new classification for risk assesment during labor. Am. J.Obstet. Gynecol., 131:509 – 13, 1978.

MILLER F.C.; SACKS, D.A.; YEH, S-Y.; PAUL, R.H; SCHIFRIN, B.S.; MARTIN Jr., C.B.; HON, E.H. – Significance of mecomium during labor. Am. J. Obstet. Gynecol., 122:573-80, 1975.

SARNAT HB, Sarnat MS. Neonatal encephalopathy following fetal distress: A clinical and electroencephalographic study. Arc Neurol.1976;33:696-705.

[1] Médica. Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Mestra e Doutora em Ciências da Saúde pela UNB. Supervisora da Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia, do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro/Porto Velho-RO e Coordenadora do Curso de Medicina das Faculdades Integradas Aparício Carvalho.

[2] Advogado. Especialista em Direito Médico e da Saúde; Graduando em Medicina. MBA Executivo em Saúde. Doutorando em Saúde Pública.

[3] Médica. Especialista em Ginecologia e Obstetrícia.

4.9/5 - (10 votes)
Maria da Conceição Ribeiro Simões

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