REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

Análise de um Curso Técnico em Mecânica como Melhoria Contínua em Desenvolvimentos de Cursos de Nível Médio

RC: 10066
225
4.5/5 - (2 votes)
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

SACRINI, Damásio [1]

NUNES, Luis Eduardo Nicolini do Patrocinio [2]

SACRINI, Damásio; NUNES, Luis Eduardo Nicolini do Patrocinio. Análise de um Curso Técnico em Mecânica como Melhoria Contínua em Desenvolvimentos de Cursos de Nível Médio. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 06. Ano 02, Vol. 01. pp 120-139, Setembro de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

Devido às crescentes mudanças nas relações de trabalho com foco nas interações globais, e que sugerem atitudes que melhorem indicadores que atendam a essas mudanças, processos no mundo acadêmico e industrial estão sendo revistos. A engenharia da produção vem de encontro a essas solicitações, baseada em conceitos de otimização, produtividade e interação. O técnico que as instituições de ensino formam ao longo dos anos deve ser percebido não apenas pelo que é proposto em seu curriculum, mas como um conjunto de fatores que levam professores, pedagogos e administradores a repensarem este profissional técnico, tendo em vista o que o empregador ou o mercado realmente necessita e não apenas baseando-se em tabelas de competências e habilidades curriculares que podem, muitas vezes, não serem o foco ou o objetivo principal do mercado, demandando ao empresariado arcar com tempo e investimentos para inserir este técnico em sua real rotina de trabalho. Este artigo  analisou o curso técnico de nível médio em mecânica em uma instituição de ensino na região bragantina quanto à real aplicação dos conceitos curriculares de seus formandos nas empresas, utilizando a estatística descritiva para esse número de variáveis e os resultados demonstram que fatores como adequação do curriculum, estrutura física, professores e administradores tem alta influência na aceitação deste técnico no mercado e, portanto, deve ser otimizado como processo de melhoria contínua, para atender aos requisitos de um mercado cada vez mais competitivo e desafiador.

Palavras-chave: Curso Técnico em Mecânica, Melhoria Contínua, Estatística Descritiva.

1. INTRODUÇÃO

No momento atual de mudanças perceptíveis minuto a minuto, em que vivemos constantemente apressados e atarefados, notamos cada vez mais pessoas se preocupando com seu futuro profissional, com a educação de sua prole e até mesmo pessoas bem-sucedidas no mundo dos negócios e com grande experiência de vida, voltando-se para a formação superior ou técnica como uma necessidade interior.

A velocidade em que as coisas acontecem nos obriga, de uma forma ou de outra, a acompanhar as mudanças e tendências de comportamento e ideais.

Mudanças se fazem necessárias o tempo todo, inovação é a palavra em moda, criação é sua companheira e não poderia fugir a este contexto também as inovações e criações dentro do ensino técnico no Brasil.

Acompanhando essa inovação e criação, a engenharia de produção nos auxilia, em termos de cooperação, com técnicas que traduzem essa necessidade proeminente, em busca da melhoria contínua em produtos e processos (NETTO,2008).

Womack (2004) afirma que devemos, como processo de melhoria em gestão, estar a todo momento diminuindo perdas para otimizar custos de produção e ensina a aplicar essa técnica como “mentalidade enxuta”, onde não deve haver desperdícios.

Segundo Gomes (2004), o maior desafio das instituições de ensino e seu corpo docente hoje é, sem dúvida, conseguir se adaptar ao novo panorama que clama por constantes modificações e novos modelos de ideais que ainda não se definiram completamente e acomete os docentes atuais no meio do caminho destas fortes transformações.

O que há alguns anos era apenas palestra e discursos hoje são a dura realidade que a muitos pegou de surpresa. Novas maneiras de pensar, novas técnicas de ensino, comportamento diferente de alunos questionadores e um novo campo de trabalho são barreiras a serem vencidas constantemente.

Gomes (2004), explica que o profissional técnico requerido hoje pela sociedade é um profissional flexível, compreensivo e aberto às novas idéias que a todo instante surgem como produto desta modernidade, permeada pela multiplicação do conhecimento. Acredita-se que a responsabilidade do corpo docente das instituições educacionais tem um grande papel a executar para que o futuro da nação possa ser uma realidade diferente da atual.

Cardoso (2007), mostra que o ato de ensinar é tarefa principal dos professores, com todas as ações que se desenvolvem para esse fim e ainda pondera sobre as condições para melhor aproveitamento, pelos alunos, dessa prática.

Libâneo (2000) afirma que “profissão” é o “ato de professar (ato de confiança em si mesmo e no desenvolvimento de um trabalho com, pelo e para o outro) “. Para esse autor, identidade profissional do professor é o “conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que definem e orientam a especificidade do trabalho do professor”.

Os profissionais técnicos em mecânica, os quais formam-se e empregam-se em indústrias, são o público que visamos atingir com esta obra. A complexidade em ser técnico nos dias atuais para as empresas é uma dura realidade a quase totalidade da categoria. Achamos importante voltar a atenção para o desenvolvimento de competências e habilidades que sejam superiores a dimensão técnica, pois antes dos valores técnicos e econômicos que podem os docentes transmitir aos seus alunos, não podemos deixar de lado os valores práticos e humanos que sempre são observados pelos empregadores (GOMES,2004).

Neste trabalho de pesquisa estudamos o curso técnico mecânico de nível médio em uma escola técnica na região de Bragança Paulista e procuramos variáveis que determinem as ações para a melhoria contínua no desenvolvimento deste curso. Utilizamos da ferramenta estatística, através do software SPSS da IBM para tratarmos as variáveis que possam influenciar no curso e verificamos que pela estatística descritiva, através de diagramas Boxplot, pode-se quantificar esses dados e redimensionar este curso em função dos resultados encontrados, sendo, portanto, um recurso satisfatório para tratar estes dados.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O cenário e atores

O presente trabalho de pesquisa desenvolveu-se na região bragantina, especificamente na cidade de Bragança Paulista, durante o ano de 2016 a 2017, envolvendo os atores: estudantes do curso técnico em mecânica, docentes da área industrial e empregadores das empresas metalúrgicas da cidade.

A Tabela 1 apresenta os dados da cidade, com população acima de 150.000 habitantes em 2016 (IBGE).

Tabela 1 – Dados da Cidade – Fonte: IBGE, 2017

População estimada 2016 162.435
População 2010 146.744
Área da unidade territorial 2015 (km²) 512,584
Densidade demográfica 2010 (hab/km²) 286,26
Código do Município 3507605
Gentílico bragantino
Prefeito 2017
JESUS ADIB ABI CHEDI

 

Na Tabela 2 observamos os dados econômicos da cidade, com grande número de empresas instaladas.

Tabela 2 – Dados relacionados com finanças – Fonte: IBGE/2017

Número de empresas atuantes 6.159 Unidades
Número de unidades locais 6.386 Unidades
Pessoal ocupado assalariado 42.081 Pessoas
Pessoal ocupado total 49.883 Pessoas
Salário médio mensal 2,6 Salários mínimos
Salários e outras remunerações 1.039.391 Mil Reais

 

Na Figura 1 observamos o nível de emprego nos últimos doze meses, nota-se que somente a partir de abril de 2017 ele fica positivo, isto é, o mercado absorvendo mão de obra.

Figura 1 - Saldo do Emprego Formal - Fonte: CAGED/PDET, 2017
Figura 1 – Saldo do Emprego Formal – Fonte: CAGED/PDET, 2017

Na Figura 2 observa-se o Gráfico que ilustra o setor metalúrgico e mecânico na posição média em relação à mão de obra contratada.

Figura 2 - BRASIL - Saldo de Emprego por Setor de Atividade Econômica - Julho 2017. Fonte: CAGED/PDET, 2017
Figura 2 – BRASIL – Saldo de Emprego por Setor de Atividade Econômica – Julho 2017. Fonte: CAGED/PDET, 2017

Conforme verificado pelas figuras, a situação político-econômica atual severamente afetada pelas ações de gestão, e a busca por parte das empresas de melhores profissionais da área mecânica, egressos de cursos técnico em mecânica, direcionam ações impactantes no desenvolvimento destes cursos.

2.2 Ensino técnico no Brasil

Gomes e Marins (2004) ajudam a entendermos o delineamento da educação propedêutica e tecnicista no Brasil. Informam que desde o início do século passado, por motivação política e atendendo às necessidades emergentes houve o trato com escolas que possibilitassem o aprendizado de artes e ofícios manuais, para atender o progresso que desabrochava com o advento da eletricidade e máquinas a vapor.

Várias leis de diretrizes e bases da educação nacional (LDB) foram promulgadas com a finalidade de facilitar a vida dos alunos (GOMES & MARINS, 2004). Dentre elas devemos relembrar a LDB 9394 de 1996, é a que vigora hoje, regulando sobre todos os níveis escolares.

Muitas mudanças ocorreram ao longo do tempo, em conformidade com essas leis. Destacando esta mudança importante relembramos Gomes e Marins (2004) que diz: “A valorização do capital humano passou a ser o eixo central e fator de sobrevivência para as organizações: um novo critério de riqueza medido em termos de formação […]”.

Quanto ao perfil do profissional formado nas escolas, Canário (1997) destaca que o educador tem que se ater aos conteúdos e método de ensino, visando um aluno construtor de seu conhecimento em seu processo de aprendizagem.

A Figura 3 extraída do Catálogo Nacional de Cursos, mostra as informações por parte do MEC (Ministério da Educação), principalmente o ementário deste curso, para considerações em melhoria contínua.

Figura 3 - Descrição do Curso Técnico em Mecânica - Catálogo Nacional de Cursos - Fonte: MEC, 2017
Figura 3 – Descrição do Curso Técnico em Mecânica – Catálogo Nacional de Cursos – Fonte: MEC, 2017

Para Frigotto (1999), devemos entender que o vínculo entre trabalho produtivo e educação seja contemporâneo da fase inicial do capitalismo, modelo de produção onde a liberdade de mercado assume valor quase absoluto, baseado em valores, ideias, teorias, símbolos e instituições, entre as quais se destaca a escola, como espaço de produção e reprodução de conhecimentos, atitudes, ideologias e teorias que justificam o novo modo de produção, portanto um novo modelo de ensinar ou aprender.

Matoso (1995) reflete sobre os problemas do mercado de trabalho e dos desafios junto as dificuldades encontradas e a importância da boa formação em termos social.

Desaulniers (1997) aponta para o educar para a autonomia, propiciando formar um cidadão mais atuante e, portanto, mais preparado para vencer os desafios atuais. Sem dúvida, a introdução de profissionais atuantes na formação do aluno é de grande valia, principalmente para o aprendizado prático da profissão. E a Lei certamente proporcionou o início da busca pelo educador profissional técnico competente.

Peterossi (1994), destaca a importância do olhar do professor com relação ao ensino profissionalizante, na formação integral deste e aponta a necessidade de considerar os conteúdos da formação dos formadores também.

As ponderações destes autores convergem para a preocupação com bons cursos sendo desenvolvidos, especialmente o curso em estudo de técnico de nível médio em mecânica.

3. Metodologia

Este trabalho, em sua concepção, é de abordagem bibliográfica com objetivo exploratório dos dados coletados, e podem ser classificados como quantitativos, quanto às tratativas destes dados em relação às variáveis e fatores e qualitativo na análise e entendimento desta dimensão, pois apesar de tratar dados, há a interpretação segundo a escala de relevância ou qualidade destes (FÁVERO et al, 2009).

Para comparar os resultados do questionário preenchido, deve ser aplicada uma regra de comparação a uma pergunta do questionário e, em seguida escolher a opção de resposta que deseja comparar. Isso quebra o restante dos resultados do seu questionário por opção de resposta, em uma comparação lado a lado.

Para a exploração e validação de um instrumento de pesquisa devem-se considerar o seguinte aspecto (PASCHOAL & TAMAYO, 2004):

“[…] o tamanho da amostra deve ser representativo da população, caso contrário será inadequado para a validação[…]”. Os respondentes foram em número de 128 para cada variável investigada, satisfazendo esta condição, conforme Fávero et al (2009).

De acordo com o planejamento, o desenvolvimento do trabalho orientou-se pelas questões de pesquisa apresentadas na Tabela 3.

Na fase inicial de levantamento das questões ou variáveis de investigação, foi feito um brainstorming junto aos alunos do curso técnico em mecânica, após foram escolhidos os itens que mais apareceram e resultaram em um questionário semiestruturado, o qual foi primeiramente aplicado em 40 alunos deste curso. Foram feitas correções em relação às questões mais duvidosas, como erro de redação, etc e depois finalizado neste questionário final.

Os itens de questões foram distribuídos propositadamente longe de cada resposta de mesma relação, com a intenção de não induzir o respondente nestas questões, assim, se era feita uma pergunta sobre uma disciplina, em seguida era feita uma pergunta sobre estrutura, ou ambiente de aula, etc.

Foram entregues, em mãos, um questionário semiestruturado, de igual teor e conteúdo, para 128 profissionais da área mecânica em 73 empresas metalúrgicas na cidade de Bragança Paulista, entre os meses de setembro de 2016 a abril de 2017, dos quais obteve-se 128 respostas dos itens pesquisados.

O questionário apresentado na Tabela 3 foi composto por 50 questões com base na escala de Likert proposta em uma escala de 1 a 10, onde: 1 e 2 é igual a “Não Relevante/Satisfeito”; 3 e 4 é igual a “Pouco Relevante/Satisfeito”, 5 e 6 como Relevante/Satisfeito”, 7 e 8 é igual a “Bastante Relevante/Satisfeito” e 9 e 10 é igual a “Muito Relevante/ Satisfeito.

Tabela 3 – Questionário de Avaliação
Questionário de avaliação empregadores

Descrição do Perfil (assinale com “X” o espaço compreendido)

IDADE:
– de 20 anos ( )
20 a 30 anos ( )
30 a 40 anos ( )
+ de 40 anos ( )

SEXO:
Masculino ( )
Feminino ( )

GRAU DE ESCOLARIDADE:
Médio ( )
Técnico ( )
Superior ( )
Pós Graduado ( )

ÁREA DE FORMAÇÃO:
Mecânica ( )
Elétrica ( )
Outras ( )

TEMPO DE EXPERIÊNCIA:
1 a 5 anos ( )
6 a 10 anos ( )
10 a 20 anos ( )
+ de 20 anos ( )

As questões a seguir deverão ser preenchidas com nºs. de 1 a 10, sendo 1 e 2 como muito pouco relevante, 3 e 4 como pouco relevante, 5 e 6 como relevante, 7 e 8 como muito relevante e 9 e 10 como muitíssimo relevante.

Relevância Quanto Grau de Relevância De 1 a 10

Q1. Condições dos laboratórios técnicos.

Q2. Preparação de aula específica (Prática e teórica).

Q3. Titulação dos docentes (Ex.: especialista, mestre, doutor).

Q4. Tempo de experiência em docência.

Q5. Nome “marca” da escola.

Q6. Auxílio de pais dos alunos durante o curso.

Q7. Determinada matéria tem maior importância que outra.

Q8. Utilização de uniforme pelos alunos.

Q9. Programa institucional de auxílio social (bolsa escola).

Q10. Eletricidade é mais importante que Desenho técnico.

Q11. Climatização.

Q12. Máquinas, ferramentas e dispositivos são mais importantes que eletricidade.

Q13. Quantidade dos livros disponíveis.

Q14. Elementos de máquinas são mais importantes que Laboratório de soldagens.

Q15. Projeto de máquinas e dispositivos mecânicos são mais importantes que desenho técnico.

Q16. Pontualidade no início e término das aulas.

Q17. Metrologia é mais importante que CAD (Desenho assistido por computador).

Q18. Plano de ensino dos cursos técnicos.

Q19. CAD é mais importante que eletricidade.

Q20. Disponibilidade para atendimento aos alunos.

Q21. Adequação da avaliação ao desempenho da disciplina.

Q22. Utilização, em sala de aula, da literatura padrão, pelo professor, para o desenvolvimento das atividades aulas.

Q23. Qualidade das aulas expositivas (dinamismo, clareza, organização e sequência lógica na exposição de temas).

Q24. Resistência dos materiais é mais importante que Laboratório de manufatura.

Q25. Domínio do conteúdo teórico da disciplina.

Q26. Limpeza e organização.

Q27. Relacionamento dos aspectos teóricos com os práticos da disciplina.

Q28. Laboratório de fabricação é mais importante que elementos de máquinas.

Q29. Quantidade suficiente de computadores instalados.

Q30. Diversificação dos procedimentos de ensino além de aula expositiva (seminários, dinâmicas de grupo e simulações).

Q31. Desenho técnico mecânico é mais importante que matemática.

Q32. Regularidade das reuniões do coordenador com docentes.

Q33. Motivação do professor no desempenho das aulas.

Q34. Interesse em esclarecer as dúvidas dos alunos.

Q35. Iluminação.

Q36. Materiais de construção mecânica são mais importantes que metrologia.

Q37. Cumprimento do calendário escolar.

Q38. Incentivo às atividades oferecidas pela Instituição de Ensino (Extensão, Iniciação Científica, Atividades Complementares, entre outras).

Q39. Condições de acessibilidade à escola e às dependências de aula.

Q40. Estado de conservação dos livros.

Q41. Resolução das questões encaminhadas pelos alunos.

Q42. Política de controle em conflitos ocorridas no cotidiano escolar.

Q43. Sistema de empréstimo de livros.

Q44. Atualização de informações por meios midiáticos.

Q45. Sinergia entre docentes, administração e alunos.

Q46. Disciplina do núcleo comum (matemática, linguagens, humanas) é mais importante que disciplina técnica.

Q47. Laboratório de ensaios mecânicos é mais importante que laboratório de fabricação mecânica.

Q48. Disciplinas optativas são mais importantes que disciplinas do núcleo comum.

Q49. Cantina (lanchonete) nas dependências da escola.

Q50. Encaminhamento das questões emergenciais do seu curso.

4. Resultados pela análise estatística descritiva das variáveis

As variáveis nos estudos estatísticos descritivos são os valores que assumem determinadas características dentro de uma pesquisa.

Foi feito um tratamento de cada variável através de diagrama de caixa do software SPSS da IBM para verificar dados estatísticos como média, moda, mediana, intervalo, etc.

O Boxplot representa os dados através de um retângulo construído com os quartis e fornece informações sobre valores extremos. É um gráfico utilizado para avaliar a distribuição empírica dos dados, formado pelo primeiro e terceiro quartil e pela mediana. As hastes inferiores e superiores se estendem, respectivamente, do quartil inferior até o menor valor não inferior ao limite inferior e do quartil superior até o maior valor não superior ao limite superior. As Figuras a seguir ilustram essas informações.

Fávero et al (2009) explica que variáveis comumente são usadas de forma incorreta pelos pesquisadores quanto a sua classificação, pois eles não atentam para as tratativas destas variáveis, simplesmente aceitando variáveis como quantitativas em detrimento das qualitativas. Esclarece que em se tratando de estatística, deve-se cuidar para não incorrer em erros nos tratamentos de dados.

Desta forma, sugere que o pesquisador faça um tratamento descritivo com as variáveis em primeiro lugar, o que possibilita também comprovar hipóteses almejadas.

As variáveis foram divididas por categorias (fatores) em três grupos:

  • O grupo 1, com ênfase no ementário do curso técnico em mecânica, conforme estabelece o catálogo nacional de cursos;
  • O grupo 2, com ênfase na estrutura da escola;
  • O grupo 3, com ênfase no corpo docente.
Figura 4 - Diagrama Boxplot dos Ementários - Fonte: Autor, 2017
Figura 4 – Diagrama Boxplot dos Ementários – Fonte: Autor, 2017

Conforme verificado na Figura 4, a análise descritiva pelo diagrama boxplot Ilustra que para o público respondente das questões, alguma disciplina tem maior ênfase no curso técnico em mecânica, como “Determinada matéria tem maior importância que outra”, com dispersão dos dados concentrados acima de seis pontos e mediana de 6,5, com predominância das respostas no terceiro quartil.

Também verificado que Desenho técnico é mais importante que a disciplina eletricidade, observando-se os limites de dispersão. Também nesta linha, “Máquinas, ferramentas e dispositivos é mais importante que eletricidade e CAD é mais importante que eletricidade” tem os maiores níveis de resposta, com dispersão entre cinco e nove pontos e mediana de sete pontos, evidenciando a preocupação, por parte dos empregadores de empresas metalúrgicas, de um ementário fortemente direcionado a conteúdos que mais necessitam no parque industrial.

Alguns outlayers foram verificados, porém, segundo Fávero et al (2009), estes devem ser excluídos dos tratamentos de dados ou considerados na análise, conforme conveniência do pesquisador. Nós adotamos incluir estes outlayers para manter a fidedignidade das respostas dos questionários.

Figura 5 - Diagrama Boxplot da Estrutura da Escola - Fonte: Autor, 2017
Figura 5 – Diagrama Boxplot da Estrutura da Escola – Fonte: Autor, 2017

Na Figura 5, verificamos dados tratados pelo diagrama boxplot e observamos que em termos de estrutura da escola, estes valores tem forte impacto no curso técnico em mecânica, pois variáveis como “condições dos laboratórios técnicos”, com mediana oito e valores de terceiro e quarto quartil em dez pontos, “Limpeza e organização”, “Sinergia entre docentes, administração e alunos”, “condições de acessibilidade à escola e às dependências de aula” e “Incentivo às atividades escolares” tem no extremo superior com média de dez pontos e dispersão próximo da mediana.

Revela também que temas como “cantina”, “uniforme” e “climatização” não tem valores expressivos de dispersão, revelando que são fatores secundários em termos de curso técnico em mecânica.

Figura 6 - Diagrama Boxplot do Corpo Docente - Fonte: Autor, 2017
Figura 6 – Diagrama Boxplot do Corpo Docente – Fonte: Autor, 2017

Este grupo de variáveis apresentado na Figura 6 indica que “preparação de aula específica”, “pontualidade no início e término das aulas”, “domínio teórico do conteúdo pelo professor”, “relação dos aspectos teóricos com a prática” e “qualidade das aulas expositivas” tem predominância de respostas no terceiro e quarto quartil, com medianas em nove pontos, demonstrando grande interferência no desenvolvimento do curso técnico em mecânica na escola estudada.

“Interesse em esclarecer dúvidas” e “motivação do professor no desempenho das aulas” tiveram mediana dez e dispersão acima de nove pontos, com os maiores índices no gráfico estudado, demonstrando cuidado especial com estas variáveis neste curso.

Conclusões

Nesta pesquisa, as análises descritivas que foram realizadas no programa SPSS, puderam identificar as variáveis que mais influenciam no desenvolvimento de um curso técnico em mecânica, como Laboratório de Fabricação e motivação do professor no desempenho das aulas.

Na percepção dos trabalhadores das indústrias metalúrgicas, e com um público voltado para esta questão (mecânica), os profissionais pesquisados, apesar de não estarem em aulas, mostraram as reais necessidades dos aprendizes naquelas empresas, com respostas que foram de encontro aos preceitos da formação que se espera de um profissional, com forte inferência nas práticas escolares.

Podemos refazer planos de ações para aprimoramento destas variáveis de maior relevância, priorizando as que têm maior impacto nos fatores escolares, como forma de melhoria contínua e para obter melhores resultados entre o público envolvido.

Projetos de cursos podem ser construídos com base nas variáveis observadas selecionados em ordem decrescente, como foi verificado nas questões que envolviam disciplinas.

É o caso, por exemplo, das questões originadas de disciplinas, onde verifica-se que para o profissional que já trabalha nas metalúrgicas, o domínio de disciplinas como CAD, Desenho técnico e Laboratório são fundamentais, em detrimento de outras variáveis.

Foi visto que a variável Climatização não tem muita aderência com as outras variáveis, o que pode ser explicado pelo fato de nas empresas metalúrgicas não se tenha este privilégio.

O fato de termos utilizado as variáveis em estado original de respostas, verificamos muitas outliers, o que para Fávero et al (2009), pode ser um indicativo de que a nossa amostra pode ser prejudicada no teste de normalidade, não indicando outros tipos de análise estatísticas, devendo ser considerados caso a caso.

A tratativa de dados e sua compreensão são, para Fávero et al (2009), importante ponto de entendimento, pois números em estatística tem tratativas diferentes, mesmo carregando aspectos qualitativos ou quantitativos, o que o software traduz como grandezas escalares métricas, ordinais e nominais. Ainda tem a preocupação com o tamanho da amostra, indicando que temos que ter no mínimo a proporção de cinquenta vezes as variáveis, porém quanto maior número de valores dos respondentes, mais confiável se tornam os resultados.

Os três grupos de variáveis divididos para entendimento e análise demonstram que em um estudo de desenvolvimento ou melhoria de curso, tanto nos aspectos relacionados com ementários, estrutura da escola e corpo docente, podemos simplificar estas variáveis e otimizar tempo e custos para o correto planejamento pelo departamento pedagógico desta escola.

Pôde-se verificar também que softwares estatísticos comumente são criados para responder indagações e dúvidas nas áreas sociais e psicológicas, porém disseminou-se seu uso por todas as ciências.

O alcance desta pesquisa, por sua natureza, limita-se à percepção desta região bragantina e somente no que diz respeito aos cursos técnicos em mecânica, ficando um espaço para majorar as dimensões que abracem um maior território. Quer dizer, futuros trabalhos poderão complementar estas informações com o uso de outras técnicas estatísticas e abranger outras especificidades como curso técnico em eletroeletrônica, química, enfermagem, etc.

Referências

Alvim Antonio de Oliveira Netto. Introdução à Engenharia de Produção. Florianópolis. Visual Books, 2006.

CANARIO, Rui. A Escola: o lugar onde os professores aprendem em Psicologia da Educação. Revista do Programa de Estudos Pós-graduandos, São Paulo, 1º semestre, 1998.

CARDOSO, BIA. Ensinar: tarefa para profissional. Rio de Janeiro: Record, 2007.

DESAULNIERS, Julieta Beatriz Ramos. Formação, competência e cidadania. Educação & Sociedade, Campinas, v. 18, n. 60, p. 51-63, dez. 1997.

FÁVERO, L.P. et al. Análise de dados- modelagem multivariada para tomada de decisões. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

FRIGOTTO, Gaudêncio. Os delírios da razão. In: APPLE, Michael et al. Pedagogia da exclusão: o neoliberalismo e a crise da escola pública. Petrópolis: Vozes, 1999. (Estudos Culturais em Educação).

GOMES, Heloisa Maria, MARINS, Hiloco Ogihara. A ação docente na educação profissional. 2ed. São Paulo: Senac, 2004.

HAIR JR., J.F. et al. Análise multivariada de dados. 5ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

IBGE – Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística. Panorama: Bragança Paulista. Disponível em <https://cidades.ibge.gov.br/v4/brasil/sp/braganca-paulista/panorama>. Público acesso em: 02 de maio de 2017.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: Teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2000.

MATOSO, Jorge. A desordem do trabalho. São Paulo: Scritta, 1995

MEC – Ministério de Educação. Catálogo Nacional de Cursos Técnicos. 3ed. Brasília, INEP, 2004 Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=41271-cnct-3-edicao-pdf&category_slug=maio-2016-pdf&Itemid=30192>. Acessado em: 25 de agosto de 2017.

MINGOTI, S. A. Análise de dados através de métodos de estatística multivariada – Uma abordagem aplicada. 1ed. Belo Horizonte: UFMG, 2005.

PASCHOAL. T; TAMAYO, A. Validação da escala de estresse no trabalho. Estudos de Psicologia, v.9, p.45-52, 2004.

PDET – Programa De Disseminação Das Estatísticas Do Trabalho. Brasil: Saldo de Emprego Formal. Disponível em: <http://pdet.mte.gov.br/caged?view=default> Acessado em: 25 de agosto de 2017

PETEROSSI, Helena G. Formação do Professor para o Ensino Técnico. 1ed. São Paulo: Loyola, 1994.

RAMOS, Marise. Aproximação ao modelo das competências como novo paradigma de organização da educação profissional. Rio de Janeiro, 1998. Mimeogr.

WOMACK, James P.; JONES, Daniel T. A mentalidade enxuta nas empresas: elimine o desperdício e crie riqueza. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

[1] Universidade de Taubaté (Unitau) – Programa de Mestrado Profissionalizante em Engenharia Mecânica

[2] Universidade de Taubaté (Unitau) – Programa de Mestrado Profissionalizante em Engenharia Mecânica

4.5/5 - (2 votes)
Damásio Sacrini

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita