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Logística Reversa: Uma ferramenta de competitividade para as organizações e de sustentabilidade ambiental

RC: 77065
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SOARES, Sulyvan Silva [1]

SOARES, Sulyvan Silva. Logística Reversa: Uma ferramenta de competitividade para as organizações e de sustentabilidade ambiental. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 02, Vol. 12, pp. 140-154. Fevereiro de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-de-producao/ferramenta-de-competitividade

RESUMO

Tomando como base a atual importância do processo de Logística Reversa no âmbito empresarial, faz-se cada vez mais necessário a implantação e o estudo de seus fluxos para a melhoria contínua da empresa e aumento de competitividade. Desta forma, visto que o âmbito da logística reversa vem crescendo muito no país, pelo fato de ter se tornado um diferencial competitivo no mercado, além de haver leis que regulamentam o retorno dos materiais (matérias-primas e resíduos) ao seu local de origem, o presente artigo teve como objetivo elucidar os pontos chaves que envolvem este processo. Contudo, baseado em materiais de referencial teórico, este estudo permitiu a compreensão do uso da logística reversa como uma ferramenta estratégica no mundo empresarial e, ainda, que esta pode ser subdivida em dois ramos distintos, apresentados como Logística Reversa de pós-venda, que é constituída de produtos com pouco tempo de utilização que retornam a cadeia de suprimentos, seja por defeito de fábrica ou garantia do fornecedor, entre outros, e a Logística Reversa de pós-consumo, que é composta de materiais recicláveis ou descarte adequado de resíduos.

Palavras-chave: Logística reversa, ciclo de vida do produto, meio ambiente.

INTRODUÇÃO

A crescente preocupação com temas relativos à preservação dos recursos ambientais, a procura de certificações, a busca incessante pela expansão do mercado e a satisfação do cliente, nos leva a observar a Logística Reversa como um fator em potencial para a obtenção desses objetivos. Atualmente pode-se contar com uma grande diversidade de estudos e teorias que tratam de assuntos pertinentes ao fluxo decorrente da cadeia produtiva, elaborados por uma série de autores em diversos idiomas, principalmente estudos em inglês. Embora seja de suma importância para o processo produtivo os assuntos referentes à Logística Reversa, ainda não possuem uma literatura tão abrangente em comparação ao fluxo convencional de produtos que partem da extração da matéria prima e termina com a entrega do produto ao consumidor final.

Alguns autores apresentam a Logística Reversa como utilização mais prática para fins de adequar-se às legislações ambientais e marketing do que propriamente os fins lucrativos. Embora esse fato não se aplique a todas as empresas, como as que se utilizam de materiais recicláveis, que por sua vez acabam desenvolvendo, até mesmo, novas tecnologias para aprimorar esse processo de reciclagem. Entretanto, acabam obtendo lucros muito significativos com esse processo de reciclagem. Assim sendo deixam de participar de uma grande parte do processo da cadeia produtiva que vai desde a obtenção da matéria prima até a fabricação do novo bem de consumo, como exemplo as garrafas pet, passando assim apenas a reformulação da mesma e reinserção no processo.

Outro aspecto observado é que o motivo deste estudo foi a baixa produção científica oferecida na literatura. Observando e pesquisando se existem outros projetos e estudos na mídia eletrônica (internet) que tratam sobre logística reversa, obtivemos resultados de baixa amplitude sobre o contexto. Alguns artigos falam basicamente do contexto de logística reversa e outros poucos tratam simplesmente de casos específicos empresariais dando enfoque direto de como o processo de Logística Reversa influência neste meio.

Importante mencionar que com o crescimento do E-Commerce, a logística reversa começou a se tornar um fator primordial para as empresas que buscam trabalhar neste ramo. Nesta perspectiva a Logística Reversa de Pós-Venda, atua diretamente nas reclamações dos clientes, produtos destinados errados, defeitos de fábrica, garantias e outros.

1. DESENVOLVIMENTO

1.1 LOGÍSTICA

O conceito de Logística, conforme citado por autores como Novaes (2007) e Ching (2001) em suas obras, delimitam que foram originados nas operações militares onde ao decidir avançar ou recuar com suas tropas seguindo determinadas estratégias militares os comandantes precisavam ter sob suas ordens equipes que executassem o deslocamento de munição, mantimentos, equipamentos médicos e eletrônicos para determinados pontos dentro do campo de batalha e tudo isso em horas e datas pré-determinadas, fazendo com que isso gerasse um grande impacto no sucesso ou derrota de seu pelotão.

Durante um longo período, as empresas também adotaram tais estratégias quando precisavam transportar seus produtos da fábrica para armazéns ou depósitos para as lojas de seus clientes diretos ou indiretos, essas operações eram tidas como operações de apoio e vistas pelos executivos como operações que não agregam valor ao produto final. Em sua maioria esta função era tida como um setor improdutivo que só gerava custos.

De acordo com Kobayashi (2000) a Logística compreende o processo de planejar, implementar e controlar, o fluxo de bens de consumo, serviços e informações, desde sua origem até o consumidor final, gerando satisfação ao cliente.

1.1.1 VALORES

Um dos fatores considerados como ponto de competitividade no mercado atual é a distância entre a fábrica e o consumidor, os pontos de origem da matéria-prima e dos demais componentes que serão utilizados no processo produtivo. Em muito se confundia essa atividade Logística com “transporte” e armazenagem, no entanto o conceito de transporte se pauta em simplesmente movimentar um produto seja ele matéria-prima ou produto acabado entre localidades distintas. Com a evolução do comércio e as expansões das empresas o “valor do lugar” onde se instala um centro de processamento, armazenagem, etc. passou a ser muito importante e tido como ponto estratégico, deixando de ser tratado como fator isolado, pois, quanto menor os custos que se possui com transportes, seja ele de recebimento de mercadoria ou insumos, seja ele de expedição de materiais, acaba-se podendo agregar muito mais valor ao seu produto acabado.

Outro fator muito importante na cadeia produtiva se agrega junto à escolha do melhor ponto para instalação de uma unidade de transformação, que é o denominado “valor tempo”, conforme citado por Bertaglia (2003), de nada adianta termos a matéria-prima no preço mais baixo se ela não está disponível no momento em que necessitamos dela, principalmente quando falamos de produtos perecíveis que podem se danificar quando não se atendem os prazos de entrega. Uma elevação nos custos acaba sendo feita quando tratamos de prazos mais rígidos e “tempos” mais curtos.

Um terceiro elemento que influencia em uma operação logística é o fator “qualidade”, pois não adianta termos a melhor localização geográfica, disponibilizarmos do produto no menor “Lead-Time” e ele não chegar nas condições esperadas pelo consumidor. Um bom exemplo deste fato é efetuar o transporte de um carregamento de sorvetes em um caminhão que não possua sistema de refrigeração, o mesmo irá chegar ao revendedor derretido e muitas vezes dependendo da distância que ele percorreu, poderá estar impróprio para consumo. Este é um fator que assim como o “tempo” ou “Lead-Time” pode causar reclamações dos varejistas e consumidores finais afetando assim a imagem da Empresa.

O mercado atual vem se preocupando cada vez mais e apreciado um determinado fator competitivo que é a “informação”, como exemplo bem prático temos a sistema SEDEX dos correios que nos disponibiliza a localização de nossas encomendas, fazendo com que o cliente possa acompanhar a evolução do transporte de seus pedidos. Segundo Antônio G. Novaes (2007) esse tipo de situação também foi adotado pelos operadores logísticos, onde os mesmos passaram a instalar rastreadores em seus caminhões fazendo com que seus clientes possam acompanhar em tempo real o deslocamento de seu produto e trabalhar melhor com imprevistos ao invés de serem pegos com surpresas.

Pode-se observar, conforme dito por Gasnier (2006), que a logística evoluiu muito deixando de ser um setor improdutivo para um setor que agrega valor de qualidade, de lugar, de informação e de tempo na cadeia produtiva. Além de agregar valores positivos, a Logística atual visa eliminar o que é considerado como somente custo e perda de tempo, o que acaba não agregando valor ao cliente final, mas muitos profissionais ainda continuam confundindo os conceitos de logística com os de transporte.

1.1.2 ELEMENTOS BÁSICOS DOS CONCEITOS LOGÍSTICOS

A logística não envolve apenas conceitos e valores, mas ela também envolve elementos humanos, materiais (carros, prédios, equipamentos, etc.), tecnológicos e de informações. Com o mercado atual se tornando cada vez mais competitivo, a busca pelo aumento da eficiência e a melhoria dos níveis de serviço oferecidos ao cliente, implica nas empresas otimizarem seus recursos, ajudando no crescimento de um setor denominado no mercado como “capital intelectual”, pois, são essas “cabeças pensantes” que vão elaborar planos e estratégias para que se possa otimizar o serviço sem perder nenhum valor agregado.

Segundo autores como Antônio G. Novaes (2007) e Ballou (1995), a Logística começa pela elaboração e planificação de um processo ou projeto a ser executado, uma vez que o planejamento foi aprovado, dá-se início a execução e operação conforme indicado na Figura I.

FIGURA I – Elementos Básicos da Logística (extraída de Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição

Fonte: Antônio Galvão Novaes (2007, p. 36)

Seguindo as perspectivas descritas por autores como G. Novaes (2007) e Ballou (1995), uma fase muito importante e que requer muito cuidado é a de monitoramento e controle da implementação e execução do projeto ou processo que está sendo feito, pois devido ao nível de complexidade dos problemas logísticos e a sua natureza dinâmica, todo o sistema deve ser avaliado continuamente a fim de se evitar possíveis problemas.

1.1.3 CADEIA DE SUPRIMENTOS

Na maioria das vezes quando um cliente adquire um bem de consumo, ele não imagina o quão extenso pode ser o processo de fabricação utilizado para converter a matéria prima em produtos acabados. Muitas vezes produtos como carros levam uma quantidade variada de componentes de diversas naturezas (borracha, plástico, metal, etc.), por outro lado temos produtos que dependem de peças que são fabricadas em outras empresas para a finalização de seu produto, como o caso dos navios e aviões, que suas partes são construídas separadamente e depois montadas formando o produto acabado. De acordo com Johnson e Pyke (1999), todo o tráfego que compõe o processo produtivo desde a fonte de matéria prima até o consumidor final, passando pelas fábricas de componentes e produto acabado, indo para a mão do varejista e repassando ao cliente final, compreende a denominada Cadeia de Suprimentos conforme a ilustração da Figura II.

Figura II – Fluxo da Cadeia a Suprimentos (extraída de Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição

Fonte: Antônio Galvão Novaes (2007, p. 39)

O estudo aprofundado da Cadeia de Suprimentos nos leva a visualizar com mais intensidade os processos logísticos envolvidos na concepção de um determinado produto, pois logística não é simplesmente o transporte do produto até o varejista ou consumidor final, mas sim toda a gama de serviços de movimentação e controle de insumos e produtos desde sua extração seja na natureza ou outros até seu consumo final.

1.2 LOGÍSTICA REVERSA

Tomando como bases literárias da área de Logística, como por exemplo, Leite (2003) e Ballou (1995), A Logística Reversa (LR) tem como seu conceito básico as funções de planejar, implementar e controlar os fluxos decorrentes da pós-venda ou pós-consumo referentes aos ciclos de negócios ou ciclos produtivos, com a finalidade de agregar valor a esse bem, recolocá-lo no mercado ou efetuar corretamente o seu descarte.

A Logística Reversa (LR) vem sendo observada pelas empresas com um olhar mais crítico nos últimos anos, esse “olhar” mais interessado no que diz respeito aos conceitos e metodologias de Logística Reversa se deve a grande preocupação com os riscos ambientais, com a busca pela satisfação do cliente e acima de tudo a redução de custos.

No que tange os assuntos referentes ao meio ambiente, as legislações ambientais obrigam as empresas a fazerem um estudo sobre o descarte consciente de seus resíduos, onde muitas acabam implantando programas de coletas e retiradas de Resíduos Sólidos, e uma boa maneira de estar trabalhando esses programas é com o uso da Logística Reversa.

Conforme citado por Lambert et al (1998), com o intuito de atender e satisfazer o consumidor bem como atender as leis de defesa do consumidor as empresas e organizações tendem a estudar melhores maneiras de coletar os produtos tidos como defeituosos, entregar um novo produto ao cliente e reintroduzir o “defeituoso” no mercado agregando-lhe valor, ou realizar o descarte apropriado. Quando as empresas possuem programas que atendem a essas expectativas, acabam gerando boa visualização no mercado e aumentando assim a sua competitividade. Como um grande fator competitivo a Logística Reversa vem despertando cada vez mais o interesse nas empresas, mas por outro lado ela encontra muitas barreiras como: cultura organizacional, falta de recursos financeiros, falta de mão de obra qualificada, falta de sistemas entre outros.

No mundo globalizado, o grande avanço tecnológico e a massiva introdução de novos produtos no mercado acabam gerando um elevado índice de descarte de produtos tidos como “antigos” ou “obsoletos”, o que por fim acaba aumentando o lixo urbano, principalmente nos países subdesenvolvidos. Isto ocorre, pois, os canais reversos não estão bem estruturados, gerando um desbalanceamento entre os materiais descartados e reciclados. Um grande exemplo disso pode ser visto no Brasil onde os programas de Coleta seletiva não são tidos como hábitos da população que fazem o descarte de materiais como: papelão, garrafas PET e de vidro, juntamente com outros materiais, o que dificulta a separação e reaproveitamento dos mesmos. Desta forma, verifica-se que a logística reversa pode ser utilizada não somente por empresas e indústrias, mas também efetuada no nosso dia a dia, tornando-nos mais conscientes nas questões ambientais.

A Logística Reversa se subdivide em duas áreas de atuação, sendo elas a Logística Reversa de Pós-Consumo e a Logística Reversa de Pós-Venda.

Os sinais de descartes vêm se tornando a cada dia mais elevados, esses descartes podem ser relacionados à redução do tempo de vida dos produtos lançados no mercado e sua rápida substituição por novos modelos e tecnologias mais avançadas. O perfil atual dos consumidores vem se tornando cada vez mais o de preocupação com as questões ambientais, fazendo com que ele tenha mais consciência dos danos que o descarte mal efetuado pode causar no futuro. Após o uso de um determinado produto pelo consumidor ele pode seguir por três caminhos distintos que são: ser descartado na natureza gerando poluição ao meio ambiente; voltar à cadeia de distribuição para reprocessamento; ou ter um descarte adequado em depósitos específicos ou aterros sanitários. Este processo em que é compreendido o trajeto do consumo do produto pelo cliente até o seu retorno seja ele para um descarte adequado ou voltando a cadeia de suprimentos para ser reciclado é denominado Logística Reversa de Pós-Consumo.

Com o crescimento dos canais de distribuição logísticos e o aumento da circulação de produtos no mercado, as empresas têm que trabalhar cada vez mais para reduzir o tempo entre a solicitação de um determinado produto pelo o cliente e o recebimento do mesmo com segurança. Em muitos casos esses produtos têm que regressar aos pontos de vendas, sejam eles lojas virtuais ou físicas, muitas vezes por motivos de garantias fornecidas pelos fabricantes, erros de entrega dos pedidos, mal funcionamento, entre outros e as empresas precisam estar preparadas para essas demandas, com o intuído de assegurar a satisfação do cliente e o pronto atendimento, o setor responsável por garantir o sucesso dessa operação é tido como Logística Reversa de Pós-Venda.

A figura III demonstra de forma mais prática o funcionamento tanto da Logística Reversa de Pós-Consumo como da Logística Reversa de Pós-Venda.

Figura III. Fluxo da Logística Reversa – Área de atuação e etapas reversas.

Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAg3eEAL/apostila-logistica-reversa-jds?part=3 – adaptado de Leite (2009).

1.2.1 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO REVERSOS

Os canais de Distribuição Reversos são constituídos por etapas ou meios necessários para deslocamento de volta para a cadeia de suprimentos de uma parte ou a totalidade dos produtos comercializados. Esse retorno dos produtos à cadeia de suprimentos pode ser originado por diversos fatores tais como: defeitos de fabricação, prazos de validade vencidos, reaproveitamento de embalagens, ciclo de vida encerrado entre outros.

1.2.2 OBJETIVOS DA LOGÍSTICA REVERSA

Por se tratar de uma estratégia que gera um grande diferencial para as empresas, a logística reversa possui alguns objetivos específicos que fazem com que ela gere com segurança e sustentabilidade fatores que atraem os olhares do mercado.

1.2.2.1 PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL

Com a atual mudança na visão do consumidor tornando-o cada vez mais atento às questões ambientais fazendo com que o mesmo procure produtos e serviços que tenham selos de qualidade ambiental e certificações, provando que possuem programas de sustentabilidade e tomam as devidas ações para que seus processos não atinjam o meio ambiente, as empresas vêm buscando cada vez mais alternativas para atender esse mercado. Atualmente as legislações ambientais vêm aumentando cada vez mais as exigências para as empresas, fazendo com que elas tenham que efetivamente colocar em prática seus programas de sustentabilidade. As empresas que não possuem programas como os de destinação de seus resíduos sólidos, vêm encontrando dificuldades para expansão de mercado e conquista de novos clientes, uma boa solução para isso é a utilização da Logística Reversa como estratégia de destinação para esse processo.

1.2.2.2 FATORES ECONÔMICOS

Um dos pontos chaves da Logística Reversa é o reaproveitamento de materiais, isso faz com que o custo empresarial com matéria prima diminua, aumentando assim a margem de receita sobre o produto “reciclado”. Outro ponto em questão é a possibilidade de se agregar valor ao produto durante o processo reverso com a implantação de novas tecnologias ou métodos de processamento, deixando assim o produto mais atraente ao mercado e paralelamente a isso mais competitivo.

1.2.2.3 DIFERENCIAL COMPETITIVO

Com o aumento das exigências do mercado tanto quanto em nível de serviço, como a busca por produtos “ecologicamente corretos” e o atendimento das legislações ambientais, as estratégias de Logística Reversa vêm fazendo com que a mudança de cultura empresarial aumente a eficiência dos processos, a redução de custos com insumos e paralelamente a isso um ganho considerável de competitividade.

1.2.3 LOGÍSTICA REVERSA E O CICLO DE VIDA DO PRODUTO

A vida de um produto, conforme citado por Ballou (1995), não termina simplesmente com o recebimento do produto pelo cliente final, pois o mesmo torna-se ultrapassado, desgasta-se com o tempo e apresenta mal funcionamento, tendo assim que retornar para o seu ponto de origem para ter o seu descarte adequado, reparo ou reaproveitamento.

O processo de Logística Reversa gera situações em que a obtenção de materiais reaproveitados acaba retornando inúmeras vezes ao sistema de Logística Direta aumentando assim do tempo de vida de um determinado produto e em último caso gerando o seu descarte mais adequado. Algumas situações em que existe o retorno de materiais ao fornecedor têm soluções como: gerar a reinserção destes no mercado quando os mesmos apresentarem condições adequadas de comercialização; podem sofrer recondicionamento quando esse fator tiver uma justificativa econômica rentável; ou até mesmo reciclados quando não existir a possibilidade de recuperação do produto. No caso da reciclagem o produto chega a passar inúmeras vezes pela cadeia de suprimentos, tornando o seu ciclo de vida muito mais extenso e minimizando assim diversos custos com a aquisição de matéria prima, produção, armazenagem e estocagem de novos produtos.

1.3 LOGÍSTICA DIRETA X LOGÍSTICA REVERSA

Em uma breve análise em obras como as de Leite (2003), Ballou (1995) e KRIKKE (1998), pode-se observar que diferentemente dos processos Logísticos convencionais os processos Reversos apresentam um grande nível de incertezas e dificuldades em suas operações algumas dessas divergências são apresentadas na tabela 1.

Tabela 1 – Comparativo entre a Logística Reversa e a Logística Direta.

PROBLEMÁTICA LOGÍSTICA DIRETA LOGÍSTICA REVERSA
CUSTOS COM TRANSPORTES MENOR MAIOR
CUSTOS COM INVENTÁRIOS MAIOR MENOR
CUSTOS COM PROGRAMAS DE QUALIDADE MENOR MAIOR
VISIBILIDADE DO PROCESSO MAIS TRANSPARENTE MENOS TRANSPARENTE
PADRÃO DAS EMBALAGENS DOS PRODUTOS UNIFORME NÃO UNIFORME
PREVISÃO DE DEMANDA SIMPLES NÍVEL DE DIFICULDADE ELEVADO
GESTÃO DE ESTOQUES SIMPLES COMPLEXA
ELABORAÇÃO DOS PREÇOS UNIFORME VARIA DE ACORDO COM DIVERSOS FATORES

Fonte: Autoral

De acordo com os dados apresentados na tabela 1 pode se concluir que a variação dos pontos chave para o processo como custos e demais ações se encaixam nas afirmações citadas por Leite; Brito e Silva (2008) que condizem que as empresas que utilizam a Logística Reversa em seu processamento se preocupam mais com a satisfação do cliente e questões ambientais do que o próprio retorno financeiro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme estudos demonstrados por Leite; Brito e Silva (2008), verifica-se que as empresas com uma política de Logística Reversa implantada, oferecem significativa importância à satisfação do cliente e à imagem da empresa do que a recaptura de valor econômico. Já o descarte efetuado a partir do processo de separação dos produtos que não podem ser recolocados no mercado obedece aos conceitos de Produção mais limpa, que de acordo com Unido (2005), efetuando o aumento da eficiência e redução dos riscos aos seres humanos e ao meio ambiente, aplica continuamente estratégias ambientais integradas e preventivas a processos, produtos e serviços.

Enfim, estudar as possibilidades operativas do sistema empresarial significa a busca do mundo real. O mundo em que ‘nada’ é dado nem acabado, para Kosik é “o mundo em que a verdade deve” (KOSIK, 1976).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALLOU, R.H. Logística Empresarial. 2 ed. São Paulo, Atlas, 1995.

BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2003.

CHING, Hong Yuh. Estão de estoques na cadeia de logística integrada – supply chain. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2001.

CHING, R.Y. Gestão de Estoques na Cadeia de Logística Integrada. 3 ed. 2 reimp. São Paulo, Atlas, 2007.

GASNIER, Daniel G. Muitos profissionais ainda confundem o conceito de logística com o de transportes. Internet: http://www.abpl.com.br/artigos_logistica_transporte.html. Acesso em 12/08/2011.

JOHNSON, M E e PYKE, D F, 1999. Supply Chain Management, Working Paper, The Tuck School of Business, Dartmouth College, Hanover, NH

KOBAYASHI, Shun’ichi. Renovação da logística: como definir as estratégias de distribuição física global. 1°.ed. São Paulo: Atlas, 2000.

KOSIK, K. Dialética do concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.

Krikke, H. 1998, Recovery Strategies and Reverse Logistics Network Design – Holanda: BETA – Institute for Business Engineering and Technology Application.

LAMBERT, D M. et. al. 1998. Administração Estratégica da Logística – São Paulo: Vantine Consultoria.

LEITE, P. R.; BRITO, E. P. Z.; SILVA, A.A. Hábitos empresariais brasileiros em logística reversa hábitos empresariais brasileiros em logística reversa. In: XI Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – XI SIMPOI. São Paulo, 2008.

LEITE, P.R. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003.

NOVAES, Antônio Galvão. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. Rio de Janeiro, ELSEVIER, 2007.

UNIDO. Disponível em: www.unido.org Acessado em 13 de outubro de 2018.

[1] Pós Graduação em Gestão de Logística – Instituto Pedagógico de Minas Gerais (Ipemig) – Conclusão (2018); Pós Graduação em Gestão de Pessoas – Instituto Pedagógico de Minas Gerais (Ipemig) – Conclusão (2018); Graduação em Engenharia de Produção – UNIGRANRIO Conclusão (2010).

Enviado: Outubro, 2020.

Aprovado: Fevereiro, 2021.

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Sulyvan Silva Soares

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