ARTIGO ORIGINAL
SANTOS, Marcos Pinheiro dos [1], FROTA, Arlindo Rubens de Oliveira [2], FERREIRA, Edson Andrade [3]
SANTOS, Marcos Pinheiro dos. FROTA, Arlindo Rubens de Oliveira. Patologia Em Revestimento: Aplicação Convencional De Revestimento De Argamassa Com Gesso Em Construção Civil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 05, Vol. 01, pp. 182-195 Maio de 2019. ISSN: 2448-0959
RESUMO
Este trabalho aborda a temática das patologias em construção civil ocasionas pelo uso da argamassa com gesso. Dessa forma, a pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de analisar as causas das patologias em reboco que utilizam gesso na composição e sua relação com a qualidade do traço ideal e a execução. Para tanto, foi realizado um levantamento bibliográfico para embasar a pesquisa a respeito das ocorrências de patologias em construções civis pelo uso da argamassa com gesso. A seguir, foram identificadas e analisadas as literaturas que tratam das patologias, no intuito de compreender e responder ao objetivo da pesquisa. Os resultados permitiram a compreensão de que as patologias ocorrem quando a argamassa e o gesso são mal utilizados ou quando são utilizados nas proporções inadequadas possibilitando a incidência de patologias para as edificações. Como contribuição, espera-se que a presente pesquisa sirva de embasamentos para futuros estudos na área da construção civil, bem como para refletir sobre os danos que as patologias podem acarretar para as construções e moradores. Sendo assim, a realização do trabalho torna-se relevante, pois cria um banco de dados os estudos das áreas afins.
Palavras-chave: Construção Civil, Argamassa, Reboco, Patologias.
INTRODUÇÃO
Partindo do pressuposto que o reboco ou emboço como também é conhecido, se refere a um tipo de revestimento que irá determinar o acabamento de uma obra e se aplica a qualquer serviço de construção. Segundo especialistas e profissionais da Engenharia Civil, trata-se de uma das partes mais importantes da obra, pois, o revestimento é o aspecto definitivo da obra.
Nesse sentido, merece destacar ainda, situações onde se tem o uso de aditivo utilizado para evitar a penetração da água da chuva com o uso de um impermeabilizante indicado para essa função. Esta questão nem sempre é considerada com os cuidados necessários e a consequência imediata é o aparecimento de manchas de umidade internamente e desagregação do reboco externamente (SZLAK et al, 2003).
Partindo dessa primícia, o presente trabalho abordará a temática “patologia em revestimento: aplicação convencional de revestimento de argamassa com gesso em construção civil” com ênfase para os fatores e acontecimentos que impactam de forma negativa a má aplicação do reboco. Nesse sentido, a pesquisa tem como objetivo analisar as causas das patologias em reboco que utilizam gesso na composição e sua relação com a qualidade do traço ideal e a execução.
Visando responder ao objetivo geral a pesquisa teceu alguns objetivos específicos como: Descrever as características do reboco com gesso como revestimento de paredes, constituição, comportamento e patologias; Estudar a tipologia de patologias mais frequentes em rebocos que utilizam gesso e as causas prováveis associadas a estas tipologias; Conhecer as principais técnicas de reparação dos danos decorrentes das patologias de rebocos com gesso considerando os produtos disponíveis no mercado e métodos de aplicação e consequente análise e tratamento.
1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
O presente artigo tem por finalidade analisar de forma bibliográfica causas das patologias em reboco que utilizam gesso na composição e sua relação com a qualidade do traço ideal e a execução. Partindo desse preceito essa sessão aborda os conceitos e definições sobre aspectos históricos da engenharia civil e da argamassa. A sessão tece ainda uma abordagem sobre rebocos de argamassas, tipos de argamassas de revestimento de paredes, argamassa com gesso e patologias e principais causas de degradação.
Segundo Hirschfeld (2006) rebocos referem-se a parte de revestimentos muros e paredes, que tem função de proporcionar a visão estética do imóvel ou de qualquer tipo de obra. No entanto, o reboca é fundamental em uma obra, pois, o mesmo dar suporte para o revestimento, pintura, decoração e ajuda no processo de impermeabilização.
Dessa maneira, é preciso que sejam tomados os devidos cuidados na execução e aplicação do reboco, para que as situações onde se notam falhas no mesmo não sejam frequentes. Em diversas obras, o reboco acaba por não receber a importância que lhe é devida. Seja por desconhecimento, seja por economia, ou, seja por negligencia por parte dos profissionais envolvidos. Nota-se que a questão do prazo para finalizar a obra é o principal fator que causa o aparecimento das patologias mais comuns do reboco o que compromete a sua resistência e durabilidade (CINCOTTO, 2003).
Dessa forma percebe-se que a aplicação do reboco é muito importante, pois ela garante a proteção externa das paredes, diminuindo os possíveis danos à saúde do morador, como a estabilidade da obra (COGORNO, 2013).
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. PREMISSAS
O presente trabalho tem por objetivo analisar de forma bibliográfica as causas das patologias em reboco que utilizam gesso na composição e sua relação com a qualidade do traço ideal e a execução. A primeira sessão apresenta a contextualização do tema, as premissas da pesquisa. A segunda sessão refere-se aos aportes teóricos abordando breves aspectos históricos e conceituais sobre a engenharia civil e o uso da argamassa, rebocos de argamassas, tipos de argamassas de revestimento de paredes, argamassa com gesso e patologias e principais causas de degradação. A terceira sessão trata da metodologia aplicada. A quarta sessão discorre sobre os resultando e discussões apresentado os fatores que influenciam no desenvolvimento de patologias relacionadas com a má aplicação do reboco e argamassa. Por fim a conclusão apresenta as resposta aos objetivos da pesquisa, ressaltando a importância do revestimento na conservação da obra e da saúde dos moradores prezando pela qualidade.
2.2 BREVES ASPECTOS HISTÓRICOS DE ARGAMASSA E REVESTIMENTO
2.2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Segundo esclarece Tozzi et. al (2009), a origem das argamassas data da era primitiva onde o homem já convivia com a necessidade construir abrigos que suprissem as particularidades do seu modo de vida e questões básicas de sobrevivência. As argamassas foram produzidas e utilizadas por povos antigos tais como os Astecas e até mesmo as populações que habitaram na antiga Galileia, chegando a Roma clássica.
Dessa forma, as argamassas atravessaram diversos estágios de desenvolvimento, de maneira a seguir uma linha de evolução dos conhecimentos, explicitamente, no que diz respeito à introdução dos ligantes. Foi com a descoberta do fogo que se teve a possibilidade de descobrir as características aglutinantes das argilas e calcários quando em contato com a água (BESSA, 2010).
Conforme Azeredo (2007), os primeiros fornos conhecidos para a produção de argamassas surgiram há cerca de 10 000 anos, sendo feito de cal de pedra calcária, a cal viva, e evoluindo até chegar à cal hidratada utilizada atualmente.
A história remonta que a cal hidratada foi o primeiro aglomerado considerado hidráulico formado por um pó branco e fino. Já outro produto obtido por meio da cozedura foi o gesso; sendo o uso de aditivos, iniciado pela civilização Romana. Eram utilizadas argamassas constituídas por cinzas vulcânicas, pó de tijolo, areias, cal hidratada e matérias orgânicas como gorduras, sebo de boi, borras de azeite, dentre outros (AZEREDO, 2007).
Segundo Baia e Sabbatini (2000), o aparecimento da argamassa como ligantes nas construções surgiu através de estudos desenvolvidos pelo engenheiro John Smeaton em meados do século XIX na Inglaterra, seguido por Joseph Aspdin em 1824 com a patente do cimento Portland.
Sendo assim, todo material empregado nas construções civis que levava os componentes da cal hidratada era desenvolvida no próprio local da outra sem nenhum tipo de beneficiamento, sendo utilizada de acordo com a aplicação pretendida (BAIA, SABBATINI, 2000).
2.2.2 CONCEITOS BÁSICOS
Para compreendermos o conceito de argamassa é necessário entender que os revestimentos ou acabamentos consistem na aplicação dos materiais que finalizam as superfícies de uma obra. Dessa forma, pode-se considerar três tipos de revestimento como os de paredes, pisos e forros ou tetos. Obedecendo a esses princípios a NBR 13279 estabelece que o revestimento engloba a aplicação da argamassa como acabamento decorativo para a finalização da obra (MIRANDA, 2005).
Segundo Azevedo (2004), o revestimento consiste no acabamento de paredes, pisos e lajes que levam a aplicação de argamassa colante e argamassa de rejuntamento na finalização da obra, pois essa aplicação é responsável pela parte estética da construção.
Nesse sentido, Borges (1998), estabelece como argamassa a composição de mistura de cal, cimento e areia, utilizado como colante de tijolo e no acabamento de paredes, bem como na aplicação de emboço, reboco e chapisco.
Partindo dessa definição Azevedo (2004) classifica a argamassa de acordo com sua função. Assim, a argamassa tem papel de propor aderência em superfície lisas facilitando o acabamento ou aplicação de outra camada, sendo muito utilizada no chapisco, emboço e reboco e em todo processo de acabamento da obra.
Nesse contexto, Carasek (2009) estabelece que a argamassa pode ser dividida da seguinte no processo de acabamento e revestimento: camada única, emboço, reboco e decorativa.
2.3 TIPOS DE ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO
Levando em consideração a classificação de Carasek (2009) que estabelece a argamassa de revestimento como emboço, reboco, decorativa e camada única, de acordo com sua aplicação.
Segundo Gomes (2002) o conceito mais aceito cientificamente para o termo argamassa é estabelecida pela ABNT / NBR 13529 (1995), que a define como:
“uma mistura constituída de aglomerante(s) hidráulico(s), agregados minerais e aditivo(s), que possibilita, quando preparada em obra com adição exclusiva de água, a formação de uma massa viscosa, plástica e aderente, empregada no assentamento de peças cerâmicas e de pedras de revestimento” (GOMES, 2002, p. 01).
Considerando a funcionalidade da argamassa Carasek (2009) cita que a mesma é utilizada na construção de alvenarias, em revestimento de paredes e tetos, pisos, cerâmica, e recuperação de estrutura. Essas tipologias de argamassa são eficientes em assentamentos, fixação, vedação, contrapiso, colante, rejunte, e reparos.
Segundo Veiga (2003) a argamassa está dividida em hidráulica natural e artificial, argamassa de cimento, aérea aditiva, de cal aérea e cimento, utilizada principalmente em paredes de edifícios antigos para recuperação e fortalecimento da estrutura da obra.
2.3.1 REBOCOS DE ARGAMASSAS
Conforme Zulian (2002) o reboco de argamassa consiste na composição de areia fina e cal hidratada, sua função é diminuir a porosidade, preparar a superfície para a pintura, proporcionando um aspecto agradável e estético. O reboco de argamassa facilita o acabamento, pois trata-se de um revestimento fino.
Dessa forma, para melhor compreensão Carasek (1999) conceitua a argamassa como sendo um material de construção constituído pela mistura homogênea de areia, água e aglomerantes ou ainda aditivos e adições minerais com propriedades de aderência e endurecimento, utilizado para reboco e revestimento de obras. Nesse sentido, pode-se ainda dividir o reboco de argamassa da seguinte forma de acordo com suas funcionalidades, como mostra a tabela a seguir:
Tabela 01: Aplicação do reboco de argamassa.
Aplicação | Ambiente de aplicação | Tipos de acabamento |
Reboco | Interior | Estanhado |
Camada de acabamento arenado | ||
Areado direto | ||
Colagem de cerâmicos | ||
Exterior | Camada de acabamento arenado | |
Areado direto | ||
Colagem ou fixação mecânica de cerâmicos ou rochas ornamentais |
Fonte: Adaptado de APFAC (Associação Portuguesa dos Fabricantes de Argamassas de Construção) sobre Argamassas de Construção, disponível em: [www.apfac.pt].
Dessa forma, Fiorito (2007), esclarece que o reboco e revestimento feito com a argamassa a bases de cimento, areia e gesso compreende tanto as técnicas tradicionais, quanto as técnicas da argamassa mista.
Sendo assim, cabe frisar que para cada tipo de construção ou reconstrução é necessário analisar e planejar a aplicabilidade da argamassa para a determinada obra, evitando possíveis consequências ou danos no futuro.
2.3.2 ARGAMASSA COM GESSO
A argamassa com gesso é concebido segundo a RILEM- União dos Laboratórios e Consultores em Materiais, Sistemas e Estruturas da Construção (1982) como “Material pulverulento, constituído predominantemente de hemidrato ou de uma mistura de sulfatos (hemidrato, anidrita ou gipsita), um baixo valor percentual de água livre e substâncias consideradas como impurezas: carbonato de cálcio e de magnésio, argila-minerais e de sais solúveis”.
De acordo com Roman (2001) o gesso utilizado para revestimento tem como propriedade o endurecimento rápido, elevada produtividade, boa aderência a materiais metálicos e minerais, ausência de retração por secagem, excelente acabamento superficial, pequenas espessuras de revestimento Pequenas espessuras de revestimento, material leve, baixa condutividade térmica, mantém o equilíbrio higrotérmico do ambiente, baixo consumo energético na produção e possibilidade de aproveitamento dos resíduos.
Em contrapartida o autor ressalta algumas limitações do emprego de gesso como a solubilidade elevada em água, o desenvolvimento de bolor, a não contribuição para a fixação de dispositivos de carga suspensa, a sensibilidade a presença de umidade, a corrosão de metais em contato, e o alto custo de transporte do material (ROMAN, 2001).
De acordo com o autor o emprego o gesso como revestimento é determinado pela NBR 13207 / 1994, “como um material moído em forma de pó, obtido da calcinação da gipsita, constituído predominantemente de sulfato de cálcio, podendo conter aditivos controladores do tempo de pega” (ALVES, 2010, p. 37).
Entretanto, Beichel (1997) frisa que o emprego de argamassas de gesso como revestimento no Brasil ainda não é comum no mercado, por outro lado o emprego de revestimentos em pasta de gesso tem maior aceitabilidade e custo menor o que possibilita seu uso como maior frequência.
Sendo assim, as antigas e atuais normalizações recomendam a argamassas de gesso para a primeira camada de revestimento, e para o acabamento superficial em pasta de gesso para acabamento interno.
2.4 PATOLOGIAS E PRINCIPAIS CAUSAS DE DEGRADAÇÃO
Guimarães (2002) expõe que as patologias ou anomalias na Engenharia Civil é o termo empregado nas construções para as manifestações, suas origens, aos mecanismos de ocorrência das falhas e defeitos que provocam desequilíbrio na segurança e na saúde da construção. A Patologia das Construções se referem a um conhecimento frequente no campo das edificações, sendo indispensável para todos que trabalham na construção, indo desde um operário até o engenheiro e o arquiteto.
De acordo com Fiorito (2007), as anomalias ou patologias mais comuns na Construção Civil são tipificadas e conceituadas, em termos de revestimento, seguindo às características construtivas modernas e decorrentes do excesso de economia na execução das construções. Os autores consideram ainda, a má qualidade da mão de obra, responsável por muitas das patologias verificadas e a vida útil de uma construção, então, depende de cuidados tomados na fase de execução. Igualmente importantes estão os cuidados nas fases de projeto e manutenção.
Segundo esclareceu Figuerola (2013), as patologias dos revestimentos de paredes apresentam-se de diversas formas, todas elas resultando na impossibilidade de cumprimento das finalidades para as quais foram concebidos, especialmente no que diz respeito aos aspectos estéticos, de proteção e de isolamento sendo um efeito imediato, a desvalorização do imóvel. Assim, fica claro que o conhecimento da origem das patologias é uma importante ferramenta para diagnosticar as causas das falhas do sistema de revestimento.
Nesse sentido, podem classificar-se em quatro tipos conforme Silva (2006):
Congênitas – são aquelas originárias da fase de projeto, em função da não observância das normas técnicas, ou de erros e omissões dos projetistas, que resultam em falhas no detalhe e concepção inadequada dos revestimentos. São responsáveis por grande parte das avarias registradas em edificações. Construtivas – quando a sua origem está relacionada com a fase de execução da obra, resultante do emprego de mão-de-obra desqualificada, produtos não certificados, ausência de metodologia para assentamento das peças, o que, segundo pesquisas mundiais, também são responsáveis por grande parte das anomalias em edificações. Adquiridas – quando ocorrem durante a vida útil dos revestimentos, sendo resultado da exposição ao meio em que se inserem, podendo ser naturais, decorrentes da agressividade do meio, ou da ação humana, em função de manutenção inadequada ou realização de interferência incorreta nos revestimentos, danificando as camadas e desencadeando um processo patológico. Acidentais – caracterizadas pela ocorrência de algum fenômeno atípico, resultado de uma solicitação invulgar, como a ação da chuva com ventos de intensidade superior ao normal e até mesmo incêndio. A sua ação provoca esforços de natureza imprevisível, especialmente na camada de base e sobre as juntas, quando não atinge até mesmo as peças, provocando movimentações que irão desencadear processos patológicos em cadeia (SILVA, 2006, p. 54).
Dessa maneira, certo tipo de patologia pode ter origem em falhas na fase de projeto, quando os materiais escolhidos não são compatíveis com as condições de uso, a ausência de um estudo cuidadoso das interações do revestimento com outros elementos do edifício levam aos erros na fase de execução. Sem esquecer quando a mão-de-obra não é especializada ou quando, não há um adequado controle do processo de produção (SILVESTRE, 2006).
Dessa forma, Hirschfeld (2006) explica as principais causas de degradação dos rebocos. Observa-se que a literatura referencia às anomalias em acabamentos, particularmente em reboco de paredes de edificações antigas, uma vez que as intervenções de reabilitação podem estar relacionadas com anomalias desta natureza.
Ressalta-se que muitas patologias ocorrem também em construções novas, e as vezes logo após a execução, baseando-se em Figueirola (2013), tem-se na tabela 02 as principais anomalias que serão mais bem exemplificadas no capítulo 4, foco deste estudo:
Tabela 02 – Patologias no Reboco
ANOMALIA | LOCALIZAÇÃO | CAUSAS |
FENDILHAÇÃO | Paredes rebocadas | Fendilhação do próprio suporte. Retração das argamassas constituintes |
DESAGREGAÇÃO | Rebocos fracos, com baixa resistência mecânica (rebocos de argamassas de cal), principalmente quando existem pinturas permeáveis ao vapor de água. | Efeito da humidade no percurso que faz no interior da parede transportando sais, que depois de dissolvidos, cristalizam com a evaporação da água, atingindo a superfície da parede. A cristalização provoca, sucessivamente, o intumescimento dos rebocos, o seu empolamento, fendilhação e desagregação. |
ESMAGAMENTO | Paredes rebocadas com baixa resistência mecânica (rebocos de argamassas de cal), principalmente em paredes bem construídas, onde se aplicam pedras de reforço sob as zonas de aplicação de forças. | Desenvolvimento de tensões muito elevadas sobre o reboco, devidos a compressões excessivas. |
FISSURAS | Parede rebocada com cimento e areia. | Causas decorrentes do traço da argamassa. Observam-se fissuras e deslocamento quando esta camada é excessivamente rica em cimento (proporção 1:2 em massa, por exemplo), condição agravada quando aplicada em espessura maior de 2 cm. |
DESLOCAMENTO | Paredes rebocadas onde uma camada do revestimento aplicada sobre outra impregnada de um produto orgânico, o qual impede a penetração da nata do aglomerante. | Deslocamento de revestimento aplicado sem chapisco. A aderência se dá pela penetração da nata no aglomerante nos poros da base e endurecimento subsequente. Consequentemente vai depender da textura e da capacidade de absorção da base, bem como da homogeneidade dessas propriedades. |
RETRAÇÃO | Paredes rebocada com cimento e areia. | Para argamassa contendo cimento, se o tempo de endurecimento e secagem da camada inferior não é observado antes da aplicação da camada superior, a retração que acompanha a secagem da camada inferior gera fissuras, com configuração de mapa, na camada superior. |
INFILTRAÇÃO/ BOLOR/ EFLORESCÊNCIA | Parede, laje rebocada. A argamassa nos pontos empolados é pulverulenta e facilmente removível. A alvenaria frequentemente exposta ao sol favorece a formação do bolor. | A infiltração de água através de alicerces, lajes cobertura mal impermeabilizadas ou argamassas de assentamento magras manifesta-se por manchas de umidade, acompanhada ou não pela formação de eflorescência ou vesículas. |
Fonte: Adaptado de Fiorito (2007) e Figueirola (2013).
Conforme os autores essas patologias podem ser visíveis a olho nu em qualquer obra ou edificações, tendo em vista que suas ações são externas. Sendo assim, pode-se afirma que todos os tipos de danos de revestimento têm importância do ponto de vista da economia e satisfação do usuário. Com relação a preocupação do usuário com o custo do reparo do revestimento, pode também ser citada a sensação desagradável do mesmo precisar coexistir com um ambiente visualmente antiestético.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho se desenvolve partindo da temática da patologia nas construções civis abordando o tema: patologia em revestimento de argamassa de gesso, destacando o as principais ocorrências de patologias em revestimentos e aplicação de argamassa.
O objeto de estudo dessa pesquisa como citado anteriormente está relacionado com as patologias em construções civis que segundo Fonseca; Silva; e Monteiro (2015) trata-se dos processos de degradações naturais que ocorrem nas estruturas de construções ou obras que agravam e obriga a necessária uma intervenção de engenharia para reverter os danos.
A pesquisa diante desse aspecto a pesquisa trata-se de uma revisão literária de caráter descritivo que de acordo com Gil (2002, pág. 42), a pesquisa descritiva tem como objetivo primordial “a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”.
Quanto à pesquisa bibliográfica ou revisão literária Amaral (2007) afirma que essa metodologia é uma etapa fundamental em todo trabalho científico e contribuirá para o embasamento teórico de todo e qualquer estudo, uma vez que, consistem no levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de informações relacionadas à pesquisa.
As ferramentas utilizadas para responder os objetivos da pesquisa foram os dados eletrônicos do Lilacs na coleta e seleção de artigos, livros e publicações que abordam a temática da argamassa e as patologias nas construções civis. A avaliação dos dados ocorre mediante a análise bibliográfica comparativa dos estudos científicos de forma hipotético-dedutiva e exploratória observacional, comparando os resultados de pesquisas já publicadas confrontando com o embasamento bibliográfico para atenuar e testificar os resultados da pesquisa.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA DA PATOLOGIA EM REVESTIMENTO DE ARGAMASSA DE GESSO E AS PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS DE PATOLOGIAS EM REVESTIMENTOS E APLICAÇÃO DE ARGAMASSA.
Essa sessão discorre os resultados da pesquisa onde os dados coletados foram analisados para apresentar de forma sucinta os resultados, a fim de responder ao objetivo da pesquisa, de analisar as causas das patologias em reboco que utilizam gesso, o estudo comparou bibliografias como Tozzi, Baia e Sabbatini, Miranda, Azevedo, Carasek, Veiga, Zulian, entre outros.
Dessa forma, percebe-se que a argamassa tem origem nas civilizações antigas como Astecas, Antiga Galileia e Roma, sendo utilizada na construção de abrigos. O processo evolutivo da argamassa possibilitou grandes mudanças na forma de construir. As construções civis inovaram e deixaram o antigo método tradicional de preparação das argamassas nos canteiros de obras e passaram a fazer uso das tecnologias para a produção industrial de argamassas de construção.
No entanto, esse processo apesar de contribuir de forma positiva para a construção civil, por outro lado possibilitou também o aparecimento de anomalias, tendo em vista que muitas obras não cumprem as normalizações para o bom uso desse material.
Nesse sentido, para melhor compreensão do uso da argamassa, busca-se entender que a mesma é utilizada em revestimentos ou acabamentos consistindo a aplicação dos materiais que finalizam as superfícies de uma obra. Dessa maneira a NBR 13279 estabelece que o revestimento constitui a aplicação da argamassa como acabamento decorativo para a finalização da obra considerando assim, três tipos de revestimento como os de paredes, pisos e forros ou tetos.
Partindo dessa definição pode-se classificar a argamassa mediante sua função. Visto que a argamassa tem papel de propor aderência em superfície lisas facilitando o acabamento ou aplicação de outra camada, sendo muito utilizada no chapisco, emboço e reboco e em todo processo de acabamento da obra.
Sendo assim, a argamassa utilizada em revestimento é composta da mistura de aditivos minerais, agua e areia tendo como função a aderência e o endurecimento do material utilizado nas construções civis.
Considerando a funcionalidade da argamassa, é importante ressaltar que a mesma é utilizada na construção de alvenarias, em revestimento de paredes, tetos, pisos, cerâmica, e recuperação de estrutura. As argamassas são eficientes em assentamentos, fixação, vedação, contrapiso, colante, rejunte, e reparos.
De acordo com os autores a argamassa está dividida em hidráulica natural e artificial, argamassa de cimento, aérea aditiva, de cal aérea e cimento, utilizada principalmente em paredes de edifícios antigos para recuperação e fortalecimento da estrutura da obra.
CONCLUSÃO
Com relação às patologias presentes nas construções, a pesquisa estabelece seu vínculo com a argamassa a partir da sua utilização e tipologia. Como o reboco de argamassa que consiste na composição de areia fina e cal hidratada, sua função é diminuir a porosidade, preparar a superfície para a pintura, proporcionando um aspecto agradável e estético.
Reforçando o conceito das patologias ou anomalias na Engenharia Civil os autores afirma que esse termo é empregado nas construções para as manifestações, suas origens, aos mecanismos de ocorrência das falhas e defeitos que provocam desequilíbrio na segurança e na saúde da construção.
O reboco de argamassa facilita o acabamento, pois trata-se de um revestimento fino, porem se seu preparo não obedecer as normas de aplicação poderá ocasionar patologias como fissuras, rachaduras e escamação do concreto.
Reforçando essa perspectiva ressalta-se que a composição da argamassa para revestimento e reboco compreende em geral de cimento, cal, areia, água e eventualmente aditivos.
Os autores ressaltam ainda que para evitar possíveis aparecimentos de patologias nas obras, é necessário que a superfície a ser revestida esteja adequadamente áspero, absorvente, limpo e também umedecido no momento da aplicação do reboco de argamassa.
Dessa forma, a NBR 13749 (ABNT, 1996) ressalta que as argamassas de reboco e revestimento quando utilizada de forma adequada desempenham um papel preponderante na preservação e na estanqueidade das paredes, especialmente no que se referem às paredes antigas.
Com relação a argamassa com gesso que de acordo com os autores é o tipo de argamassa que mais apresenta possibilidade de ocorrência de patologias nas obras, devido a utilização de material de hemidrato ou de uma mistura de sulfatos em sua composição, apresentando um baixo valor percentual de fácil solúvel ao contato com a umidade.
Por outro lado, o gesso ultimamente devido suas propriedades de aderências tem sido um material muito utilizado em construção e sua maleabilidade fazem da argamassa deste ligante um bom material para a execução de pormenores decorativos em paredes e tetos, assim como fazer o estuque que reveste as paredes.
Segundo as análises literárias as patologias dos revestimentos apresentam-se de diversas formas, e podem está presentes tanto no reboco de argamassa, quanto na argamassa de gesso. Pois essas patologias resultam da impossibilidade de cumprimento das finalidades para as quais foram concebidos, especialmente no que diz respeito aos aspectos estéticos, de proteção e de isolamento sendo um efeito imediato, a desvalorização do imóvel.
Assim, o conhecimento na aplicabilidade da argamassa tanto de reboco, quanto de gesso possibilita diagnosticar as causas das falhas do sistema de revestimento que dão origem das patologias no revestimento.
Segundo os autores as patologias podem ter origem ainda na fase inicial da obra, na fase de projeto, ou na escolha dos materiais que não são compatíveis com as condições de uso, bem como na ausência de um estudo cuidadoso das interações do revestimento com outros elementos do edifício que podem ocasionar erros na fase de execução. Todavia não pode esquecer também da mão-de-obra especializada para que haja um adequado controle do processo de produção do material a ser utilizado.
Compreende-se assim, que para prevenir o surgimento de manifestações patológicas, é importante conhecer os fatores internos externos da região onde será executada a obra, observando as características dos materiais, a adequação de uso ao local, as normas de segurança e qualidade dos canteiros, a utilização de mão-de-obra treinada.
Diante do que foi apresentado conclui-se que todos os tipos de danos ou patologias presentes nos revestimentos, independente do material utilizado, são fruto da inadequada aplicação desse material. E as consequências desses danos atinge os aspectos econômicos e satisfatórios do usuário, gerando um alto custo de reparo e uma sensação desagradável para o ambiente de habitação.
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[1] Estudante de Engenharia Civil, Centro Universitário do Norte – Uninorte.
[2] Orientador. Graduado em Engenharia civil e arquitetura.
[3] Mestre em engenharia civil.
Enviado: Março, 2019
Aprovado: Maio, 2019