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Concepção da filosofia lean thinking construction para aperfeiçoar a produção em obras

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SOUZA, Pedro Henrique Rodrigues de [1], MARQUES, Malana Sarah Pereira [2], SANTOS, Joyce Cristina da Mota [3]

SOUZA, Pedro Henrique Rodrigues de, MARQUES, Malana Sarah Pereira, SANTOS, Joyce Cristina da Mota. Concepção da filosofia lean thinking construction para aperfeiçoar a produção em obras. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 03, Vol. 07, pp. 05-12. Março de 2019. ISSN: 2448-0959.

RESUMO

O ramo da construção civil, caracterizado pelos seus altos índices de desperdício e baixa produtividade, vem precisando de mudanças em seu sistema produtivo tradicional, para que possa atender as necessidades e exigências de seus clientes. Com o entendimento do conceito do Sistema Toyota de Produção (TPS), que contribuiu para o conceito Lean Thinking Construction e para suas aplicabilidades no canteiro de obra da construção civil. Serão apresentados alguns dos mecanismos e filosofias que corroboram para a efetivação do sistema de construção enxuta dentro de um canteiro de obra. Esta pesquisa também pretende compreender o desempenho de três ferramentas como: Just-in-Time, Kanban e Cinco S (5S) na logística de produção e um controle de qualidade, respectivamente, e explanar sua eficácia na indústria civil.

Palavras chaves: lean, just-in-time, engenharia, obra, produtividade.

1. INTRODUÇÃO

A crise do petróleo em 1973 deu origem ao retrocesso econômico governamental e empresarial na maior parte do mundo, e com isso, no Japão, surgiu a necessidade de adaptar- se uma nova filosofia de produção. Essa metodologia chamada Sistema Toyota de Produção (TPS), desenvolveu-se a partir da necessidade de aumentar a eficiência da produtividade, eliminando desperdícios, resultando assim diferentes modelos em pequenas quantidades, sem aumentar o custo final (Rocha, M. D. & Oliveira, C. A. P., 2018).

A filosofia Lean Construction surgiu na realização da filosofia Lean Production à construção civil. Esta nova ideologia representa a quebra do modelo tradicional de gerenciamento abordado ao setor da construção civil para uma nova forma de gerenciar. Segundo Borges et al (2017), a produção enxuta representa uma mudança de paradigmas na gestão da produção. Para Senra et al (2016), o grande desafio é a busca de metodologias que traduzam formas de implementação dos princípios Lean Construction para setor da construção.

Haja vista, a relevância da utilização da filosofia Lean Thinking Construction e suas aplicabilidades no canteiro de obra para o melhor controle e gerenciamento de produção, fez- se necessário o estudo sobre as suas ferramentas, aplicações sobre os serviços executados e a forma de administrar e aperfeiçoar o tempo, custo e fatores que não agregam valor ao produto.

2. CONCEITOS E PRINCÍPIOS

A Lean Production pode ser entendida pela consolidação no sistema Toyota de produção ou Estoque Zero, o qual tem seus primeiros registros na indústria japonesa, mais propriamente na Toyota Motor Company a partir de estudos desenvolvidos por Taiichi Ohno e Shigeo Shingo (Vivian, A. L.; Ortiz, F. A. H.; Paliari, J. C., 2016). A partir desse novo sistema de produção sucedeu-se o pensamento enxuto, que deu origem aos cinco princípios do Lean Thinking de acordo com a Figura 1 (Ferreira, R. S.; Silva, M. G., 2018 apud Womack e Jones, 2004): valor, fluxo de valor, fluxo contínuo, produção puxada e perfeição.

a) Valor: concepção de quanto o consumidor final está disposto a pagar, seguindo a realidade em que o produto se insere.

b) Fluxo de Valor: verificação do fluxo de processos que discernem as atividades que agregam valor das que não agregam valor ao produto final.

c) Fluxo Contínuo: padronização dos processos, reduzindo estoques e tempo improdutivo, expandindo a capacidade de saída dos produtos.

d) Produção Puxada: é o aumento da saída dos produtos de forma a executá-lo apenas se forem solicitados pelo cliente ou por alguma atividade, reduzindo grandes estoques e desperdícios.

e) Perfeição: incentivo para realizar todas as atividades do pensamento enxuto, de modo que os processos sejam aperfeiçoados para que os pontos de melhoria sejam 1 alcançados.

Figura 1 – Os cinco princípios do Lean Thinking; Adaptado: Womack e Jones (2004).

A Lean Thinking surgiu na indústria da construção civil brasileira no momento de divisão entre: executar o que era sonhado e continuar a cultura de gerenciamento arcaico – que norteia o país até o presente momento (RUPPENTHAL et al, 2015). Como reflexo da crise que o Brasil ainda tem vivido, um estudo recente divulgado pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), mostra a retração de 5,1% na atividade na construção civil, dados como este exigem maior esforço por parte dos empresários para reverter este cenários de deterioração (CBIC, 2017).

Neste contexto, é possível verificar que a filosofia Lean possui capacidade para acrescentar na modificação do cenário empresarial que o Brasil está inserido, essa produção enxuta possui soluções para baixar os custos, aumentar a qualidade e a flexibilidade (Gronovicz et al, 2013 apud Reis, 2004).

O que distingue a filosofia gerencial tradicional da filosofia Lean Construction é principalmente a peculiaridade conceitual se tratando de um novo paradigma de produção. Deste modo o modelo da construção enxuta como a inovação da forma de gerir a produção desta indústria, que possui potencial de trazer benefícios e melhorar a eficiência de sistemas de produção. (Tonin & Schaefer, 2013 apud Bernardes, 2010).

Womack e Jones (2004) estudaram a interpretação dos onze principios da construção enxuta, conforme descritos adiante na Tabela 1:

PRINCÍPIOS DA LEAN CONSTRUCTION DESCRIÇÃO DOS PRINCÍPIOS
1) Reduzir a parcela de atividades que não agregam valor. a) Procedimentos que agregam valor ou atividades de transformação/modificação de material ou informação; b) Procedimentos que não agregam valor (desperdício); atividades que consomem tempo, recurso e espaço.
2) Aumentar o valor do produto através da consideração das necessidades do cliente. O valor não é uma qualidade inerente ao processo de conversão, mas é provocado como consequência do atendimento as exigências do cliente.
3) Reduzir a variabilidade. A padronização dos procedimentos consiste em reduzir a variabilidade.
4) Reduzir o tempo de ciclo de produção. O fluxo é caracterizado pelo tempo necessário para que um serviço particular percorra o fluxo, evitando assim atividades que não agregam valor.
5) Simplificar através da redução do número de passos ou partes. É entendida através da redução do número de componentes de um produto ou serviço, pois quanto maior o número de passos em um processo, maior tende a serem as atividades que não agregam valor.
6) Aumentar a flexibilidade na execução do produto. O produto é combinado com a redução do tempo dos ciclos e maior transparência, podendo ocorrer no uso de mão de obra polivalente, na customização do produto e na utilização de processos construtivos. Isto permite a flexibilidade do produto sem grande responsabilidade para a produção, ou seja, permite flexibilizar o planejamento.
7) Aumentar a transparência do processo. Diminui-se a ocorrência de erros na produção, proporcionando maior transparência aos processos. Desta forma, à medida que o princípio é utilizado podem-se identificar problemas com mais facilidade, durante a execução dos serviços.
8) Focar o controle no processo global. O controle de todo o processo proporciona a identificação e a correção de possíveis desvios que venham interferir no prazo de entrega da obra.
9) Introduzir melhoria contínua no processo. Os esforços para a redução do desperdício e do aumento do valor do produto devem ocorrer de maneira contínua na empresa.
10) Manter um equilíbrio entre melhorias nos fluxos e nas conversões. No processo de produção quanto maior a complexidade de execução, maior o impacto das melhorias, e quanto maior os desperdícios intrínsecos ao processo, mais benefícios nas melhorias de fluxos, comparando com as de conversão.
11) Benchmarking. Equivale a um processo de aprendizagem, que reúne as seguintes características: conhecer os processos próprios da empresa; identifica boas práticas em outras empresas; entender os princípios e adaptar as boas práticas encontradas à realidade.

Tabela 1 – Os onze princípios do Lean Construction. Adaptado: Autores (2018).

3. FERRAMENTAS

Just-in-Time (JIT): expressa substancialmente produzir apenas o necessário, na quantidade e no tempo necessário. Além disso, para aprimorar a aplicabilidade deste método, verificou-se a necessidade de incorporar o JIT na outra ferramenta de controle de produção, o Kanban (MONDEN, 2015).

Kanban: originou-se da Lean Production no Japão, e tem por significado “cartão” ou “etiqueta”. Esta é uma ferramenta que proporciona “puxar” a produção a partir da procura, o qual por sua vez é determinado pelo consumo de produtos.

Método 5S: Falconi (2017) define este método como a busca em manter ordem e qualidade do ambiente de trabalho por meio de 5 (cinco) etapas, as quais, no idioma original, começam com a letra “s”. A Figura 2 expressa o modelo de forma simplificada:

  1. Seiri (utilização): separação do que é útil do inútil e eliminação do que é desnecessário;
  2. Seiton (arrumação): ordenação do ambiente de trabalho, colocando cada item no seu lugar;
  3. Seiso (limpeza): manutenção do local de trabalho;
  4. Seiketsu (saúde e higiene): manutenção para um ambiente de trabalho favorável à execução das tarefas, usando os equipamentos adequados de segurança;
  5. Shitsuke (autodisciplina): garantir que todos os itens anteriores sejam executados de forma correta e contínua.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Tabela 2 exemplifica o modus operandi de acordo com cada ferramenta apresentada abaixo.

FERRAMENTAS VANTAGENS DESVANTAGENS
1) Just-in-time A aplicação do JIT em canteiro de obra, tendo como exemplo o fornecimento de refeição, agrega em evitar desperdícios e falta de suprimentos alimentícios aos funcionários, tendo como resultado a diminuição de custos com alimentos descartados e insatisfação por parte dos colaboradores. O JIT possui limitação quanto ao estoque reduzido, pois implica trabalhar com estoque mínimo, desta forma se o fornecedor não cumprir prazos de entrega, estará atrasando as frentes de serviço do canteiro.
2) Kanban Como exemplo deste método, o Kanban de controle da produção de argamassa em um canteiro de obra consiste no gerenciamento do envio de traços de argamassa para um determinado local de aplicação. Neste contexto, é obtido o aumento da produtividade, organização e padronização do serviço, além de diminuir as atividades que não agregam valor, como: desperdício de tempo e material. O Kanban é limitado a aplicações e produções em série, de modo que os pedidos imprevistos impactam em todo processo. Além de que, a falta de disciplina por parte dos operários afeta diretamente o método.
3) Método 5S Uma aplicação deste método é o treinamento dos carpinteiros para manter o seu ambiente de trabalho organizado, limpo, com segurança, saúde e autodisciplina, requer maior comprometimento por parte do funcionário, visto que este método depende da conscientização da equipe de carpintaria para manter o método ativo. Altos investimentos em treinamentos de qualidade para incentivar os funcionários a executarem todos os itens deste método com eficácia; o sistema tem grande dependência dos colaboradores, pois eles que fazem este método acontecer e a necessidade de alta fiscalização por parte administrativa.

Tabela 2 – Aplicações das ferramentas em canteiro de obra. Adaptado: Autores (2018).

5. CONCLUSÃO

As filosofias do Lean Thinking Construction corroboram para melhor desempenho nos canteiros de obra, uma vez que foi expressamente apresentado neste trabalho algumas de suas ferramentas para aperfeiçoar a produtividade, padronização dos serviços e controle de gestão.

Em virtude da extensão deste trabalho, não foi possível conceituar e aplicar todas as diversas formas que a Lean possui, havendo outros moldes de aplicação desta ideologia que não foram identificadas neste trabalho.

REFERÊNCIAS

CBIC, Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (2017). PIB 2016 – Para a construção civil, resultado do PIB é coerente com a crise. Disponível em: http://www.cbicdados.com.br/menu/home/pib-2016. Acessado em 24 de maio de 2018.

Falconi, 2017. Vincente Falconi – o que importa é o resultado. Cristiane Correa. Editora: Primeira Pessoa. 1ª edição. Ano 2017.

Gronovicz, M. A., Bittencourt, M. I. P., Silva, S. B. G., Freitas, M. C. B., Biz, A. A. (2013). Lean Office: uma aplicação em escritórios de projetos. Revista Gestão & Conhecimento. Vol. 7 (nº 1) ano 2013. Pág. 48-74.

Monden, Y. (2015). Sistema Toyota de produção – uma abordagem integrada ao just-in-time.

4ª edição. Editora Techbooks. Porto Alegre-RS.

Ruppenthal, J. E., Souza, D. D., Maedge, J. R., Siluk, A. R., Pisani, A. P. G. (2015). Experiência sobre a implementação da filosofia lean em uma obra de condomínio horizontal de interesse social em Santa Maria – RS. Revista Espacios. Vol. 36 (nº 16) ano 2015. Pág. 4.

Tonin, L. A. P., Schaefer, C. O. (2013). Diagnóstico e aplicação da Lean Contruction em construtora. Iniciação Científica Cesumar, ano 2013.

Rocha, M. D. & Oliveira, C. A. P. (2018). Subsídios Para O Planejamento E Controle Da Produção A Partir Da Abordagem Lean Construction. Unievangélica Curso de Engenharia Civil, ano 2018.

Senra N. M. G.; Mussi J. A. O.; Miranda R. D., Rodrigues G. L. A. (2016). Estudo Sobre A Filosofia De Gerenciamento De Obras Lean Construction E A Aplicação No Retrofit Do Condomínio Saint Michel Do Empreendimento Ilha Pura. Revista Augustos, ano 2016.

Vivian, A. L.; Ortiz, F. A. H.; Paliari, J. C. (2016). Modelo para o desenvolvimento de projetos kaizen para a indústria da construção civil. Gest. Prod. vol.23 no.2 São Carlos Apr./June 2016 Epub May 14, 2016.

Ferreira, R. S.; Silva, M. G., 2018. Lean Office: uma aplicação no planejamento de ordens de manutenção. Revista de Iniciação Científica da ULBRA, Canoas, n.16, p.187-203, ano 2018.

Womack, J.P.; jones, D.T. A Mentalidade enxuta nas empresas. Rio de Janeiro: Elsevier/Campus, 2004

Borges, T. M. D.; Queiroz, F. C. B. P.; Araújo L. E. D., Furukava, M; Queiroz, J. V. (2017). Princípios da construção enxuta no processo de planejamento de uma construtora de grande porte de Natal (RN). Journal of Lean Systems, 2017, Vol. 2, Nº 1.

[1] Bacharel, Engenheiro Civil.

[2] Bacharel, Engenheira Civil.

[3] Bacharel, Engenheira Civil.

Enviado: Fevereiro, 2019.

Aprovado: Março, 2019.

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