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Jacobs, Frankl e Morin: a busca de sentido de um personagem das histórias em quadrinhos inserido na complexidade urbana de uma grande cidade

RC: 106099
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/historias-em-quadrinhos

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

BRUGGEMANN, Marcelo Vagner [1]

BRUGGEMANN, Marcelo Vagner. Jacobs, Frankl e Morin: a busca de sentido de um personagem das histórias em quadrinhos inserido na complexidade urbana de uma grande cidade. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 02, Vol. 01, pp. 19-39. Fevereiro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/historias-em-quadrinhos, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/historias-em-quadrinhos

RESUMO

Houve um tempo em que as Histórias em Quadrinhos (HQs) eram consideradas inadequadas para a aprendizagem dos alunos. Entretanto, atualmente, elas têm se mostrado como um importante meio para uma boa formação destes, sendo seus enredos formados por profundos debates. Nessa direção, o professor, sendo conhecedor da complexidade das grandes cidades e aquele que observa a importância de o aluno ler as HQs, merece destaque como mediador para um melhor desenvolvimento dos discentes, os tornando questionadores, aptos a debater, dialogar e refutar, numa influência mútua real, onde o ato de ler é vivenciado em toda sua plenitude. Logo, o presente artigo, visa responder: como pode ser possível buscar sentido de vida em uma sociedade complexa? O objetivo deste artigo é compreender de que maneira a cidade, como meio urbano vivido e sentido, pode ser analisada pela ótica de um herói cego, o Demolidor, criado por Stan Lee na década de 1960, cujo personagem incorpora a busca de sentido para a vivência cotidiana na cidade de Nova York. Trata-se de um artigo de cunho bibliográfico com caráter qualitativo. Os resultados apontam que, na complexidade urbana, através da grande “dança mecânica” e “balé complexo”, os heróis tanto das HQs como da vida real – respectivamente Demolidor e Jane Jacobs – tiveram uma vivência pautada na luta por um ideal comum, onde encontraram um sentido de vida, sendo exemplos de “heroísmo” para uma geração, tanto de fãs como de pessoas e sujeitos-cidadãos “comuns”. Essa analogia entre as HQs e a vida real revela sua importância, também, para com o professor, o qual, por meio desta perspectiva, pode direcionar um sentido de vida ao aluno. Portanto, essa relação criada neste artigo traz a concepção de que o sentido de vida tão arduamente construído pelo herói da Marvel – o Demolidor – e por Jacobs, está num bairro defendido apaixonadamente, trazendo à baila a importância de o indivíduo pertencer e formar uma identidade de lugar de vivência, para que assim seja possível descobrir o seu sentido de vida.

Palavras-chave: Complexidade Urbana, Busca de Sentido, História em Quadrinhos.

INTRODUÇÃO

Platão e Aristóteles entendem a pólis, como o lugar onde “[…] se encontra aquilo que abrange todas as esferas da vida espiritual e humana e determina de modo decisivo a sua estrutura” (JAEGUER, 2011, p. 107). Nesse sentido, a cidade e o cidadão são inseparáveis, sendo a cidade virtuosa, o lugar da consolidação de valores sólidos, como estruturas de uma pólis justa. Para tanto, os heróis mitológicos contribuíram decisivamente para a formação do bom caráter humano, pois eram esses heróis que lutavam contra o mal, dando exemplo de virtude, valor e ética aos mortais.

Hoje, os heróis continuam presentes no imaginário popular através das HQs, exibidas nos filmes dos cinemas ou ainda das séries de TV. É quase indiscutível que, mesmo na consciência fantasiosa no imaginário popular, esses heróis colecionam legiões de fãs por todo mundo, os quais por meio das mensagens presentes no enredo, podem ser alvo de profundos debates sobre o ser virtuoso em relação ao meio urbano complexo (BREDA, 2010).

Compreende-se esses modelos de virtudes como um meio para a educação moral, podendo, assim, contribuir para a boa formação dos jovens, como por exemplo, o herói deficiente visual – Demolidor –que horas se mostra angustiado, outras vezes frustrado, vive momentos de alegrias, mas também de tristezas, e quando o medo surge no horizonte, ele se apega à sua fé (FILHO, 2019). São sentimentos comuns e semelhantes em qualquer jovem do meio urbano complexo, contribuindo, assim, para a reflexão de si sobre a vivência na cidade.

Autores como a jornalista Jane Jacobs (2011), referência para o estudo do meio urbano, bem como o psicólogo Viktor E. Frankl (2019), o qual se debruça sobre a logoterapia, e a teoria do pensamento complexo de Edgar Morin (1996), são, neste artigo, fundamentos epistemológicos para a compreensão e análise de relações desse universo urbano do herói cego de Stan Lee, criado na década de 1960.

Portanto, trata-se de um artigo bibliográfico e qualitativo, o qual tem a objetivo compreender de que maneira a cidade como meio urbano vivido e sentido, pode ser analisada pela ótica de um herói cego, o Demolidor, criado por Stan Lee na década de 60 e vivido por Matt Murdock, cujo personagem incorpora a busca de sentido para a vivência cotidiana na cidade de Nova York. Cabe assim, uma pergunta norteadora, qual seja: como pode ser possível o indivíduo e cidadão “comum” buscar sentido de vida na sociedade atual e complexa?

Para tanto, foi utilizada a obra “Em Busca de Sentido” de Viktor E. Frankl (1984; 2018) para dar respostas a esta pergunta, além de serem utilizados como base conceitos abordados por Jane Jacobs (2011) e Edgar Morin (1996), em conjunto a definições e observações de outros autores que auxiliam na compreensão da análise das HQs, bem como as séries da Netflix.

HQS: DA REJEIÇÃO AO RECONHECIMENTO

Houve uma época em que as HQs eram consideradas inadequadas para a aprendizagem dos jovens; logo, eram rejeitadas tanto por pais como pelos professores. No entanto, a linguagem dos quadrinhos originada nas tiras de jornais no final do século XIX, foi ganhando equilíbrio e alcançou sucesso com publicações especializadas, denominadas gibis, conceituadas como sendo um gênero literário de ficção (MARINHO, s.d.).

Durante todo o século XX, a resistência pela utilização da leitura de quadrinhos em sala de aula permaneceu inalterada. Por um lado, havia a desconfiança de pais e professores em geral, por verem nos quadrinhos uma espécie de “[…] meio de comunicação de vasto consumo e conteúdo” (VERGUEIRO, 2004, p. 7) que poderia influenciar negativamente o caráter dos jovens, visto que esse tipo de leitura era voltado para “[…] o lazer, e por isso, superficiais e com conteúdo aquém do esperado para a realidade do aluno” (VERGUEIRO, 2004, p. 7).

Assim, proibia-se sua leitura nas salas de aula e até nas bibliotecas das escolas, e, segundo as fundamentações dos pedagogos da época, geravam “preguiça mental” nos estudantes e afastavam os alunos da chamada “boa leitura”.

Houve um tempo, não tão distante assim, em que levar revistas em quadrinhos para a sala de aula era motivo de repreensão por parte dos professores. Tais publicações eram interpretadas como leitura de lazer e, por isso, superficiais e com conteúdo aquém do esperado para a realidade do aluno. Dois argumentos muito usados é que geravam “preguiça mental” nos estudantes e afastavam os alunos da chamada “boa leitura” (VERGUEIRO, 2009, p. 9).

Nos dias atuais, as HQs são tratadas pelo universo escolar e acadêmico como uma forma de leitura que expressa ideias, sentimentos, pensamentos e pertencimento de um lugar, contribuindo significativamente para que os alunos possam ler, escrever, criar, pesquisar e dramatizar sobre um determinado tema. Vergueiro (2010, p. 17), lembra que:

[…] o despertar para os quadrinhos surgiu inicialmente no ambiente cultural europeu, sendo depois ampliado para outras regiões do mundo. Aos poucos, o “redescobrimento” das HQs fez com que muitas das barreiras ou acusações contra elas fossem derrubadas e anuladas. De certa maneira, entendeu-se que grande parte da resistência que existia em relação a elas, principalmente por parte de pais e educadores, era desprovida de fundamento, sendo sustentada muito mais em afirmações preconceituosas em relação a um meio sobre o qual, na realidade, se tinha muito pouco conhecimento.

A COMPLEXIDADE DO PERSONAGEM CEGO DAS HQS DE STAN LEE NA INDÚSTRIA HOLLYWOODIANA

A partir de 1900, o gibi tornou-se um meio de comunicação de massa conquistando um número crescente de leitores, impulsionado cada vez mais pelos personagens de super-heróis. Os roteiristas dos quadrinhos tinham a missão de resgatar o imaginário do cotidiano dos cidadãos modernos, relacionando a pólis na antiguidade grega, com seus deuses e heróis que “[…] não são meras fantasias para crianças, e sim um profundo revelador de nosso inconsciente e, ao mesmo tempo, produção social e histórica” (VIANA, 2011, p. 13).

Refletindo a contemporaneidade, percebe-se que os atenienses realmente acreditavam na real existência de Zeus e seu filho Hércules, ou mesmo os Vikings crendo em Odin e seu filho Thor. Diferente, portanto, dos dias atuais, onde se têm a consciência de que os personagens preferidos das HQs são fictícios. A despeito disto, não há o impedimento de venerá-los de maneira fervorosa e aprenderem a complexidade do ser humano que se relaciona com a cidade, com o planeta e com o espaço sideral.

Dentre tantos personagens criados, vale destacar a segunda metade do século XX, quando as HQs dos super-heróis da Marvel, criados em sua maioria por Stan Lee (1922-2018), passaram a ocupar significativos espaços no disputado mercado do entretenimento impresso, tornando-se o verdadeiro algoritmo “[…] da pluralidade complexa da vida humana: sociedade, valores, religião, cultura, comportamento, crenças, aspirações; tudo é encontrável nas histórias dos super-heróis em dimensões distintas e variáveis pela finalidade narrativa” (VIANA, 2001, p. 9).

O universo dos heróis de Lee era carregado de personagens complexos que se relacionavam entre si em dramas onde as ideias, humores, conflitos e personalidades se somavam a intrigadas narrativas, configurando uma estrutura de entretenimento fantasioso inspirado em fatos históricos, sociológicos e teorias científicas, levando o público a se localizar no tempo e espaço, podendo, inclusive, interpretar o enredo de várias formas a partir da realidade de cada um.

Na década de 1990, Hollywood chamou para si a responsabilidade de levar para as telas dos cinemas os personagens de Lee. O faturamento dos investimentos das produções cinematográficas estava garantido pelo velho público fiel dos quadrinhos, que teriam agora a oportunidade de contemplar seus heróis estáticos das páginas dos gibis na movimentação tecnológica da tela do cinema. E de fato, o sucesso da Marvel foi muito além do esperado, fazendo com que a própria Disney, despejasse em 2009, a quantia de US$ 4 bilhões para a compra dos estúdios Marvel, popularizando, assim, os heróis de Lee por todo o planeta (IGN, 2009).

A Netflix[2], também, não ficou para trás e passou a investir cada vez mais em heróis da Marvel, como: Punho de Ferro, Justiceiro, Luke Cage, Jessica Jones e, em 10 de abril de 2015, lançou a primeira temporada da série Demolidor. Esta serie ganhou destaque devido a pouca descaracterização da personagem original das HQs, evidenciando apenas uma abordagem mais sinistra e violenta, reforçando, assim, a narrativa do lado sombrio da cidade e seu sistema corrupto dominado por gangues, facções criminosas e até a polícia, que na série da TV se apresenta envolvida com todos os tipos de crimes, revelando um lado nebuloso da existência humana.

A Disney e Netflix sempre buscaram atender a linguagem e o perfil do seu público, adaptando os super-heróis da Marvel de 40, 50 anos atrás para os dias atuais. Isto ocorre devido ao fato de que o conceito de herói para a criança de ontem pode não ser o mesmo para a de hoje, mas para os mais velhos, os valores do passado, certamente, precisam se fazer presentes nos atuais.

Dentre vários personagens, enredos e tramas que mudaram e se adaptaram ao longo das décadas, o herói cego, é um dos poucos que, em sua totalidade, se aproxima da originalidade. Curiosamente, como é apresentado nas séries Netflix, Murdock, continua com o mesmo enredo, com a mesma estrutura narrativa, sendo o mesmo pacato advogado deficiente visual, morador da cidade de Nova York, que nas horas vagas troca de roupa e transforma-se no “Demolidor”.

Narrativa pode ser definida como a sucessão dos fatos de uma obra, a sequência das ações em um texto. Essa sequência cria determinado tipo de significado. E é essa significação que faz com que a narrativa se desenvolva. Para o estudo de uma adaptação, é bastante interessante a percepção de duas classes distintas, mas não necessariamente opostas, nas quais se pode pensar o desenvolvimento das ações: o enredo e a trama (VERGUEIRO; RAMOS, 2015, p. 136).

Diferente de tantos personagens que sofreram mudanças até radicais dos originais, como: Homem de Ferro, Super Man, Homem Aranha, Batman, Mulher Maravilha, assim por diante, o Demolidor, não encontra dificuldades para naturalmente conquistar novas gerações. O maniqueísmo continua sendo a principal característica do herói, que de todo modo pode ser tratado como um anti-herói, devido a sua gana de justiça, mesmo que não seja feita pelas vias dos tribunais, mas pelas próprias mãos. Isso porque, o Demolidor se preocupa com os problemas pontuais da sociedade. Ele quer combater o crime e deter a corrupção, mas, não renuncia a seus ideais de justiça e luta, noite após noite, para impedir que aconteça com outra criança, o que aconteceu com ele: perder a visão em um acidente e o pai em um assassinato.

A ECOLOCALIZAÇÃO HUMANA: STAN LEE E UM HERÓI URBANO PRÓXIMO DO “POSSÍVEL”

Nos quadrinhos, o Demolidor é um típico herói urbano, que convida o leitor a olhar a cidade por dentro, sendo seu local de domínio a própria vizinhança onde reside, bem diferente dos outros heróis, como: Homem Aranha, Thor, Hulk, Homem de Ferro, Super Man etc. que sempre nos trazem a visão da cidade por cima, do lado, por fora, levando-nos ao encantamento da contemplação da grandeza da cidade.

Murdock, o Demolidor, é um herói das ruas, dos becos, dos bares, dos prostíbulos, muito mais perto da “sujeira”. Entenda-se aqui “sujeira” como “violência”, produzida por seres humanos, onde todos os dias a cidade precisa ser limpa. Portanto, Murdock, o advogado, vive no limiar entre o justo e o injusto, entre o bem e o mal, observando de um lado a cidade vista por dentro, com os crimes nas vielas de Hell’s Kitchen, e do outro, a fé católica a qual ele é fervorosamente praticante. Nesta dualidade, a personagem, permanece em eterna busca de um sentido para preencher seu vazio existencial.

Figura 1: Cena Netflix.

Cena Netflix 1
Fonte: Netflix (2015).

Figura 2: Cena Netflix.

Cena Netflix 2
Fonte: Netflix (2015).

Figura 3: Cena Netflix.

Cena Netflix 3
Fonte: Netflix (2015).

Figura 4: Cena Netflix.

Cena Netflix 4
Fonte: Netflix (2015).

Essa complexidade da busca do ser humano para fazer sentido para sua vida no meio urbano se deve ao fato que o criador do “homem sem medo”, é um homem do seu tempo. Os personagens de Lee sempre foram complexos, marcados por conflitos internos, carregados de dilemas éticos, desvios de comportamento, crises existenciais e de consciência, além de dúvidas quanto ao próprio papel na sociedade.

O Demolidor seria, portanto, um paciente fascinante para o psiquiatra Vicktor E. Frankl (1984; 2018) devido a seus conflitos existenciais e, também, para o cientista Donald Griffin[3] (1959), o qual trouxe à tona o conhecimento revolucionário da ecolocalização animal. Não se sabe se nos anos 60, Stan Lee conheceu os estudos de Frankl e Griffin, mas o fato é que ambos, se vivos fossem, poderiam atestar que o personagem de Stan Lee está hoje bem próximo do limite do possível.

O herói cego de Lee, tem a percepção de pessoas, ambientes e objetos à sua volta por meio da construção de uma imagem mental utilizando-se da ecolocalização. Na vida real, podemos mencionar o exemplo real de Ben Underwood, que aos três anos perdeu a visão devido a um câncer nos olhos. Depois disso, ele desenvolveu uma espécie de radar ou sonar, que o permitiu orientar-se pelo eco que o som produz, o que possibilitou a Underwood, até os 17 anos, uma vida totalmente normal.

Figura 5: Ben Underwood faz malabarismo na bicicleta como qualquer jovem.

Fonte: Paula (2010).

Figura 6: Joga basquete e acerta as cestas.

Joga basquete e acerta as cestas
Fonte: Paula (2010).

O exemplo de Underwood, leva os cientistas do mundo todo a se mobilizarem para tentar entender como o cérebro humano de uma pessoa cega lida com a percepção dos objetos, ambientes e pessoas à sua volta. Não existe ainda uma resposta sobre a natureza do “sentido de radar” do herói cego das HQs, e como isso pode ser associado à ecolocalização dos deficientes visuais. O que se sabe é que a ecolocalização como teoria, explica que é uma forma de ecolocalizar-se por meio de energias eletromagnéticas, sons. Neste caso, a emissão de ondas de rádio para o cérebro (HARDACH, 2019).

De todo modo, Stan Lee foi muito feliz na criação do herói cego, pois os estudos da ecolocalização de hoje somam-se às análises do personagem Demolidor como um ser humano semelhante a tantos humanos que têm no seu lugar de vivência, o meio urbano, um conflito interno na busca de um sentido para sua vida diante das mazelas da sociedade, necessitando de pessoas comuns que lutam pela melhoria do lugar, e, portanto, o qual não precisou ser alterado ao longo desses quase 60 anos de existência.

RELACIONANDO A FICÇÃO DE MATT MURDOCK COM A REALIDADE DE JANE JACOBS

O herói cego e urbano de Stan Lee está contextualizado na década de 1960, período da Guerra Fria (1947-1989), de grandes discursos ideologicamente revolucionários que são empurrados pelas mega editoras da URSS que inundavam o mundo com publicações ideologicamente marxistas.

Por sua vez, em Nova York, a capital financeira do mundo capitalista, Robert Moses assistia sua própria consagração como um urbanista, uma lenda para a megacidade estadunidense que, naquele momento, já havia assistido a desfavelização de várias áreas nova-iorquinas, dando espaço para a abertura de grandes vias de acessos. Este homem ficou conhecido como “o desfavelizador”, “o arrasador de bairros”. Era ele o construtor de megaempreendimentos, que “rasgavam” a cidade com longas e largas pontes, viadutos, avenidas e bulevares.

É nesse palco que acontece um duelo urbano. De um lado, o urbanista Robert Moses, que há décadas ditava as regras do urbanismo em Nova York e de outro Jane Jacobs, uma jornalista.

Jacobs é a defensora de Greenwich Village que, neste contexto, pode ser comparada com o próprio personagem da ficção de Stan Lee. Já Robert Moses, seria o Wilson Fisk (Rei do Crime), inimigo feroz do Demolidor, que é tem a visão de ser o dono da cidade, podendo fazer dela o que bem entender.

Figura 7: Robert Moses.

Robert Moses
Fonte: Wikipedia contributors (2021).

Figura 8: Rei do Crime.

Rei do Crime
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre (2020).

A princípio, uma reles jornalista dos guetos de Greenwich Village, a qual nunca experimentou os bancos acadêmicos de uma universidade de Arquitetura, Urbanismo ou Engenharia, não seria digna de sequer ter alguns segundos de perda de sono do prestigioso Robert Moses. Que a saber, na mitologia nova-iorquina, é um urbanista megalomaníaco que arrasa bairros inteiros em nome do capital, construindo a West Side Highway, podendo, assim, ser comparado com o Wilson Fisk, o Rei do Crime, que nos quadrinhos da Marvel pensava, inicialmente, que um herói deficiente visual não lhe representava nenhuma ameaça, já que era cego.

Contudo, assim como o herói das HQs, tinha outros poderes que iam muito além da visão, Jane Jacobs, apesar de não ter os conhecimentos de arquitetos e urbanistas da época, tinha o poder de se comunicar com a população por meio dos textos jornalísticos, da escrita bem fundamentada, instrumentos estes que se opunham vigorosamente aos megaprojetos urbanísticos e arquitetônicos de Robert Moses.

Semelhante ao Demolidor, Jacobs olhava a cidade por dentro, sentia a própria realidade a começar pela rua que dialogava com as calçadas e edifícios, constituindo as referências que caracterizam e identificam o lugar. “O balé da boa calçada urbana nunca se repete em outro lugar, e em qualquer lugar está sempre repleto de novas improvisações” (JACOBS, 2011, p. 43).

Figura 9: Cena da revista Superaventuras julho de 1982.

Cena da revista Superaventuras julho de 1982
Fonte: Marvel Comics (1982).

Figura 10: Cena da revista Superaventuras Marvel, ed. 1, julho de 1982. Marvel, ed. 1,

Cena da revista Superaventuras Marvel, ed. 1, julho de 1982. Marvel, ed. 1
Fonte: Marvel Comics (1982).

Assim como o Demolidor, Jacobs (2011) procurava justiça nas ruas de Nova York, importando-se com os pequenos detalhes da vida e da complexidade das áreas urbanas, pois como pertencia e se identificava com o lugar de vivência, buscava notar fatos que passam despercebidos para a maioria dos arquitetos e urbanistas.

Sob o nítido tumulto da cidade tradicional, há nos espaços em que ela funciona, uma ordem admirável que fornece garantia de segurança e de liberdade. Jacobs vê a complexidade da cidade, onde essa ordem forma-se de mudança e movimento, e, “[…] embora se trate de vida, não de arte, podemos chamá-la, na fantasia, de forma artística da cidade e compará-la à dança” (JACOBS, 2011, p. 43). Para Jacobs não é “[…] uma dança mecânica […], mas um balé complexo, em que cada indivíduo e os grupos têm todos os papéis distintos, que por milagre se reforçam mutuamente e compõem um todo ordenado” (JACOBS, 2011, p. 43).

VIKTOR FRANKL E O PERSONAGEM MURDOCK COMO OBJETO DE ESTUDO

Se o Demolidor pode ser relacionado com Jane Jacobs (2011), a relação com Viktor Frankl (1984; 2018) fica ainda mais interessante quando se observa que Matt Murdock, aprisionado na solidão de seu passado, procura um sentido para sua vida, buscando uma justiça que parece não ter fim – definição que tentaremos explicar por meio de sua obra “Em Busca de Sentido” de 1984. Este livro mostra relatos de prisioneiros de campos de concentração, que mesmo em situações severas de subsistência encontraram alento em suas mentes para suportar a dor e poder viver suas vidas; além de relatar pessoas que sem sentido de vida, acabaram perecendo de forma dolorosa e rápida. Em uma de suas frases preferidas, Frankl cita Nietzche ao dizer: “Quem tem por que viver pode suportar quase qualquer como” (FRANKL, 2018, p. 07).

Figura 11: Cena da revista Superaventuras Marvel, ed. 1, julho de 1982. Observe que na lateral esquerda da poltrona, está o fantasma do Demolidor, a única companhia do próprio Murdock.

Cena da revista Superaventuras Marvel, ed. 1, julho de 1982. Observe que na lateral esquerda da poltrona, está o fantasma do Demolidor, a única companhia do próprio Murdock
Fonte: Marvel Comics (1982).

No campo de concentração todas as situações conspiram para fazer com que o prisioneiro perca o controle. Todos os objetivos de vida são desfeitos. Para Frankl “A única coisa que sobrou é ‘a última liberdade humana’ – a capacidade de escolher a atitude pessoal que se assume diante de determinado conjunto de circunstâncias” (FRANKL, 2018, p. 07). Esta última liberdade adota uma vívida significação na história do autor, ao relatar que “Os prisioneiros eram apenas cidadãos comuns; mas alguns, pelo menos, comprovaram a capacidade humana de erguer-se acima do seu destino externo ao optarem por serem ‘dignos do seu sofrimento” (FRANKL, 2018, p. 07).

De modo natural, Frankl, como psicoterapeuta, intenta ajudar as pessoas a alcançarem a capacidade de humanos, despertando no paciente o sentimento de que ele é responsável por algo diante sua vida, tendo um sentido e um propósito para o qual deseja viver, por mais penosa que sejam as situações.

E assim como esses prisioneiros de campos de concentração, Matt Murdock, o Demolidor, também busca um sentido para sua vida e, paulatinamente, vai encontrando-o. Nas HQs mostra-se que Matt é um homem sofrido, machucado, magoado e abalado, assim como são os prisioneiros dos campos de concentração na época de ascensão do nazismo. Quando ele traja suas vestes de Demolidor, esses sentimentos agravam-se ainda mais. Mesmo que Stan Lee tenha construído um personagem risonho e animado, a dualidade e as tragédias trazem à tona estes sentimentos.

Para alguns críticos, por vezes, tanto sofrimento da personagem é exagerado, entretanto, para o fã, cada gota de sangue emaranhada com suas lágrimas é algo precioso. Para eles, perder a visão, o amor da sua vida, o pai, a identidade secreta, e tantas outras coisas e, ainda assim, mostrar resiliência, lutando com “unhas e dentes” e buscando um sentido para sua vida, é de se admirar.

Para Viktor Frankl, segundo a sua logoterapia, podemos encontrar sentido na vida de três formas: “1. criando um trabalho ou praticando um ato; 2. experimentando algo ou encontrando alguém; 3. pela atitude que tomamos em relação ao sofrimento inevitável” (FRANKL, 1984, p. 76).

Entretanto, qual a relação disto com o herói analisado? Vimos que Matt Murdock buscou seu sentido de vida no trabalho, graduando-se em Direito e abrindo seu próprio escritório, além de ter um grande amigo como Franklin “Foggy” Nelson. Ele se tornou o Demolidor e encontrou seus grandes amores, sendo que “Por seu amor a pessoa se torna capaz de ver os traços característicos e as feições essenciais do seu amado; mais ainda, ela vê o que está potencialmente contido nele, aquilo que ainda não está, mas deveria ser realizado” (FRANKL, 1984, p. 77). Outra relação que podemos estabelecer é com relação ao sofrimento enfrentado por Matt. Nas palavras de Frankl, “A terceira forma de encontrar um sentido na vida é sofrendo” (FRANKL, 1984, p. 77). Portanto, foi se aperfeiçoando em seu trabalho, encontrando alguém, se tornando o Demolidor e sofrendo que Matt descobriu sentido para sua vida. E, assim, também, foi para Jane Jacobs.

Paralelamente a Matt Murdock, que observava a cidade por dentro, vendo a “sujeira” onde vivia, e tentando vencer Wilson Fisk lutando por seu bairro (Hell’s Kitchen), Jane Jacobs, vivenciou um cenário parecido, onde Robert Moses, o então poderoso urbanista, tentou “destruir” seu bairro (Greenwich Village).

Portanto, Jacobs também comprova as palavras de Viktor Frankl, ao possuir as três diferentes formas de sentido de vida, pois via a mesma apreensão maternal com o destino dos típicos e pequenos bairros das complexas cidades, lutando por um ideal comum como Matt Murdock, pois a partir dos anos 50, Robert Moses começou a ameaçar fazer operações de reurbanização que demoliam não somente casas, mas também alteravam todo o estilo de vida que as pessoas tinham. Defendendo essa causa, Jacobs se lançou em uma “guerrilha”, fazendo manifestações públicas para defender sua causa e que ocasionaram, até mesmo, sua prisão nas décadas de 50 e 60.

MURDOCK NA CIDADE DE JACOBS À LUZ DO PENSAMENTO COMPLEXO DE EDGAR MORIN

À luz de Morin (1996), a palavra “complexidade” é aquela que não faz reprodução dos pensamentos simplistas e nem reducionistas, de modo que a complexidade não é vinculada a uma vertente de pensamento. Portanto, compete ao pensamento complexo ter a capacidade de considerar as influências que são recebidas no âmbito externo e interno, agindo de maneira não individual e não isolada, relacionando ações nas quais desdobram novas faces. O pensamento complexo expande o saber e leva a um maior conhecimento sobre os nossos problemas básicos, interligando-os, contextualizando-os, colaborando com a competência de enfrentar a incerteza e a insegurança.

O autor traz o princípio de que o pensamento é o que nos consente conectar às coisas que estão isoladas umas as outras. Para tanto, faz-se imprescindível a edificação de uma ideia multidimensional. Para Morin, o pensamento parte das “[…] noções de ordem/desordem/organização, sujeito, autonomia e da auto-eco-organização como elementos decorrentes e presentes na complexidade” (PETRAGLIA, 1995, p. 41). Destarte, a complexidade é raciocinada não de modo como é utilizada no cotidiano, todavia, sim, “[…] onde se produz um emaranhamento de ações, de interações e de retroações” (MORIN, 1996, p. 274).

Jane Jacobs via a complexidade das cidades como:

[…] veja só o que construímos com os primeiros vários bilhões: conjuntos habitacionais de baixa renda que se tornaram núcleos de delinquência, vandalismo e desesperança social generalizada, piores do que os cortiços que pretendiam substituir; conjuntos habitacionais de renda média que são verdadeiros monumentos à monotonia e à padronização, fechados a qualquer tipo de exuberância ou vivacidade da vida urbana; conjuntos habitacionais de luxo que atenuam sua vacuidade, ou tentam atenuá-la, com uma vulgaridade insípida; centros culturais incapazes de comportar uma boa livraria; centros cívicos evitados por todos, exceto desocupados, que têm menos opções de lazer do que as outras pessoas; centros comerciais que são fracas imitações das lojas de rede suburbanas padronizadas; passeios públicos que vão do nada a lugar nenhum e nos quais não há gente passeando; vias expressas que evisceram as grandes cidades. Isso não é reurbanizar as cidades, é saqueá-las (JACOBS, 2011, p. 15).

Essa complexidade é explicada por Edgar Morin em seu livro “Introdução ao Pensamento Complexo”. Paralelo a isto, Jacobs afirma ser “[…] efetivamente o tecido de acontecimentos, ações, interações, retroações, determinações, acasos, que constituem nosso mundo fenomênico” (JACOBS, 2011, p. 16). E dialogando com Jacobs, “As cidades são um imenso laboratório de tentativa e erro, fracasso e sucesso, em termos de construção e desenho urbano. É nesse laboratório que o planejamento urbano deveria aprender, elaborar e testar suas teorias” (JACOBS, 2011, p. 16). É preciso observar por uma outra perspectiva essas cidades complexas, pois,

Ao contrário, os especialistas e os professores dessa disciplina (se é que ela pode ser assim chamada) têm ignorado o estudo do sucesso e do fracasso na vida real, não têm tido curiosidade a respeito das razões do sucesso inesperado e pautam-se por princípios derivados do comportamento e da aparência de cidades, subúrbios, sanatórios de tuberculose, feiras e cidades imaginárias perfeitas – qualquer coisa que não as cidades reais (JACOBS, 2011, p. 16).

Por mais de cinco décadas, além de ser autora de influentes teorias, Jane Jacobs acabou virando sinônimo de ativismo urbano, de tal modo como o herói das HQs, o Demolidor, atuava nas ruas de Hell’s Kitchen, que inventou e reinventou táticas de enfrentamento contra Wilson Fisk, o Rei do Crime.

Em toda essa relação de complexidade urbana, o pensamento complexo de Morin (2015) traz para o herói de Stan Lee e para a jornalista Jane Jacobs, o sentimento de pertencer e se identificar com o lugar de vivência e, consequentemente, o sentido para se viver. Assim como é para o Demolidor, que vive constantemente sua vida de pequenos gestos, seja ajudando algum “velhinho” a atravessar a rua ou se importando com pequenos detalhes, seja em atos corruptos que se desenvolvem na sociedade, seja pela luta por bons dias em seu bairro Hell’s Kitchen tendo com o poderoso Wilson Fisk um embate corpo a corpo, Jacobs retratar que, haja vista esse emaranhado de relações ser “Feito de gestos pequenos, anônimos e rotineiros – as crianças que vão para a escola, o comerciante que abre a loja, os estranhos que frequentam o bar […] –, esse “balé da calçada” é executado dia e noite” (JACOBS, 2011, p. 11). Portanto, Jane Jacobs, se associa a HQ de Stan Lee, que podem ser utilizadas para ensinar que há uma intensa relação entre a ficção e a realidade, pois na década de 60 a jornalista travou confrontos – não vamos dizer com o “vilão” – com Robert Moses, e observava a complexidade nas ruas de Nova York.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este presente estudo relatou que as HQs foram até o fim do século passado criticadas e desprestigiadas por diversos educadores e outros membros que compõem a comunidade escolar. Porém, atualmente, seu valor pedagógico demonstra que a didática presente de seus elementos faz delas uma ferramenta eficaz no apoio para com os alunos leitores conhecedores e assíduos em relação à importância da leitura.

Nos dias atuais, as HQs são tratadas pelo universo escolar e acadêmico como uma forma de leitura que expressa ideias, sentimentos e pensamentos, contribuindo significativamente para que os alunos possam ler, escrever, criar, pesquisar e dramatizar sobre um determinado tema.

Nessa direção, merece destaque o professor, visto que como conhecedor da complexidade que há na cidade e aquele que observa a importância do aluno em ler as HQs, pode atuar como mediador para um melhor desenvolvimento, tornando o discente, questionador, apto a debater e dialogar. Posto que o gênero discursivo em HQs, muito além das páginas humorísticas e multicoloridas, estimula leituras que exploram diversificados signos, cooperando para que o aluno possa aprofundar e ampliar aquilo que lê, dando um sentido à sua vida no meio urbano.

Desta feita, retomando a questão norteadora: como pode ser possível buscar sentido de vida em uma sociedade complexa? Concluiu-se que, assim como há o herói Matt Murdock, buscando seu sentido de vida no trabalho, além de ter um grande amigo, se tornando o Demolidor e encontrando o amor, também, observamos Jane Jacobs, que ao possuir as três diferentes formas de sentido de vida de Viktor Frankl (1984; 2018), via a mesma inquietação com o destino dos bairros complexos das cidades, lutando por um bem comum como Matt também o fizera. Nesse contexto, o homem moderno – relembrando o que dizia Aristóteles e Platão, que o cidadão e a cidade são inseparáveis (JAEGUER, 2011) – introduzido em uma cidade complexa, deve buscar ter um trabalho ou praticar um ato bondoso, experimentar algo ou encontrar um grande amor, ou através da atitude que possa ser tomada quanto ao próximo, pois isso fará com que a pessoa, ao contrário do que foi visto em muitos indivíduos nos campos de concentração do nazismo, possa assim ter um sentido para viver em uma sociedade complexa.

Conclui-se que essa relação criada neste artigo trouxe a concepção de que a vida é um verdadeiro palco de acontecimentos, que assim como o herói Matt Murdock e as defesas de Jacobs por seu bairro, é necessário procurar um meio de pertencer e formar uma identidade de lugar de vivência, para que assim possamos descobrir o sentido de vida. Neles há a utopia da busca incansável pela humanização e compreensão da cidade por meio da observação de suas formas e, sobretudo, de seu cotidiano.

REFERÊNCIAS

BREDA, Gabriel da Silva. Os Heróis dos Quadrinhos como Influência para o Surgimento de um Herói na Sociedade Atual. UniCEUB, Brasília, 2010. Disponível em: https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/123456789/1103/2/20655046.pdf. Acesso em: 09 dez. 2021.

FILHO, Carlos Ribeiro Caldas. Quadrinhos e Teologia: O Demolidor da Marvel como um Cavaleiro Cristão. v. 9, n. 18, 2019. Disponível em: file:///C:/Users/losch/Downloads/Dialnet-QuadrinhosETeologia-7135126.pdf. Acesso em: 09 dez. 2021.

FRANKL, Viktor. Em Busca de Sentido. 1984. Disponível em: http://mkmouse.com.br/livros/EmBuscaDeSentido-ViktorFrankl.pdf. Acesso em: 09 dez. 2021.

FRANKL, Viktor. Em Busca de Sentido. 44° ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2018.

GRIFFIN, Donaldi Redfield. Echoes of bats and men, Anchor Books Doubleday & Co, New York, 1959.

GROSS, Charles Gordon. Donald R. Griffin 1915 – 2003. National Academy of Sciences. Biographical Memoirs, v. 86, 2005. Disponível em: http://www.nasonline.org/publications/biographical-memoirs/memoir-pdfs/griffin-donald.pdf. Acesso em: 09 dez. 2021.

HARDACH, Sophie. Ecolocalização: o que os seres humanos podem aprender com os golfinhos. BBC Future, 12 maio 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-47926489. Acesso em: 09 dez. 2021.

IIDA, Clarisse Lumi Nakao. Estratégias de Comunicação no Facebook: como a Netflix Promoveu a Quarta Temporada de Orange is the New Black. Universidade Federal de Juiz de Fora, julho de 2016. Disponível em: https://www.ufjf.br/facom/files/2016/06/MONOGRAFIA-CLARISSE-LUMI-NAKAO-IIDA.pdf. Acesso em: 09 dez. 2021.

International Guardianship Network – IGN. The Disney/Marvel Deal: What It Means for Movies. 2009. Disponível em: https://web.archive.org/web/20120812011247/http://movies.ign.com/articles/101/1019890p1.html. Acesso em: 09 dez. 2021.

JACOBS, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3843818/course/section/923498/JACOBS-Jane-1961-Morte-e-Vida-de-Grandes-Cidades%20%281%29.pdf. Acesso em: 09 dez. 2021.

JAEGUER, Werner. PAIDEIA – A formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

MARINHO, Fernando. História em quadrinhos. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/historia-quadrinhos.htm. Acesso em: 09 dez. 2021

MORIN, Edgar. Epistemologia da complexidade. In: SCHNITMAND, D. Novos paradigmas, cultura e subjetividade. Porto Alegre: Artmed, 1996. p. 189-220.

MORIN, Edgar. Introdução ao Pensamento Complexo. 2015.

NETFLIX. E por falar no d…. O Demolidor, Marvel, 2015. Nono episódio da primeira temporada da série exibida pela Netflix. Disponível em: https://www.netflix.com/watch/80018199?trackId=13752289. Acesso em: 09 dez. 2021.

NETFLIX. No Círculo. O Demolidor, Marvel, 2015. Primeiro episódio da primeira temporada da série exibida pela Netflix. Disponível em: https://www.netflix.com/watch/80018199?trackId=13752289. Acesso em: 09 dez. 2021.

PAULA, Ronise. Ben, O menino golfinho. Youtube, 2010. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=vTDlveYlcEM. Acesso em: 09 dez. 2021.

PETRAGLIA, Izabel Cristina. Edgar Morin: A educação e a complexidade do ser e do saber. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1995.

WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Rei do Crime. Flórida: Wikimedia Foundation, 2020. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Rei_do_Crime&oldid=59594759. Acesso em: 09 dez. 2021.

WIKIPEDIA contributors. Robert Moses. In: Wikipedia, The Free Encyclopedia. Retrieved, 2021. Disponível em: https://en.wikipedia.org/w/index.php?title=Robert_Moses&oldid=1058551138. Acesso em: 09 dez. 2021.

APÊNDICE – REFERÊNCIA NOTA DE RODAPÉ

2. É uma empresa global de filmes e séries de televisão via transmissão. Fundada em 1997, conta hoje com mais de 100 milhões de assinantes, sendo “[…] um site/aplicativo que oferece conteúdo audiovisual através de um fluxo de mídia conhecido por “streaming”. Esse processo é uma forma de distribuição de dados, geralmente de multimídia, em uma rede através de “pacotes” (IIDA, 2016, p. 1).

3. Professor americano morto em 2003, lecionou zoologia em várias universidades. No início da década de 1940, enquanto estudava na Harvard University, ele começou a estudar o método de navegação dos morcegos, que ele identificou como ecolocalização animal (GROSS, 2005).

[1] Doutorando em Educação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela FIAM-FAAM Centro Universitário. Especialista em Docência do Ensino Superior pela Faculdade Alvorada Paulista. Especialista em Gestão de Cidades e Planejamento Urbano pela Universidade Candido Mendes. Graduado em História pelo Centro Universitário Assunção. Jornalista profissional. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8099-9410.

Enviado: Dezembro, 2021.

Aprovado: Fevereiro, 2022.

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Marcelo Vagner Bruggemann

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