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Como é ser um pesquisador de sucesso – Conhecendo a carreira de pesquisador – Aula dois

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O que devo saber sobre a carreira de pesquisador? Conhecendo as suas principais características e objetivos

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje daremos prosseguimento a nossa segunda aula sobre o que vem a ser a carreira de pesquisador e o que você deve ter e/ou fazer para ter uma carreira de sucesso. Em nossa primeira aula discutimos sobre alguns dos fatores que podem impulsionar este sucesso. De forma resumida, podemos destacar que o tempo e a organização são fatores-chave que podem conduzir você a esse sucesso. Ter um cronograma pessoal e manter uma rotina de pesquisa é o primeiro passo para que consigamos aquilo que denominamos de maturidade acadêmica. Quanto mais tempo de academia, mais experiência teremos com a pesquisa científica, e, dessa forma, as nossas estratégias de leitura e escrita ficarão mais refinadas. Essas estratégias são cruciais, pois agregam valor aos nossos textos, que funcionam como a porta de entrada para que outros pesquisadores se interessem por você.

A importância da humildade na carreira científica

A importância da humildade na carreira científicaNo primeiro post, o nosso olhar concentrou-se, sobretudo, na importância do ato de acreditar. Hoje, iremos nos concentrar no poder da humildade e como ela pode nos beneficiar de diferentes formas. Embora possa parecer uma questão óbvia, a sua discussão é essencial. Muitas pessoas não acreditam nisso, mas sim, a humildade é um elemento chave que faz com que um pesquisador seja considerado bom. Geralmente, pessoas humildes são taxadas de uma forma um tanto negativa: como alguém que tem pouco conhecimento, ou, ainda, como alguém que ninguém conhece, que não se destaca. Contudo, o que ocorre é justamente o contrário. Leonardo da Vinci fala: “pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o céu, enquanto as cheias as baixam para a terra”.

Por que a falta de humildade é um problema?

Por que a falta de humildade é um problema?Destacamos o trecho de Da Vinci porque é o que aflige diversas pessoas. Temos visto que muitas pessoas são excelentes pesquisadores, porém, ao longo de sua jornada, acabam se boicotando, impedindo que essa trajetória seja duradoura. Assim sendo, o que faz com que um pesquisador seja reconhecido como bom diz respeito a sua postura. Pesquisadores que têm a mente aberta para as coisas conseguem renome. Todavia, para que a sua mente esteja sempre aberta ao conhecimento, ao novo, é preciso que você esteja predisposto a receber essas informações. O primeiro passo para isso é aceitar que ninguém é dono de uma verdade absoluta. Uma grande parcela dos artigos que recebemos em nossa revista acabam sendo reprovados porque o pesquisador acredita que basta mencionar as suas próprias convicções para argumentar sobre um tema.

A impossibilidade de esgotar um tema de pesquisa

Um outro motivo que faz com que os artigos sejam reprovados é a ideia de que um único material é capaz de esgotar todo o conhecimento existente sobre um dado tema. Há, ainda, os orientandos que deixam de publicar reflexões valiosíssimas porque não querem publicar em coautoria com o orientador e, por vezes, com outros orientandos. A orientação vem desse professor. É ele quem aponta os melhores caminhos a serem perseguidos. É ele quem lhe instiga a posicionar-se e desenvolver um estudo. Ele é um profissional competente para exercer a função de orientador. Há, ainda, pessoas que se revoltam por terem que embasar os seus textos em outros pesquisadores. Afirmam que têm as suas próprias convicções de pesquisa e que possuem as suas próprias teorias. Todavia, elas não são científicas se você não for parte de uma base sólida e validada.

O embasamento científico

Em todo e qualquer tipo de estudo científico, a fim de que o seu posicionamento possa ser demonstrado de forma científica, é preciso partir de uma base teórica sólida capaz de oferecer os subsídios para as suas teses. Assim sendo, para que o seu texto possa ser aprovado, é preciso que você deixe muito claro de que ponto de vista você está partindo, isto é, qual é a sua base teórica. Por exemplo, em um texto científico, não podemos, simplesmente, afirmar frases do tipo “o cigarro mata”. Essa é a sua concepção de que ninguém deve fumar, porém, na ciência, esse tipo de argumento não é válido se não parte de bases que atestem que o cigarro, de fato, mata. Na literatura, você irá buscar por dados que atestem quanto o cigarro mata e de que forma. É preciso tomar cuidado, pois, para os pacientes com uma taxa muito alta de depressão (ou de qualquer problema psicológico), o cigarro é o menor dos problemas.

A construção científica da linha de raciocínio

Na pesquisa científica, a nossa linha de raciocínio parte sempre de uma teoria e de um método. Com isso, voltamos a defender que é preciso que o pesquisador seja humilde e reconheça que nenhum conhecimento pode ser esgotado. Este conhecimento nunca é absoluto e finalizado, de modo que, a cada dia, novos saberes passam a circular. Assim sendo, é preciso que estudemos a cada dia a fim de que consigamos acompanhar uma pequena parcela desse conhecimento. Além disso, quanto mais conhecemos e estudamos, mais perceberemos que sabemos muito pouco e que há muito mais a ser conhecido. Suponhamos que você goste de uma teoria/autor específicos, isto é normal, porém, ao investigar e aprofundar em uma teoria/autor, é muito comum que percebamos que esta teoria/autor não é capaz de abordar tudo aquilo que é preciso ser debatido no trabalho que está sendo proposto.

Migrando entre perspectivas e autores

A mágica da pesquisa científica é conseguir perceber que uma teoria possui as suas limitações e precisa ser complementada. Esse contraste entre diferentes pontos de vista é o que enriquece a pesquisa científica. Por exemplo, suponhamos que você seja da área da saúde e esteja investigando uma doença que, aparentemente, possui o mesmo padrão para todos os pacientes, porém, ao ler e debruçar-se nesses estudos, perceberá que um conjunto de variáveis impede que os resultados sejam os mesmos para todos. Assim sendo, quando falamos de N, há uma série de considerações que interferem na condução do estudo. Por exemplo, o N brasileiro sobre o aleitamento materno é algo muito mutável, pois, a depender da região (estado e município), escolaridade, raça, etnia, cultura, os resultados são um. Dessa forma, ser humilde para reconhecer que a pesquisa tem limitações é crucial para que você tenha sucesso.

As primeiras posturas como pesquisador

As primeiras posturas como pesquisadorA partir do momento em que você começa a sua jornada em busca de conhecimento, você começa a ficar preparado para desempenhar as atividades acadêmicas fundamentais. Na verdade, nasce uma ansiedade por produzir e contribuir por meio de trabalhos que derivam da sua pesquisa atual. Contudo, nesse processo de amadurecimento, é natural que nos tornemos mais exigentes frente ao que recebemos. É muito comum que espera-se que as pesquisas científicas com as quais terá contato tenha a mesma profundidade que os seus estudos. Dessa forma, busca-se, ao mesmo tempo, por conhecimentos e por embates. Todavia, esses embates devem ser construtivos e, para isso, a humildade é de suma importância. A partir do momento em que o pesquisador aceita a humildade, as pesquisas passam a fluir de uma forma muito melhor. As exposições são mais interessantes do que quando acredita-se ser dono da verdade.

Perigos em achar que somos donos de uma verdade absoluta

Perigos em achar que somos donos de uma verdade absolutaAcreditar que somos donos da verdade pode causar sérios danos à carreira. Quando age dessa forma, não há como ter debate e, sem uma discussão saudável, não há como exercitarmos a humildade na academia. Para tanto, é preciso que, ao lermos textos, procuremos por lacunas que propiciem esse tipo de debate. Lembre-se que o mesmo será feito com os seus próprios textos. Apenas é possível tecer críticas de forma saudável e científica quando temos o conhecimento devido para tal. Assim sendo, é de suma importância que haja pontos de vista diferentes em conflito, sendo, esse conflito, um processo muito positivo e necessário à pesquisa científica. É preciso que você, por meio de seus estudos, agregue valor à ciência propondo soluções para as demandas sociais com as quais lidamos hoje. O pesquisador humilde procura o tempo todo por formas para resolver problemas urgentes. Podem ser macro ou micro.

Critique um ponto de vista sempre a partir de uma base

Um problema corriqueiro que temos notado nos estudos que avaliamos são as críticas sem qualquer tipo de fundamento, isto é, são meros ataques aos pesquisadores envolvidos com a produção que está sendo criticada. Esses ideais, inclusive, são fortemente combatidos por áreas como a filosofia, sociologia e antropologia. Mesmo no caso de discordâncias entre os autores, percebemos que há um profundo respeito compactuado entre os autores basilares dessas áreas. Os pesquisadores dessas áreas liam e interpretavam as obras das áreas correlacionadas a partir de um profundo respeito e cautela, porém, nunca deixaram de contrapor-se. O ideal, portanto, é apresentar os pontos com os quais você concorda e discorda dos textos consultados. Dessa forma, não podemos fazer comentários apenas por fazer, isto é, para criticar. É preciso demonstrar a lógica que ampara um tema que está sendo debatido.

A construção respeitosa do pensamento

Ao escrevermos uma produção, podemos, sim, demonstrar os pontos com os quais não concordamos, porém, é preciso embasar as nossas críticas. É de suma importância recorrer a autores e teorias para contrapor as ideias com as quais não concordamos com base nas leituras que fizemos. Porém, esse processo, para que seja efetivo, demanda muita humildade e respeito ao abordarmos tais teorias. É uma forma de demonstrar aos autores envolvidos que você leu e interpretou a obra de uma certa forma e que não concorda com um determinado ponto. Porém, a discordância não pode ser por si só, como destacamos. Ela parte de uma base que possui um ponto de vista semelhante ao seu. Assim sendo, cumpre destacar que há uma humildade intelectual que faz com que certos autores sejam conhecidos até hoje. Na prática, a situação é um tanto delicada, pois há uma série de alegações sem fundamento.

Conheça com profundidade antes de questionar

Conheça com profundidade antes de questionarTemos percebido, também, que muitos autores tecem certas críticas sem conhecerem a fundo a teoria com a qual não concordam. É preciso que evitemos fazer argumentações de forma polarizada. A polarização nada mais é do que a falta de humildade, de modo que, a partir do momento em que você está polarizado, achando, portanto, que sabe tudo, nega-se ao outro a possibilidade de debater frente às críticas que estão sendo postas a ele. A falta de comunicação é um dos grandes problemas que assola a sociedade contemporânea, não sendo diferente no âmbito acadêmico. A partir do momento que não temos respeito com a ideia do outro, falta respeito, já que o respeito, nesse contexto, está muito ligado com a ideia de humildade. Para isso, é preciso que, em primeiro lugar, reconheçamos que o outro é diferente de nós. O seu contexto de vida e convicções são muito diferentes e precisamos respeitar tais diferenças.

Lidando com pensamentos e posturas diferentes

Uma questão que faz com que você seja um pesquisador diferente é ter a mente aberta para pensamentos e posturas diferentes dos seus. Também imbrica-se nesse processo a necessidade de levarmos em consideração que nenhum resultado é final, já que o próprio conhecimento e o seu curso não tem um fim. A melhor forma de lidar com isso é aceitar que as variáveis existem e podem ser mudadas a qualquer momento, já que o fluxo da pesquisa é influenciado por fatores que sequer foram considerados desde o início. Relacionada a essa questão temos uma outra dificuldade compactuada pelos mais diversos pesquisadores de nosso país: a dificuldade em reconhecer que um estudo possui limitações.

Além da dificuldade em aceitar que todo e qualquer estudo perpassa por limitações, grande parte dos pesquisadores têm dificuldade, ainda, para proporem sugestões para estudos futuros, justamente em virtude do fato de acreditarem que o conhecimento se esgota, o que, como vimos, é um mito. Com isso, torna-se importante nos questionarmos acerca do porquê ser necessário apresentar esse tipo de discussão. A resposta é bem simples: é uma forma de reconhecermos que nenhum estudo é perfeito, que todo estudo tem as suas limitações e nem por isso perdem a sua qualidade. Esse estudo não se esgota nas considerações. As limitações atribuem uma nova visão ao seu estudo e são muito benéficas.

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