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Grupos De Pesquisa – Conhecendo as instâncias que estão dentro das universidades: quem pode participar de um grupo de pesquisa e como esses grupos costumam funcionar?

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O universo dos grupos de pesquisa: quem pode fazer parte desses grupos, como eles funcionam e a sua importância na construção de um vínculo com o orientador e a pesquisa

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje iremos discutir um pouco mais sobre uma estratégia que sempre indicamos para aqueles que querem fazer um curso de mestrado ou de doutorado em uma instituição diferente daquela na qual fizeram o seu curso de graduação ou, ainda, para aqueles alunos que estão dentro de uma instituição, mas ainda não fazem parte de nenhum grupo ou núcleo de pesquisa. Como temos reiterado ao longo de nossas discussões, aqueles que desejam migrar de uma instituição para outra precisam demonstrar ao orientador em que estão interessados que são engajados com a pesquisa científica e com as atividades dela suscitadas (como a publicação de artigos científicos e participação em eventos da área). Fazer parte de um grupo de pesquisa coordenado por esse professor (ou que ele faz parte) é a melhor forma de começar a desenvolver esse vínculo e verificar se os seus interesses enquanto pesquisador estão alinhados às práticas de pesquisa desse professor em questão.

Como descobrir quais são os grupos de pesquisa de minha área?Como descobrir quais são os grupos de pesquisa de minha área?

A nossa discussão de hoje é pautada em uma dúvida relacionada aos grupos de pesquisa de uma área específica (licenciatura na área da computação). Entretanto, é uma dúvida compartilhada pelos pesquisadores das mais diversas áreas. Em primeiro lugar, acreditamos que é fundamental entendermos a dinâmica desses grupos de pesquisa antes de nos atermos às suas especificidades. O primeiro ponto que deve ficar claro é que esses grupos reúnem uma série de pesquisadores interessados em uma mesma linha de raciocínio – teórica, metodológica e analítica – e, assim, as pesquisas estão interconectadas. A fim de que você possa fazer parte desse grupo, não é necessário ter uma formação específica, visto que costumam ser multidisciplinares. Você perceberá que um grupo de pesquisa pode admitir pesquisadores de níveis bastante diferentes: desde o Ensino Médio até os pesquisadores doutores e pós-doutores. Contudo, o acesso a esses grupos pode ou não ser potencializado.

Por que nem todos conhecem esses grupos de pesquisa?

A falta de divulgação desse grupo de pesquisa (a própria pesquisa científica não é divulgada de forma tão ampla, como deveria) a maior parte dos integrantes desses grupos são mestrandos e doutorandos (dentre outras titulações nesse mesmo eixo). Contudo, acreditamos que esse afunilamento está associado ao desconhecimento por parte dos professores e dos próprios alunos acerca das estratégias de divulgação e acesso a esse grupo, o que faz com que eles sejam, de certa forma, restritos a um contexto (mas não é um fator impeditivo para você participar). A divulgação científica é fundamental para reverter essa situação, porque é o acesso ao conhecimento que fará com que essa prática seja naturalizada em nossa sociedade, abrangendo, portanto, pesquisadores de níveis diferentes. Assim sendo, é crucial que pensemos no intuito desses grupos de pesquisa.

O intuito de um grupo de pesquisaO intuito de um grupo de pesquisa

Reúne-se uma série de pesquisadores nesse grupo. Esse grupo tem um determinado fim, e, por isso, está ligado a uma linha de pesquisa específica (ou a mais de uma). Iremos dar um exemplo pessoal. Participamos de um grupo de pesquisa chamado “Memória” (pertencente à Universidade Presbiteriana Mackenzie). O professor responsável por esse grupo reuniu pesquisadores dos mais diversos níveis, e, assim, há alunos desde a graduação até mestrandos, mestres, doutorandos e doutores que discutem sobre as questões que perpassam pela memória. Os interesses de pesquisa nesse grupo perpassam pela memória, porém, ganham ramificações múltiplas, como é o caso das pesquisas que tocam nos aspectos típicos ao campo da neurociência. Os membros desse grupo, de forma esporádica, reúnem-se para que os textos que tocam nessas questões sejam debatidos e convertidos em produções científicas (artigos).

Os trabalhos desenvolvidos nos grupos de pesquisaOs trabalhos desenvolvidos nos grupos de pesquisa

Dentre os principais ganhos postos pelos grupos de pesquisa está a produção de materiais científicos capazes de contribuir para com a evolução da sociedade na qual vivemos. A escrita colaborativa é valorizada nesses grupos, e, além da publicação de artigos em coautoria, os membros apresentam as suas pesquisas de forma conjunta nos eventos científicos expressivos na área. Todavia, é importante pontuar que não necessariamente os membros desse grupo têm a mesma formação (seja na graduação, mestrado ou doutorado), porém, os interesses de pesquisa são semelhantes, o que os insere em um mesmo grupo. Por exemplo, você pode estar vinculado em um programa de mestrado ou doutorado em Comunicação e Semiótica de uma dada instituição (PUC, em nosso caso) e em um grupo dessa instituição que possui alunos da história, da psicologia, teologia, dentre muitos pesquisadores de áreas atentas a uma temática.

Os interesses múltiplos de um grupo de pesquisaOs interesses múltiplos de um grupo de pesquisa

Também podemos dar um segundo exemplo pessoal de nossa atuação em grupos de pesquisa. Estamos vinculados a um grupo da Universidade Federal do Amapá. Nesse grupo, a nossa inclinação é bastante diferente. Se no primeiro nos preocupamos com as questões que perpassam pelo campo da memória, aqui o nosso interesse é na produção de materiais científicos que caminham pelo campo que relaciona a educação com a saúde. Em relação aos membros desse grupo, temos estudantes do Ensino Médio, Graduação, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado. O nosso objetivo ali enquanto cientistas, como as pesquisas perpassam por esses dois campos, é a produção de metodologias ativas que integram a educação e a saúde. A abrangência desse grupo é nacional, pois há membros dos mais diversos estados. Temos aqui pesquisadores do país todo interessados em uma mesma linha que somam esforços.

A articulação nos grupos de pesquisa

Temos, além dos alunos vinculados a esses programas de pós-graduação, os professores que orientam essas pesquisas. O mais vantajoso nesse amplitude é a troca de interesses e de contribuições que podem fazer com que todas as pesquisas sejam beneficiadas e evoluam de uma forma muito positiva. Um exemplo de produção que fizemos recentemente foi a elaboração de uma cartilha que tem como objetivo contribuir para com a prática docente de professores de Biologia. A temática em questão foi a compostagem. Os professores filiados ao grupo podem incorporar os frutos desse trabalho em suas aulas. Esse é um exemplo prático que optamos por trazer para que você entenda um pouco mais sobre como funciona a dinâmica dos grupos de pesquisa. Algo que precisa ser desmistificado é que um grupo (a maioria) não faz distinções entre os níveis. Não há grupos apenas para graduandos e mestrandos.

O caráter interinstitucional, multidisciplinar e interdisciplinar

Grupos que possuem membros das mais diversas regiões do país possuem um caráter que estamos chamando de interinstitucional, multidisciplinar e interdisciplinar. Admite-se, portanto, diversos níveis de pesquisadores – Ensino Médio, Graduação, Mestrado, Doutorado e afins – e, dessa forma, além de termos pesquisadores das mais diversas áreas de linhas de pesquisa, temos, também, diferentes formas de se compreender um dado fenômeno. Essa multiplicidade fica ainda mais evidente quando esses membros passam a colaborar entre si, produzindo materiais de forma coletiva. Dessa forma, uma das dicas essenciais que gostaríamos de fornecer para aqueles que estão procurando por um grupo para fazerem parte é prestar atenção no foco desse grupo e no seu interesse de pesquisa. É preciso que esses dois focos estejam alinhados para que esse grupo tenha com o que contribuir para com a sua formação.

A importância do diálogoA importância do diálogo

Sempre que discutimos sobre os grupos de pesquisa chamamos a sua atenção para a importância do diálogo nesse processo de busca por um grupo (e para ingresso em uma nova instituição, em linhas gerais). Mande um e-mail ao professor que coordena o grupo e se mostre à disposição. Dizer quais são os seus interesses de pesquisa e contar um pouco sobre a sua trajetória acadêmica é fundamental. Se você notar que esse professor não tem interesse ou que a resposta nunca chega, o mais prudente é que você procure por outro grupo, pois, como temos destacado, a CAPES apresenta uma lista com milhares de grupos espalhados por todo o país. Tenha a certeza de que você será bem-vindo em diversos deles. Como o nosso exemplo de pesquisador de hoje está ligado à área da licenciatura e da computação, grupos que perpassam pelas questões da educação, tecnologia, engenharia de computação, metodologias ativas etc.

Existe uma forma única de atuação nesses grupos?

Existem modos de se fazer pesquisas bastante diferentes e essa multiplicidade se dá em virtude do contexto no qual esse pesquisador está inserido. Assim, como membro de um grupo específico, entenderá a ciência e o seu modus operandi de uma forma igualmente específica. Atenha-se ao fato de que a forma como esse grupo se reúne (semanalmente, quinzenalmente, mensalmente) deve estar alinhada a sua rotina. Além disso, é importante que você saiba que cada grupo tem a sua personalidade, a sua particularidade, e, assim, a sua pesquisa precisará se adaptar a esse modus operandi. Há, inclusive, grupos de pesquisa que exigem dos seus membros uma participação muito mais ativa, de modo que, além das reuniões, pode ter que contribuir com esse grupo a partir de uma série de outras atividades que variam de grupo para grupo. Dessa forma, a cobrança pela publicação e participação em eventos é particular a cada grupo.

As exigências dos grupos de pesquisa

Embora não tenhamos como apresentar uma fórmula, podemos discutir acerca de algumas possíveis exigências que podem ser cobradas a partir do momento em que você se tornar membro ativo desse grupo. Dentre as mais comuns, temos a realização de eventos científicos por esse grupo, de modo que você terá que participar ativamente dessa organização. Além disso, esse grupo pode designar certos eventos anuais que todos os membros devem participar (associando-se a algumas instituições, por exemplo). Embora o foco desse grupo seja em uma linha específica (teórica, metodológica, analítica), a formação dos membros é múltipla. Esse afunilamento e especificidade temática costuma aparecer na própria nomenclatura desse grupo, de modo que quando você for pesquisar por linhas temáticas na base da CAPES otimize a sua busca em virtude dessa especificidade que aparece nos nomes desses grupos.

As nomenclaturas dos grupos de pesquisa

Como é uma lógica incentivada pela própria CAPES, a busca por um grupo de pesquisa que integra um dado eixo temático é motivada pela necessidade desse grupo especificar em sua nomenclatura o que é esperado do pesquisador que deseja fazer parte desse contexto. O nome do grupo exerce um papel fundamental e expressa à própria sociedade o que os membros estão fazendo para contribuir com ela por meio do fornecimento de soluções, propostas e reflexões que contribuem para com a evolução desse meio no qual vivemos. Depois de encontrar os grupos com os quais se identificou, recomendamos que você envie um e-mail se apresentando a esses coordenadores. Apontar os seus interesses de pesquisa é crucial para que eles saibam se os seus interesses de pesquisa conectam-se com aqueles dos demais membros. É um trabalho bastante complexo, pois, como sempre apontamos, há milhares de grupos.

Explore as suas possibilidades de pesquisa

Sempre apontamos que o trabalho de um pesquisador é iniciado já com a realização dessas pesquisas prévias (para ingresso em um grupo de pesquisa, nesse caso). É um processo denso, trabalhoso, mas essencial para que esse grupo possa contribuir para com a sua evolução enquanto cientista. Acesse a base de dados da CAPES, clique nos grupos de seu interesse, envie e-mails e apresente-se. É preciso averiguar se esse grupo está de fato em funcionamento e se o e-mail cadastrado pelo responsável deste grupo encontra-se ativo (o que implica verificar no site da instituição ao qual ele está vinculado se os dados estão atualizados). O site da própria CAPES permite que você visualize como a produção desse grupo é feita.

As variáveis apresentadas permitem que você tenha um panorama amplo acerca de como esse grupo funciona e o que é esperado de você enquanto pesquisador nesse eixo temático em específico. Se houver dissonâncias e mesmo assim você desejar fazer parte desse grupo será preciso que a sua pesquisa seja adaptada a esse contexto de pesquisa. Se você deseja fazer parte de um programa de mestrado e doutorado dessa instituição, é preciso que investigue se esse professor tem vagas e como as dissertações e teses são desenvolvidas. É fundamental que você compreenda como essa rede funciona. É comum que os assuntos de interesse dessa instituição sejam privilegiados nas produções. Atenha-se a isso para evitar problemas.

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