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Análise do discurso e análise de conteúdo

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Por que pensar na análise do discurso e na análise de conteúdo?

Olá, tudo bem? Ao longo da sua trajetória acadêmica pode ser que, em algum momento, você se depare com as duas análises sobre as quais iremos conversar hoje: a análise do discurso e a análise de conteúdo. A depender da área que você se encontra, pode ser que elas sejam bastante exigidas, e, dessa forma, hoje, iremos entender algumas questões básicas que englobam esse tipo de análise, como, por exemplo, o que são esses dois tipos de análise, qual é a sua finalidade, e, também, objetivos, quais são as suas etapas, dentre outras questões relacionadas à compreensão, na íntegra, de todos os processos que englobam tanto a análise do discurso quanto a análise do conteúdo. Elas são muito importantes pois nos fornecem instrumentos para que sejamos capazes de compreender de forma ampla os problemas e fenômenos sociais do mundo ao nosso redor.

O que é a análise de conteúdo?O que é a análise de conteúdo?

A análise de conteúdo é um instrumento que faz com que seja possível que o pesquisador investigue, de maneira detalhada e profunda, o comportamento humano de forma direta. O pesquisador analisa esse comportamento a partir da comunicação humana. São muitos os documentos que podem ser analisados nessa abordagem, como, por exemplo, os documentos propriamente ditos, uma imagem, som ou vídeo, e, ainda, periódicos, artigos, filmes, músicas, fotos, dentre outras manifestações. A análise de conteúdo ajuda, ainda, o investigador a analisar qualquer conteúdo resultante da comunicação humana, e, para isso, analisa-se a escrita, o som e/ou a imagem. É possível, também, realizar descrições objetivas, sistemáticas e qualitativas acerca de um determinado assunto, tendo como principal objetivo analisar e interpretar a comunicação humana a partir de uma determinada manifestação (um documento, um filme, uma música, etc).

Especificidades da análise de conteúdo

Como vimos, nesse tipo de abordagem o investigador tem como objetivo analisar a comunicação humana, porém essa análise deve caminhar para além da descrição de um determinado conteúdo, e, dessa forma, é necessário inferir sentidos acerca dessa manifestação humana que você se propôs a analisar. Nesse sentido, as condições de produção, circulação e recepção acerca desse material analisado precisam ser recuperadas, logo, precisam estar presentes no texto. É algo que caminha para além da descrição de um fenômeno, uma vez que você precisará interpretá-lo e inferir sentidos nessa interpretação. Trata-se de um processo no qual você, enquanto pesquisador e analista, terá como missão atribuir significado ao documento que você se propôs a analisar.

Noções gerais sobre a análise do discursoNoções gerais sobre a análise do discurso

A análise do discurso tem como principal objetivo refletir sobre uma determinada manifestação de linguagem que pode ser resultado de um filme, de uma música, de marcas de um grupo social, etc. Assim sendo, analisar o contexto relacionado a manifestação a ser por você analisada é tão importante quanto o seu objeto de estudo propriamente dito. Refletir sobre como esse discurso está ligado a um determinado momento histórico e a um determinado espaço social também é de igual importância nesse tipo de análise. É a partir do discurso que o pesquisador irá analisar a estrutura textual de um determinado objeto. Esse texto a ser analisado diz respeito, ainda, a uma cultura, a um povo, a uma história, então trazer todos esses elementos para a análise é essencial, pois esse texto apenas poderá ser compreendido quando a mensagem, que é carregada pelas marcas culturais e históricas de um determinado grupo social, é entendida de forma ampla. Elementos como a emissão, recepção e compreensão são aspectos que norteiam esse tipo de análise do discurso.

A análise do discurso nos capítulos de metodologia

Até, aproximadamente, os anos de dois mil e quinze e dois mil e dezesseis havia uma certa confusão quando se deseja analisar a falta de pessoas entrevistadas nos mais diversos estudos. Isso se dá porque até esse período que mencionamos se você pegar, por exemplo, dissertações e teses, muitos dos autores se propunham a analisar a fala, e, para isso, acabavam adotando a análise do discurso, principalmente, como metodologia de pesquisa. Assim sendo, era bastante comum que esses pesquisadores fizessem entrevistas com, por exemplo, pais, educadores, entrevistas de mercado, dentre outras. Acabavam adotando uma perspectiva mais qualitativa para coletar essas falas, entretanto, na hora de analisar essas falas, os autores se apoiavam, isto é, citavam a análise do discurso como a metodologia responsável por sustentar a análise dessas falas.

A polêmica da análise do discurso como método

Havia, como vimos, certa tendência até o ano de dois mil e quinze em trazer a análise do discurso para o capítulo de método, porém isso gerou bastante polêmica no mundo acadêmico. Isso se deu, principalmente, porque existem as teorias discursivas, e, dessa forma, quando você pensa em teorias do discurso, automaticamente, irá se deparar com um verdadeiro labirinto conceitual, de ideias, de métodos, de tendências e de abordagens. É uma vertente muito ampla das ciências da comunicação e da linguagem humana, o que pode ter contribuído para com essa polêmica em relação ao uso dessa corrente como metodologia para a mera análise das falas coletadas pelos autores. Na corrente da análise do discurso ela não é um método, ela caminha para outro lugar, seus objetivos são outros. É em meio a essa polêmica que surgiu uma obra essencial para pensar o discurso: a obra de Bardin.

As contribuições de Bardin e a sua relevância acadêmica

É impossível nos debruçarmos nas análises de discurso sem trazermos para a discussão uma pesquisadora de suma importância: Bardin. A primeira coisa que você precisa manter em mente sobre essa autora tão relevante para a nossa discussão é que, em dois mil e dezesseis, ela escreveu um livro sobre metodologia qualitativa e nele ela trouxe a discussão sobre a análise de conteúdo sobre a qual conversamos no início dessa discussão. É ela quem afirma, em seu estudo, que a análise de conteúdo é muito mais do que uma mera descrição de um determinado material. É necessário ir além disso, pois estamos lidando com a comunicação humana, e, dessa forma, entender e interpretar, de forma para além da descritiva, é fundamental. Apenas dessa maneira estaremos, de fato, realizando uma análise do discurso humano. É essa a sua principal contribuição.

Por que a análise de conteúdo proposta por Bardin é importante?

Bardin não foi a primeira autora a discutir sobre a análise de conteúdo, pois desde meados de dois mil e dois autores têm investigado essa proposta, porém a contribuição de Bardin é inegável, pois havia uma confusão que estava longe de ser cessada em relação ao uso da análise do discurso nos capítulos de metodologia. Como vimos, a análise do discurso é muito mais do que um método, uma vez que os seus objetivos são outros, ela é uma corrente conceitual e existem várias tendências para se analisar o discurso, e, então, ao reduzirmos essa complexidade a um método, comprometemos a sua riqueza conceitual. Por isso, Bardin é fundamental: ela propôs um método riquíssimo para embasar esses capítulos que em muito se aproxima com a análise do discurso. Estamos falando da análise de conteúdo. Ela é qualitativa, e, assim, conseguimos analisar as mais diversas situações, como, por exemplo, as falas, de forma mais profunda e detalhada a partir de um método próprio para isso.

O desmembramento da análise de conteúdo

A análise de conteúdo como forma de sustentar, em termos metodológicos, o nosso estudo, tem sido altamente recomendada porque Bardin explicou de forma rica, profunda e detalhada como aconteceria os processos que englobam a análise de conteúdo, e, também, explicou as diferenças entre as duas correntes: a análise do discurso e a análise de conteúdo, o que faz ainda mais com que a sua obra seja inovadora. Além de ter esclarecido dúvidas que a muito tempo não eram esclarecidas, o que fazia com que repercutissem nos capítulos de método, gerando, assim, uma grande polêmica, apresentou, nesse estudo sobre metodologia qualitativa, a abordagem da análise de conteúdo que é usada pelos mais diversos pesquisadores no mundo todo. Ela é essencial, pois tem sido cada vez mais frequentes trabalhos e propostas que precisam analisar elementos diversos, como, por exemplo, as falas de entrevistas em seus mais diversos tipos e finalidades.

Como tem sido feita a análise de conteúdo hoje?Como tem sido feita a análise de conteúdo hoje?

Se formos refletir sobre as nossas produções após a proposta de Bardin, isto é, após o aprofundamento e sistematização das ideias que englobam a análise de conteúdo, irá perceber que, nesses trabalhos, você perceberá que tem sido menos comum trazer a análise do discurso como método, devido, principalmente, o surgimento da proposta de Bardin, pois tudo aquilo que antes era chamado de análise de discurso (em razão, sobretudo, de não haver um método qualitativo tão rico para embasar, em termos metodológicos, esses trabalhos) passou a ser denominado, agora, como análise de conteúdo, sobretudo depois de dois mil e dezesseis, quando a corrente de Bardin começou a ganhar ainda mais popularidade no meio acadêmico. Abordar essas diferenças entre as duas formas de análise é importante porque o principal motivo para se pensar em outro método é que especialistas diversos apontam que grande parte desses trabalhos que chamavam as suas análises de discurso não eram, de fato, propostas discursivas.

Como a análise de conteúdo pode simplificar a sua vida?

Em algum momento de sua escrita você pode se deparar com a necessidade de um método capaz de enriquecer a análise daquilo que se propôs a investigar. Como a análise do discurso não é um método, mas sim uma corrente conceitual, usá-la não é mais comum, sobretudo após o surgimento da proposta de Bardin. Assim sendo, se o seu objetivo é analisar qualquer tipo de material, ou seja, de conteúdo, a sua proposta, provavelmente, é qualitativa. Devido a essa necessidade realizar uma mera descrição do seu objeto de investigação, isto é, trazer o óbvio e descrever funções hoje não é compreendido como uma análise. Mas como fazer? Procure o livro de Bardin ou leia artigos sobre os passos que você, enquanto investigador, precisa se ater ao analisar o seu material. Essa proposta te ajuda a não recair na mera descrição do seu objeto de estudo: você será capaz de recuperar toda a riqueza e complexidade do fenômeno por você analisado.

Como a análise de conteúdo é vista pela academia atual?Como a análise de conteúdo é vista pela academia atual?

Os acadêmicos de nossa comunidade científica relatam que a proposta elaborada por Bardin foi capaz de levar, de maneira significativa, o nível conceitual da pesquisa qualitativa, pois antes da análise de conteúdo existir muitos de nossos pesquisadores, como vimos, apoiavam-se na análise do discurso para que as suas análises fossem, de fato, qualitativas, entretanto isso gerou bastante polêmica, visto que a análise do discurso não é um método, mas sim uma corrente filosófica e conceitual. Com a análise de conteúdo se tornou possível analisar, por exemplo, as falas de uma entrevista de maneira ampla e detalhada sem chamar esse processo de análise do discurso, pois a não ser que a sua pesquisa se localize na linha da análise do discurso, denominar a sua análise dessa forma acaba sendo um equívoco teórico e, também, metodológico.

Vantagens da análise de conteúdo: por que escolhê-la?Vantagens da análise de conteúdo: por que escolhê-la?

Como temos enfatizado aqui, a proposta de Bardin é muito interessante pois, a partir dela, torna-se possível analisar, sim, um conteúdo de maneira categórica, porém não paramos aí: por meio da inferência de novos sentidos, ou seja, de interpretações, não recaímos na mera descrição do fenômeno, por nós analisado, e assim, enriquecemos a nossa análise. É uma análise, também, mais livre, e, dessa forma, ela me permite fazer uma análise mais ampla, detalhada e atenta não só ao que se encontra textualmente marcado em meu objeto, isto é, a partir das recomendações de Bardin, o meu olhar fica mais treinado, logo, atento, ao grupo social relacionado ao meu objeto de análise, ao seu contexto, e, principalmente, a sua história, me torno mais sensível e disposto a fugir do óbvio para recuperar a amplitude de marcas sociais, culturais, históricas, políticas, econômicas, etc., ligadas a um único conteúdo. A liberdade vem, ainda, da possibilidade de eu não perder tanto tempo para explicar a teoria da análise do discurso quando a minha pesquisa não faz parte dessa área.

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