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Compreendendo a estrutura do projeto de mestrado: o que é revisão de literatura, referencial teórico e marco teórico?

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A discussão teórica no material científico: como desenvolver o capítulo teórico e como aprofundar a revisão de literaturaA discussão teórica no material científico: como desenvolver o capítulo teórico e como aprofundar a revisão de literatura

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje iremos discutir sobre um assunto muito importante e que pode ajudar você que precisa desenvolver o seu projeto de mestrado (ou a própria dissertação ou tese). Estamos nos referindo ao capítulo teórico. Como sabemos, para que um material possa ser considerado científico, é preciso que o pesquisador tome alguns cuidados. Dentre eles, temos o próprio capítulo teórico, sendo que é nele que iremos apresentar o nosso ponto de vista sobre o assunto que estamos defendendo de forma embasada. Este momento é muito importante, pois essa discussão pode se dar a partir de diferentes abordagens. Dentre elas, temos a revisão da literatura. A fim de que essas discussões fiquem claras, com o objetivo de apresentar as suas principais características, iremos esclarecer os aspectos essenciais sobre a revisão de literatura, referencial teórico e marco teórico.

Cuidados que devo tomar ao desenvolver um projeto de mestrado

Pretendemos, ao longo deste post, apresentar algumas dicas que podem lhe ajudar a escrever o projeto de mestrado de uma forma mais tranquila. A pergunta norteadora de nosso post de hoje é a seguinte: estou fazendo um projeto para ingresso em um programa de mestrado e me esbarrei com as referências da literatura que irei utilizar como base para o meu estudo e não sei por onde começar, o que fazer? A primeira coisa que deve ficar clara nessa conversa é o que seria uma revisão da literatura. Partiremos de um pressuposto para formularmos a nossa ideia sobre esse processo de pesquisa. Entendemos que a base de todo conhecimento científico já está pronta. Assim sendo, quando propomos um problema de pesquisa a ser discutido, pressupõe-se que ele possa ser discutido. Contudo, a fim de que você possa resolver esse problema proposto, é preciso tomar alguns cuidados de pesquisa.

A proposição de um problema de pesquisa

Suponhamos que o seu problema seja desenvolver uma metodologia ativa para auxiliar a prática docente do professor de uma certa disciplina, é preciso que antes que possa apresentar essa metodologia, que ela se sustente em uma base teórica sólida. É essa base que irá atribuir legitimidade ao estudo ao qual está se propondo. No caso de nosso exemplo, é preciso falar um pouco sobre a didática e as suas técnicas, sobre o assunto em questão que está sendo abordado em sala de aula, sobre a sua relevância social, se ele integra os conteúdos propostos pelos PCN’s. Feita essa discussão, você poderá apontar quais são as metodologias que podem auxiliar o docente em sua prática. Essa parte teórica recebe inúmeros termos, como revisão de literatura, fundamentação, marco ou referencial teórico. Essa nomenclatura irá depender da escolha da sua instituição para referenciar esse momento da pesquisa científica.

Características do embasamento teórico

Independentemente da escolha lexical do seu professor/instituição, o embasamento teórico possui as mesmas características, visto que possui um objetivo bem definido. Tendo o tema definido, você irá buscar na literatura correspondente ao assunto que está desenvolvendo autores que possam lhe oferecer base para realizar essa discussão. No referencial teórico, portanto, há a necessidade de expor a linha de raciocínio que embasa a sua discussão. Por exemplo, se o seu objetivo é abordar esse tema a partir da perspectiva da semiótica, você irá pegar uma situação, uma obra, um quadro ou qualquer outro tipo de recurso para realizar uma análise com esse viés. O seu referencial teórico precisará resgatar autores que partam dessa abordagem, e, além disso, você deve considerar que a semiótica possui diversas linhas de raciocínio (perspectivas) escolha uma para construir a sua revisão de literatura.

A perspectiva teórica a ser seguida

Após definir o assunto a ser investigado, é chegado o momento de definir a abordagem teórica que irá fornecer a base para a sua discussão, isto é, a linha de pesquisa que irá conduzir o seu estudo do início ao fim. No caso da semiótica, a sua análise poderá partir da abordagem de Peirce. Assim sendo, a sua discussão deverá deixar clara as características dessa perspectiva da semiótica e os autores que dissertam sobre o tema a partir desse mesmo viés. Escolhidos esses autores, a partir do ponto de vista deles, você irá tecer as suas próprias considerações, pois é isso que fará com que o seu material seja original e inédito. Toda a sua linha de raciocínio irá perpassar por esse viés. Na hipótese de você escolher um filme como objeto de análise, com ênfase no devir. Dessa forma, precisará recuperar os autores que falam sobre o devir e trazer essa abordagem para o capítulo de análise também.

O que demonstrar ao leitor na fundamentação?O que demonstrar ao leitor na fundamentação?

Deve ficar claro ao leitor qual é a abordagem de pesquisa perseguida pelo seu estudo, pois, com isso, você demonstra de qual base está partindo e quais características está levando em consideração. Essa será a sua revisão de literatura, ou, caso a sua universidade opte por outra nomenclatura, essa será a sua fundamentação teórica. O importante é que você saiba que nesse momento será necessária a realização de um levantamento sobre o que dizem os autores que fornecem base sobre o assunto e a linha de raciocínio por você escolhida. Você irá explicar e explorar as bases que estão fornecendo sustento para o seu trabalho. Assim sendo, quando falamos sobre projetos de mestrado, precisamos mencionar alguns cuidados básicos que devem ser tomados para que o processo se dê da melhor forma possível. Em primeiro lugar, se você está ingressando em um programa de mestrado, verifique quais são os possíveis avaliadores.

A importância das linhas de pesquisaA importância das linhas de pesquisa

Um elemento essencial ao qual você precisa se ater é a linha de pesquisa que você deseja perseguir. A linha de pesquisa é importante porque é com ela que o seu professor-orientador trabalha. Assim sendo, o seu projeto precisa se desdobrar dentro dessa linha de raciocínio em específico. Por exemplo, no caso de um trabalho que está dentro da linha da comunicação e deseja fazer uma abordagem crítica, pode partir justamente da Teoria Crítica da Comunicação. É preciso que você saiba quem são os professores que estão dentro dessa linha de pesquisa (eles são as suas opções de orientadores, bem como os possíveis avaliadores). Caso você já esteja dentro desse programa, converse com o seu orientador para que saiba qual a perspectiva que irá conduzir seu estudo. É importante essa definição porque você irá trabalhar dentro de um escopo de interesse.

O escopo de pesquisa da instituição

A  fim de que a sua pesquisa possa ser desenvolvida de forma tranquila, é fundamental que você trabalhe dentro de um escopo de interesse específico, pois, caso assim não o seja, dificilmente ele será aprovado pelo seu professor. Uma mesma linha de pesquisa comporta uma série de óticas. Se você quer trabalhar com uma que a universidade não opera, terá sérios problemas ao longo da condução da pesquisa. Há programas que possuem um viés mais filosófico, isto é, acadêmico. Contudo, no projeto, o pesquisador propõe uma discussão mais prática e aplicada. Há, aqui, um conflito entre interesses e lógicas diferentes. Há, também, a preferência por materiais científicos mais recentes, sobretudo em áreas da saúde. Cada contexto de pesquisa possui as suas próprias exigências e demandas, e, dessa forma, precisamos tomar cuidado com certas escolhas de pesquisa.

A argumentação teórica e as suas demandas

A argumentação teórica precisa ser conduzida de uma forma suficiente para o programa em que você está. Assim sendo, além de ser importante conhecer o campo de atuação de sua instituição, a linha de pesquisa com a qual o seu orientador trabalha, a linha de pesquisa com a qual as pessoas que deseja chamar para a sua banca trabalham, há, ainda, um outro cuidado a ser tomado: trabalhar dentro do seu conhecimento. É muito comum que os professores tenham certas preferências por um autor específico ou por um grupo específico de autores, o que lhe coloca nessa encruzilhada, pois você pode nem conhecer esses autores, mas terá que operar com esse autor ou autores. Embora seja importante trabalhar com esse autor selecionado pelo seu professor, nem sempre conseguimos compreender os seus textos. A melhor forma de resolver a situação é conversando com o seu orientador. Reconheça as suas limitações.

As limitações de pesquisaAs limitações de pesquisa

Reiteramos que sim, é importante trabalhar dentro da linha de raciocínio daquele que escolhemos como nosso orientador. Essa linha de pesquisa, em muitas das vezes, é a mesma de toda uma instituição ou de um programa dessa instituição, o que acaba repercutindo no processo de orientação. Contudo, reconheça as suas limitações. Se você não compreender o conteúdo desses materiais selecionados pelo professor, peça para que ele lhe ajude, pois é muito melhor do que escrever algo que você não tem certeza, visto que isso pode prejudicar a qualidade do seu trabalho. Não se arrisque a falar sobre algo que você não domina ou que entende de forma muito superficial. Tenha muito claro em mente, também, que a pessoa que irá avaliar o seu projeto, e, depois, a sua dissertação ou tese, sabe muito sobre o assunto, bem como sobre os autores e a linha de raciocínio que você optou por seguir.

Os deslizes na pesquisa científica

Recomendamos que você converse com o orientador sobre as suas dúvidas suscitadas por essa leitura, pois quaisquer deslizes que você tiver ao longo da condução dessa discussão, a sua banca irá notar e apontar na avaliação. Assim sendo, precisamos discutir sobre um dilema: se por um lado você precisa incluir em seu referencial teórico o embasamento relacionado a uma linha de raciocínio específica, por outro lado, temos que nos preocupar com uma outra questão: analise se você não está adicionando informações que não estão agregando valor ao seu texto e se a compreensão não está sendo forçada para atender aos seus interesses enquanto pessoa (que não são interesses de pesquisa, pois não são científicos). É de suma importância que os autores que você está trazendo para a sua discussão sejam realmente conhecidos. É preciso que você os tenha lido e, mais do que isso, compreendido o viés por eles defendido.

Esteja confortável com as informações que insere em seu texto

A fim de que esses cuidados fiquem claros, iremos dar um exemplo prático. Um pesquisador da área da educação estava defendendo uma linha de raciocínio específica, sendo que o seu interesse era partir da perspectiva de Marx. Contudo, notou-se um problema. O texto de Marx que esse aluno desejava utilizar não estava sendo compreendido. Ele tinha dificuldades para compreender o conteúdo desse texto, e, assim, buscava por outros materiais que pudessem lhe ajudar a chegar a essa compreensão. Estava mais preocupado em buscar por autores que investigavam esse texto específico de Marx. O texto base que ele desejava utilizar não estava sendo compreendido. O problema era que nenhuma das citações de Marx por ele apresentadas eram de Marx, mas sim de comentadores de Marx. O problema ao qual estamos nos referindo é que você nunca irá entender o que o autor original quis dizer.

A necessidade de que o autor tenha as suas próprias conclusõesA necessidade de que o autor tenha as suas próprias conclusões

A partir do momento em que um pesquisador apenas usa textos de comentadores para tecer as suas considerações sobre o autor que deseja utilizar, ele nunca conseguirá oferecer uma visão que contemple o seu próprio ponto de vista sobre esse autor basilar que deseja trazer para o seu estudo. A argumentação acaba ficando, de certa forma, um pouco defasada. O grande diferencial de um pesquisador é a sua capacidade de dominar o assunto, de modo que compreende os textos que perpassam por essa linha de raciocínio que optou por trazer para o seu texto.

Assim, esse pesquisador que domina a área que está explorando irá perceber de forma automática que você está fazendo um apud sobre o autor original, isto é, que não foi até a fonte original. O apud não costuma ser bem visto na maior parte das áreas e pelas suas linhas de pesquisa, sobretudo em programas de mestrado e doutorado. Isso decorre do fato de que quando empregamos o apud apontamos ao leitor que não fomos até essa obra basilar. Com isso, demonstra-se que você não tem domínio acerca dos conceitos defendidos por aquela literatura. A base teórica precisa estar ligada a sua perspectiva para que seja bem compreendida.

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