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A elaboração do problema de pesquisa: elementos que caracterizam um projeto de pesquisa – Aula um

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Os elementos fundamentais de um projeto de pesquisa: quais são os elementos que não podem ficar de fora e como eles impactam no desenvolvimento do estudo?

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje iremos discutir sobre uma questão de suma importância tanto para os pesquisadores que já estão dentro de um programa de pós-graduação quanto para aqueles que pretendem ingressar e estão no processo de elaboração do projeto de pesquisa. Antes que apresentemos os elementos que caracterizam um projeto desse tipo, torna-se necessária a conscientização acerca da sua importância na condução de todo estudo a ser desenvolvido, seja na graduação ou na pós-graduação. Um projeto de pesquisa possui as diretrizes que fornecerão caminhos para que o estudo ganhe forma. Nele, delimitamos o nosso tema de pesquisa, a linha de pesquisa na qual o estudo se insere (perspectiva teórica), os objetivos de pesquisa, a metodologia e o problema de pesquisa, que é o assunto de nossa discussão de hoje. A interação entre todos os processos faz com que o estudo flua bem.

Por que é importante discutir sobre as etapas de pesquisa?Por que é importante discutir sobre as etapas de pesquisa?

Ao longo de nossa jornada, percebemos que certos problemas relacionados à condução da pesquisa são recorrentes na prática. Assim sendo, daremos início a uma série que tem como objetivo esmiuçar esses problemas frequentes e apresentar soluções para que eles sejam resolvidos de forma simples e prática. Esses problemas afetam não apenas o projeto de pesquisa, mas também a confecção de dissertações e teses, de artigos científicos e de todos os demais trabalhos científicos. São problemas que, caso não resolvidos, afetam a qualidade do texto científico, e, consequentemente, da comunicação científica. Após analisarmos as intercorrências que afetam o desempenho da pesquisa científica, elencamos algumas dicas que podem ajudar a sua pesquisa a fluir de uma forma melhor. São questões que ao submetermos um artigo a uma revista e ao pensarmos sobre esses problemas devem ser sanadas.

Como a falta de um problema de pesquisa afeta o desempenho do estudo?

Sem dúvidas, um dos principais problemas que afetam o bom desempenho de um estudo é justamente a falta de um problema de pesquisa com o qual trabalhar. Quando pensamos em um material científico, é de suma importância que olhemos para ele com os olhos de um pesquisador. A partir do momento que o pesquisador se coloca no lugar de colaborador, uma grande parte do problema é eliminada. Assim sendo, é crucial que o pesquisador tenha muito claro em mente e explicitar ao leitor qual é o problema de pesquisa que pretende investigar. A resposta a ele é a sua contribuição para com a sociedade. Se o pesquisador não tem um problema de pesquisa, ou, ainda, se ele está mal formulado, o material a ser desenvolvido estará desprovido de norteamento. As partes não irão se conectar e a pesquisa perderá o seu sentido e relevância.

Interferências no problema de pesquisa

Se o pesquisador não tem um problema de pesquisa bem definido, as partes da pesquisa irão brigar entre si. Os objetivos, isto é, os caminhos que permitem que a pesquisa evolua não serão precisos, logo, você irá se distanciar da sua proposta. Além disso, os materiais que você irá coletar para desenvolver o estudo não serão precisos e úteis ao que você pretende demonstrar. O material, portanto, não terá um começo, meio e fim. Enfrentamos um problema hoje em dia: diversos materiais que não têm esse fio condutor são publicados. É preciso que fique claro para o que ele serve e o que pretende resolver. São esses elementos que justificam a relevância do estudo. Os caminhos traçados por esse material também desempenham um papel importante, porém, nem sempre ficam claros no material (ao menos aparecem em alguns casos). Sem esses cuidados, o pesquisador recai em um estado de frustração.

A frustração na condução da pesquisaA frustração na condução da pesquisa

Quando o problema de pesquisa não está bem delimitado, o pesquisador recai em uma espécie de frustração. Esta frustração está ligada ao corrompimento do desenvolvimento e desempenho do material que está sendo proposto. A frustração também está ligada a uma possível reprodução do material a ser submetido, seja a uma revista, seja a um programa de pós-graduação. A sensação de insuficiência também afeta esses pesquisadores, pois, sem a conexão entre esses elementos essenciais da pesquisa científica, o processo de pesquisa se dá de uma forma caótica e nada tranquila, o que pode gerar frustração no pesquisador. O caminho percorrido pela pesquisa pode se tornar muito estressante quando o estudo deixa de ter um começo, meio e fim. Nesse sentido, acreditamos que todo material científico deve começar com um problema de pesquisa para que as demais etapas não sejam comprometidas.

O que configura um problema de pesquisa ideal?

O problema de pesquisa ideal é aquele que não se preocupa em esgotar um tema de pesquisa. O conhecimento é algo que não pode ser esgotado. Sempre terá algo novo a ser descoberto. Quando afirmamos que é necessário ter um problema de pesquisa, evocamos a ideia de que é fundamental que o caminho a ser perseguido fique claro. A pesquisa científica, portanto, deve trabalhar do início ao fim a partir desse problema específico. Nem sempre conseguimos resolver esse problema. Há casos em que os pesquisadores apontam soluções, porém, em outros, reflexões que complementam o conhecimento já existente. É preciso que o pesquisador procure por meios que permitam a resolução desse problema, isto é, os métodos de pesquisa. Embora um problema de pesquisa não possa ser esgotado, uma parcela significativa dele pode ser resolvida.

Exemplo prático de um projeto de pesquisaExemplo prático de um projeto de pesquisa

Pensemos no seguinte problema de pesquisa: como os gestores podem motivar equipes de atendimento ao cliente que trabalham, hoje, via home office. Temos, aqui, um problema de pesquisa que irá conduzir todo o estudo, desde as partes teóricas até as metodológicas. É um problema pertinente porque gerenciar e motivar as equipes, especialmente no contexto pandêmico que vivemos, em que as pessoas trabalham em casa, é um grande desafio, e, portanto, justifica a relevância do estudo. É um problema que afeta a administração como um todo. Contudo, o problema de gestão de pessoas é muito amplo, e, assim, é papel do pesquisador delimitar a variável com a qual irá trabalhar. Saber quais são os mecanismos que permitem o gestor motivar essas equipes é um problema a ser trabalhado. A delimitação é a equipe de atendimento ao cliente que trabalha em casa, via home office.

Como saber quais são os mecanismos que permitem a resolução do problema?Como saber quais são os mecanismos que permitem a resolução do problema?

Saber quais são os mecanismos que irão nortear a pesquisa é de suma importância para que o estudo tenha um bom desempenho. Trata-se, portanto, de uma tentativa de resolução de um problema que afeta o cotidiano das pessoas. Seja esse problema suscitado da leitura de materiais específicos da literatura especializada, seja este suscitado da realização de uma pesquisa empírica, de campo, o importante é que um problema real seja elencado. Em ambos os casos, o pesquisador trabalha em um mesmo universo, o que fornece o norteamento necessário para que a pesquisa transcorra da melhor forma possível. Toda a pesquisa deve ser conduzida a partir do problema de pesquisa traçado. Pensemos, agora, em um problema da área da educação. O lúdico é uma questão frequentemente trabalhada pelos educadores, porém, é uma temática bastante ampla, e, desse modo, precisa ser delimitada.

Exemplo de problema de pesquisa na área da educação

É fato que há diversos conceitos, estratégias e métodos para que o lúdico seja trabalhado em sala de aula. Embora muitos afirmem que a temática já foi esgotada, não é necessariamente verdade, pois, como temos reiterado, há diversas variáveis que permitem que um tema nunca seja completamente esgotado. É o problema relacionado ao lúdico na educação que fará com que a pesquisa seja ou não original. São diversos os pesquisadores que podem ter esse interesse: aqueles que estão fazendo estágio (último ano de uma graduação, por exemplo) ou aqueles professores que estão dentro das salas de aula e, no dia a dia, enfrentam uma série de desafios. Assim sendo, torna-se importante frisar que é do problema de pesquisa que o estudo deve partir e não de uma pauta que é de conhecimento geral. Pensemos em um exemplo agora do campo da enfermagem.

Problemas de pesquisa na área da enfermagem

É comum que artigos científicos na área da enfermagem discutam sobre a importância do trabalho de profissionais específicos da área. O trabalho da enfermagem é de suma importância e isso por si só justifica a sua relevância social. Contudo, temos, aqui, uma grande área, porém, esta precisa ser delimitada. Saber quais são os meandros dessa área e os seus alcances reais é uma dessas possibilidades de variáveis. Este delineamento é fundamental, como a enfermagem aplicada às gestantes, hipertensos, programas de saúde da família, por exemplo. Nesse sentido, o pesquisador passa a enxergar o seu trabalho de forma direcionada. O indivíduo passa a pensar em seu estudo como pesquisador. Implica-se dizer que o pesquisador que toma esses cuidados exerce a sua responsabilidade social e acadêmica. A responsabilidade, portanto, está ligada ao fato de que há um comprometimento do pesquisador com a sociedade.

O problema de pesquisa contextualizado

Um problema de pesquisa pertinente e atento às condições reais do contexto em que se vive não é individualizado, isto é, os interesses de pesquisa individuais do estudioso não devem se sobressair aos problemas que afetam a população como um todo. Um problema individual, que atende a um interesse muito específico, não pode ser justificado (a sua relevância), logo, não é passível de pesquisa. Um dos pressupostos da pesquisa é que o estudioso não tenha envolvimento com a questão a ser tratada, pois, caso o tenha, não será capaz de praticar o exercício do distanciamento, que é crucial para que a pesquisa tenha o rigor científico-metodológico a ela exigido. O distanciamento é de suma importância para que o estudo não seja contaminado. A partir do momento em que uma causa é defendida por meio dos interesses do pesquisador, deixa-se de ter uma pesquisa científica.

A contaminação do texto científico

Quando o pesquisador não pratica o distanciamento, o texto é contaminado pelas suas ideologias pessoais, o que coloca em risco a credibilidade do estudo. Para que o texto não seja afetado dessa forma, é fundamental que o estudioso treine esse distanciamento. Partir de um problema de pesquisa de interesse público, que seja urgente àquele momento histórico, àquela comunidade, é de suma importância. Não é um exercício que pode ser aprendido da noite para o dia. É a sua experiência acadêmica que permitirá que você tome certos cuidados e não contamine a pesquisa com os seus próprios vieses. É a maturidade acadêmica que protege os nossos textos. A melhor forma de treinar esse distanciamento é o desenvolvimento de um problema que não é apenas de seu interesse, mas que afeta a coletividade como um todo. A relevância pode ser justificada de diferentes formas.

Como saber se um problema de pesquisa é relevante?Como saber se um problema de pesquisa é relevante?

Se esse problema afeta o desempenho das organizações, dos gestores, dos sistemas empregados; se este afeta a infraestrutura e processos da engenharia; se este pertence ao domínio das ciências da saúde, educação, dentre outros, a relevância pode ser justificada. Problemas que afetam a sociedade como um todo agregam valor ao seu estudo. É esse o intuito da pesquisa e do próprio pesquisador: contribuir, por meio do fornecimento de conhecimento, com a sociedade para que ela evolua. A pesquisa científica permite que compreendamos os motivos que fazem com que um dado campo da vida em sociedade seja comprometido e tenha o seu desempenho afetado.

O pensamento crítico é de suma importância na pesquisa científica, contudo, devemos esclarecer que o pensamento crítico por si só não basta. É preciso que as críticas a serem feitas parta de um embasamento sólido. É a literatura especializada no assunto em questão que nos fornece subsídios para que a crítica não seja feita de forma vazia, baseada em achismos do pesquisador. O pensamento crítico-científico está ligado a nossa capacidade de compreensão crítica e de questionamento científico acerca dos problemas que afetam a sociedade como um todo e que precisam ser refletidos e solucionados, caso seja possível. Todo bom pesquisador deve saber perguntar. As perguntas devem ser inteligentes e de interesse social.

Uma resposta

  1. Muito obrigada gostei ,muito de ler este conteúdo é de estrema importância continuem assim

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