BLOG

A abordagem errada da justificativa pode reprovar! Como elaborar a justificativa para o projeto de ingresso no mestrado?

Conteúdo

5/5 - (1 vote)

Compreendendo as etapas da pesquisa científica: quais são os cuidados que o pesquisador deve tomar ao elaborar a justificativa para o estudo?Compreendendo as etapas da pesquisa científica: quais são os cuidados que o pesquisador deve tomar ao elaborar a justificativa para o estudo?

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje iremos discutir sobre uma etapa essencial que integra as pesquisas científicas. Estamos nos referindo à justificativa para o nosso estudo. Como temos destacado ao longo de nossos posts, a fim de que uma pesquisa possa ser validada, ela deve se ater a algumas questões primordiais, e, dentre elas, temos os motivos que fazem com que esse estudo possa ser considerado como pertinente. Além disso, essa pertinência é avaliada de formas diversas. Um dos aspectos decisivos que será levado em consideração é o quão relevante esse estudo é. Essa relevância não perpassa por uma esfera individual, mas sim social, coletiva. De modo que para que esse estudo possa ser sustentado, você precisará apontar as razões que comprovam que ele é ideal e necessário para solucionarmos um problema atual que temos, ou, ainda, para promover uma nova discussão dentro de sua linha de pesquisa.

A justificativa em um trabalho de mestrado

Muitos se questionam se a justificativa é composta da mesma forma ou, no caso de uma dissertação de mestrado, se ela recebe algum tratamento diferenciado. Iniciamos essa discussão pontuando que uma das grandes dificuldades e confusões típicas em trabalhos de mestrado estão relacionadas com a confecção dessa justificativa. Ao ingressar em um programa de mestrado, você começará a ser cobrado em relação ao desenvolvimento desse estudo, de modo que tudo começará com um projeto de pesquisa. algumas terminologias e conceitos acabam sendo repetidos pelos professores que orientam esses alunos, tais como o ineditismo do material, de modo que esse trabalho a ser apresentado e submetido não pode estar publicado em nenhum lugar, ele precisa ser relevante para a sociedade e, em sua composição, todos esses cuidados devem ser refletidos para que possa ser aprovado.

Como trabalhar com o ineditismo em um material científico?

O ineditismo sem dúvidas é um dos aspectos primordiais para que um estudo possa ser aprovado. Assim, alguns cuidados devem ser tomados. A primeira coisa que você deve saber é que nenhum material é inédito em toda a sua composição. É preciso que escolhamos um tema, porém, é impossível que escolhamos um tema que nunca tenha sido debatido em nenhum lugar. Todo assunto já foi tratado em algum momento, mesmo que as publicações sobre ele integrem um volume menor. Eles fornecem argumentos que tornam possível um novo debate sobre algo que já existe. Entretanto, para que o seu material possa ser aprovado, você precisará encontrar nesses materiais que leu uma lacuna, algo que não pôde ser abordado. Surge, daí, o ineditismo do qual você precisa. Por exemplo, se você deseja estabelecer um perfil de liderança observando algumas organizações, precisará lidar com um emaranhado de informações.

O volume intenso de informações

Ao pesquisarmos o tema da liderança, encontramos em uma ou mais base de dados uma infinitude de materiais, que, a cada dia, tornam-se mais volumosos. Há milhares de artigos que versam sobre esse perfil de liderança. Para escolher os melhores materiais para a discussão que está propondo, precisará ter alguns critérios em mãos. Você perceberá que eles podem partir de abordagens muito diversas, de modo que precisará filtrar aquela com a qual deseja trabalhar. Há trabalhos sobre pequenas empresas, sobre empresas familiares, grandes empresas etc. Para isso, você precisará fazer um mapeamento dessas produções. O estado da arte pode lhe ajudar. A partir do estado da arte, você irá verificar o que tem sido produzido na área que você deseja investigar, traçando uma espécie de panorama. A partir deles, você encontrará uma lacuna que deverá ser preenchida com as suas reflexões.

As lacunas de pesquisa

Suponhamos que o seu estudo queira investigar a importância dos líderes nas organizações. Fazendo uma pesquisa prévia, notará que há uma quantidade imensa de materiais e precisará escolher entre eles. A primeira coisa sobre a qual precisará decidir diz respeito à abordagem que você irá utilizar para discutir sobre essa liderança. O intuito é promover uma nova discussão, inédita, partindo de uma perspectiva teórica. Um exemplo aqui poderia ser o reflexo da liderança nas organizações, enfocando nas startups, visto que, em sua pesquisa, notou que são poucos os estudos que se concentram nesse tipo de estudo. No caso de você optar por um tema que já tenha um volume considerável de produções, justifique o porquê dessa abordagem a ser desenvolvida por você ser importante para o contexto atual no qual estamos vivendo.

Delimitando um eixo temático

Partindo de nosso exemplo, para chegarmos à nova abordagem, poderíamos propor uma discussão acerca dos elementos que caracterizam a liderança em uma startup x. Como o intuito desde o princípio era a discussão sobre a liderança, temos aqui um norte para o estudo, porém, é amplo. Após o mapeamento, você notou que são poucos os estudos que pensam essa liderança no contexto das startups. Um outro afunilamento para esse tema poderia ser a caracterização dos líderes de startups em um estado e município específicos, como Minas Gerais, Belo Horizonte. O seu estudo, portanto, iria fazer um levantamento acerca de todas as características da liderança das startups nesta cidade e município. Com isso, reiteramos que sempre iniciamos com uma temática que certamente já foi abordada em algum momento. A partir do estado da arte você chegará à lacuna com a qual irá trabalhar no estudo.

A importância do estado da arte

O estado da arte ajudará você a enxergar quais são os elementos que ainda não foram explorados em relação ao assunto que deseja investigar. Surge, então, a contribuição do seu estudo, pois embora você esteja partindo de materiais já existentes, o seu foco é outro, logo, o estudo irá ser relevante para a sociedade. Há casos em que os pesquisadores conseguem replicar um estudo considerando um outro local, o que faz com que o ineditismo seja mantido. Na hipótese de ter em mãos uma pesquisa sobre os líderes de startups da cidade de São Paulo, cuja metodologia já foi aplicada, o estudo pode ser aproveitado. Para tanto, você precisa trazer esse mesmo estudo para uma nova realidade. Esse estudo servirá de espelho para que você pense em uma outra realidade. Muitas instituições têm incentivado os seus alunos a desenvolverem as suas dissertações e teses com base nesse modelo.

Coleta de artigos basilares

Há diversos orientadores que pedem para que os seus alunos coletem artigos bases, de autores de suma referência para a área para que assim componham os seus materiais. É o caso, por exemplo, dos orientadores da FGV. O processo de orientação em instituições que partem dessa lógica entende que todos os materiais devem espelhar-se em artigos científicos, visto que são materiais que captam um dado fenômeno social de forma ágil e eficiente. Os alunos, então, pegam um artigo científico, dissertação ou tese já aprovado e replicado em seu estudo, garantindo-se o ineditismo ao escolher-se por uma nova realidade a ser trazida para a discussão. Essas ferramentas já aprovadas e validadas serão aplicadas em um outro contexto. A justificativa sustenta-se porque parte de algo que é inédito e relevante ao contexto atual. Com isso, podemos pensar na contribuição social desse estudo.

A contribuição social das pesquisas científicasA contribuição social das pesquisas científicas

A CAPES, hoje, possui políticas que reiteram que todo e qualquer trabalho científico precisa contribuir para com o mundo atual em que vivemos. Entretanto, é fato que nem todos os professores se adaptaram a essa nova realidade, de modo que continuam incentivando práticas de pesquisa convencionais. Durante um período, a pós-graduação foi fortemente incentivada. Essa é uma questão um tanto controversa, pois certas coisas são priorizadas em virtude de outras. Hoje, temos mais de sete mil programas de pós-graduação e o governo investe nesses cursos. Dentre essas possibilidades, temos as bolsas, sendo que essas são oferecidas tanto às instituições para darem vida aos seus projetos de internacionalização quanto para os alunos que estão nesses cursos de mestrado e doutorado. No momento de contabilizar a produção científica, começaram a surgir métricas para tal mensuração.

A contribuição social e o impacto podem ser mensurados?

Uma cobrança que tem sido posta pela CAPES aos nossos programas de pós-graduação é a transparência quanto às publicações científicas produzidas e publicadas pelos seus docentes, discentes, coordenadores e relacionados. A necessidade em mensurar se esses estudos têm contribuído com a sociedade surgiu em virtude desse contexto, em que novas formas de mensurar esse impacto dos artigos e demais produções têm sido consideradas pela CAPES como uma medida alternativa à antiga qualis. Acredita-se que não faz sentido termos mais de sete mil programas apenas de pós-graduação e não termos o desenvolvimento de nosso país, visto que é o conhecimento que transforma a realidade social. Cobra-se, inclusive, pelo desenvolvimento em outros setores, como é o caso da educação, da tecnologia, da inovação, das metodologias, dos medicamentos e afins.

Como a sociedade influenciou a lógica acadêmica?Como a sociedade influenciou a lógica acadêmica?

A sociedade passou a cobrar por mais afinco por esses materiais que são desenvolvidos em massa na academia, mas não chegam até a sociedade em geral. Uma frase que sempre costumamos afirmar é a seguinte: onde estão os nossos pesquisadores, e, mais do que isso, os resultados de suas produções. Assim sendo, percebeu-se que diversos dos estudos desenvolvidos não estavam apresentando resultados satisfatórios para essa sociedade, de modo que esta passou a desacreditar na ciência. A sociedade cobra por materiais que possam, de fato, impactar a vida cotidiana. A CAPES passou a mudar de paradigma, entendendo que os trabalhos finais desenvolvidos nesses cursos, as dissertações e teses, não chegam até essa sociedade. Contudo, esses materiais são os motivos pelos quais esses pesquisadores cursam esses programas diversos espalhados pelo nosso país.

Os trabalhos entregues à sociedadeOs trabalhos entregues à sociedade

Se você disponibiliza à sociedade um trabalho que não tem impacto, que não a auxilia e que não sana os seus problemas e demandas, esta sociedade passa a não ter acesso à ciência. Além disso, hoje, o governo investe apenas naqueles programas que comprovam que estão comprometidos com a sociedade, sobretudo com as suas reais necessidades. A CAPES, em virtude de diversos mecanismos, como o preenchimento da Plataforma Brasil, pela quantidade de materiais produzidos em todo o país, pela necessidade em aderir métricas capazes de mensurar o impacto social desses materiais, fez uma solicitação, que, por sua vez, encontra-se em voga desde o ano de dois mil e quinze. Todos os trabalhos a partir desse momento, em algum momento da sua confecção, precisarão apresentar os motivos que justificam a sua proposição. Há um tópico específico para que o aluno possa apresentar esses motivos e razões para existir.

Em que momento os pesquisadores costumam apresentar as justificativas para o estudo?Em que momento os pesquisadores costumam apresentar as justificativas para o estudo?

O mais comum é que as justificativas que garantem a existência desse estudo costumem aparecer logo no momento em que será feita a introdução do estudo, em que apresenta-se os aspectos contextuais da pesquisa, ou, ainda, logo abaixo da introdução, de modo que as duas partes acabam se interconectando. Assim sendo, temos tanto as instituições que separam os dois tópicos como aquelas que entendem que ambos devem ser apresentados em um mesmo momento, em um mesmo item. Essa exigência existe porque é uma forma a partir da qual você pode comprovar que o seu estudo é válido tanto para a comunidade científica quanto para a sociedade em geral. A justificativa, por sua vez, deve deixar clara quais são as suas contribuições reais para aquele contexto associado a sua pesquisa.

Por exemplo, um estudo que tem como objetivo apresentar os elementos que caracterizam os líderes que integram as startups em uma dada região pode contribuir de várias formas. Pode ser uma forma que permite a compreensão acerca das peculiaridades culturais de uma dada região, de modo que você pode partir de uma pesquisa que se concentre nas startups de São Paulo e compará-las com a região de Belo Horizonte, visto que os resultados serão diferentes, pois se tratam e universos com demandas igualmente específicas. Analisar como esses líderes agem, quais são as suas formações, quais são as suas idades e gênero predominante, onde costumam conseguir fomento para as suas entidades, quais são os seus interesses e nichos, dentre outras questões que irão garantir a originalidade ao seu estudo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita

Confira também...