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Quais são as principais diferenças entre o estado da arte e o referencial teórico? Qual dessas duas possibilidades é a melhor?

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As técnicas da pesquisa científica: compreendendo o que são o estado da arte e o referencial teórico em um texto científicoAs técnicas da pesquisa científica: compreendendo o que são o estado da arte e o referencial teórico em um texto científico

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje iremos retomar as nossas discussões sobre técnicas de pesquisa. A fim de que o estudo possa ser realizado da melhor forma possível, devemos tomar alguns cuidados ao optarmos pelo uso de certas ferramentas. Dentre as nossas possibilidades, temos o estado da arte, que, diferentemente do referencial teórico, é um processo optativo. Embora seja algo que pode ser inserido ou não em seu estudo, o seu uso é bastante recomendado, visto que, antes de iniciarmos o desenvolvimento do estudo em si, é preciso que escolhamos os materiais científicos que irão fornecer a base necessária para a discussão. Contudo, para que o estado da arte possa ser realizado da melhor forma possível é preciso que essa busca seja feita de forma sistematizada. É com essas questões em mente que iremos esclarecer as diferenças entre o estado da arte e a fundamentação teórica.

O estado da arte é a mesma coisa que o referencial teórico?

Essa é uma dúvida bastante recorrente entre os acadêmicos e iremos respondê-la hoje. Essas dúvidas aparecem porque o estado da arte é um debate muito novo entre os acadêmicos brasileiros, visto que ele é mais utilizado fora do país, contudo, já há diversos adeptos que têm empregado a técnica. Como é uma questão nova, os acadêmicos assumem posturas diferentes sobre o estado da arte. Entretanto, diversos dos nossos professores se sentiram na obrigação de requerer aos seus alunos a realização do estado da arte, visto que a academia tem pressionado essa prática. Diversos desses professores não estão acostumados com essa terminologia, embora a maior parte saiba o que essa técnica de pesquisa significa. A fim de que as dúvidas sejam esclarecidas, iremos discutir, primeiramente, sobre o estado da arte, e, na sequência, sobre a fundamentação teórica.

A pesquisa sistematizada e a sua importância

O estado da arte nada mais é do que uma busca sistematizada que fazemos em busca dos materiais que irão embasar a sua discussão. É uma pesquisa que o investigador realiza para conhecer o panorama que perpassa pelo assunto que escolheu debater, isto é, é uma forma de saber o que os pesquisadores têm investigado sobre o tema considerando um dado recorte temporal. Por exemplo, se o seu interesse é o de investigar a temática do empreendedorismo, a primeira coisa que você precisará fazer no estado da arte é deixar claro ao seu leitor o que os pesquisadores da área têm investigado sobre o empreendedorismo. Além disso, é fundamental que você parta de uma vertente do empreendedorismo, visto que é uma temática bastante abrangente. Verifique quais são as discussões que têm sido promovidas, quais são as principais descobertas e quais são as limitações de pesquisa.

As lacunas de pesquisaAs lacunas de pesquisa

O estado da arte também é de suma importância para que você consiga encontrar uma lacuna de pesquisa com a qual deseja trabalhar. Tudo inicia com uma pesquisa requerida pelo seu próprio orientador. É nesse momento que você começa a elaborar o seu estado da arte. Apenas é possível conhecer o panorama do assunto que está investigando se você tem muito claro em mente o que tem sido pesquisado ao longo dos anos, e, para isso, é preciso que seja feita uma busca sistematizada. Contudo, hoje, é publicado um artigo científico a cada quinze segundos. Antes da pandemia era a cada trinta segundos. Com isso, precisamos frisar que o volume de informações publicadas a cada segundo é muito grande, e, dessa forma, é preciso que aprendamos a lidar com essa grande quantidade de pesquisas. Além disso, é necessário que você tenha claro em mente que o estado da arte não atua como uma verdade inquestionável.

O estado da arte para além da verdade universal

Um estado da arte é muito mais do que uma verdade. Por exemplo, você pode estar realizando uma pesquisa, e, nessa busca, pode identificar que os estudos que versam sobre o empreendedorismo voltam-se, sobretudo, ao público feminino. Assim sendo, é necessário que você saiba como irá desenvolver essa questão, isto é, precisará atestar ou contestar se todas as pesquisas que versam sobre o empreendedorismo estão ligadas a esse público em específico. Você perceberá que não é justamente a partir daí que você começará a fazer o seu recorte de pesquisa. Tenha muito claro em mente que é impossível que todos esses materiais versem apenas sobre esse público, pois, a cada poucos segundos, milhares de novos artigos são publicados. Todos os dias temos pesquisas e discussões sendo promovidas nos mais diversos espaços acadêmicos e a partir de formatos de trabalhos igualmente múltiplos.

O estado da arte e a busca sistematizada

Em virtude do cenário que acabamos de apresentar, frisamos que o estado da arte precisa partir de uma busca sistematizada. Isso se dá em virtude do fato de que é impossível para qualquer ser humano ter acesso e explorar todas as informações, mesmo que digam respeito a um mesmo assunto. É impossível abordar tudo o que tem sido investigado e abordado sobre um tema. Além disso, a fim de que esses materiais possam ser obtidos, o mais comum é que o pesquisador parta de uma base de dados específica para realizar essa coleta. Iremos utilizar como exemplo a base de dados conhecida como Google Acadêmico. Nela, você irá digitar as palavras-chave que farão com que chegue a esses materiais. Contudo, antes de qualquer coisa, é preciso que você tenha essa consciência de que o estado da arte irá partir de uma busca sistematizada que segue alguns critérios específicos.

O que apontar na busca sistematizada?O que apontar na busca sistematizada?

Com esta busca sistematizada você irá apontar ao seu leitor como você chegou a esses resultados. Isso é importante porque um dos princípios científicos é a demonstração dos cuidados metodológicos ao longo da realização das etapas fundamentais da pesquisa científica. A fim de que essa discussão fique mais clara, iremos dar um exemplo prático. Estamos considerando aqui a Google Acadêmico. A primeira coisa que você irá escrever em seu estado da arte é que para a confecção desse estado da arte foi utilizada essa base específica. Na sequência, você deverá apontar todas as palavras-chave que está considerando e a quantidade total de materiais obtida com cada palavra. Irão aparecer diversos materiais. Você precisará de critérios para que esses materiais sejam incluídos ou não. A fim de que eles fiquem claros, você precisará justificar porque estão sendo utilizados.

Justificando o estado da arteJustificando o estado da arte

Tendo os critérios definidos e apresentados ao leitor, você conseguirá justificar e demonstrar os motivos que fizeram com que esses materiais se sobressaiam perante aos outros. Embora o mais comum seja realizar essa pesquisa em uma base de dados específica, caso você opte por utilizar mais de uma, precisará repetir o mesmo processo. Até agora falamos sobre os artigos científicos publicados em revista indexados nessas bases, porém, há a possibilidade de utilizarmos dissertações e teses para que embasam as nossas discussões. Esses materiais podem ser encontrados no banco de teses e dissertações da própria CAPES. Além disso, existem diversos bancos de dados de cada universidade que indexam as dissertações e teses dos seus alunos. Assim sendo, se você deseja utilizar materiais de bases de dados que indexam artigos, dissertações e teses precisará justificar o uso para todas as fontes utilizadas.

Explicando as escolhas a partir do estado da arteExplicando as escolhas a partir do estado da arte

No caso dos artigos científicos, você precisará apontar que na base de dados x (Google Acadêmico, por exemplo), com as palavras x, y e z, chegou-se àqueles materiais específicos. É importante que você esclareça, também, os meses em que essa pesquisa foi realizada (o início e o fim da busca). A partir disso, você começará a mapear a sua busca. O mesmo vale para o caso de você querer mapear esse assunto a partir da coleta de dissertações e teses, tanto no banco de dados da CAPES ou das instituições de ensino espalhadas pelo país. Os critérios que você está levando em consideração devem ser apresentados para que essa pesquisa seja oriunda de uma busca que se caracteriza como sistematizada. Deve ficar claro onde essa busca foi realizada, podendo ser em uma ou mais base de dados, bem como como essa busca foi realizada.

Os critérios de pesquisa

Os critérios por você utilizados irão atestar que naqueles dias e meses considerados, os materiais que você obteve foram aqueles. Entretanto, eles não foram escolhidos de forma aleatória. É interessante frisar que uma busca feita algumas semanas atrás, caso seja replicada hoje, poderá apresentar resultados novos, visto que a cada poucos segundos novos materiais são publicados. Mesmo que os resultados de alguma forma se repitam, a ordem com toda a certeza não será mais a mesma. Novos estudos são incluídos e contabilizados a cada nova busca. Além disso, a ordem a partir da qual essas afirmações são apresentadas está ligada à própria lógica do sistema que disponibiliza essas informações. O sistema, por sua vez, está sujeito à lógica da inteligência artificial. O seu estado da arte precisa ser muito claro para que a sua busca seja transparente e produtiva. Com isso, podemos pensar sobre o referencial teórico.

O que é um referencial teórico?

Feitas essas explanações, podemos discutir sobre o referencial teórico em si. A fim de que o seu referencial teórico possa ser realizado, você poderá fazer algumas escolhas. Você pode tanto partir do seu estado da arte para realizar esse referencial ou não. Se você optar por partir do seu estado da arte, precisará pegar todos os materiais que foram apresentados no estado da arte e desenvolver a sua discussão a partir deles. Em outras palavras, você irá desenvolver a sua revisão da literatura em cima desses materiais. Essa revisão pode se dar a partir de formas diversas, como uma revisão sistematizada, em que você pega cada material e apresenta os seus principais pontos, contrapondo pontos de vista diferentes, verificando as concordâncias e discordâncias entre os autores ou pode fazer uma revisão teórica a partir dos principais trechos dos materiais desses autores que estão sendo levados em consideração.

Os tipos de revisão

No caso de uma revisão teórica, você poderá apresentar o panorama sobre os conceitos que estão sendo trazidos pelos autores que estão sendo considerados. Em uma revisão teórica, apresenta-se os conceitos e definições principais desses autores. Como frisamos, o estado da arte nem sempre faz parte de um estado da arte. Isso decorre do fato de que certos trabalhos científicos partem de conceitos muito específicos. Por exemplo, no caso do empreendedorismo, que é o tema que estamos trazendo como exemplo, é preciso recuperar toda a evolução histórica do conceito, apresentando, ao longo dessa evolução, as mais diversas definições. É comum nesse tipo de estudo que o pesquisador tenha que dispensar uma atenção especial aos aspectos históricos que perpassam pelo tema. Assim sendo, há algumas áreas em que a inclinação teórica perpassa também por esse viés histórico.

Inclinações dos trabalhos acadêmicos

Alguns trabalhos, especialmente os mais teóricos, dispensam uma atenção especial para os aspectos conceituais, o que envolve a dimensão histórica e cultural do assunto que está em pauta. Suponhamos que você queira discutir sobre o empreendimento estratégico. Algo que não poderá faltar nessa discussão são os postulados de algumas escolas teóricas e filosóficas. Há estudos que fazem toda uma recuperação histórica do conceito, trazendo conceitos antigos, antes que as discussões mais recentes sobre o assunto sejam enfim introduzidas. As escolhas de autores são as mais diferentes possível, sendo que, a depender da área e do assunto em questão, eles são os filósofos mais antigos.

Assim sendo, precisamos frisar que, caso o seu estudo faça parte de uma linha de pesquisa que tenha essa inclinação teórica, não terá como se desvincular dessas questões essenciais. O estado da arte pode ser realizado mesmo em uma pesquisa que tenha essa inclinação teórica potente. Esse processo de pesquisa pode ser incluído de forma textual no momento de sua justificativa, por exemplo. Como trabalhamos com lacunas de pesquisa, você irá atestar os motivos que justificam a escolha dessa lacuna. Entretanto, nem sempre a discussão teórica parte desse estado da arte. Nessa discussão, os conceitos que irão sustentar a sua base argumentativa devem ficar bastante claros.

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