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Posso fazer um curso de mestrado em uma área diferente daquela que optei em meu curso de graduação? Compreendendo o universo da pesquisa científica e as possibilidades de ingresso em um mestrado

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As possibilidades que um candidato tem para ingressar em um curso de mestrado? É possível escolher uma outra área?

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje iremos discutir sobre uma questão importante para aqueles que pretendem ingressar em um programa de mestrado. Não é incomum que muitos pesquisadores iniciem os seus estudos logo na graduação, e, dessa forma, muitos optam por prosseguir em uma mesma linha de pesquisa. Muitos desses pesquisadores permanecem com o mesmo orientador, e, assim, há uma certa linearidade, de modo que as pesquisas acabam se conectando, quase como se uma coisa levasse a outra. Contudo, não são os raros de pesquisadores que migram de uma linha de pesquisa para outra. Às vezes esse processo ocorre em uma mesma instituição, porém, muitos alunos migram para um novo contexto. É em virtude dessa multiplicidade de opções que um pesquisador tem em mãos que hoje optamos por discutir sobre as variáveis que afetam os pesquisadores que migram de uma linha para outra.

O universo da comunidade acadêmicaO universo da comunidade acadêmica 

Hoje, iremos discutir sobre as características dos programas de mestrado, doutorado, especializações e graduações. A grande dúvida que afeta grande parte de nossos pesquisadores está ligada às possibilidades voltadas ao ingresso em uma nova área, diferente da graduação, portanto. Essas escolhas estão ligadas tanto aos cursos de mestrado e doutorado propriamente ditos, mas também às especializações. Antes de nos aventurarmos nesse universo, acreditamos que é necessário compreendermos esse universo da graduação brasileira. Uma das suas características mais predominantes é o fato de que essas grades curriculares são muito amplas, logo, generalistas. Por exemplo, suponhamos que você tenha escolhido fazer uma graduação em Biologia. Na grade, você não aprenderá apenas assuntos voltados à área da genética. Assuntos sobre plantas, animais, zootecnia, insetos, bioquímica são alguns exemplos temáticos.

A generalização da grade curricular

Com base em nosso exemplo, percebemos que, na graduação, não há tempo suficiente para que os assuntos sejam aprofundados. O aluno é colocado em contato com todos os assuntos que permitem a sua atuação enquanto profissional. Assim, apesar do contato com essa ampla gama de temas, não há uma especialização em nenhum. É nesse sentido que cursos desse tipo podem ajudar o aluno a nortear a sua prática profissional em uma área específica. Ele pode, portanto, transitar entre muitas áreas ao longo de sua carreira. No caso da Biologia, o profissional pode atuar na área de genética, educação, metodologia ativa, comunicação etc. Como a grade é generalista, as possibilidades são múltiplas. É essa a missão da pós-graduação, seja ela lato ou stricto sensu. Enfoca em um eixo específico de uma dada formação. Você é preparado para pesquisar e atuar nessa área em específico.

Afunilando as opçõesAfunilando as opções

A partir do momento em que você ingressa em uma pós, você delimita o contexto no qual deseja atuar. A pauta de hoje surgiu da seguinte questão norteadora: sou engenheiro civil e faço uma especialização na área de geotécnica, porém, fiquei interessado em um programa de mestrado profissional em educação; o curso não exige a realização de uma graduação em engenharia; poderia ministrar as aulas em um curso de engenharia sem ter essa graduação específica? O pesquisador tem a variável do trabalho, então este curso noturno é o que mais se adequa a sua realidade, pois trabalha em horário comercial. Também iremos esclarecer se uma instituição poderia contratar este profissional como especialista ou mestre. Vamos esclarecer um pouco sobre essas questões. A primeira questão que precisamos pontuar é que este curso precisa ser reconhecido pela CAPES, não há como você ser contratado como especialista.

As possibilidades de contrataçãoAs possibilidades de contratação

Quando realizamos um curso reconhecido pela CAPES, é o equivalente a este título que receberemos quando formos contratados por uma certa instituição. A não ser que condições diferentes sejam postas por esta instituição no momento da contratação. Se o seu curso de mestrado é reconhecido, salvo as exceções, é este título que irá contar. Em relação à contratação na área em que você se aperfeiçoou, esta é viável, mesmo que a sua graduação seja em outra área. No caso de nosso exemplo, o pesquisador é formado na área da engenharia, porém, o seu curso de especialização concentra-se na área da geotécnica. Também é preciso que pontuemos que você será contratado para lecionar disciplinas específicas. A sua área, portanto, deve permitir que você lecione sobre os conteúdos programáticos postos por essas disciplinas específicas.

A grade de disciplinas nas instituições

É importante que esclareçamos que cada instituição de ensino possui a sua própria grade curricular. O professor, portanto, inscreve-se para lecionar aquelas disciplinas que se sente apto para atuar. Contudo, há algumas questões que devem ser consideradas, como os conteúdos, os horários nos quais serão ministradas, burocracias postas pela coordenação do curso, dentre outras questões. Entretanto, deve ficar claro que, durante essa atuação profissional, o pesquisador irá transitar entre múltiplas disciplinas. Em relação ao mestrado em educação, ressaltado pelo pesquisador de nosso exemplo, este poderia agregar sim a sua formação. No mestrado em educação, o pesquisador terá contato com a docência em tempo real. Como o interesse aqui é lecionar, as opções de atuação do pesquisador aumentam ainda mais. Vamos compreender um pouco mais sobre essas opções.

A ampliação da atuação profissionalA ampliação da atuação profissional

O pesquisador de nosso exemplo, formado em engenharia civil e com interesse na área da educação, pode transitar entre os dois campos. O pesquisador aqui poderia lecionar na área da engenharia como um todo, em virtude da sua formação de graduação, bem como poderia atuar na linha da geotécnica e da própria educação. O mestrado em educação poderia ajudar esse profissional a perceber quais são os desafios voltados à educação que afetam este público-alvo. O único cuidado relacionado à linha de pesquisa escolhida pelo pesquisador que gostaríamos de pontuar é que recomendamos que o interessado não procure por disciplinas que estejam muito distantes da área em que escolheu se aperfeiçoar. Todavia, é fato que a educação é uma área muito democrática e insere o pesquisador em uma ampla gama de possibilidades. A educação abrange todas as demais áreas, por mais “distantes” que possam parecer.

A amplitude da área da educação

É a educação que dá vida a todas as outras áreas. É por causa da educação que conseguimos nos aperfeiçoar. Por esse motivo, as suas possibilidades são as mais abrangentes possíveis. Embora a educação tenha esse perfil democrático, há alguns desafios que precisamos mencionar. Um outro aspecto sobre o qual precisamos conversar está ligado à escrita acadêmica. Este é um desafio que precisamos enfrentar durante toda a nossa formação. Especialmente na área das ciências da saúde e exatas, o pesquisador precisa adotar uma escrita mais “dura”, sistematizada. A fim de que essa escrita seja desenvolvida da melhor forma possível, recomendamos que procure por um professor da área na qual você deseja se especializar e atuar. No caso de nosso exemplo, um professor de matemática ou física poderia ajudar este pesquisador que precisa aperfeiçoar a sua escrita.

O aperfeiçoamento da escrita acadêmica

A fim de que a sua escrita possa ser aperfeiçoada da melhor forma possível, recomendamos que você opte por uma temática com a qual possa se relacionar de um modo mais efetivo. Também recomendamos que as pessoas que têm mais dificuldade com os aspectos teóricos optem por um trabalho com viés mais aplicado (não significa que as questões teóricas não irão aparecer, contudo, a ênfase será muito menor). Um mestrado em educação poderia permitir que este pesquisador esteja em contato com docentes e discentes para compreender um dado fenômeno da área sob o viés desta e da própria educação. Um exemplo de questão poderia ser quais são as percepções dos alunos que integram o curso de engenharia civil de uma dada região sobre o mercado de trabalho (as possibilidades de atuação). Questionar os alunos quanto ao currículo, se ele poderia ser mais direcionado, também é um exemplo.

Questionamentos que a área da educação permite

Além dos exemplos que já mencionamos, os sujeitos envolvidos com a pesquisa do nosso exemplo poderiam ser questionados acerca do nível de conhecimento esperado dos alunos em relação a um dado contexto (a geotécnica, no caso de nosso exemplo). Verificar qual é o nível de conhecimento desses alunos quanto à tecnologia também é uma forma de aperfeiçoar as técnicas docentes para o ensino dessas questões. Entender quais são essas tecnologias ensinadas, quais são os dispositivos, aplicativos, softwares e hardwares etc. Há uma variedade de temas que o pesquisador tem em mãos e pode tratar ao longo dos seus estudos. É necessário escolher por aqueles que liguem a sua área de especialização à educação, pois, assim, o pesquisador não foge de seu escopo. Ele passará, portanto, a atuar de uma forma interdisciplinar, uma vez que está transitando entre múltiplas áreas.

A atuação interdisciplinar

O trabalho interdisciplinar muito tem a contribuir com aqueles pesquisadores que não querem permanecer apenas em uma área, mas sim integrar várias delas. No caso de nosso exemplo, o interesse do pesquisador é o de integrar a área da educação com a sua formação em engenharia e especialização em geotécnica. Temos, aqui, um trabalho interdisciplinar. Não há problema algum em transitar entre áreas múltiplas, porém, se o seu interesse é o de atuar na academia, é de suma importância que o curso de mestrado em questão seja reconhecido pela CAPES para que você possa receber o equivalente ao título de mestre. Se o curso é reconhecido pela CAPES, você será compreendido como um mestre em qualquer instituição de ensino que tenha o interesse de ingressar enquanto docente. No que toca à área da educação, recomendamos que ela esteja o mais próxima possível de sua área de atuação.

A aproximação entre áreas

Para que as áreas dialoguem entre si, recomendamos que elas sejam aproximadas. Também precisamos chamar a sua atenção para o caso de você migrar para um programa de educação no qual todos os seus membros são pedagogos. Caso a sua formação não seja essa, talvez um outro programa contribua mais para com a sua atuação profissional e docente. Se você migrar para um programa com uma inclinação muito voltada à pedagogia, o seu trabalho tomará uma proporção pedagógica. Ao migrar para um programa de educação que tenha outros tipos de profissionais, as suas possibilidades podem ser mais amplas. Cada inclinação insere o pesquisador em um contexto muito específico. Cada contexto tem as suas próprias demandas e exigências. Acreditamos que, nesse momento de pesquisa, é muito mais importante que você compreenda quem são os professores e as linhas de pesquisa com as quais ele trabalha.

A importância do diálogo com o professor pretendido no programaA importância do diálogo com o professor pretendido no programa

A comunicação é o ponto-chave para a resolução de qualquer problema, bem como permite que quaisquer dúvidas sejam sanadas. No caso de um interesse muito específico, interdisciplinar, verifique se o professor pretendido trabalha dessa forma. Por vezes acabamos ficando muito presos no peso que uma instituição ou programa carrega e acabamos nos esquecendo de outras questões importantes. Um exercício fundamental que precisamos praticar é o de nos desvincularmos da ideia de que temos uma única possibilidade. Uma mesma área nos insere em uma ampla gama de formas de pesquisa, de linhas de pesquisa, podemos escolher por aquela com a qual nos identificamos mais em termos de pesquisa. A área da comunicação, por exemplo, abarca diversos tipos de profissionais interessados nesta grande área, não apenas publicitários.

Tal como a educação, a área da comunicação e semiótica é muito democrática, e, assim, as suas possibilidades são infinitas. Nesta área, podemos analisar um universo de fenômenos por meio do viés da semiótica. Esta abordagem trabalha com signos. O mundo em que vivemos é composto por signos, logo, tudo pode e deve ser estudado para que compreendamos a vida em sociedade e os próprios seres humanos. Todos esses processos envolvem a comunicação, logo, todos que se interessam pela comunicação podem se dar muito bem nessa área. É uma área bastante interdisciplinar, e, dessa forma, as possibilidades de pesquisa são abrangentes e contemplam os mais diversos públicos e perfis de pesquisadores. Contudo, cada professor tem as suas próprias afinidades, e, assim, é preciso escolher por aquele que está mais ligado aos seus interesses de pesquisa. Quanto mais democrática a área, maiores as suas possibilidades.

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