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Vale à pena fazer mestrado profissional em uma universidade privada?

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Fazer ou não fazer: vale à pena fazer um mestrado profissional em faculdades privadas?

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje iremos retomar as nossas discussões sobre as possibilidades de ingresso em um curso de mestrado. Como temos destacado ao longo de nossos posts, a pós-graduação brasileira divide-se em duas abordagens: lato sensu e stricto sensu. No lato sensu, procura-se por cursos de especialização voltados à áreas específicas em que o pesquisador já trabalha. No stricto sensu, hoje, temos dois tipos de cursos de mestrado. Eles são os mestrados acadêmicos, em que o aluno desenvolve um trabalho que é, de fato, mais teórico, e, ainda, temos os cursos de mestrado profissionais. É sobre essa segunda possibilidade que iremos conversar ao longo deste post. Os cursos de mestrado profissionais voltam-se a pesquisadores que se identificam mais com outros tipos de trabalhos, que são mais práticos. Em razão da proposta desse tipo de curso, os trabalhos são menos teóricos e mais práticos.

Os preconceitos e estigmas relacionados aos cursos ofertados em instituições privadas

Optamos por iniciar a nossa discussão com essa reflexão porque há uma série de estigmas e preconceitos associados aos cursos privados ofertados em todos os níveis da educação, sobretudo na educação superior. O pré-conceito, na verdade, é inerente a todo ser humano. Não conseguimos nos libertar dessas ideias prévias, mas elas podem ser modificadas a cada dia. Essa discussão de hoje, portanto, é mais uma reflexão sobre esses estigmas que permeiam a educação superior privada. Esses pré-conceitos advém da construção do pensamento. Este processo é consolidado no convívio social. Existem pessoas que acreditam que há diferenças entre instituições de ensino superior públicas e privadas. No ensino básico, que contempla da educação infantil ao ensino médio, entende-se que a educação privada é melhor. No âmbito da educação superior, a defesa é o contrário, que as públicas são melhores.

Existe uma instituição que é melhor e mais vantajosa no ensino superior?

Nós acreditamos que não existe uma instituição que é melhor do que a outra apenas por ser pública ou privada. Devemos deixar claro, também, que, desde o ano de dois mil e cinco, o ensino superior tem tido uma abertura muito grande, o que fez com que a oferta de cursos, sobretudo no âmbito privado, aumentasse de forma significativa. Há inúmeras universidades, públicas e privadas, que se comprometeram com o oferecimento de cursos de pós-graduação de qualidade. Elas são acompanhadas e avaliadas pela CAPES. O conteúdo ofertado por esses cursos possui uma certa equivalência e é controlado pelos órgãos reguladores. Os cursos de graduação são controlados pelo Ministério da Educação (MEC) e os de pós-graduação são convalidados e controlados pela CAPES. Não podemos falar que uma certa instituição no Brasil é melhor do que a outra em tudo. Há eixos de atuação específicos.

Os núcleos de atuação específicos

Há diversas instituições que podem ser referência em uma área e em outra nem tanto. É natural. Vamos citar alguns exemplos para que essas questões fiquem mais palatáveis. Por exemplo, na área de Engenharia, uma universidade privada que é referência é a Mackenzie. Por outro lado, temos a Pontifícia Universidade Católica que é referência na área de Comunicação e Semiótica. Com isso, percebemos que as instituições de ensino possuem núcleos de pesquisa e eixos de atuação que são referências em certas áreas. Algumas das características que fazem com que essas instituições se destaquem é a alta procura pelos alunos e a sua emancipação. São espaços referências, também, na área da pesquisa. Contudo, as diferenças entre os eixos público e privado se dão em termos de características específicas a cada contexto.

Há diferença em termos de conteúdo?

Há diferença em termos de conteúdo?

Os professores não são mais ou menos capacitados por estarem em uma instituição privada. Esse não é um fator decisivo. O conteúdo ofertado também é semelhante, pois são aprovados pelos órgãos reguladores. Há professores que são excelentes, grandes referências, tanto no eixo público quanto no privado. O mesmo vale para os aspectos negativos: você pode se deparar com professores “ruins” tanto nas instituições de ensino superior públicas quanto nas privadas. Tudo irá depender do engajamento desses professores com a pesquisa científica. Quando falamos em instituições, estamos falando de pessoas e de mentalidades muito diferentes. Assim, perpassamos por algumas questões elementares, como os aspectos comportamentais e ideológicos. Qualquer grupo social é influenciado dessa forma. Por exemplo, podemos ter duas instituições religiosas com a mesma inclinação e uma delas pode ser “ruim”.

As instituições em diversos setores da vida

As instituições em diversos setores da vida

Temos instituições que são boas e ruins em todos os eixos da vida humana. Além da academia e das igrejas, instituições filantrópicas podem ser boas ou ruins. Quando falamos sobre seres humanos, essas divergências são perfeitamente normais, pois, a depender do contexto social, espacial, cultural etc., receberá um determinado tipo de influência, sendo que esta pode ser negativa ou positiva. Essas variantes irão interferir diretamente na qualidade do seu resultado. Contudo, mesmo que reconheçamos que carregamos pré-conceitos, é preciso que nos libertemos da ideia de que os cursos ofertados no ensino superior privado são ruins por não serem ofertados em instituições públicas. Devemos parar de qualificar os estudantes das instituições de ensino públicas e privadas como melhores ou piores simplesmente por pertencerem a esse lugar específico. São outros aspectos que irão afetar essa qualidade.

O que define a qualidade de uma instituição?

O que define a qualidade de uma instituição?

O que irá definir se um pesquisador e o seu trabalho são bons é o seu engajamento com a própria pesquisa e com as atividades acadêmicas que fazem com que o estudo ganhe maturidade. É o que esse pesquisador fornece à sociedade que irá definir se ele e a sua instituição são bons ou não. Por exemplo, temos uma pessoa que é uma excelente pesquisadora e crítica. As pessoas mais próximas podem saber que essa pessoa é comprometida, porém, se essa pessoa não publica artigos científicos, não participa de eventos e afins, não há como a sociedade saber que esse pesquisador específico está contribuindo para com ela. Se a pessoa não publica vídeos, livros, artigos e não se envolve com projetos sociais, acaba usando a sua pesquisa para fins pessoais, como, por exemplo, para atacar pessoas nas redes sociais demonstrando “engajamento” e “comprometimento” com a ciência.

O que faz com que um pesquisador seja ruim?

O que faz com que um pesquisador seja ruim?

Um exemplo são os haters. Fazem uso das suas pesquisas apenas para constranger. Não agregam em nada para a sociedade. Usa a sua competência intelectual apenas para criticar as pessoas o tempo todo. Mesmo que essa pessoa seja uma excelente pesquisadora e que tenha um bom posicionamento sobre diversas pautas importantes, ela não está contribuindo para que vivamos em um mundo melhor. É preciso produzir para a sociedade, esteja você em uma instituição pública ou privada. Por outro lado, pode acontecer de um indivíduo fazer parte de uma instituição que não possui tanto renome, porém, o seu engajamento é notável. Se esse aluno, dentro ou fora do programa (caso já tenha terminado), está publicando de forma constante, produzindo conteúdo, envolvendo-se com programas e projetos sociais, dentre outras ações, tem-se uma pesquisador referência.

O resultado provocado pelo pesquisador

É o pesquisador que deve ser avaliado. A instituição apenas se torna referência quando os seus alunos se destacam. Assim sendo, o que esse aluno desenvolve enquanto cientista e enquanto pessoa (comprometimento com causas importantes, por exemplo), define o quão bom e engajado ele é. Ao invés de pensarmos se uma pessoa é boa ou ruim por estar em uma instituição pública ou privada, uma outra questão é muito mais importante de ser questionada: o que essa pessoa faz em prol da sociedade em que vivemos, se contribui efetivamente. É preciso que utilizemos esse conhecimento que absorvemos e desenvolvemos na academia para que melhoremos a vida das pessoas que integram os mais diversos grupos sociais. No caso de um mestrado profissional, é preciso que todo esse aprendizado seja revertido em ações práticas que podem tornar a sua prática profissional mais comprometida com a sociedade.

 O título recebido em um mestrado profissional

 O título recebido em um mestrado profissional

Se o seu mestrado é reconhecido pela CAPES, você será um mestre de qualquer forma. O reconhecimento do título de mestre é o mesmo em instituições públicas e privadas, o que importa é se esse curso é autorizado pela CAPES. Em relação às diferenças entre essas instituições, cabe mencionar que elas se dão apenas em termos de network. Contudo, é evidente que, para algumas pessoas, faz diferença carregar o nome de uma certa instituição em seu currículo, e, desse modo, procura-se por instituições que possuam esse peso. Sobretudo as pessoas que desejam trabalhar em uma instituição que possui esse peso, ter referências no currículo conta muito. Entretanto, essa é uma questão apenas imaginária, pois mesmo tendo cursado as “melhores” universidades não é algo que irá garantir o emprego, sobretudo na instituição específica que cursou. O currículo como um todo é decisivo.

O que devo demonstrar com um mestrado profissional?

Em razão da própria finalidade de cursos desse tipo, o que você terá que demonstrar para a sociedade são os resultados relacionados ao produto/serviço desenvolvido ao longo desse mestrado profissional. A competência é algo desenvolvido durante o período de vigência do curso. Assim sendo, é muito importante que paremos de julgar os cursos e onde são ofertados. É essa competência do pesquisador que encontra-se em pauta. Esse preconceito deve ser extinto porque é um dos principais fatores que impedem as pessoas de conseguirem um melhor posicionamento no mercado. Não importa onde a pessoa estudou, mas sim o seu comprometimento com a ciência, logo, com a sociedade como um todo. O lugar onde ela se encontra não pode ser um fator limitador para conseguir melhores oportunidades. Não é esse espaço que fará com que a pessoa tenha ou não capacidade, mas sim o engajamento.

As oportunidades que surgem ao longo da vida

É fato que algumas pessoas têm acesso a certos privilégios, logo, a oportunidades melhores ao longo de toda a sua vida. Algumas dessas oportunidades fazem com que tenha certas possibilidades de escolha que uma outra pessoa, em condição sociocultural diversificada, não terá. Diante desse cenário, a capacidade dessa pessoa deve ser analisada sob outra ótica. Os seres humanos, em geral, possuem a mesma quantidade de neurônios, sendo assim, todos temos a capacidade para aprender. O que faz com que as pessoas sejam tão diferentes e que muitos de nós não temos as mesmas oportunidades, o que pode limitar o desenvolvimento dessa capacidade em um certo momento. Pertencemos a cidades e estados diferentes, bem como não temos o mesmo poder econômico. Contudo, não significa que a nossa capacidade é inferior a de outra pessoa. O que você faz é o que define o quão bom é para a sociedade.

O engajamento com a sociedade

Aquilo que fazemos para a sociedade revela o quão bom somos. Além disso, o quanto você produz e demonstra à sociedade é o que define o seu engajamento. Esse comprometimento reitera o quão preocupado você está com a sociedade. Não adianta afirmarmos que somos bons pesquisadores, que falamos uma quantidade ampla de idiomas, mas não produzimos nada para essa sociedade. Não há retorno quando apenas afirmamos e não comprovamos esse engajamento com ações. Atacar as pessoas nas redes sociais com o “conhecimento científico” também não atesta esse engajamento. Para que sejamos pessoas referência, é preciso que contribuamos para que todos vivamos em um mundo melhor. As ações precisam ser efetivas. Use o período do mestrado para demonstrar esse engajamento para a sociedade.

Use o período do seu mestrado ou doutorado para crescer enquanto pesquisador. Nesse momento, o ideal é que nos tornemos pessoas melhores enquanto cientistas, mas, principalmente, enquanto pessoas preocupadas com as pessoas que fazem parte dessa sociedade na qual vivemos. Conforme o conhecimento é desenvolvido, mostre os resultados desse aprendizado à sociedade. A publicação contínua é a melhor estratégia para tal. Impacte de forma positiva a vida das pessoas que fazem parte desse mesmo conjunto. A fim de que essa discussão seja convertida em resultados práticos, é preciso que nos libertemos desses preconceitos e estigmas sobre instituições de ensino superior públicas e privadas. Esses preconceitos, muitas vezes, são vistos como inofensivos, porém, as pessoas são muito afetadas com isso. Não caracterize uma pessoa como melhor ou pior pela instituição.

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