Estado da arte: conhecimento e mapeamento

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Por que investir em um estado da arte?

Olá, tudo bem? Em nossa conversa de hoje iremos discutir sobre uma ferramenta que, para alguns, é bastante polêmica: o estado da arte.

Falamos que ele é polêmico pois embora facilite a vida do pesquisador nas mais diversas etapas da pesquisa científica, há muitos professores e orientadores que se opõem a esta abordagem.

Parte dessa resistência se dá em razão, principalmente, do fato que o estado da arte pode possuir diversos nomes e, desse modo, usa-se as mesmas técnicas, mas a estratégia ganha nomes diferentes, a depender da sua instituição/orientador.

Assim, daremos início à uma série de textos sobre as etapas que dão forma ao estado da arte e, desse modo, temos como objetivo apresentar algumas dicas para que você use essa ferramenta em diversos momentos do desenvolvimento do seu estudo, pois perceberá que irá otimizar bastante o seu tempo.

Estado da arte, estado do conhecimento e mapeamento são a mesma coisa?

Essas possibilidades são dúvidas constantes na vida do pesquisador e, assim, as especificidades dessas abordagens serão discutidas ao longo desse texto e dos próximos.

A divisão do assunto em vários textos é importante, também, pois cada área possui as suas próprias peculiaridades e necessidades em relação ao estado da arte, então, ao longo dessas conversas, procuramos fornecer a você, leitor, uma maior dimensão acerca das possibilidades de uso do estado da arte.

Isso implica a necessidade de uma primeira pauta que é de suma importância.

Você já ouviu falar do conceito de lugar de fala?

Ao longo de nossa vida, percebemos que a depender do lugar que a pessoa se encontra, certas formas de lidar e agir fazem com que identifiquemos qual é a lógica de uma determinada instituição/grupo de pessoas.

É essa lógica que dá vida ao funcionamento da comunidade da qual fazemos parte.

O lugar de fala e a sua relação com o estado da arte

O lugar de fala e a sua relação com o estado da arte

Percebemos que, ao longo dos anos, a ciência, tanto em uma escala global quanto local, evoluiu bastante e, com isso, a cada dia surgem novos métodos e abordagens que podemos aplicar para que a nossa pesquisa se desenvolva da melhor forma.

Não é apenas a ciência que evolui, mas também e, principalmente, a comunicação.

São as novas possibilidades de comunicação que alteram a lógica das mais diversas esferas da sociedade, não sendo diferente na comunidade acadêmica.

A fluidez da comunicação que divulga esses novos métodos e técnicas de pesquisa, contudo, a depender do lugar que você se encontra, um determinado método, conceito, ferramenta e afins podem ter ou não uma boa aceitabilidade.

Com isso, torna-se importante destacar, também, que o que funciona em uma área pode não funcionar na outra e, ainda, um determinado instrumento pode ganhar nomes diferentes, a depender da sua área.

Como lidar como a pluralidade de significações em áreas diferentes?

Em razão dos motivos que apresentamos, pode ser que uma determinada abordagem, no seu lugar de fala, signifique uma coisa, contudo, mesmo em uma área que não é muito distante da sua, esse mesmo instrumento, método e afins pode ganhar uma conotação, isto é, um entendimento diferente.

Assim sendo, é comum que comecem a aparecer certos ruídos na comunicação e esses ruídos, por sua vez, podem impedir que um determinado método seja aceito por uma instituição, orientador, linha de pesquisa e área.

Ao mudar de instituição essa situação pode ser ainda mais intensificada.

Existem algumas técnicas de pesquisa que, de certa forma, acabam sendo mais bem aceitas por uma quantidade mais expressiva de locais acadêmicos, contudo, outras são mais específicas a certos espaços e, dessa forma, ao reproduzi-las na nova instituição pode ser que você, de algum modo, seja questionado, no bom ou mau sentido.

As inclinações das instituições de ensino

As inclinações das instituições de ensino

Ao analisar a lógica de funcionamento de uma universidade você irá se deparar com algumas inclinações, isto é, com algumas tendências que se repetem em uma ou mais áreas dessa instituição.

Por exemplo, existem, no país, universidades que optam, e isto acaba perpassando áreas diferentes, por fazer uso de teorias, métodos e afins de certos países, como é o caso de teorias alemãs, francesas, norte-americanas, dentre outras.

Assim, pode ser que uma determinada instituição seja mais adepta, por exemplo, às contribuições teórica-metodológicas de linha francesa, já outras podem apoiar-se mais nos autores alemães.

Tal reflexão é interessante nessa conversa, pois, cada linha de pesquisa, a depender do país, parte de pressupostos filosóficos muito diferentes e, assim, isto ajuda a configurar a imagem de uma instituição, que será associada à tais pressupostos, uma vez que a maioria dos trabalhos são elaborados com base nas teorias do país que possui uma aceitabilidade melhor nesse espaço.

Como as inclinações influenciam na concepção de estado da arte?

Essas inclinações acabam favorecendo ou não a aceitabilidade de certas estratégias, como é o caso do estado da arte e das outras possibilidades que mencionamos, que são o estado do conhecimento e o mapeamento.

São essas diferentes inclinações, inclusive, que atribuem nomes diferentes ao processo do estado da arte.

Tais nomenclaturas tomam forma por causa das ideias perpassadas pelo orientador aos seus alunos que, por sua vez, transmitem essas ideias e, consequentemente, os nomes diferentes a outros pesquisadores, o que faz com que a ideia de estado da arte não seja tão homogênea, bem como faz com que não seja bem vista em todas as instituições.

Com isso, entender como a sua universidade entende o estado da arte é fundamental.

Pergunte ao seu orientador e converse com as pessoas de grupos de estudos diferentes, pois, dessa forma, você terá uma ideia de como a estratégia é compreendida nesse lugar de fala em que você se encontra atualmente.

O que é o estado da arte?

O que é o estado da arte?

Feitas as considerações sobre o local de fala e, assim, sobre como uma mesma estratégia pode ganhar diferentes nomes a depender do espaço em que você se encontra vinculado atualmente, é possível discutir sobre as três estratégias que mencionamos, que serão expostas em mais textos, para essa conversa não ficar muito longa e cansativa.

O estado da arte, diferente do que muitos pensam, não é uma metodologia.

Ele, então, faz parte de um processo de pesquisa.

É importante que destaquemos que você, enquanto pesquisador, precisa saber o que tem acontecido no mundo acadêmico a sua volta.

Como o conhecimento sobre uma mesma linha de pesquisa é muito abrangente é preciso que escolhemos um tema e, a partir dele, caso seja muito abrangente, precisamos fazer um recorte.

A partir desse recorte precisamos chegar até as publicações que discutem sobre o tema.

É nesse sentido que o estado da arte contribui.

Como lidar com a fluidez do conhecimento?

Atualmente, vivenciamos a era da informação e, dessa forma, a cada dia, somos abastecidos com muitas novas produções e, dessa forma, é impossível incorporarmos e, até mesmo, conhecermos, todos os materiais relacionados ao tema que desejamos investigar.

É nesse sentido que o estado da arte pode contribuir com a sua pesquisa.

Ele apresenta meios para que você chegue até esses materiais mais rapidamente, isto é, economizar tempo.

Com tantas informações, é comum que a qualidade dos materiais que incorporamos aos nossos estudos seja questionada.

Dessa forma, o estado da arte tem como objetivo esclarecer, ao leitor, todos os caminhos considerados para chegar até esses materiais.

Contudo, todas as escolhas precisam ser devidamente justificadas e, em outras palavras, você tem que dizer o porquê de alguns materiais serem mais interessantes do que outros para o seu estudo.

Como sintetizar os dados para o meu leitor?

A primeira coisa que você precisa manter em mente é que precisará escolher uma ou mais bases de dados para realizar a consulta a esses materiais.

Não escolha muitas bases, pois uma delas já possui uma quantidade infinita de materiais ao seu dispor.

Vamos apresentar, como exemplo, o caso da base de dados do próprio Google, a Google Acadêmico.

Após escolher a base de dados, você pode iniciar a coleta de dados e, para isso, será preciso ter em mãos algumas palavras-chave.

Quanto mais atreladas aos seus objetivos e ao problema de pesquisa essas palavras-chave estiverem, melhores serão as publicações retornadas pela base de dados.

Palavras muito gerais podem dificultar o seu processo de coleta e, assim, quanto mais específicas ao que você deseja investigar, mais precisas e interessantes ao seu estudo serão essas fontes que está buscando.

A quantidade de materiais retornada pela base de dados

A quantidade de materiais retornada pela base de dados

Ao digitar uma única palavra-chave, a base de dados pode retornar uma quantidade muito grande de materiais, o que pode tornar a análise desses documentos mais lenta.

Assim sendo, é necessário otimizar essa pesquisa e, para isso, é preciso que definamos os critérios de inclusão e exclusão de materiais.

Dentre esses critérios que podem reduzir essa quantidade de materiais e fazer com que você chegue a materiais mais precisos e específicos temos os materiais que se encontram em língua portuguesa e/ou língua inglesa; os materiais que se encontram disponíveis na íntegra, isto é, que você não precisa pagar para baixar e ler; os materiais que possuem objetivos semelhantes ao seu; materiais que são necessários para se discutir sobre um fenômeno de um período muito específico e que, ainda hoje, permanecem atuais e, por fim, um recorte temporal pode otimizar esses resultados.

Mapeando os dados coletados na base de dados

Ao escolher esses critérios e apontá-los ao leitor do nosso trabalho estamos fazendo um mapeamento das fontes que encontramos ao adotar certos critérios.

Essa é uma forma, inclusive, de se proteger frente aos possíveis questionamentos.

Dentre eles, há sempre uma pergunta que pode ser posta ao pesquisador: por que o material x, do autor y, que se encontra na base z não foi incluído?

Você irá dizer que a partir dos critérios adotados pela sua pesquisa, os resultados retornados pela base de dados escolhido foram os apresentados.

Ao apontar os resultados dessa coleta você irá identificar as lacunas deixadas por esses estudos consultados, isto é, irá demonstrar que existem problemas que não puderam ser solucionados por esses trabalhos.

Essas lacunas servem, inclusive, para que você garanta o ineditismo da pesquisa, ou seja, embora existam pesquisas sobre o assunto, elas não foram suficientes para responder a determinada lacuna, o que deixa brechas para você explorá-la e atualizar o conhecimento.

O que fica implícito em um mapeamento?

O mapeamento nada mais é do que uma forma se sistematizar como foi feita a coleta de dados relacionada a um determinado tema e, assim, você demonstra, ao leitor, quais foram as inquietações e limitações a partir de determinados critérios.

É muito importante deixar clara qual foi a base de dados utilizada, pois, como ressaltamos, é impossível sistematizar todo o conhecimento existente e, assim, caso você tivesse escolhido uma outra base de dados, os resultados poderiam ser diferentes.

Desse modo, escolher bases de dados que são expressivas em sua área é de suma importância.

Em razão da fluidez do conhecimento que faz com que a cada segundo novos artigos sejam publicados, nós, enquanto pesquisadores, temos uma capacidade de leitura reduzida, isto é, é impossível ler todos os artigos já publicados sobre um determinado tema de pesquisa.

Por que temos nossa capacidade de leitura e produção textual reduzida?

Por que temos nossa capacidade de leitura e produção textual reduzida?

Como o acesso que temos aos materiais acaba sendo limitado pela própria fluidez do conhecimento, a nossa capacidade textual é igualmente reduzida.

Assim sendo, o estado da arte é uma forma de dizer e justificar ao leitor que é impossível ler todos os materiais já publicados e, para isso, você apresenta os mecanismos utilizados para se chegar às produções que melhor se encaixam nos objetivos propostos pela sua investigação.

Desse modo, a partir do estado da arte, aponte o que tem intrigado a sua linha de pesquisa/área de atuação em um determinado período.

Atenha-se ao fato de que certas áreas do conhecimento são mais fluidas e, assim, escolher materiais dos últimos cinco anos pode não ser a melhor estratégia, como é o caso das ciências médicas.

O estado da arte é, então, uma técnica sistematizada, não é uma metodologia, mas é uma forma de fazer com que a pesquisa se desenvolva da melhor forma, uma vez que os materiais coletados influenciam na qualidade dos capítulos a serem desenvolvidos.

Apenas conseguimos chegar à materiais satisfatórios e que melhor se adaptam ao que a nossa pesquisa pretende quando escolhemos critérios igualmente eficientes e, assim, a ferramenta do estado da arte é um poderoso instrumento necessário à garantia de que os capítulos estão percorrendo os objetivos delimitados pela proposta.

Entende-se que não é possível entender tudo sobre um tema, mas é possível ter uma ideia geral do que tem sido desenvolvido ao longo dos anos, ou seja, apresenta-se um panorama.

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