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Como fazer uma autocitação? Como evitar o autoplágio?

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O que você precisa saber sobre a citação em textos científicos? Conhecendo um pouco mais os elementos que perpassam pelas citações em uma pesquisa e os seus devidos cuidados e técnicasO que você precisa saber sobre a citação em textos científicos? Conhecendo um pouco mais os elementos que perpassam pelas citações em uma pesquisa e os seus devidos cuidados e técnicas

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje iremos discutir sobre algo que tem afetado todas as pesquisas: a prática da autocitação. Como sabemos, qualquer texto já publicado deve ser citado, mas você sabe como esse processo é feito? Iremos esclarecer essas questões ao longo do post de hoje. A primeira coisa sobre a qual precisamos refletir quando discutimos sobre esse tipo de citação é que ela também é uma forma de construir o conhecimento. Assim sendo, é nosso papel chamar a sua atenção para o fato de que todos nós temos uma forma muito particular e específica de construir o nosso conhecimento. Podemos, por exemplo, ter um jeito específico de falar, fazendo uso de palavras repetidas ou mesmo de termos específicos. No processo de escrita, essa repetição não é diferente, pois, em muitos casos, a fala influencia na forma como escrevemos. Todos nós temos alguns jargões que aparecem nessa fala.

Os jargões na fala e na escrita

Todos nós empregamos na nossa fala e/ou escrita alguns termos que fazem com que as pessoas com as quais interagimos identifiquem tais termos e os associem a nós. Nesse sentido, o que queremos reiterar com esses jargões é que podem fazer com que as pessoas criem, de certa forma, uma relação mais próxima a depender das palavras que você utiliza. Essa é, na verdade, uma forma de se relacionar com o próximo que faz com que você seja identificado de uma certa maneira pelas pessoas com as quais convive em seu dia a dia, pois essa acaba se tornando uma marca muito característica. Estamos chamando a sua atenção para essa questão porque esses jargões que nos caracterizam de uma certa forma perante a um grupo social porque tais marcas são refletidas em nossa escrita e em nosso próprio processo de construção do conhecimento. Diante disso, pensemos um pouco sobre como se dá esse processo tão particular.

A construção do conhecimentoA construção do conhecimento

No processo de construção do conhecimento é muito normal que algumas marcas de nossa fala apareçam nesse momento da escrita. Isso ocorre porque a atividade é inerente ao nosso processo de construção de sinapses no cérebro. Como isso faz parte da construção do conhecimento, este processo afeta todas as nossas relações. A forma como você se relaciona com o mundo e com o conhecimento está intimamente ligada com as suas marcas essenciais. Contudo, essas marcas não são estáticas, pois, no decorrer da vida, vamos mudando em todos os sentidos. Tais mudanças afetam a nossa forma de se relacionar com tudo, incluindo o próprio conhecimento. Quando lemos o texto de um autor que escreve sozinho, é fácil notarmos os seus traços característicos. Entretanto, cada vez mais as pessoas têm escrito em conjunto, de modo que essas especificidades têm ficado menos nítidas.

As marcas características de um autor

Se você ler as obras de Kant, conseguirá enxergar as mais diversas fases pelas quais ele passou. As frases e jargões vão se repetindo e ele adquire certas características. As leituras de outros autores que aparecem em seu texto também atribuem forma ao seu estilo de escrita. O mesmo acontece com outros autores, como Foucault e Habermas, que são contemporâneos. Tudo isso tem a ver com nosso tema de hoje porque sempre que refletimos sobre autoplágio, bem como sobre autocitação, a situação é vista, de certa forma, como estranha. Isso acontece porque vivenciamos um outro cenário no mundo da pesquisa, de modo que, se antes, sobretudo no início do século, entre 2000 e 2010, mais ou menos, havia uma preocupação contínua com o retorno e o reaproveitamento de um mesmo texto, de modo que esse mesmo texto passava por um processo de adaptação e atualização e era divulgado mais uma vez.

Revisitando um textoRevisitando um texto

Especialmente os acadêmicos mais antigos têm tido dificuldades quanto à aceitação de que revisitar os textos não é mais uma prática bem aceita. Essas dificuldades estão ligadas a um hábito que foi se convencionalizando ao longo dos anos, pois foram acostumados a revisitarem tais textos para aprimorá-los e publicá-los novamente. Afirmam que como o texto pertence a eles, não há motivos para que não possam utilizá-los, porém, na prática, a realidade hoje é bem diferente. São professores e acadêmicos que partem do pressuposto de que um texto sempre poderá agregar novas leituras, sobretudo quando o conhecimento é atualizado, porém, a prática não é bem vista. Nesse sentido, queremos chamar a sua atenção que é de suma importância que mantenhamos a mente aberta, pois, dessa forma, entendemos que a academia é atualizada a todo o momento. O nosso desafio é se adaptar a esse contexto.

A lógica da inteligência artificial

Um dos motivos para que os textos não possam ser reaproveitados na íntegra diz respeito à ação da inteligência artificial. Todo material científico submetido a uma revista está ligado a uma necessidade muito específica dessa revista: a indexação, contudo, para que um texto possa ser indexado, é preciso que atenda a alguns critérios, como a originalidade e o ineditismo. A indexação nada mais é do que um mecanismo que fará com que o seu texto fique disponível na internet a longo prazo. À medida em que disponibilizamos esse material na internet, ele não é mais nosso. Tornamo-nos leitores de nosso próprio material e, como qualquer leitor, temos que citá-lo quando desejamos fazer uso de trechos específicos em um novo texto. A inteligência não entende que o texto em questão é nosso e que queremos aprimorá-lo. É um mecanismo que trabalha com algoritmos, logo, não há como burlá-los.

Os algoritmos da inteligência artificialOs algoritmos da inteligência artificial

Um texto é acusado de plágio quando uma sequência de palavras é idêntica a de um texto que já se encontra disponível na web. Nesse sentido, uma quantidade x de palavras iguais irá equivaler a um texto já publicado, mesmo que o texto seja seu. Os programas não fazem qualquer distinção. Essa é uma questão complexa, pois, por um lado, entende-se que o autor pode não ter tido uma má intenção ao usar as mesmas sequências, porém, por outro lado, não há como lutar contra a inteligência. Pensemos em como lidar com essa situação da melhor forma. Se você é um autor que quer revisitar um texto para melhorá-lo, de qualquer forma, o seu interesse já é o de agregar discussões novas ao texto, certo? Mesmo que você entenda que esse texto é seu e ele deve ser utilizado quando precisar, é preciso que mantenha em mente que o intuito de qualquer pesquisador com um texto científico é a publicação, que tem regras.

As regras às quais um texto científico deve atender

Para que um texto científico seja aceito por uma revista indexada em uma certa base de dados, é preciso que ele atenda a alguns critérios mínimos. Para que as pessoas possam ter acesso aos seus textos, bem como para que eles possam ser citados (e contabilizados pelas plataformas que contabilizam essas citações), é preciso que estejam indexados, porém, não é qualquer tipo de texto que pode ser indexado, apenas aqueles que são inéditos e originais. Há diversas métricas de mensuração de citações que a inteligência leve em consideração, o que faz com que o texto tenha que seguir certas normas de maneira rígida. Nesse sentido, um texto que possui sequências semelhantes com toda a certeza será acusado de plágio. Se a revista publicar o texto mesmo com esse resultado acusado pelo programa de anti-plágio, poderá ser punida e perder a sua indexação nas bases de dados às quais está vinculada.

As punições às quais a revista e o pesquisador estão sujeitos

São diversas as formas de punições. A revista, como mencionamos, pode perder a sua indexação e, no caso do autor, pode ser impedido de publicar em qualquer revista. Além disso, ambos passam a fazer parte de uma espécie de “Black List”. O nome da revista e do autor que teve o seu texto plagiado publicado deixam de aparecer nos mecanismos de busca e também nas bases de dados. Fazendo analogia a uma metáfora, essa situação faz com que seja essencial que “entendamos a música que está sendo tocada para que possamos dançar conforme essa música”. Em outras palavras, é fundamental que conheçamos como a inteligência funciona para que aprendamos essas regras e como evitar a prática do plágio. É a partir disso que podemos discutir sobre a autocitação. Pensemos nos casos que permitem este tipo de prática. É preciso que definamos, antes de tudo, a autocitação.

Como podemos definir a autocitação?

Embora possa parecer óbvio para muitas pessoas, acreditamos que é essencial que fique claro que essa forma de citação é quando um autor cita o seu texto já publicado em um ainda em processo de elaboração ou naquele que foi submetido a uma revista para avaliação. Para muitos, essa tendência aparenta ser um pouco egocêntrica, mas, na verdade, esta é a norma, pois, como temos frisado, não podemos utilizar nossos textos já publicados em outros sem que sejamos punidos. Suponhamos que nos últimos meses os seus interesses de pesquisa tenham se concentrado em temas muito específicos, de modo que você produziu textos nessa linha. Eles podem ser revisitados, porém, a redação deverá ser ajustada para que essas sequências de termos não sejam as mesmas daqueles textos já publicados e disponíveis na web. A regra é trabalhar com o seu texto como se ele pertencesse a outra pessoa para que evite o plágio.

Olhe para o seu texto como se fosse de outra pessoaOlhe para o seu texto como se fosse de outra pessoa

Se você deseja citar trechos de seu material publicado sem qualquer alteração na redação, terá que aplicar a regra da citação direta (recuo de 4 cm, espaçamento simples, letra menor). Caso queira aproveitar a mesma ideia, mas com outras palavras, basta fazer uso do recurso da citação indireta. Em ambos os casos, o esquema autor-data é o indicado (cita-se a página apenas no caso da citação direta, seja ela com três ou mais linhas). Entretanto, há alguns riscos sobre os quais temos que conversar. No âmbito da inteligência artificial, não há riscos, pois você irá apresentar a reflexão a partir de outras palavras, mas, para os acadêmicos mais conservadores, esse tipo de prática não é bem vista. Podem achar que você é egocêntrico e está preocupado apenas com a promoção de sua carreira e não com a ciência. São autores que sempre revisitam e aprimoram os seus textos, logo, as ideias são sempre novas, o que garante o ineditismo.

Como posso lidar melhor com a aplicação da autocitação?

Como é uma questão também ligada à dimensão humana, poderá ter que lidar com uma série de críticas advindas dos que veem essa prática como algo que evidencia o egocentrismo. Nesse sentido, o mais indicado é que você procure por autores que tenham um ponto de vista semelhante ao seu, pois, dessa forma, terá uma maior variedade de autores em seu texto. Se esse feedback advém do avaliador da revista, precisará atender a esse chamado. Alterar mais um pouco a redação de seu texto e retornar aos autores basilares é uma forma de atender às sugestões do avaliador que não concorda com a prática da autocitação. Assim sendo, se essa for a sua citação, cite os seus textos o menos possível.

Também recomendamos que você faça uma autoanálise para ter claro em mente se quer, de fato, reaproveitar esse texto mais antigo, pois pode ser mais interessante criar um sem qualquer menção ao anterior, caso a discussão seja muito antiga e os dados tenham mudado muito ao longo dos anos. Há textos escritos há muito tempo atrás e que, portanto, à época, eram revolucionários, porém, hoje já há outros ganhos, de modo que mesmo que você o reviste a discussão pode não ser tão relevante para esse contexto atual no qual vivemos. Além disso, textos do início do século estavam ligados a um outro tipo de mentalidade, pois já fazem vinte anos que vivemos nesse século, logo, os interesses da sociedade são outros.

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