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A qualidade das Publicações Científicas

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O desejo pela qualidade

Olá, tudo bem? Temos discutido bastante sobre esse universo da publicação científica. Discutimos sobre a estrutura desses artigos; onde eles são publicados; os motivos para se publicar um artigo; importância de se escolher por revistas indexadas; a escolha do público-alvo para que nossos materiais tenham relevância, dentre outros temas relacionados. Hoje, ainda nesse universo, quero conversar com você sobre qualidade das nossas publicações científicas.

A grande questão que irá nortear nossa discussão hoje é: com que devemos nos preocupar ao propor um artigo científico para uma revista? Um dos grandes desafios relacionado à qualidade das publicações científicas é a verificação de plágio, a avaliação por parte dos pares e a aceitação desse material por parte da sociedade, seja ela científica ou comum. Atualmente, em todas esferas, e não necessariamente apenas a acadêmica, preza-se pela qualidade. Na nossa área, exige-se essa qualidade nos materiais científicos.

Analisando os materiais científicos: o plágio, as normas e os pares

Um dos primeiros passos que fazemos quando um artigo científico chega até as revistas é a verificação de normas (cada revista possui as suas próprias então não esqueça de sempre verifica-las antes de começar a elaborar um artigo para um determinado periódico) bem como passamos esse material que chega até nós no antiplágio.

Esse processo é feito antes mesmo que o seu material seja enviado aos pares, ou seja, àqueles que irão avaliar o seu artigo. Feita essa etapa inicial de análise das normas e do plágio, nós verificamos o conteúdo desses materiais, averiguando principalmente se eles estão embasados e se cumprem todas as etapas. Por exemplo, se esse material é um artigo de revisão, existem algumas etapas que precisam aparecer, em caso positivo, enviamos esse material para os pares avaliarem. Esses pares são responsáveis pela avaliação técnica do conteúdo.

O que é o plágio?

Você, em algum momento de sua vida, já deve ter ouvido ou lido sobre o plágio. De forma geral, ele pode ser entendido como o ato de apresentar uma ideia como sua sem atribuir os devidos créditos ao autor original, ou seja, é uma forma de imitar o trabalho. Essa imitação é, sempre, fraudulenta, pois omite-se quem, de fato, é o dono da ideia.

Ocorre então, um verdadeiro atentado aos direitos morais do autor, pois não se reconhece a sua autoria e a sua originalidade. Tudo é omitido. Nesse sentido, o plágio acadêmico é entendido como uma cópia total e/ou parcial de algum conteúdo já existente e devidamente publicado. Geralmente, não se atribui os devidos créditos ao autor original.

Com isso, percebemos que a tecnologia torna mais acessível as informações veiculadas pelas revistas científicas, contudo, ao mesmo tempo, favorece a prática do “roubo” de ideias.

Quais são os tipos de plágio?

Existem várias formas de se plagiar uma ideia. A primeira delas é o plágio integral. Trata-se da cópia idêntica, ou seja, sem qualquer tipo de alteração de uma ideia já existente sem apresentar qualquer tipo de menção à autoria original.

O segundo tipo é a paráfrase sem citar a fonte. Mesmo o ato de parafrasear, ou seja, de falar a mesma coisa com outras palavras, sem citar a fonte original, também se configura como uma modalidade de plágio, que é bastante recorrente na academia. De forma geral, nesse tipo de plágio, algumas poucas palavras do texto fonte são alteradas, visando, principalmente, dificultar a detecção do plágio.

É comum também que dados quantitativos e qualitativos feitos por órgãos diversos tenham as suas fontes apagadas. É o ato de plagiar as pesquisas feitas por entidades, como o IBGE, por exemplo.

Contudo, é comum que dados apurados por outros pesquisadores, ou seja, não pertencentes a órgãos tenham as suas autorias igualmente apagadas. Existe ainda o problema do autoplágio. Acontece sempre que você apresenta, em lugares diversos, uma ideia que já se encontra publicada em outro lugar. Sim, você pode se plagiar, pois se uma ideia já se encontra em circulação, você precisa mencioná-la, mesmo sendo de sua própria autoria.

Do contrário, tem-se o plágio de si mesmo. As cópias de imagens, fotografias, gráficos, desenhos e semelhantes sem os devidos créditos são, igualmente, práticas de plágio. Resumindo, tudo que for e que não for de sua autoria que já se encontra publicado em algum lugar precisa ser citado e devidamente referenciado no corpo do texto e nas referências bibliográficas.

A emissão de pareceres pelos pares

Cumpridas essas etapas, os pares irão emitir um parecer sobre esse material analisado e avaliado. Para que um material seja aprovado ou reprovado é preciso levar em consideração o parecer oferecido pelos pares à revista.

Nesses pareceres estão as recomendações que um artigo reprovado, por exemplo, deve seguir para que possa ser submetido a uma nova avaliação, e dessa forma, aprovado.

No caso dos materiais aprovados, existem os motivos pelos quais esse material está apto para ser divulgado, e assim, circular no meio acadêmico e na sociedade de forma geral. Um artigo, quando aprovado, automaticamente já vai ao ar, ou seja, está apto para ser acessado, lido e citado pelas mais diversas pessoas, sejam elas acadêmicas ou não. Após essa análise rigorosa que é feita, exclusivamente, pelos pares após a averiguação das normas, do plágio e do conteúdo, existe ainda uma terceira etapa: a da aceitação do artigo pela sociedade.

A aceitação do artigo científico pela sociedade

Cada revista tem a sua própria estratégia para averiguar se o artigo científico publicado está cumprindo a sua obrigação para com a sociedade, ou seja, se esses materiais estão lidando, em termos práticos, com as demandas sociais. No caso da Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, nós verificamos se esses materiais estão cumprindo para com o seu propósito por meio de uma ferramenta bastante efetiva: a caixa de comentários.

Analisamos os comentários deixados pelos próprios interessados para avaliarmos se esta terceira etapa da publicação científica foi cumprida. Esses comentários ficam logo abaixo do artigo e é de fácil acesso. Isso faz com que, além dos pares, a própria sociedade possa interagir em relação a um determinado assunto, deixando para isso o seu feedback sobre o trabalho do autor. É uma etapa tão essencial quanto qualquer outra. Comentários no Facebook também podem ser considerados para fazermos uma última análise desse material publicado.

O que é um artigo de qualidade?

Retomando a nossa primeira pergunta de hoje: afinal, o que seria esse artigo de qualidade? Pessoalmente, eu acredito que o material de qualidade é aquele capaz de alcançar não apenas pesquisadores, mas também e principalmente a sociedade como um todo. Por exemplo, recentemente nós publicamos um artigo sobre professor que, em suas aulas de educação física, se propôs a explorar os aspectos culturais. Para isso, seu estudo se preocupou em analisar e incluir, nessas aulas, novas práticas para além daquelas que já recaíram no senso comum (como o futebol e o vôlei e até mesmo o handebol e o basquete).

As novas práticas propostas por ele foram a da Yoga e da Capoeira, visto que são manifestações culturais muito importantes da nossa sociedade. Ele reuniu essas informações, transformou em um artigo científico e publicou com a Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento.

O preconceito com alguns materiais

Para alguns professores ou até mesmo para outras áreas mais conservadoras, esse tipo de relato não é um material de qualidade. É algo bastante duro para se dizer, mas é algo real, pois vivemos em um mundo bastante conservador, e, na academia, isso não é diferente em alguns aspectos. No entanto, embora existam aqueles que contestam o valor desse tipo de material, acreditamos que ele serve como base para muitos profissionais, sobretudo para aqueles que atuam na área da educação.

No caso desse em específico, é uma forma de incentivar os professores de educação física do nosso Brasil a explorar as questões culturais em suas aulas, desvencilhando-se de aulas que apenas enfatizam a importância dos esportes habituais, sendo os mais frequentes: o futebol, o handebol, o basquete e o vôlei. É uma forma de incentivar e motivar a inovação nas aulas de educação física não apenas brasileiras.

Com isso, torna-se possível introduzir novas práticas esportivas que, culturalmente, sempre foram menosprezadas por não fazerem parte desse habitual. É uma forma também de fazer com que aqueles alunos que não se identificam com as aulas de educação física a darem uma chance, bem como é uma forma de persuadir àqueles que gostam a ter um olhar menos preconceituoso e mais amplo frente às outras práticas de desporto. Por isso, esse tipo de material é de altíssima qualidade e não pode, jamais, ser menosprezado simplesmente por não discorrer sobre temas que agradam os acadêmicos conservadores.

Com isso percebemos que essa qualidade é bastante relativa e não está ligada apenas aos pares. Essa qualidade está ligada ao impacto que este tipo de material tem na sociedade. É esse impacto que determina a sua qualidade.

A relatividade da qualidade

Muitos acadêmicos têm expressado de maneiras diversas essas questões da qualidade nas pesquisas científicas. Embora os motivos pelos quais um artigo seja rejeitado sejam diversos, existe um padrão recorrente. Alguns entendem que os principais são a pobreza na qualidade da ciência e a estilização ou normatização precária, ou seja, não condizente com aquilo pedido pela revista.

Esses problemas podem variar desde textos com a apresentação de plágio até aqueles que possuem problemas na estrutura do texto, seja em termos de normatização ou de conteúdo. Um motivo frequente que faz com que esse artigo seja reprovado é a ausência de hipóteses, ou ainda, de objetivos claros que irão conduzir a investigação, bem como a ausência da metodologia ou a sua apresentação superficial.

O uso incorreto de estatísticas ou da literatura científica também podem fazer com que seu artigo seja reprovado.

Obrigações do pesquisador enquanto cientista

Percebe-se com isso que um cientista deve ser capaz de reunir habilidades orais e escritas para expor os seus argumentos no mundo acadêmico. É preciso, inclusive, que esse pesquisador seja sensível ao seu público-alvo para que ele lhe entenda e, dessa forma, possa contribuir com o seu estudo. Nesse sentido, é fundamental que o pesquisador seja capaz de expor os seus achados respeitando, nesse processo, o rigor científico, a honestidade e a ética. Por outro lado, nota-se que há uma aparente falta de habilidade para a produção textual.

Essas questões podem estar, diretamente, relacionadas com a falta de disciplinas voltadas à redação de materiais de caráter científico. Entretanto, os problemas não se esgotam aí, isso porque, na atualidade, outros problemas relacionados à falta de ética são recorrentes, como as fraudes, e principalmente, os plágios.

Alguns dos argumentos mais frequentes para as possíveis reprovas são: “a introdução é muito vaga e genérica”; “o autor parece não saber onde deseja chegar”; “não aborda a temática que norteia a investigação”; “os objetivos são confusos e, por vezes, não possuem ligação com os resultados e conclusões apresentadas”; “às vezes parece que os autores não leram, ao menos, os textos básicos e clássicos sobre o assunto”; “ a revisão de literatura e os seus achados são superficiais”; “os métodos são confusos e não aplicados”; “falta contextualização”; “descreve-se o tema como se fossem os únicos pesquisadores a discorrerem sobre o tema e não referenciam o que vem antes”; “há muitos erros gramaticais e de concordância textual”, dentre outros.

Percebe-se ainda, que muitos tentam publicar o mesmo material em revistas diferentes ou apenas modificam algumas etapas e mantém as outras idênticas ao que já se encontra publicado.

Principais erros apresentados pelas pessoas da área sobre aqueles que submetem seus materiais

Para finalizarmos a nossa conversa de hoje, é fundamental que você saiba que os materiais precisam ser elaborados com a devida atenção para que seja bem avaliado, e assim, possa circular na academia e fora dela por intermédio das revistas científicas.

Evite vícios de linguagem; mantenha-se atento aos aspectos gramaticais e de concordância textual; proponha uma metodologia que você seja capaz de aplicar em sua análise; deixe os seus objetivos e hipóteses claros desde o início do texto (verifique, sempre, se eles se mantém ao decorrer do seu texto); escolha uma literatura e defenda de forma não superficial; cite, a todo momento, todos os autores que estão embasando o seu pensamento para que o seu material não seja acusado de plágio; na introdução, procure cumprir todas as etapas fundamentais (contextualização e apresentação do tema; hipóteses; objetivos; justificativa e evidencie, por fim, a contribuição do seu estudo).

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