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Um material errado pode reprovar: como saber se o material que estou utilizando como base é científico? Cuidados metodológicos no material científico

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Metodologia científica: cuidados básicos que um pesquisador deve tomar para que o seu material não seja reprovado pelo orientador, revista ou instituiçãoMetodologia científica: cuidados básicos que um pesquisador deve tomar para que o seu material não seja reprovado pelo orientador, revista ou instituição

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje iremos discutir sobre a validação de materiais científicos submetidos a uma revista ou a uma instituição, ou, ainda, apresentados ao seu orientador. Como temos reiterado ao longo de nossos posts, há alguns critérios metodológicos básicos que fazem com que um material científico possa ser aprovado ou não, e, dentre eles, temos o embasamento em fontes consideradas como científicas, sendo, portanto, seguras e confiáveis. A partir do momento que fazemos uso desse tipo de informação, potencializamos as chances para que o seu material seja aprovado. Sendo assim, ao longo desse post, iremos esclarecer quais são os critérios que tornam esse material válido, pronto para ser publicado. Pretendemos esclarecer o que pode e o que não pode ser utilizado em um material científico, bem como iremos apresentar técnicas que podem lhe ajudar a reconhecer.

Como posso reconhecer um material científico?

Uma das maiores dúvidas que norteiam os nossos cientistas é como reconhecer se esse material que deseja utilizar é ou não científico. Hoje, a comunicação passa por um processo de transição, e, dessa forma, saber separar aquilo que é científico daquilo que não o é torna-se um desafio. Um dos grandes problemas é que notícias falsas circulam de uma forma muito intensa nos mais diversos espaços. Além disso, há revistas científicas que possuem layout de seus sites muito semelhantes aos de sites comuns. Ademais, revistas que publicam no formato HTML são confundidas com as bases de dados, que integram um outro processo. Essas dúvidas são perfeitamente normais em um contexto de transição, e, assim, há alguns cuidados que devemos tomar quando falamos de um material científico. Leve em consideração que ele entende que todo o processo de escrita deve ser muito bem amarrado, sistematizado.

O lugar de fala de certos pesquisadores

Há uma questão elementar que precisamos destacar nessa conversa. Há certos tipos de materiais que não obedecem a critérios metodológicos tão rígidos, porém, quando escritos e publicados por certas pessoas, não serão questionados. Eles serão considerados, portanto, como materiais de base científica. Podemos citar como exemplo o caso de materiais publicados por doutores que são muito ativos e expressivos em uma dada área do conhecimento. No caso deles, entrevistas, reportagens, reflexões publicadas em blogs e outras redes sociais ou em sites não científicos podem ser citados. Há certas profissões que atribuem o título de doutor aos seus graduados, como é o caso da Medicina e do Direito, porém, aqui, estamos nos referindo aos doutores que recebem esse título após defenderem e terem a sua tese aprovada. A pessoa com esse título e com livros e artigos publicados tem uma certa relevância social na área em que atuam.

As reportagens e entrevistasAs reportagens e entrevistas

No caso de doutores que se dedicam por muitos anos em uma dada linha de pesquisa, podem conceder entrevistas e permitir que uma reportagem seja feita, por exemplo. Há, ainda, aqueles artigos de reflexão, mais simples portanto. Em ambas as situações você poderá utilizar esses materiais como embasamento para o seu estudo, visto que está partindo de autores relevantes e célebres na sua área de atuação. Assim sendo, indicamos que você procure saber quem é esse autor. No caso de um autor nacional, investigue quem ele é a partir do Currículo Lattes. Para os internacionais, basta acessar o ORCID. Todo pesquisador brasileiro precisa ter um Lattes. Há uma constante pressão para que ele sempre seja alimentado e atualizado, pois é uma forma de apontarmos exatamente de que forma temos contribuído com a ciência brasileira ao longo dos anos.

A relevância do Currículo Lattes e do ORCID

O Lattes é um dos documentos mais fundamentais que nós enquanto pesquisadores temos em mãos. A fim de que possamos nos inscrever em um processo seletivo para ingresso em um curso de mestrado, precisamos ter o Lattes em mãos e ele precisa estar atualizado, e, em muitos casos, documentado. Para os programas o currículo é interessante pois é uma forma de demonstrar como os alunos vinculados a ele têm desempenhado as atividades científicas. No caso de pesquisadores internacionais, e, na verdade, aplica-se também aos brasileiros, pois tem havido uma certa pressão para que os pesquisadores nacionais vinculem-se à plataforma, o engajamento de um pesquisador pode ser visualizado por meio do ORCID. Trata-se de um currículo internacional, preenchido em inglês, que tem, como intuito, divulgar as suas produções. Esses currículos nos permitem identificar se a pessoa é ou não uma pesquisadora.

Como saber se a pessoa é pesquisadora?

A partir desses dois documentos é possível visualizar os níveis a partir dos quais perpassam o conhecimento científico que devemos utilizar. Por exemplo, o nível de conhecimento de um graduado não é o mesmo que um doutor, embora ambos os materiais, desde que atendam certos critérios, sejam considerados como científicos. A profundidade de um material publicado por um graduado é menor, bem como o seu próprio impacto. Os materiais de um mestre e doutor acabam atingindo um público maior, pois costumam ser direcionados para os envolvidos com uma linha de pesquisa específica. Quanto maior a titulação de uma pessoa, maior será a autonomia que ela terá para que possa discutir sobre um dado assunto. Assim sendo, quando desejamos compreender se um dado material pode ser utilizado ou não, a primeira coisa que devemos fazer é procurar investigar quem são esses autores.

O embasamento em um material científico

O segundo aspecto que você deverá avaliar antes de inserir esse material ou não em seu texto é se ele tem base, isto é, se a argumentação é sustentada em fontes científicas. Em um material científico não podemos escrever frases do tipo “essa pandemia é horrorosa” sem que haja uma base que sustente essa afirmação. O material científico toma muito cuidado em relação ao tratamento das informações a serem ali inseridas. Tenta-se transmitir esse conhecimento da forma mais neutra e correta possível. Reformulando a frase, teríamos: “ pandemia provocada pela Covid-19, segundo fulano (ano tal), de acordo com a OMS, x pessoas morreram no Brasil até o mês y ”. Ou seja, tudo precisa partir de dados reais e científicos. Qualquer informação que você deseja destacar em seu artigo não pode ser um mero achismo. Ela deve ser fundamentada.

O que indica uma fonte?O que indica uma fonte?

Uma fonte assegura que essa informação foi investigada e validada. Por exemplo, se você deseja reiterar que o turismo afeta uma cultura local, fomentando o desenvolvimento socioeconômico, ao mesmo tempo em que introduz uma gama de prejuízos ao local, como é o caso dos impactos ambientais, caso não seja construído da maneira correta, bem como podem haver prejuízos econômicos, pois, os grandes empresários, ao explorarem esse região que irá receber certas atividades de turismo, podem ser os únicos a obterem vantagens, de modo que os munícipes, sobretudo os que vivem nessa região, podem ter pouco acesso a essas novas atividades a serem implementadas, você não pode tirar essa afirmação da sua cabeça, mas sim de uma base que reitere esses dois pontos de vista que representam ganhas e perdas.

Como usar as bases?Como usar as bases?

Considerando o nosso exemplo, precisaríamos de uma obra que seja capaz de ressaltar que o turismo pode atrapalhar o desenvolvimento local, visto que está região passará a ser explorada por esses grandes empresários, de modo que os outros podem perder a sua autonomia perante a esse espaço, o que é um problema. Seja essa informação retirada de um livro ou de um artigo, ela deve ser referenciada, tanto no corpo do texto, geralmente, no esquema autor-data (ÚLTIMO SOBRENOME, ANO), seja por meio de uma citação direta ou indireta, bem como referencia-se a obra como um todo ao final do texto, em um tópico específico. Um material científico online deve ser referenciado sempre, porque aparece o nome dos autores envolvidos com a produção desse material. Os nomes não aparecem sem um motivo, mas sim porque são as bases que tornam possível a existência desse material.

A importância da referenciação no material científicoA importância da referenciação no material científico

Como temos ressaltado ao longo de nossos posts, tudo aquilo que citamos no corpo do texto, seja a partir de citações diretas ou indiretas, precisa ser devidamente referenciado, sendo que cada tipo de fonte demanda uma formatação específica para que sejam diferenciadas entre si, inclusive. Geralmente, por uma questão meramente relacionada à linguagem do programa, à inteligência artificial adotada pela revista na qual o material está publicado, as fontes citadas no corpo do texto costumam ser apresentadas com uma formatação diferenciada. No caso das citações indiretas, esses autores são identificados entre parênteses no esquema autor-data sobre o qual conversamos. São mais raros os casos em que essas citações são feitas a partir de notas de rodapé, mas há casos de instituições que podem fazer essa escolha. Contudo, o esquema mais consensual entre os autores que publicam é o autor-data.

Compreendendo as características do esquema autor-data

Suponhamos que você queira destacar em seu texto que “é necessário repensar o turismo como fonte única responsável pelo desenvolvimento de um município, visto que há estudos, como o de Autor (Ano), que comprovam que o turismo não possui um viés apenas positivo quando associado ao desenvolvimento, uma vez que ele pode, também, interferir, de forma negativa, na cultura local, especialmente na economia, e, assim, há ganhos e perdas que não podem deixar de serem considerados nesta relação. Entretanto, como frisamos, todo material científico termina a sua discussão com as referências citadas ao longo do texto, porém, agora as informações sobre as obras e os autores aparecem de uma forma mais completa e não apenas o ano, nome do ou dos autores e página (no caso de citações diretas). Aponta-se quem é esse autor, qual a obra que escreveu, editora, ano, edição, dentre outros dados específicos.

Dados identificáveis no tópico das referências

No caso de um livro, dados como nome dos autores, título da obra, tradução e revisão (se necessário), edição, cidade, editora e ano são essenciais. No caso de um artigo científico, as informações a serem listadas são outras, pois temos outro tipo de fonte. Menciona-se, também, o nome desses autores e o título da obra, porém, substitui-se os demais dados pela menção ao nome da revista na qual o artigo encontra-se publicado, o volume e o número da edição correspondente a esse artigo, as páginas de início e fim do artigo, e, por fim, o ano em que foi publicado. Esses dados têm o objetivo de assegurar ao seu leitor o local exato de onde retirou as informações que está utilizando como base para a sua investigação. É importante salientar, também, que um artigo científico pode apresentar fontes um pouco “frágeis” e essas devem ser ignoradas por você em seu processo de pesquisa.

O que são “fontes frágeis” e como posso evitá-las?

Há algumas escolhas que tornam os nossos artigos um pouco mais frágeis, logo, rejeitados logo nos primeiros momentos de sua análise pelos pares ou mesmo quando passam por uma revisão mais técnica. Podemos citar, como exemplo, artigos de autores que têm tão somente como base sites da internet. Como sabemos, um dos critérios que fazem com que o nosso texto seja aprovado é o rigor científico, e, dessa forma, quando escolhemos fontes não científicas, ele não pode atingir esse rigor, logo, não pode ser publicado. Sites da internet, com algumas exceções, como é o caso de sites governamentais ou com certa credibilidade, não agregam valor científico aos nossos textos. Não basta que atendamos aos outros critérios.

Eles são de suma importância – ter um problema de pesquisa bem delimitado, um método e objetivos claros – porém, quando as fontes não são seguras, o texto não pode ser aprovado, mesmo que esteja atendendo aos critérios básicos da metodologia científica. Citar apenas vídeos do Youtube, sites como o Wikipédia, artigos de blogs, posts e vídeos de redes sociais, como Instagram e Facebook, ou, ainda, mesmo materiais jornalísticos de portais famosos, como é o caso do G1, não fornecem base científica para que o seu material consiga ser visto como sério e crível. Se você verificar que um dado material utiliza essas fontes não como objeto de pesquisa a ser analisado, mas como embasamento, é importante não usar o dado.

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