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O que é o eixo teórico em um material científico? O que você precisa saber sobre essa etapa no material científico? Cuidados básicos – Aula seis

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Quais são as características que não podem ficar de fora em uma fundamentação teórica? Aspectos básicos sobre eixo teórico que o pesquisador precisa atenderQuais são as características que não podem ficar de fora em uma fundamentação teórica? Aspectos básicos sobre eixo teórico que o pesquisador precisa atender

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje continuaremos a discutir sobre as etapas essenciais que não podem ficar de fora em um material científico. Essas dicas fazem parte de uma série de posts em que apresentamos técnicas que podem lhe ajudar a desenvolver o seu material de uma forma mais eficiente e tranquila. Já discutimos sobre o problema de pesquisa e a pergunta norteadora, sobre os objetivos geral e específicos e introduzimos alguns dos aspectos que perpassam pela metodologia. Antes de nos aprofundarmos na metodologia iremos nos ater ao eixo teórico. É muito importante que compreendamos os elementos que caracterizam este capítulo antes que aprendamos como ele pode ser feito. É preciso que entendamos a concepção de um material científico. O eixo teórico recebe uma série de nomenclaturas a depender do contexto no qual você está inserido (instituição vinculada).

As nomenclaturas do eixo teórico

Independentemente do nome assumido pelo seu capítulo, é nesse momento que você irá desenvolver o seu aporte teórico, isto é, concentrará nas bases que irão tornar o seu texto científico. A concepção do seu material científico está intimamente ligada com a lógica seguida pela sua área. É importante que você saiba que cada área tem as suas especificidades. Nesse sentido, estamos apresentando regras mais gerais que devem ser adaptadas ao seu contexto. Para isso, partimos de uma linguagem capaz de englobar múltiplos públicos. Como cada área pode desenvolver o eixo teórico de formas muito diferentes, iremos trazer vários exemplos das mais comuns. Em primeiro lugar, é preciso que diferenciemos essas grandes áreas. As exatas, ciências da saúde (biológicas) e as humanidades têm modos próprios de fazer ciência. Além disso, dentro delas, há subáreas. Não conseguimos expandir todas. Focaremos no geral.

A teoria em múltiplas áreas: aspectos gerais

Para fins didáticos, iremos apresentar exemplos, primeiramente, da área das humanidades, seguida da saúde/biológicas, e, por fim, exatas. Algo que precisamos destacar é que nem sempre um acadêmico continua em uma mesma área ou linha de pesquisa durante toda a sua trajetória. Pode, por exemplo, fazer o seu mestrado e doutorado em áreas diferentes. Nesse processo, o acadêmico pode se identificar com uma área em específico em cada momento de sua vida acadêmica. Os seus interesses irão definir a sua forma de atuação. Iremos dar um exemplo pessoal. No mestrado, o orientador era formado em teologia, mestre em história e teologia e doutor em história e em teologia. Ao observar a construção da mentalidade desse professor, percebemos que há uma inclinação para a área das humanidades. A fim de que um certo tipo de análise seja realizado, o eixo teórico terá esse viés específico.

A inclinação em múltiplas áreas

A análise recebe uma forte influência da teoria, de modo que a análise crítica em uma certa área não é feita da mesma forma em áreas mais aplicadas. Por exemplo, uma outra pessoa, também formada em história, porém, no mestrado e doutorado pode ter optado por outra ênfase, como o ensino da matemática, não realizará a análise da mesma forma. No doutorado, pode ter realizado um curso voltado às metodologias ativas aplicadas ao ensino de matemática. Embora a primeira formação seja na área das humanidades, a pós-graduação não percorreu essa mesma linha. O pesquisador passou a se inclinar muito mais para as ciências exatas. Por exemplo, você pode realizar uma graduação em teologia, mestrado em psicanálise com ênfase na clínica, de modo que, além da psicanálise, o interesse se concentrou, também, na teoria comportamental, inclinada, sobretudo, para a área da saúde. O modo de fazer ciência muda.

A mudança de interesses

Ainda considerando o nosso último exemplo, a pesquisadora, que já estava inclinada para a psicanálise, optou por, no doutorado, seguir a linha da neurociência. Esta área, assim como a primeira, também é muito inclinada para a área da saúde. Predominantemente, as pesquisas realizadas nesse núcleo voltam-se à área da saúde. As argumentações, no processo de formulação de um material científico, partem desse viés. O eixo teórico é desenvolvido de uma forma diferente. A pesquisadora, nesse momento, realiza um doutorado na área de comunicação e semiótica. O orientador é formado em engenharia, mestre e doutor em filosofia. Embora a área de formação seja a engenharia, a sua inclinação, neste momento, está muito mais direcionada para a área das humanidades. A inclinação aqui é ainda mais específica, isto é, o interesse é voltado a área da filosofia.

A transição entre áreas

A partir do momento em que transitamos entre áreas ou mesmo entre linhas de pesquisa de uma mesma área, a estrutura do pensamento e a forma de fazer ciência mudam. É necessário que tenhamos a mente aberta, pois, nesse processo, aprendemos muito com aqueles que nos orientam. Essas pessoas sabem muito mais que a gente e têm muito com o que contribuir. Nesse processo, é preciso que tenhamos cuidado com os trejeitos de cada área. O que funciona para uma área pode ser mal visto em outra. Se não entendermos essa diferenciação, não iremos conseguir absorver e replicar essas especificidades da área na qual nos encontramos. A compreensão da forma de produção do eixo teórico em cada uma das áreas é uma das grandes dicas que temos para frisar. É muito comum, em virtude dessas particularidades, questionamentos como: “como os acadêmicos das humanas analisam?”. 

A análise em múltiplas áreasA análise em múltiplas áreas

Nas ciências da saúde/biológicas, a bioestatística é um dos principais métodos empregados. As especificidades de análise das humanidades aparecem justamente no eixo teórico, pois são pesquisas mais teóricas e menos aplicadas. Quando nos referimos à ciência, estamos fazendo remissão ao conhecimento teórico. Nesse sentido, quando pensamos em ciência por área, temos várias nuances de conhecimento, pois cada uma lida com ele de forma muito particular, atribuindo mais ou menos ênfase a depender do objetivo. A reverberação, colocação e exploração conceitual são específicas. Quando estamos no domínio das ciências humanas e propomos um capítulo de eixo teórico, temos um tipo de estudo que se propõe a explorar os conceitos com base em outros estudos. É a teoria que será conceituada nesse capítulo, não os resultados de um estudo (aqueles mais aplicados).

Exemplo prático das ciências humanas

Suponhamos que você queira falar sobre a teoria da comunicação. A primeira pergunta que será feita é sobre qual o eixo teórico que está seguindo (segundo Habermas, por exemplo). A partir do momento em que você seleciona um autor específico para explorar essa teoria, você, automaticamente, terá adotado uma linha de raciocínio a ser perseguida por seu estudo. Há uma variedade de autores, divididos em contemporâneos e mais tradicionais, com os quais você pode contar, porém, terá que fazer algumas delimitações. Cada autor está ligado a uma linha de raciocínio e a uma corrente teórica. Essas linhas de pensamento permitem que você analise o seu objeto. Nas ciências humanas, qualquer coisa é passível a ser analisada no eixo da comunicação. Hábitos, comportamentos, padrões, fenômenos e problemas da economia, direito, empresa, enfim, há uma infinidade de possibilidades.

A análise no domínio da comunicação e semiótica

Suponhamos que você queira trabalhar com as políticas públicas voltadas ao desenvolvimento segundo a perspectiva de Dworkin. Com isso, percebemos que você, dentro do campo das ciências humanas, está preocupado com a exploração de um dado conceito, teoria. Os conceitos, ideias e pensadores são o seu interesse de pesquisa. Se você está interessado em um dado programa de mestrado com essa inclinação mais teórica, a primeira coisa que precisará observar é quem são esses professores e com quais linhas/autores trabalham. A semiótica, por exemplo, tem uma série de autores que entendem a semiótica de formas diferentes. Tem a semiótica estadunidense, russa, francesa etc. O autor escolhido irá apontar a linha de raciocínio que o seu estudo precisará seguir do início ao fim. Nas humanas, o eixo teórico está muito ligado ao programa ao qual o pesquisador está vinculado.

A influência do programa escolhidoA influência do programa escolhido

Esteja você em um curso de graduação ou de pós-graduação, você está ligado a uma certa influência determinada pelos professores que integram esse programa. São os autores com os quais trabalham que determinam a personalidade desse programa. Sejam esses acadêmicos mestres, mestrandos, doutores ou doutorandos, são eles que determinaram como a ciência será consolidada naquele espaço em específico. Assim sendo, percebe-se que esses acadêmicos, nesse momento de suas trajetórias, estão inclinados a esses autores/linhas/conceitos. Um pesquisador em seu curso de mestrado pode estudar de forma aprofundada um conjunto de autores, como, em nosso caso, Hans Jonas, Peter Burke, Arthur Schopenhauer, Escola dos Annales. Esses são alguns exemplos de autores que determinaram a linha seguida pelo estudo desenvolvido no mestrado, além dos autores da psicanálise clínica.

O estudo de um conjunto de autores

A inclinação adotada durante um curso de mestrado e doutorado revela quem são os autores e conceitos que estudamos em um certo momento de nossa trajetória. Habermas e Kant são dois exemplos. Com o passar dos anos, conforme nos aprofundamos em certos conceitos desses autores, acabamos nos consolidando nessa linha de raciocínio. Contudo, o seu conjunto de autores é expandido à medida em que seus interesses vão se modificando ao longo do desenvolvimento do estudo. O fundamental em trabalhos de humanas é que você seja capaz de delimitar muito bem os autores e os conceitos com os quais deseja trabalhar. Um mesmo autor aborda uma série de conceitos. Nesse sentido, é preciso que você escolha aqueles que melhor se encaixam na sua pesquisa. Cada assunto abordado pelo autor é tratado a partir de um eixo específico. Essa é uma lógica mais comum na área das ciências humanas. Não se esqueça.

A lógica das ciências biológicas/saúdeA lógica das ciências biológicas/saúde

Aqui, o interesse do pesquisador é um pouco diferente, pois as pesquisas são mais aplicadas. Suponhamos que você queira discutir sobre as infecções sexualmente transmissíveis. Você pode começar, justamente, esclarecendo quais são essas infecções e as suas principais características. Explicitar que anteriormente elas eram referenciadas como doenças sexualmente transmissíveis é recomendado, e, assim, deve apontar os motivos que culminaram na mudança do termo. Nesse sentido, no capítulo teórico, o interesse não é explorar a teoria em si, mas sim buscar conceitos que apontem dados e resultados importantes à caracterização dessas infecções. Citar órgãos importantes, como a OMS, é fundamental. Apontar quais são as mais comuns, as formas de incidência, modos de prevenção é essencial. O interesse, então, é divulgar o que as instituições renomadas em saúde têm entendido sobre esses problemas.

Os interesses em áreas mais aplicadas

No caso das ciências da saúde, o pesquisador terá que se preocupar com a exploração dos estudos científicos dos últimos anos que se ativeram às infecções sexualmente transmissíveis delimitadas pelo pesquisador. Por exemplo, estudo a estudo, o pesquisador poderá descrever quais foram os achados dessas pesquisas para apresentar um panorama sobre essas infecções. Um exemplo é um estudo que investigou a prevalência da clamídia em adolescentes de quatorze a dezoito anos. Deve-se apresentar os resultados. Diferentemente das ciências humanas que se preocupam com a construção conceitual de um dado aspecto, aqui o interesse é outro. Nas humanas preocupar-se com o pensamento filosófico, crítico. Na saúde, a preocupação é com a demonstração de dados. A estrutura de pensamento é diferente, logo, a construção do texto é outra.

A construção do texto científicoA construção do texto científico

Um pesquisador que faz parte das ciências da saúde/biológicas, quando fala em referencial teórico, está se referindo aos dados e resultados aplicados e testados sobre um dado fenômeno. A preocupação é demonstrar os dados dos últimos anos sobre o assunto que está sendo estudado. As brigas entre núcleos e grupos de pesquisa existem por causa das peculiaridades de cada área. É importante que você tenha muito claro em mente que em todas as áreas do conhecimento, é preciso que o problema de pesquisa a ser delimitado, os objetivos e a própria metodologia sigam uma certa linearidade. O seu aporte teórico deve garantir essa linearidade. O fazer científico nas ciências exatas, por sua vez, depende do tema, porém, dificilmente essa pesquisa terá uma ênfase muito teórica. Aspectos históricos podem ser retomados, porém, o que ele quer é encontrar bases, resultados para as suas construções.

2 respostas

  1. Olá, no caso de graduação em Turismo, o TCC será sobre o Carnaval com ênfase na teoria do pertencimento. Preciso delimitar 2 eixos teóricos. Seria no caso seguir 2 autores teóricos em áreas diferentes?

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