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Posso transformar um pré-projeto submetido a um processo seletivo para ingresso na pós-graduação stricto sensu em um artigo científico? Compreendendo o processo seletivo do mestrado

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O processo seletivo para ingresso em um curso de mestrado: características básicas que precisamos considerar

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje iremos discutir sobre uma questão muito importante que deve ser considerada por todos aqueles que desejam ingressar em um programa de mestrado ou de doutorado. Estamos nos referindo ao pré-projeto (ou apenas projeto) que submetemos no momento da inscrição em um programa de uma certa instituição. Embora não sejam todos os programas que requerem essa apresentação, diversos deles o pedem e, por esse motivo, iremos discutir sobre essa etapa do processo ao longo dessa reflexão. A primeira coisa que gostaríamos de pontuar de antemão é que um projeto de pesquisa é como o seu portfólio. Nele, deverão estar claras todas as etapas essenciais que refletem o que você pretende desenvolver com esse estudo em específico. Dentre esses elementos essenciais temos a contextualização, o problema de pesquisa, objetivos, justificativa, metodologia etc.

Dúvidas sobre os projetos de pesquisa, artigos científicos e processos seletivosDúvidas sobre os projetos de pesquisa, artigos científicos e processos seletivos

Muitos de nossos pesquisadores possuem dúvidas sobre como se dá o ingresso a um programa de mestrado ou doutorado, especialmente sobre o pré-projeto de pesquisa. Além disso, muitos se questionam se esse projeto, posteriormente, pode ser transformado em um artigo científico a ser publicado em uma revista. A dúvida que irá atuar como questão norteadora da nossa reflexão de hoje é a seguinte: como transformar o pré-projeto submetido a um processo seletivo para ingresso em um curso de mestrado em um artigo científico publicável? No caso dessa pesquisadora, ela ainda não submeteu a proposta ao programa, mas pretende usar esse material. É com essa variável que iremos trabalhar hoje. A primeira coisa que precisamos frisar é que sim, é um problema. Não podemos submeter uma mesma proposta em dois lugares diferentes, porque configura plágio, e, como sabemos, é crime.

O aproveitamento de um conteúdo já escritoO aproveitamento de um conteúdo já escrito

É perfeitamente normal que queiramos aproveitar um conteúdo que já escrevemos em uma outra produção, em um outro momento. Nós não somos contra essa prática, pois acreditamos que uma produção pode e deve ser divulgada e utilizada, desde que os cuidados devidos sejam tomados. Além disso, a fim de que um texto possa nascer, dedicamos muito tempo e dedicação para esse desenvolvimento, então nada mais justo que aproveitar esse conhecimento. Entretanto, algumas peculiaridades devem ser consideradas nesse processo de produção para que você não seja acusado de plágio. A primeira coisa que você deve considerar é que um artigo científico, para que possa ser publicado, precisa partir de um problema de pesquisa já bem definido. Outra coisa que você precisará levar em consideração é que antes da publicação de artigos, há a possibilidade dos peer review.

O que são os peer review?

Antes que um pesquisador publique seus artigos sobre o desenvolvimento de sua dissertação ou tese, pode publicar aquilo que é chamado de peer review. O grande objetivo dessa prática é divulgar à comunidade acadêmica o que você tem investigado nesse momento atual da pesquisa, que, geralmente, são os momentos iniciais. Entretanto, há algo que você deve levar em consideração. Quando você está participando de um processo seletivo para ingresso em um curso de mestrado, algumas variáveis deverão ser consideradas. Um processo seletivo funciona quase como uma seletiva de uma empresa. Há diversos concorrentes, e, assim, você precisa demonstrar ao seu possível orientador que você é interessante, assim como a sua pesquisa. O desafio é demonstrar que você é capaz de contribuir para com a linha de pesquisa desse professor.

Linhas de pesquisa que são próximas

É muito comum que os orientadores acabem dando preferência nesses processos seletivos pelos pesquisadores que trabalham com a sua linha de pesquisa, analisando, sobretudo, as preferências teóricas e metodológicas desses candidatos, assim como o próprio tema a ser pesquisado. Esse rigor ocorre para que seja possível garantir a qualidade nas pesquisas a serem desenvolvidas, assegurando o comprometimento com a ciência de qualidade. Suponhamos que você trabalhe com educação inclusiva. O mais positivo é que você procure por um orientador dentro desse programa que trabalhe com essa linha específica. Além disso, em cada linha de pesquisa, há alunos que se relacionam com essa linha, de modo que trabalham com os mesmos autores e métodos. O professor, por sua vez, acompanha esses alunos, dando um certo norteamento para que as pesquisas caminhem de formas próximas.

Métodos específicos seguidos em grupos de estudosMétodos específicos seguidos em grupos de estudos

Alguns grupos de pesquisa trabalham com metodologias específicas. Grupos da área da saúde são bons exemplos. Se o seu interesse é ingressar em um programa de mestrado ou de doutorado na área de genética, precisará observar os programas dessa instituição que se voltam a essa área em específico, e, além disso, o seu interesse deve estar alinhado ao do professor pretendido para que você possa vir a ser aprovado nesse processo. Por exemplo, se o seu interesse nessa área da genética é desenvolver testes laboratoriais, é preciso que procure por um professor/linha com esse interesse. Assim sendo, o professor admite apenas alunos que tenham interesses de pesquisa semelhantes aos seus. O mesmo vale para todas as áreas. Suponhamos que você tenha o interesse de trabalhar na área da biopolítica, o seu orientador precisará ter interesse nessa área para que a sua proposta possa vir a ser aprovada.

O alinhamento entre interesses de pesquisa

Independentemente da área na qual você se encontra, os seus interesses de pesquisa devem ser próximos ao do seu orientador para que obtenha êxito não apenas no processo seletivo, mas também após ingressar nesse programa. Algo importante que você deve levar em consideração, também, é que a perspectiva com a qual irá trabalhar é a mesma do seu orientador, sobretudo no que toca às escolhas de autores para o seu estudo, sejam os basilares, sejam os complementares. No caso de nosso exemplo da educação inclusiva, você precisará escolher por um professor com esse interesse e todo o seu projeto de pesquisa será influenciado pela perspectiva teórica (grupo de autores) com a qual o seu professor trabalha. Há professores que trabalham com os autores mais canônicos voltados a sua área, porém outros trabalham com outros tipos de autores que você precisará incluir em seu material.

Qual deve ser a primeira preocupação em um processo seletivo?

Qual deve ser a primeira preocupação em um processo seletivo?Você que está se preparando para ingressar em um processo seletivo irá lidar com algumas preocupações. A primeira delas são os cuidados que você precisará tomar para que consiga captar o interesse desse professor pretendido. Algo essencial que você deve manter em mente e que deve refletir em toda a composição do seu projeto são as estratégias de pesquisa que demonstrarão que você é interessante dentre tantos outros para esse professor em específico. Esse interesse nele está relacionado a forma com a qual você se relaciona com essa linha de pesquisa com a qual o seu professor pretendido trabalha. O seu professor irá analisar o quão próximos os seus interesses de pesquisa são os dele. Além disso, algo que com toda a certeza esse professor irá analisar é se o rol de autores por você escolhido é próximo daquele com o qual ele trabalha e tem interesse.

Por que essa afinidade é importante?

Estamos chamando a sua atenção para essa questão porque se você partir de um artigo científico em específico para desenvolver o seu projeto de mestrado ou de doutorado, poderá enfrentar algumas dificuldades. As chances de que o seu professor não goste do projeto são altas, visto que os interesses dos autores naquele artigo que está servindo como base podem ser muito destoantes dos interesses do seu professor. O ineditismo também é uma questão essencial que você deve levar em consideração. Usar esse material se torna relevante apenas se você trouxer algo novo para o seu texto a partir daquela discussão em específico. Assim sendo, para que esse artigo não seja contestado, é preciso que ele traga um a mais para o seu estudo, uma contribuição efetiva para esse contexto no qual estamos vivendo. Qualquer assunto que já se encontra publicado, já é de domínio público, logo, pode ser citado.

O ineditismo das pesquisasO ineditismo das pesquisas

A partir do momento em que um texto já se encontra circulando na web, ele não é mais inédito, logo, precisa ser citado e, caso seja seu texto, não pode ser reproduzido da mesma forma, a não ser que seja como uma citação direta. Entretanto, precisamos chamar a sua atenção para o fato de que a auto citação é algo bastante polêmico e não costuma ser bem aceita em todos os contextos de pesquisa. Também há uma diferença entre auto citação e plágio que deve ser pontuada nessa discussão. Além disso, há uma realidade da qual não podemos nos abster: há certas instituições que costumam dar uma certa prioridade para os alunos que já costumam publicar e que já pertencem à instituição. Existe uma lógica que fornece base para esse pensamento. Essa lógica está ligada à produção em massa de artigos científicos a cada poucos segundos em todo o mundo.

A produção em massa de conhecimento

Há uma lógica que envolve o nosso mundo acadêmico. Há uma exigência posta aos acadêmicos, sobretudo aos orientadores. Eles devem garantir que os alunos que estão ingressando nesses programas vão fazer com que artigos científicos continuem a ser publicados de forma frequente, em uma espécie de continuum. Assim sendo, neste processo seletivo, o professor irá analisar e avaliar se esse aluno em questão possui inclinação para a produção científica. Isso decorre do fato de que os resultados de nossas pesquisas, sejam elas de mestrado ou de doutorado, isto é, o resultado de uma reflexão intelectual de qualquer espécie se dá na publicação de artigos científicos. Contudo, muitas pessoas pontuam que essa cobrança quanto à produção é problemática. É preciso que entendamos o porquê das produções científicas devem existir. Elas são o produto final desse curso de mestrado ou doutorado.

A importância das produções científicas

Há uma cobrança que assola todos os nossos pesquisadores. Exige-se não apenas a produção e publicação de suas dissertações ou teses, mas sim de outros tipos de resultados desse estudo. Essa cobrança tem um porquê: acredita-se que todo o conhecimento produzido dentro das universidades precisa se tornar público, e, mais do que isso, deve chegar até as pessoas, inclusive até aquelas que não são acadêmicas. Assim sendo, a partir do momento em que você já tem um artigo publicado, você estará demonstrando ao seu orientador que está preocupado com essas questões tão necessárias, e, mais do que isso, que está engajado. Isso demonstra que você se preocupa com a pesquisa científica, com a produção científica e que já reconhece essa importância nas estratégias de pesquisa que perpassam por esse processo de publicação. Essa questão nos desperta para uma outra pauta fundamental: a falta de interesse.

A falta de interesse dos pesquisadores

Os orientadores têm enfrentado um problema: a falta de interesse dos acadêmicos que ingressam nesses cursos de mestrado e doutorado. Muitos de nossos pesquisadores não estão acostumados com as atividades acadêmicas e possuem dificuldades para se adaptarem a esse contexto, pois, como temos salientado em nossos posts, no Brasil não existe uma cultura de publicação de materiais científicos, e, assim, ainda estamos desenvolvendo esse hábito. Essa falta de hábito faz com que os membros que integram esses programas de mestrado e doutorado tenham um certo receio quanto à aceitação de alunos que não são da casa. Preocupam-se, ainda, com questões como a perda de nota, o baixo volume de produção e publicação de artigos científicos, dentre outras questões. O resultado apenas pode ser compreendido quando há a publicação.

Por esse motivo, tanto nas universidades estaduais quanto nas federais, o ingresso dos alunos em seus programas de mestrado e doutorado é um pouco mais complexo e, de certa forma, difícil. Esses espaços precisam de alunos que produzem de forma massiva e que são engajados com as atividades acadêmicas. É esse engajamento de todos que faz com que as notas desses programas aumentem, o que desencadeia uma série de benefícios, como uma maior quantidade de bolsas de pesquisa a serem concedidas a esses alunos. Percebemos que nesse processo uma coisa leva a outra. O engajamento de todos gera certas vantagens. Assim sendo, para os avaliadores, os alunos que possuem publicações acabam saindo na frente nesses processos seletivos. Sem a publicação, não há como saber o que está acontecendo. O objetivo dos cursos stricto sensu é promover a ciência por meio da publicação contínua.

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