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Nível de Conhecimento Sobre o Uso de Animais em Testes de Cosméticos em um Grupo Acadêmico

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CONTEÚDO

SILVA, Mauricio de Oliveira [1]

SILVA, Mauricio de Oliveira. Nível de Conhecimento Sobre o Uso de Animais em Testes de Cosméticos em um Grupo Acadêmico. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 05, Vol. 01, pp. 179-186, Maio de 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

O uso de cosméticos pelo ser humano vem desde antiguidade. Porém, com o passar dos séculos, o homem começou a criar produtos à base de compostos inorgânicos o que necessitou o uso de testes de segurança para garantir a sua saúde, para isso começou-se a utilizar cobaias animais. O objetivo deste trabalho foi avaliar o nível de conhecimento de um grupo da comunidade acadêmica UESB sobre o uso de animais nesses testes. Utilizou-se de questionários semiestruturados para a avaliação e por fim, percebeu-se que se têm um alto conhecimento do assunto pelos estudantes do campus, porém a maioria é a favor dos testes em animais e que falta informação acerca de métodos alternativos.

Palavras-Chave: Cosméticos, Testes em Animais, Segurança.

INTRODUÇÃO

O uso de cosméticos pelo ser humano vem de tempos remotos, perfumes, óleos, cremes e banhos de folhas e outros compostos sempre foram usados por povos egípcios, romanos, gregos e outras civilizações antigas. A princípio, a fonte de seus ingredientes eram essencialmente plantas, animais e minerais. Porém, o avanço da tecnologia resultou no desenvolvimento de novas substâncias para serem incluídas na formulação de tais produtos (CHORILLI et al., 2009, p.1).

Desta forma, ao perceber a utilização de compostos inorgânicos nos cosméticos, infere-se que ao utilizar quaisquer destes produtos o usuário estaria exposto a muitas substâncias químicas sobre seu corpo. Por este motivo, o usuário teria um uso prolongado destes químicos e pode-se afirmar que é possível ficar exposto num só dia a uma série de substâncias químicas de natureza e comportamento específicos (SANTOS, 2008).

Também, sabendo que os produtos cosméticos são de livre acesso ao consumidor e, partindo do pressuposto de que estes produtos podem ser usados amplamente durante um longo período da vida, é extremamente necessário garantir a segurança dos mesmos (CRUZ, ANGELIS, 2012). As formas mais difundidas de averiguação de segurança são referentes aos testes em animais.

O uso de animais remonta há muitos séculos, quando surgiram os estudos nas áreas de anatomia e fisiologia (PRESGRAVE, 2014). Os animais são tratados como cobaias, máquinas ou objetos, exceto os animais de estimação que podem ser considerados membros da família para muitos (RECH, 2013).  “A utilização de animais vivos em experimentos, seja no campo científico ou acadêmico, é considerada na visão de muitos uma prática natural e, para alguns, indispensável” (ABREU, 2017). Porém, esta prática está cada vez mais sendo questionada, desde a comunidade acadêmica até os defensores de animais ambientalistas, também se nota uma preocupação crescente da sociedade em geral acerca da questão.

“Sabe-se que a indústria de cosméticos realiza testes em animais sob alegação de aferir a toxicidade dos produtos e garantir que não tenham efeitos nocivos aos homens e também que tais testes incluem procedimentos que podem causar dor, sofrimento e lesões irreversíveis, como é o caso do teste de Irritação Ocular Primária que consiste na aplicação única do produto no saco conjuntival de coelhos, com observação da evolução das lesões em 24, 48, 72 horas e 7 dias após a instilação (ABREU, 2017)”.

Reconhece-se este direito de segurança ao consumidor, porém, até onde pode-se utilizar uma vida para testes de cosméticos? O homem é dono de outras vidas e pode utiliza-las a seu belo prazer? Apoiado a estas questões este trabalho busca levantar dados sobre o conhecimento do uso de animas em testes de cosméticos por universitários na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia campus Vitória da Conquista.

O trabalho justifica-se pela busca em conhecer os testes de cosméticos em animais em um ambiente acadêmico e como esta informação pode contribuir na escolha e compra de um produto de beleza.

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia campus Vitória da Conquista, para amostragem escolheu-se 4 cursos de graduação que funcionam pela manhã no campus, sendo escolhidos: Agronomia, Biologia, Direito e Engenharia Florestal.

Para coleta de dados foram utilizados 200 questionários semiestruturados com 3 questões: sendo elas: você utiliza algum tipo de cosmético (desodorante, perfume, sabonete, creme de pele etc.)? Você sabia que vários cosméticos são testados em animais? E você deixaria de comprar um cosmético por saber que a marca fabricante utiliza animais em seus testes de segurança?

Os questionários foram aplicados pela manhã em três dias, sendo que cada curso contou com 50 questionários cada. As informações foram analisadas no Microsoft Excel e estipulou-se índices de porcentagem. A última questão semiestruturada foi analisada por categorias dentro da análise qualitativa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a coleta de dados chegou a tais informações, como mostra o quadro abaixo:

Quadro 1 - Quantidade de estudantes por curso, sexo e faixas etárias. Fonte: Questionários da pesquisa, 2017.
Quadro 1 – Quantidade de estudantes por curso, sexo e faixas etárias. Fonte: Questionários da pesquisa, 2017.

Dos 200 questionários aplicados, verificou-se que a maioria dos entrevistados foram do sexo feminino com 112 pessoas, representando 56%. Que o curso com a menor faixa etária de entrevistados foi Agronomia, variando de 18 a 29 anos de idade.

Para a primeira questão: Você utiliza algum tipo de cosmético (Desodorante, perfume, sabonete, creme de pele etc.)? A resposta foi de 100% para o uso de cosméticos, sejam eles testados ou não em animais. Isso reflete uma tendência, de acordo com o portal UOL (2012) “O consumidor brasileiro gasta, em média, R$ 112 por mês com produtos de beleza e higiene” e com o G1 (2015) o Brasil é o terceiro maior mercado consumidor de produtos ligados à beleza nem mesmo a alta do dólar desanima os empresários do segmento. De acordo com estes portais de notícias e economistas, os cosméticos movimentam bilhões de reais todos os anos no Brasil, devido a vaidade dos brasileiros.

A segunda questão perguntava: Você sabia que vários cosméticos são testados em animais?

Para esta questão tivemos que em Agronomia, 66% afirma que sabiam, enquanto que 34% afirmaram não saber do fato. Já Biologia, 94% afirma saber que os testes de segurança são realizados em animais, enquanto apenas somente 6% desconhecia o fato. Para o curso de Direito, 92% responderam sim e 8% não; em Engenharia Florestal, tivemos os valores de sim e não em 64% e 36%, respectivamente. Os resultados podem ser conferidos no quadro abaixo:

Quadro 2 - Nível de conhecimento de testes em animais. Fonte: Questionários da pesquisa, 2017.
Quadro 2 – Nível de conhecimento de testes em animais. Fonte: Questionários da pesquisa, 2017.

Porém, ao analisar o caso geral, o resultado ficaria que 79% sabem que os testes de segurança de cosméticos são realizados em animais, enquanto que 21% não tinha essa informação, como mostra o gráfico abaixo:

Gráfico 1 – Nível de conhecimento do uso de animais em testes de cosméticos pela comunidade acadêmica da UESB, representados pelos cursos de Agronomia, Biologia, Direito e Engenharia Florestal. Fonte: Questionários da pesquisa, 2017.
Gráfico 1 – Nível de conhecimento do uso de animais em testes de cosméticos pela comunidade acadêmica da UESB, representados pelos cursos de Agronomia, Biologia, Direito e Engenharia Florestal. Fonte: Questionários da pesquisa, 2017.

A terceira e última questão perguntava, se caso a pessoa soubesse que uma marca utilizava animais em seus testes de cosméticos ela deixaria de comprar o produto.

Sobre esta pergunta, dos estudantes do curso de Agronomia, 32% afirmaram que sim, deixaria de utilizar o produto, enquanto que 68% afirmaram não deixar de utilizar. Em Biologia, 56% afirmaram que sim e 44% não deixariam, para o curso de Direito, 44% responderam que deixariam de utilizar, enquanto que 56% não e por fim, em Engenharia Florestal, 54% disseram que sim e 46% não. Temos que o curso que tem mais pessoas que deixariam de utilizar o produto por usar animais em testes é Biologia com 56% e o curso que menos daria importância a esse fato, nesse caso, seria Agronomia com 68% afirmando não deixar de utilizar os cosméticos mesmo sabendo que são testados em animais. (Os dados encontram-se no quadro 3)

Em uma pesquisa realizada pelo Data Folha, publicado no G1 (2014) apontava que 41% dos brasileiros são contra o uso de animais em teste de cosméticos, sendo estes em sua maioria jovens com menos de 30 anos. Porém ao comparar com a presente pesquisa, os mais jovens foram os estudantes de Agronomia entre os entrevistados e os que demonstraram mais apoio ao uso de animais em testes de cosméticos.

Quadro 3 – Porcentagem de pessoas que deixariam de comprar um produto devido a marca testar em animais, por curso. Fonte: Questionários da pesquisa, 2017.
Quadro 3 – Porcentagem de pessoas que deixariam de comprar um produto devido a marca testar em animais, por curso. Fonte: Questionários da pesquisa, 2017.

Na análise geral, tivemos que dos estudantes entrevistados para os 4 cursos, a rejeição da marca seria por 46%, enquanto que 54% afirma que não deixaria de comprar o produto mesmo sabendo que o produto foi testado em animais, como pode ser conferido no gráfico 2.

Gráfico 2 – Porcentagem de pessoas que deixariam de utilizar um produto por saber que a marca testa em animais. Fonte: Questionários da pesquisa, 2017.
Gráfico 2 – Porcentagem de pessoas que deixariam de utilizar um produto por saber que a marca testa em animais. Fonte: Questionários da pesquisa, 2017.

A última questão também perguntava sobre o porquê a pessoa deixaria de usar ou não o produto. Para os 46% que disseram deixar de comprar o produto por testes em animais, apontam questões éticas, de reconhecerem como maus tratos, crueldade e de respeitarem toda forma de vida, além de sugerirem métodos alternativos. Podemos exemplificar pelas justificativas:

Por questões éticas. Partindo do pressuposto de que uma empresa que é capaz de usar animais em testes, é capaz de usar métodos ‘obscuros’ para obtenção de lucro”. (EF13, 23, M).

“Sim, já deixei de usar algumas marcas que vi notícias falando que era testado em animais. Porque isso é uma violência e grande falta de respeito com os animais”. (D3, 26, M).

“Visto que há outros métodos para se testar tais produtos” (B10, 23, F).

Já para os 54% que afirmaram não deixar de comprar um produto mesmo sabendo que a marca testa em animais, apontaram que é um teste necessário para a segurança humana, que os animais são criados para isso, que além de cosméticos, alimentos e remédios também são testados e ninguém fala nada e que apenas boicotar a marca não surtirá efeito. Alguns dos depoimentos seguem abaixo:

– “Tenho ciência que muitas empresas de cosméticos e outros setores fazem testes com animais. Não acredito que o boicote através do consumo seja efetivo. Acho que a evolução do processo de produção industrial em algum momento vai extinguir tais testes, mas não por conta do boicote, mas por imperativos mercadológicos. Uma comparação um pouco esdrúxula, mas que dá uma ideia, foi o fim da escravidão dos africanos na América. Ela acabou não por questões morais ou éticas, mas por imposições das novas relações de produção”. (D1, 29, M).

“Os animais servem de cobaias para a nossa segurança, não só no ramo de cosméticos, mas também no da alimentação e medicamentos. O que seria dos seres humanos sem esses testes. Talvez tivéssemos doenças incuráveis”. (A1, 23, M).

“Porque infelizmente é necessário, pois deve haver esses testes e não pode ser feito em humanos, portanto deve-se desenvolver outros meios para que possa mudar essa situação” (A24, 21, M).

“Porque esses animais são criados em laboratório em condições especiais para testes” (B35, 27, M).

CONCLUSÃO

A partir de todo o exposto é possível notar que o grupo acadêmico tem conhecimento relativamente alto sobre o uso de animais em testes de cosméticos. Que a maioria é a favor do uso de animais para estes fins e que poucos se dispunham em deixar de comprar produtos que utilizam animais em seus testes.

Pela análise dos questionários também é possível notar que a maioria desconhece os meios alternativos ao uso de animais em testes o que pode demonstrar pouco informação e conhecimento do tema, podendo ser um tema mais trabalhado dentro da própria universidade.

REFERÊNCIAS

ABREU, C. P. A Indústria de Cosméticos e os Testes em Animais. Dom total. 2017. Disponível em: <http://domtotal.com/direito/pagina/detalhe/35599/a-industria-de-cosmeticos-e-os-testes-em-animais> Acesso em 02 abr. 2017.

CHORILLI, M.; TAMASCIA, P.; ROSSIM, C; SALGADO , H.R.N. Ensaios Biológicos para Avaliação de Segurança de Produtos Cosméticos. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, Araraquara, SP, v.30, n.1, p.19-30, 2009. Disponível em: < http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index. php/Cien_Farm/article/viewFile/869/768 >. Acesso em: 28 Ago. 2010.

CRUZ, S. M.; ANGELIS, L. H. Alternativas aos testes de segurança de cosméticos em animais. PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA – EDIÇÃO 5 – ISSN 2176 7785. 2012.

G1. Setor de perfumaria e cosméticos faturou 1 Bi em 2014. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/globo-news/contacorrente/noticia/2015/03/setor-de-higiene-perfumaria-e-cosmeticos-faturou-r-101-bi-em-2014.html> Acesso em 07 jun. 2017.

__. No Brasil, 41% da população é contra testes com animais, revela pesquisa. 2014. Disponível em: <http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/12/no-brasil-41-da-populacao-e-contra-testes-com-animais-revela-pesquisa.html> Acesso em 07 de jun. 2017.

PRESGRAVE, O. A. F. O uso de animais no desenvolvimento de cosméticos e as alternativas. Informativo CRQ-IV. Fiocruz. 2014.

RECH, M. P. Experimentação animal: uma abordagem acerca do sofrimento e crueldade. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. 2013.

SANTOS, H. Toxicologia: A Garantia de Cosméticos Seguros. Cosmetics and Toiletries Brasil, São Paulo, SP, v. 20-Mar/Abr, p.20-24, 2008.

UOL. Brasileiro gasta em média R$ 112 por mês com cosméticos. 2012. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2012/09/03/brasileiro-gasta-em-media-r-112-por-mes-com-cosmeticos.htm> Acesso em 07 jun. 2017.

[1] Técnico em Segurança do Trabalho e discente de Biologia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.

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Mauricio de Oliveira Silva

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