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Missão Integral: Fundamentos E Objetivos Da Missão Cristã

RC: 83938
9.376
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/teologia/missao-crista

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

CRUZ, Vitor Cezar Monteiro da [1], DAMIÃO, Paulo de Melo Sintra [2]

CRUZ, Vitor Cezar Monteiro da. DAMIÃO, Paulo de Melo Sintra. Missão Integral: Fundamentos E Objetivos Da Missão Cristã. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 04, Vol. 14, pp. 57-68. Abril de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/teologia/missao-crista, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/teologia/missao-crista

RESUMO

Falar da igreja e de sua missão de forma integral é um grande desafio. A teologia da missão integral foi impulsionada com o Pacto de Lausanne, direcionando o cristão a observar o homem como um todo e levar a ele o evangelho. O objetivo dessa pesquisa é informar que a missão integral, é uma prática e uma atitude relacionada ao propósito da igreja. Utilizando da metodologia de pesquisa bibliográfica, é possível concluir que apenas por meio de uma teologia bíblica e prática, é possível a igreja exercer seu papel dentro da sociedade e contextualizar um ideal adequado para conduzir e manter todos de maneira inerente a Deus. Vários vivem uma vida cristã vazia de Deus, afastados dos verdadeiros objetivos da vida cristã, vida essa que deve ter o objetivo de ser um parceiro de Deus na missão integral de resgatar o homem através do evangelho.

Palavras-chave: Teologia, Igreja, Missão Integral, Evangelismo, Propósito.

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como finalidade apresentar uma pesquisa bibliográfica de forma clara que a “Missão Integral” é, principalmente, uma prática, uma atitude em relação à ação da Igreja no mundo. Procurando expor a Missão da Igreja como propósito de sua existência, bem como, dando-lhe sentido na tarefa de abarcar todas as necessidades do homem todo por meio da proclamação de um evangelho todo, que reúne a palavra e a ação da igreja em sua existência no mundo.

Tal temática é de grande relevância e dar-se-á através de uma abordagem delimitada a respeito da Missão Integral, pela qual a Igreja veio a existir. Pois abrange uma discussão que se sucede até a teologia da Missão Integral. E com isso, possam-se estabelecer através da hermenêutica bíblica os fundamentos da teologia da Missão Integral que resultarão na integralização e transformação do ser humano.

A metodologia deste trabalho se dá por meio de revisão bibliográfica, onde, principalmente, a teologia da missão integral atenta-se sempre ao fato de que a igreja deve cumprir com os seus objetivos e propósitos dados por Deus e não segundo suas próprias opiniões formadas.

O estudo justifica-se por mostrar que a missão integral da Igreja surgiu do caráter de Deus (Missio Dei), ou seja, Deus é o protagonista da missão. Deus age no mundo pela sua graça para reconciliar o mundo consigo mesmo, como uma comunidade daqueles que já experimentaram os sinais do reino de Deus no tempo presente, E não no sentido de instituição religiosa.

Este artigo está subdividido em dois tópicos em que, no primeiro será abordada a base histórica do tema, bem como: a Missão da igreja só pode ser entendida pela chave hermenêutica que é o reino de Deus e o estudo sobre a natureza do evangelho e evangelização, principalmente o conteúdo utilizado.  E o segundo tópico aborda a respeito de uma teologia missionária de práxis voltada à integralização da Missão e não no crescimento numérico baseado na teologia da prosperidade em detrimento a uma teologia fundamentada no crescimento qualificativo e transformador.

2. DE LAUSANNE À MISSÃO INTEGRAL

Ao examinar a compreensão de René Padilla, tem-se de antemão a ideia de uma missão oriunda do propósito de Deus em direção ao resgate do homem perdido. Cuja centralidade é o estabelecimento do reino divino através da evangelização mundial (PADILLA, 2014 p. 19), e a partir dessa visão, que é realizado o 1º Congresso Internacional, em Lausanne, Suíça, em 1974, que segundo o autor, traz o lema: “que a terra escute a sua voz”. Ou seja, em virtude de Jesus Cristo, como a Palavra revelada e verbo encarnado, todos pudessem ouvir e aceitar o seu sacrifício salvífico.

A humanidade foi feita conforme a imagem de Deus (BÍBLIA, Gn.1:26), e consequentemente, toda pessoa, seja qual for a raça, cor, sexo, religião, cultura e etnia, possui intrinsicamente a essência de Deus, e por esse motivo, é que:

Ainda que a reconciliação com o Homem não seja o mesmo que a reconciliação com Deus, nem o compromisso social seja o mesmo que a Evangelização, nem a libertação política seja o mesmo que a salvação; não obstante, afirmamos que a evangelização e a ação social e política são parte de nosso dever cristão. Uma e outra são expressões necessárias de nossa doutrina de Deus e do homem, de nosso amor ao próximo e nossa obediência a Jesus Cristo (PADILLA, 2014, p. 16).

Conforme o autor, foi de fundamental importância estabelecer que, a missão da Igreja e a vida humana estão entrelaçadas aos desígnios de Deus, portanto, a salvação deve nos transformar na totalidade e nos conduzir a uma responsabilidade pessoal e social diante de Deus para com sua criação. Conforme a teologia da missão Integral e a Fraternidade Teológica Latino-americana, está relacionada intrinsicamente à condição humana com a Missio Dei, onde esta possa conduzi-lo a uma vida de arrependimento e posteriormente transformado pelo poder do evangelho.  E com isso o ser humano possa ter uma vida ligada ao propósito de Deus e assim compreenda de forma íntegra a razão de sua existência. Portanto, o propósito da Fraternidade Teológica Latino-americana é promover a reflexão sobre a missão cristã e sua prática por parte das igrejas locais. Ou seja, procura considerar que, o ser, o fazer e o dizer da igreja são dimensões inseparáveis do testemunho sobre Jesus Cristo como Senhor e Salvador.

Para tanto, conforme Cunha (2018), para que a missão da Igreja seja transformadora e capaz de promover mudanças genuínas é imprescindível o uso fielmente das escrituras, tendo Cristo como modelo e referência.

Para o autor, se não houver uma aplicação fiel das escrituras no processo de conversão da comunidade da fé, a Igreja ficará à mercê de uma crise de exclusão na adesão de uma nova vida em Cristo Jesus, sem que haja consistência na vida dos novos convertidos. Portanto, é necessário que Cristo seja tudo em todos pela ação gloriosa do Espírito Santo em nossos corações mediante o ensino autêntico da Bíblia sagrada.

2.1 O TERMO: MISSÃO INTEGRAL

Segundo Waldemar e Carlos (2006), O termo missão, que recebeu sentidos dúbios, isto por causa de ramificações diferentes dentro do cristianismo, porém, hoje, seu sentido trilha por caminhos diferentes, em vez de uma simples atividade humana em propagar ou evangelizar, recai para a missio dei – o reconhecimento de que a missão é primariamente a missão de Deus e que todas as ações emanam do envio pelo Pai e da igreja pelo Filho, conforme atesta o Pacto de Lausanne:

Afirmamos que Cristo envia o seu povo redimido ao mundo assim como o Pai o enviou, e que isso requer uma penetração de igual modo profunda e sacrificial. A igreja ocupa o ponto central do propósito divino para com o mundo, e é o agente que ele promoveu para difundir o evangelho.

Entende-se que, a missão da igreja não se restringe só em um compêndio social e cultural do ensinamento cristão, mas, em uma dimensão evangelística de tornar conhecido ao mundo o amor de Deus, Em que, é necessário haver uma consciência corporativa de cada pessoa como membro da igreja para disseminar o que é existencial na vida, ou seja, cada sujeito da missão deve receber; meditar, aplicar e compartilhar a mensagem da missão integral (BÍBLIA, Mt 5:13-16, Mc 16:15-18).

Segundo o autor, a missão da igreja é uma visão missionária e prática missionária, em que, não somente considera o crescimento numérico, a expansão de igrejas e adesão de novos convertidos, como também uma transformação das estruturas sociais as quais os homens estão inseridos.

Para Barros (2003, p. 8) afirma que: “Missão integral da Igreja começou a ser tomada quase que tecnicamente”. Que afirma:

A evangelização não seria mais considerada apenas a comunicação de algumas verdades bíblicas, mas, como um engajamento dentro das diferentes situações em que as pessoas vivem. Seria uma transmissão da palavra de Deus com a responsabilidade de atualizar o amor de Deus através de ações concretas (BARROS, 2003, p. 8).

Segundo o autor, a Missão integral começaria a ver o homem em todas as suas dimensões: espirituais, sociais, físicas e emocionais. Ou seja, o evangelho seria para todo homem e o homem todo conforme o Pacto de Lausanne, o ponto de partida seria o resgate e o retorno da criatura com o seu criador.

Zabatiero (2018 p.16) afirma que, “A Missão Integral é uma prática, uma atitude em relação à ação da Igreja no mundo”. Conquanto, conforme o autor, aprender teologia da Missão Integral implica em assumir o compromisso com a integralidade da Missão. Ou seja, era anunciar a totalidade do evangelho em sua plenitude para alcançar o homem de forma intrínseca nas diversas áreas de sua existência.  Em resumo, como apresenta Gonzáles (2008), a Missão é a atividade de Deus no mundo. Deus é o protagonista da Missão. Deus age no mundo pela sua graça para reconciliar o mundo consigo mesmo.

A luz do Pacto de Lausanne, a “missão da igreja” não é mais vista como um movimento de crescimento de igreja ou apenas mais uma teologia que define que a quantificação de igrejas é uma forma de medir a ação de Deus no mundo, mas, que constituísse, também, uma meta-narrativa sócio-política que orientasse a participação pessoal e institucional nos processos de transformação social. No entanto, pode-se entender conforme a ideia apresentada, é que, a missão da igreja seja transformadora e integralizadora como afirma o texto bíblico: “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns” (Atos, 4.32). O texto explícito indica uma completude de unidade em propósito daquilo que foi denominado de Missão Integral.

2.2 A MISSÃO DA IGREJA E O REINO DE DEUS

O forjamento da vida cristã em exercer a Missão de Deus, não se dá por simples atitudes de caráter religioso ou moral, mas, pela aplicabilidade das verdades do senhorio de Jesus Cristo sobre toda dimensão da vida.

Quando a igreja entende sua missão à luz do reino de Deus, seus membros são liberados para servir. Percebem em cada necessidade humana uma oportunidade para o serviço e em cada situação um desafio para usar os dons que o Espírito de Deus lhes outorgou para a edificação do corpo de Cristo. Compreendem que, em virtude de sua relação com Jesus Cristo, são sacerdotes ao serviço do Rei e que, como tais, são chamados a testificar sobre as obras maravilhosas de Deus por meio do que são, fazem e dizem (PADILLA, 2014, p. 34).

Conforme o autor, o reino foi inaugurado por Jesus Cristo, não é possível entender corretamente a missão da igreja independentemente da presença do reino. Conforme o entendimento do autor, a missão da igreja é uma extensão da missão de Jesus. Contudo, segundo o entendimento de Padilla a missão da igreja está na sua existência, que determina sua natureza e propósito.

Segundo Alberto (2003, p.17) afirma que: “uma das principais características da Missão da Igreja ao longo de seus 2000 anos de existência foi o serviço ao próximo”. Ou seja, o serviço cristão sempre foi o distintivo daqueles que faziam parte do reino de Deus. Portanto, conforme o autor, a igreja não precisa que alguém diga a ela que deve servir ao próximo.

A partir de então, a missão começou a ser vista não apenas como atividade proselitista, mas sim a partir da perspectiva Missio dei. Nessa perspectiva, é derivada a missão de Deus de sua própria natureza, isto é, a missão da igreja é uma extensão da missão de Deus e não da própria igreja, na qual Deus envia jesus, Jesus envia o espírito santo, e Deus, jesus e espírito santo, enviam a igreja para dentro do mundo. (BOSCH, 2002, p. 467).

Segundo Rojahn (2018, p.16) “considerando que Jesus foi o anunciador do Reino e que a igreja deve estruturar sua missão com base na missão dele”, logo entende-se que, a igreja tem uma missão a partir do testemunho e proclamação do Reino de Deus. Ou seja, “o Reino gera a igreja”, a igreja é uma extensão do Reino de Deus, porque sua existência é causada pela proclamação do Reino.

Segundo John Stott (2010, p.47) escreveu que “o ponto de vista mais antigo ou tradicional era o de igualar Missão e evangelismo, missionários e evangelistas, missões a programas evangelísticos”, ou seja, tudo está intrinsecamente voltado para o resgate do homem como “alvo” do amor de Deus. Conforme Zabatiero (2018), o conceito de Missão Integral está voltado na práxis cristã, um testemunho fiel em relação à ação da Igreja no mundo. Portanto, é necessário um testemunho de forma coerente a nossa vivência cristã para refletir a imagem do senhor Jesus, ou seja, compreende-se que a prática da vida cristã dar sentido naquilo que de fato entendemos como verdade.

2.3 A INTEGRALIDADE DA MISSÃO DA IGREJA: EVANGELISMO E DISCIPULADO

Ao analisar a ideia do teólogo John Stott, entende-se que Deus é visto como – o senhor da missão. E com isso, nós somos seus enviados para de antemão falar dele e de seu propósito (STOTT, 2003). Deste modo, Deus descreve seu plano para o seu povo através do seu próprio amor redentor, trazendo para si mesmo o homem que outrora havia se distanciado do seu amor divino.

Evangelização refere-se à fase inicial do ministério cristão. É a proclamação autorizada do evangelho de Jesus Cristo, como revelado na Bíblia em termos relevantes e inteligíveis, de forma persuasiva com o propósito definido de fazer cristãos convertidos. É uma apresentação à penetração de permeação-confrontação que não só provoca, mas exige uma decisão. Ele está pregando o evangelho de Jesus Cristo, para um veredicto. É a apresentação eficaz do evangelho para a conversão do incrédulo ou descrente, fazendo dele um crente em Jesus Cristo (W. GEORGE, 2000, p. 7).

De acordo com informações do autor, o Cristo da cruz começa seu ministério redentor com o anúncio do reino que já é chegado entre os Judeus, e que agora, através deste anunciado os homens possam se tornar cristãos convertidos em Cristo Jesus. Para Padilla (2014), em missão integral iniciou com uma discussão sobre a própria natureza do evangelho e da evangelização (p. 15-55). Declarou que tem havido uma desvalorização das dimensões mais amplas do evangelho e, por isso, inevitavelmente, tem comprometido a missão da igreja. Ele argumenta que, se o mundo é o alvo da evangelização, ele tem que ser visto em sua totalidade, Barros (2003, p. 9).

Conforme Padilla (2014, p.100) afirma que: “frente a esta aproximação é necessária uma nova ênfase no evangelho como aquilo que determina a autenticidade da evangelização”, em que, ocorre conforme as seguintes três razões:

A- A primeira condição para uma evangelização efetiva é a certeza quanto ao conteúdo do evangelho. Ou seja, a proclamação do evangelho inclui uma apresentação dos fatos do evangelho como uma realidade objetiva que se insere na situação humana e transcende toda a compreensão.

B- A única resposta que uma evangelização bíblica tem direito a esperar é a resposta ao evangelho. A genuinidade da conversão de uma pessoa depende diretamente da genuinidade do evangelho ao qual ela responde em arrependimento e fé. Um evangelho espúrio somente pode dar como resultado uma conversão espúria.

C- A característica que distingue a experiência cristã é devido a mesma ser uma experiência do evangelho, ou seja, nem toda experiência religiosa é cristã, exceto aquela que surge do evangelho.

Conforme Waldemar e Carlos (2006, p.26), afirma que “A evangelização mundial requer que a igreja inteira leve o evangelho integral ao mundo todo”.

Segundo o autor, a igreja ocupa o ponto central do propósito divino para com o mundo, e é o agente que prometeu difundir o evangelho. Portanto, é necessário antes de tudo entender que além de uma instituição ou sistema, somos uma comunidade do reino de Deus e comprometidos a produzir novos discípulos.

Conforme Stott (2003, p. 92) afirma que: “a evangelização também nos convoca à unidade(…)”, onde conforme o autor, o evangelismo autêntico traz uma unidade em propósito, que reforça o testemunho trazendo consigo a reconciliação através do evangelho.

Por exemplo, define que o propósito divino de salvar os perdidos, que está presente em toda a Bíblia, tem seu pleno desenvolvimento na igreja. Através do conhecimento bíblico, a partir do ouvir, entender e crer nesta mensagem, as pessoas passam a ter uma nova vida, vida de comunhão com Deus, como propriedade peculiar dele, como em Atos 15.14 “a fim de construir dentre eles um povo para o seu nome” (ALMEIDA, 2011, p.283).

O autor faz uma alusão sobre a importância da adesão do conhecimento bíblico para consolidar o crescimento espiritual e saudável na comunidade, como forma de autenticar a veracidade da vida nova em Cristo. Portanto a aquisição de uma nova vida em Cristo Jesus traz uma unidade em propósito e assim por dizer, a comunhão com Deus como fruto da ação do Espírito Santo na vida do novo convertido.

3. TEOLOGIA DA MISSÃO INTEGRAL

Em busca da teologia da missão somos conduzidos a um olhar hermenêutico através das escrituras sagradas para então entendermos que, a natureza missionária da igreja deve ser integral e inerente à missão de Deus.

A teologia da missão integral de acordo com Zabatiero (2018) é também uma teologia da práxis, afinal procura perceber o problema e propor uma solução. Por não mexer nos princípios básicos é uma teologia ortodoxa. Ou seja, é principalmente uma prática, uma atitude em relação à ação da Igreja no mundo. Como a bibliologia, vista como Palavra de Deus.

Segundo a teologia da colheita de (Harvest Theology), a teologia é adotada pelo movimento de crescimento de igrejas e será a base para a construção de seu pensamento, ou seja, o fato é que, o sentido de a igreja existir é multiplicar-se por meio da conversão do maior número de pessoas, portanto, a igreja deve estar sempre atenta e utilizar-se de todo meio à sua disposição para o sucesso de sua empreitada. Porém, segundo Padilla (2014) a teologia da missão da igreja entende-se a partir da evangelização como um meio para inserir as pessoas na comunidade de seguidores de Jesus Cristo comprometidos com a missão de transformar de acordo com o propósito de Deus para a vida humana.

A utilização dessa teologia é uma pequena justificativa para o pequeno crescimento de igrejas e membros ativos de igrejas, visto que a teologia da semeadura abraçou o fato de que o mandamento de Deus está na procura das pessoas, e não nas conversões, pois independem da ação humana, portanto, ela ataca qualquer ênfase em resultados (MCGRAVAN, 1990).

Para tanto, conforme Medeiros (2016), o foco da teologia de algumas Igrejas estarem voltado para o resultado, a saber, o crescimento numérico e a adesão a uma nova Igreja. Segundo o Autor, para alguns pastores o que define a grandeza de uma Igreja é o que ela “produz” e não no senhorio de Cristo sobre ela. No entanto, podemos observar que, o pragmatismo tem soterrado o uso fiel das escrituras e levado muitos líderes a aderir todo tipo de meios que aparentemente estão dando certo, porém, trazendo um crescimento numérico sem consistência e veracidade bíblica.

Conforme Bucci (2001) estamos diante da fabricação de uma nova face do divino, de um novo culto habitual e um tipo novo de religiosidade, combina imagem eletrônica, consumo e entretenimento. A experiência mística pode se converter em entretenimento e em objeto de desejo com a televisão. Trata-se de uma forma de obscenidade. A doutrina da Teologia da Prosperidade faz com que as pessoas busquem por meio de sua crença formas de conquistarem o tão sonhado e venerado status social. Portanto, diante de toda uma ideia de trabalho como mecanismo de prosperidade, o cristão acaba percorrendo um caminho sem poder “ser” um novo membro no corpo de cristo como afirma Barros (p. 94), “o corpo de cristo é identificado pela sua unidade, não abstrata, na qual o fator decisivo é sua expressão multirracial sob uma nova identidade – a do reino de Deus (1Pe 2.9). Judeus e gentios, em Cristo, formam uma síntese inspirada pela intenção de glorificar o autor desta dialética que torna o múltiplo em único.”

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho de pesquisa neste artigo científico apresentou de forma condensada o início da Missão Integral, através da formação do Pacto de Lausanne que leva o cristão a ter uma visão de totalidade em relação ao homem, para levar a ele o evangelho como um todo e, os objetivos e fundamentos relacionados à ação da igreja no mundo.

Compreendemos que, o assunto referido demonstrou o resgate da vocação da igreja como a razão de sua existência. Pois, a pesquisa que foi apresentada neste trabalho visou conceituar de forma prática e objetiva a missão integral da Igreja, bem como, sua fidelidade no propósito de sua existência no mundo.

Observamos que, somente através de uma teologia bíblica e prática que, a igreja poderá atuar na comunidade e contextualizar uma mensagem adequada para conduzir e manter todo homem de forma inerente a Deus.

Analisamos também nesta pesquisa os conceitos das teologias da colheita e prosperidade, onde essa fala sobre o movimento de crescimento de igrejas como única forma de sua existência. Ou seja, o maior número de conversão de pessoas autêntica é seu sucesso. E quanto a isto, a referida Teologia da Prosperidade induz as pessoas a utilizarem a sua crença como forma de alcançar recursos financeiros e, muitas vezes isto lhe serve como sinônimo de fé e obediência a Deus.

No entanto, diante de toda esta mercantilização da fé e razão pelo qual as pessoas procuram a igreja por causa da filosofia da teologia da Colheita e da prosperidade, muitos estão vivendo uma vida cristã vazia de Deus e distantes do verdadeiro propósito da vida cristã. Que é ser um Parceiro de Deus na Missão Integral de resgatar o homem todo, através de um evangelho todo.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A. de. Teologia contemporânea: a influência das correntes teológicas e filosóficas na Igreja. RJ: ed. CPAD, 2011.

BARROS, W. T. de. Teologia da Missão. PR – Londrina: ed. descoberta, 2003.

BLAUW, J. A Natureza Missionária da Igreja. SP – São Paulo: ed. ASTE, 1966.

CUNHA, M. J. S. Ética Cristã e Responsabilidade Social. UniCesumar: Centro Universitário Maringá. Núcleo de Educação à Distância. Maringá – PR, 2018.

GEORGE, W. P. A Teologia Bíblica de Missões. SP: São Paulo, ed. Cpad, 2018.

KOHL, W. M.; BARRO, C. A. Missão Integral Transformadora. PR- Londrina: ed. descoberta, 2ª edição março / 2006.

LUIZ, R. C.; GONÇALVES, M. A. Missões e Evangelização. Maringá: UniCesumar, 2017.

MORALES, A. dos S. T. Revista Ensaios Teológicos. Faculdade Batista Pioneira, vol. 06, pag. 1-166, 2020. Disponível em: http://revista.batistapioneira.edu.br/index.php/ensaios/article/download/366/398 Acesso em: 29 jul. 2019.

MEDEIROS, D. A. G. O reino de Deus e a igreja na teologia da missão integral de René Padilla. São Bernardo do Campo, 2016. Disponível em: http://tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1607/2/Douglas%20Alonso.pdf

PADILLA, R. C. Missão Integral: O Reino De Deus e a Igreja. MG: Nova ed. Ultimato, 2014.

STOTT, J. Tive Fome: um desafio a servir a Deus no mundo. Série LAUSANNE 30 anos. São Paulo- SP: 2. ed. amp. ed. ABU, 2003.

SANTOS, C. l. Revista Eletrônica Espaço Teológico: Teologia da Prosperidade e sua expansão pelo mundo / – Vol. 11, n. 20, pag. 80-96. 2017, Disponível em: https://revistas.pucsp.br/reveleteo/article/viewFile/35992/24781/ Acesso em: 28 de agosto de 2019.

ZABATIERO, J. P. T. História e Teologia da Missão Integral. Maringá – Pr: UniCesumar, 2018.

[1] Graduação – Bacharel em Teologia.

[2] Orientador.

Enviado: Outubro, 2020.

Aprovado: Abril, 2021.

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