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Psicologia Pastoral: Adicção sexual

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

VAZ, João Carlos [1]

VAZ, João Carlos. Psicologia Pastoral: Adicção sexual. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 12, Vol. 07, pp. 136-150. Dezembro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/teologia/psicologia-pastoral

RESUMO

O tema deste trabalho é a Psicologia Pastoral, cuja delimitação é a Adicção Sexual. O objetivo principal foi estudar como o Pastor deve agir em relação a aconselhamento aos homens que são afligidos por este tipo de compulsão. A metodologia utilizada foi a revisão de literatura, através da pesquisa em livros e artigos, utilizando-se autores como Cline (2009), Means (2008),  Perkins (2008). Conclui-se que é possível com Fé amenizar e até mesmo erradicar esse tipo de adição, embora seja um trabalho árduo para o conselheiro e para a pessoa com o transtorno, não é impossível de obter resultados baseado na fé.

Palavras-chave: psicologia, aconselhamento, adicção, sexual, fé.

INTRODUÇÃO

Um grande desafio humano é lidar e superar problemas de vício, isto de diversos fatores, como jogos, drogas e o sexo. Assim sendo, um dos desafios da Igreja atualmente é saber lidar com as compulsões, vícios, e adicções, não somente tratando como hamartiologia, mas também orientando, aconselhando e ajudando o membro que está afligido por esse tipo de comportamento, que na maioria das vezes não é comportamental apenas trata-se de uma doença.

A adição sexual é um fenômeno universal que pode atingir homens e mulheres de diversas idades, classes sociais e religião. Assim, este trabalho busca estudar diversos aspectos do vício, falando mais a fundo da adicção sexual e suas categorias e características principais. Tratando também sobre a forma que os cristãos e não cristãos veem a doença.

Também será tratado aqui o aconselhamento perante este tipo de adicção e quais são as opções que existem dentro do cristianismo e também seculares. Serão descritos os estágios da adicção sexual, pois ele não surge no ápice, sendo geralmente gradual e na maioria das vezes associados a outras doenças psíquicas, embora em alguns casos seja isolado.

E por fim, será tratado o tema da cura e da libertação da adicção. Com isso, pretende-se mostrar que as pessoas precisam ser ouvidas e bem aconselhadas, não criticadas, maltratadas ou excluídas devido a doenças ou desvios psíquicos. Estamos em tempos em que os sofrimentos espirituais e psíquicos dos seres humanos são maiores até mesmo do que as doenças físicas e sendo assim, a igreja precisa se atentar, com seus líderes aprendendo a aconselhar, utilizando a psicologia pastoral, e não com conselhos vãos ou ferindo ainda mais essas pessoas, afinal nenhuma dessas pessoas escolheu a doença.

A igreja pode ser este espaço onde essas pessoas irão encontrar refúgio, segurança e ajuda que poderá transformará suas vidas. O objetivo do trabalho é também fazer com que as comunidades religiosas olhem e tratem essa doença, não fechem os olhos enquanto as pessoas se ferem e morrem. Fazer com que saibam lidar com essa tão delicada situação de forma a transformar essas pessoas, não dizendo ser tudo normal e não tratando como marginais, pois muito já são feridas essas pessoas por si mesmos, a muitos ferem sem querer, são destruídos e destruidores, mas sem intenção apenas movidos por um vício incontrolável.

Por fim, a proposta deste trabalho não é esgotar o assunto em todas as suas nuances, mas revelá-lo na intensidade e gravidade que merece, especialmente para o público cristão, para provocar o interesse e, sobretudo, para despertar a construção de ações específicas no sentido de levantar as pessoas afligidas por essa doença.

1. ADICÇÃO

A adicção, ou, mais comumente, vício, é considerado um distúrbio crônico que pode acarretar em diversas situações e consequências ruins para aqueles que possuem este problema. Vê-se o vício como constituído por dois fatores, o psicológico e o químico, sendo que os dois podem ser os responsáveis pelo descontrole da pessoa sobre a realização de um hábito ou uso de substância (ROLNIK; SHOLL-FRANCO, 2006).

Do viés da neurociência das adicções, Rolnik e Sholl-Franco (2006, p. 148) colocam que:

O interessante é que não só as drogas de abuso (tais como cocaína, nicotina e álcool) elevam os níveis de dopamina no Núcleo Accumbens, mas também certos medicamentos e comportamentos como sexo, jogos, esportes ou o hábito de comprar. Enfim, qualquer situação que gere prazer (hedonismo). Essas situações e substâncias compartilham vias neuroquímicas comuns, o que parece explicar o fato de todas elas poderem ser fontes vício. Numa perspectiva mais teórica, a adicção pode ser compreendida como um estado de desregulação do sistema de recompensa em que o ponto de ajuste está patologicamente deslocado

Assim, vê-se também o sexo como um estímulo ao sistema de recompensa cerebral, podendo ser um vício por fazer com que a pessoa adicta queira sempre retomar a sensação de prazer.

2. ADICÇÃO SEXUAL

Põe-se que a discussão sobre a adicção sexual se inicia nos Estados Unidos. Sobre o tema, Ferreira (2013, p. 289-290) explica sobre os primórdios da discussão e tratamento deste tipo de adicção:

A Sexual Dependency Unit at Golden Valley, uma das primeiras clínicas nos Estados Unidos com propostas intervencionistas para o tratamento da adicção sexual, definiu-a como “atração por comportamentos sexuais compulsivos obsessivos, os quais causam muito estresse ao adicto individualmente e para sua família”.

A adicção sexual é um campo estudado e analisado principalmente do ponto de vista psicológico e psiquiátrico. Vê-se como algo psicopatológico onde a pessoa que tem este “vício” busca o prazer sexual sem se preocupar com os males que isso pode causar (NETTO; CARDOSO, 2017). Cita-se como exemplo de ações “inúmeros parceiros, multiplicação de aventuras sexuais, assédio frenético, sexo virtual, consumo desenfreado de pornografia, masturbação compulsiva, frequentação de clubes de sexo, prostíbulos etc.” (ANDRÉ, 2011, apud NETTO; CARDOSO, 2017, p. 706).

Vê-se que o adicto sexual tem diversos comportamentos que se assemelham aos de pessoas com outros tipos de adicção, como a falta de controle sobre a sua compulsão sexual, estando o sujeito dependente, tornando algo que deveria ser uma escolha, em uma obrigação, exigência (NETTO; CARDOSO, 2016)

2.1 ESTÁGIOS DO VÍCIO

Cline (2009) define as fases do vício em pornografia, que é um dos fatores que têm grande relação com a adicção sexual no geral. O autor define as fases da seguinte forma:

a) Primeira – vício: Inicia-se com a parte viciante da atividade, fazendo que o prazer de consumir conteúdo de pornografia gerasse mais interesse ainda na atividade (CLINE, 2009).

b) Segunda – efeito escalada: A alimentação deste vício de forma rotineira faz com que a pessoa queira cada vez conteúdos mais explícito, ou até mais desviante para manter aquele mesmo padrão de euforia que se sente no início (CLINE, 2009).

c) Terceira – dessensibilização: A pessoa viciada tende a se acomodar ao conteúdo, sendo esse cada vez menos impactante, apesar desta buscar sempre algo mais excitante, isto também causado pelo efeito escalada. O hábito passa a ser considerado comum e deixa de ser algo inibido pelo pudor (CLINE, 2009).

d) Quarta – agindo sexualmente: Nesta fase, o adicto já buscava aplicar os comportamentos vistos na pornografia na vida real, isso podendo incluir qualquer um dos comportamentos já citados sobre a compulsão sexual. Nesta fase, apesar destas ações poderem trazer malefícios à vida pessoal, o indivíduo se vê sem saída e continua buscando manter seu prazer sexual (CLINE, 2009)

Tem-se nessas fases a descrição crescente ao qual se não for tratada e abortada, certamente chegará a comportamentos inaceitáveis e irreversíveis, podendo até mesmo o viciado chegar à pratica de um crime sexual. Tiago, o apóstolo fala do pecado como uma gravidez e é assim que ele age, por isso rituais devem ser cortados. “Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.” (TIAGO 1:15).

2.2 ADICÇÃO SEXUAL NO CONTEXTO CRISTÃO

Do ponto de vista cristão, pensa-se que que atrás cada vicio há um deus sendo implicitamente adorado, e este substitui o único Deus que é adorado pelo cristianismo e isso torna ainda mais difícil deixar o vício. Isso pode causar o efeito contrário, quanto mais se tenta lidar com o problema sozinho e sem a ajuda adequada, mais se afunda neles, e quando se percebe está preso em um ciclo de vício. Porém, quando se busca a ajuda adequada há como contornar este problema.

A adicção sexual muitas vezes não é conhecida até mesmo pelas pessoas que a possuem e no contexto cristão isto também ocorre. O sexo matrimonial é normalizado, porém, atos como a masturbação têm visões duais, isto é, há a preocupação de que, sendo um ato solitário, este vá contra o sentido da reprodução que o sexo dentro do casamento busca produzir (DANTAS, 2010), porém, por também há, pela visão de alguns, a normalização do ato.

Porém, estes comportamentos no geral, podem se tornar excessivos e assim, preocupantes. Dessa forma, é importante que dentro do meio religioso se conheça também a adicção sexual a fim de que este se torne um ambiente seguro para a discussão e aconselhamento perante os casos que possam ser apresentados dentro do meio. Assim, poderá se ver este tipo de mal não apenas como má conduta ou demônios e sim, como algo que pode ser tratado.

O despreparo para lidar com este tipo de situação dentro do meio religioso é de grande preocupação, pois pode acabar minimizando a amplitude do problema ou até agravando o quadro por falta de auxílio. Vê-se isso, por exemplo, em casos de líderes religiosos que assediam membros de sua própria comunidade e que, se tivessem o auxílio para identificar e tratar este problema, poderiam não ter chegado tão longe neste tipo de conduta.

3. O ACONSELHAMENTO

As pessoas acometidas por qualquer tipo de adicção, em sua maioria, necessitam de ajuda para controlar a situação ou até para buscar se livrar de seu vício. Os buscam ajuda necessitam de pessoas que estejam preparadas para um correto direcionamento que vá, de fato, auxilia-las no processo de controle e superação de sua adicção.

Segundo Santos (1982 apud ALMEIDA, 2010) existem três tipos de atuação no aspecto psicológico para que se possa ajudar uma pessoa, estas são, a orientação, o aconselhamento e a psicoterapia. O primeiro tipo tem como objetivo auxiliar na descoberta e análise das opções que a pessoa auxiliada tem, o segundo se foca na indicação de caminhos a seguir ou até mesmo a criação de oportunidades para que se possa realizar a mudança, e o terceiro é um tratamento de problemas da conduta ou até mesmo da personalidade focando-se no aspecto da psicologia e suas diferentes metodologias.

3.1 ACONSELHAMENTO SECULAR

O aconselhamento secular geralmente é feito por um psicanalista, a área deste tipo de terapia tem diversas vertentes que são utilizadas atualmente, dentre elas, vê-se a psicanálise Freudiana, terapia junguiana, lacaniana, psicoterapia cognitiva comportamental, além de diversas outras (MORRIS; MAISTO, 2004), nestas, no geral não se vê uma relação com o aconselhamento cristão, com este sendo adotado apenas por poucos profissionais.

3.2 ACONSELHAMENTO CRISTÃO

O aconselhamento cristão se utiliza também de algumas técnicas do aconselhamento secular, sendo que os dois buscam auxiliar nos problemas da pessoa necessitada melhorando sua qualidade de vida. Dessa forma, Almeida (2010, p. 27) põe que:

A psicologia possui ferramentas de relevância para o aconselhamento cristão, torna-se útil para o mundo religioso, tanto católico quanto protestante, em seus vários segmentos, auxiliando nos momentos em que o sentimento religioso não apresenta soluções.

O aconselhamento cristão terá a bíblia como base, sendo Cristo o embasamento das lições, ensinamentos e atos. Sendo assim, o viés religioso também atua na tentativa de aconselhar e guiar os passos da pessoa necessitada, buscando na religiosidade um caminho.

3.3 A DIFERENÇA ENTRE O ACONSELHAMENTO CRISTÃO E SECULAR

O aconselhamento cristão, apesar de ter o mesmo objetivo do secular, isto é, ajudar a pessoa necessitada, se diferencia por seu modo de ação e algumas das diretrizes que serão seguidas. A bíblia é reconhecida como a autoridade final, apesar do uso de instrumentos da psicologia, por outro lado, no geral, no aconselhamento secular a maior parte dos profissionais não se encaminham pelo viés religioso (ALL ABOUT GOD, s.d.).

Põe-se que, o conselheiro secular se utiliza estritamente das técnicas psicológicas para tratamento e assim:

um conselheiro secular não tem absolutos com os quais julgar a moral e as escolhas que as pessoas fazem. Os conselheiros cristãos entendem que a Bíblia tem um monte de sabedoria prática sobre a natureza humana, casamento e família, o sofrimento humano e muito mais. Ao usar conceitos bíblicos de aconselhamento, eles podem instruir as pessoas na forma em que devem se conduzir e responsabilizá-las por suas ações (ALL ABOUT GOD, s.d.)

Dessa forma podemos dizer que a principal diferença, além da Bíblia como principal fonte de aconselhamento, é encorajar a fé, não como fazem a maioria dos conselheiros seculares, que dizem para ter fé em si próprio, mas para focar na fé em Jesus, sendo isso considerado semear em boa terra.

4. TRATAMENTO E CURA

Tendo em vista que o objetivo do aconselhamento é trabalhar pela cura do adicto, pode-se analisar como este tratamento é feito tanto do ponto de vista secular quanto cristão.

4.1 CURA OU CONTROLE DA ADIÇÃO COM MÉTODOS SECULARES

Nos métodos seculares existem vários pesquisadores de renome no Brasil e no mundo, pois o meio secular já aceitou essa conduta como doença e sabe quais são seus impactos no portador e aos que o rodeiam. São indicados profissionais da saúde mental para cuidar dessas pessoas, geralmente, psiquiatras, psicólogos, neuropsiquiatrias, que atuam de forma medicamentosa, com terapia individual e em grupo.

O Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo é referência no assunto, onde em seu departamento de estudo conta com os mais renomados profissionais em busca de entender e curar essa doença, que hoje é diagnosticada como incurável, tratada como vicio em bebidas ou drogas (AISEP, 2020).

4.2 CURA OU CONTROLE DA ADIÇÃO COM MÉTODOS CRISTÃOS

Na perspectiva cristã, quando os fiéis buscam a cura devem ter como premissa a palavra de Deus, a Bíblia, e todos demais estudos e métodos como adicionais ao tratamento. Dessa perspectiva, não se deve confiar apenas si, ou tão pouco apenas nos métodos, mas acreditar que o caminho religioso pode curá-lo, ou guia-lo a libertação.

Diversos dos autores que estudam esta adicção tratam deste assunto, têm suas experiências quanto a esse tipo de vicio, alguns com experiências próprias, outros com seus pacientes todos desenvolveram técnicas para livrar-se desse mal. E a partir disso, chega-se a reflexão de qual deve ser utilizada para ser mais funcional.

A princípio, do viés religioso, se há de fato a bíblia como norte, o tratamento deverá funcionar, porém, deve-se ter em mente a complexidade do assunto e dos seres humanos em geral, o que pode influenciar em grande parte da viabilidade do tratamento, então conclui-se que cada método poderá funcionar com um tipo de adicto, devem ser feitas experimentações acerca dos métodos mais eficientes para cada pessoa.

Perkins (2008), para o aconselhamento eficaz e para que o aconselhado se livre do vício, elenca três elementos para a superação:

a) Primeiro elemento – perspectiva: a pessoa portadora da adição deve sempre ter em mente que: “é uma nova pessoa, sua maneira de enxergar os desejos sexuais é diferente, pois está unida a Cristo”. (PERKINS, 2008, p. 166). E, a partir disso, quando a tentação do vício se mostra novamente deve-se buscar em Deus a gratidão pela libertação do vício e a força para não ceder ao que o tenta.

b) Segundo elemento – presença: deve se ter em mente que Jesus é a força que há dentro que reconhece as fraquezas e dá o suporte necessário à superação (PERKINS, 2008).

c) Terceiro elemento – poder: “Tenho poder do Cristo ressurreto vivendo em mim. Não preciso brigar com meus apetites lascivos. Quando sou tentado posso me voltar para Cristo e confiar que ele me infundirá com o poder da ressurreição”. (PERKINS, 2008, p. 166).

No entanto, além dos elementos postos pelo autor ainda é necessária a lembrança de que algumas coisas essenciais devem também ser feitas em conjunto com a fé, a fim de assegurar que não haverá recaídas. Dentre elas, não criar rituais, mas sim destruí-los ao perceber, não conceber o pecado, pois tudo que é concebido tende a nascer e, também nos orienta a mantermos amigos que são mais que amigos, pois esses nos ajudarão a não cair, mas esse tem que ter a mesma visão, e ser um amigo mais chegado que irmão, para que haja libertação recíproca, fidelidade e amor de irmãos.

Patrick Means (2008), em seu livro Conflito secreto dos homens, dedica os três capítulos finais, à libertação. Sendo que a primeira edição deste livro data de 1946, logo vemos que se trata de um antigo e grave problema, que somente piorou com o acesso facilitado da pornografia por outros meios que não existiam à época, como a internet.

Means (2008) descreve em sua obra seis passos para a libertação, sendo estes que seguem:

a) Primeiro – a honestidade mais profunda: isto é, poder reconhecer e admitir a adicção;

b) Segundo – novo coração e uma nova motivação: tem como premissa, que, após ver e admitir seus problemas, pedir a Deus a purificação destes pontos para que se liberte;

c) Terceiro – uma fidelidade renovada: isto é, se libertar da vida secreta que vem junto com a adicção;

d) Quarto – um relacionamento restaurado: restaurar o contato com Deus, que pode acabar sendo perdido quando se tem uma vida secreta;

e) Quinto – novo poder sustentador: neste ponto, busca-se Deus como um suporte para que se consiga levar a cura adiante;

f) Sexto – ministração em meio ao problema: após trabalhar em seus próprios problemas, o passo seguinte é ajudar ao próximo que possa estar passando pela mesma situação.

Means (2008) ensina seis passos e posteriormente ensina que haverá tropeços e que devemos nos saciar na graça, alguns pontos são decisivos na cura desse vicio, ao qual o principal é crescer na graça.

Means (2008) ainda adiciona alguns fatores que podem colaborar nesse processo de tratamento, como aprofundar o compromisso com a graça e a verdade, abrir espaço para a graça, eliminar a vergonha de seus diálogos interiores e por sim, perdoar a si mesmo

Em ambas doutrinas, tanto de Perkins (2008), quanto de Means (2008) tem-se as mesmas chaves para cura desse mal, a fé, a graça, e o perdão, pois sem estes elementos não é possível ter a paz consigo e com Deus. Todo conselheiro Cristão deve praticar esses dons e sempre excluir o juiz que existe dentro de si, pois o julgamento caberá a Deus e ao aconselhador lhe resta ministrar o perdão e ajudar essas pessoas a caminhar na direção correta, e isso é o que diferencia do aconselhamento secular, a graça.

Jesus não penas aconselhava, com também ensinava o caminho a seguir, usando métodos como parábolas ou os questionamentos e seus exemplos, como o dia que lavou o pé dos discípulos, entre outros. Logo, percebe-se a importância de utilizar não apenas conselhos, mas todas as formas uteis para alcançar aquele que quer que aprenda coisas novas.

Dessa forma, a pessoa que aconselha outra deve seguir Jesus, pois este ensinou, aconselhou, ouviu e intercedeu, e é dessa maneira que um conselheiro deve fazer, lidar com o pecado sexual, com a adição, com o vício, não de forma leviana, ou com temor, ou insegurança, pelo contrário, como Jesus, todo conselheiro deve pautar-se na Bíblia e transmitir amor e segurança e conduzir ao bom caminho.

5. CONCLUSÃO

A igreja atual precisa de conselheiros, homens e mulheres de Deus que estejam aptos a restaurar, que tenham conhecimento na palavra e também nos distúrbios sexuais, tendo conhecimento sobre o vício e que não acuse, mas traga arrependimento e perdão.

Dessa forma, se fazem necessários os conselheiros que e espelhem em Jesus em suas ações, ouvindo e então aconselhando o próximo tendo em vista a palavra cristã. Assim sendo possível levar ao aconselhando a restauração, exortando e consolando, ensinado a resgatar a sua identidade perdida em meio a pornografia e ao sexo ilícito.

A adicção sexual leva a diversas consequências, que podem ser menos ou mais graves, porém, como há casos que levam os adictos a perderem as coisas que são importantes para eles, incluindo sua dignidade, é de extrema importância que a igreja esteja apta a acolher e aconselhar da melhor forma possível os caminhos a seguir para recuperar o que foi perdido.

O aconselhamento pastoral tem que ter como principal objetivo o resgate da fé, e a reconstituição do laço com Deus, isso não é encontrado em clinicas de terapia seculares, mas tem que ter na igreja. O líder que aconselha deve ter ciência plena que tudo que a pessoa lhe confidencia deve ser entregue apenas a Deus e jamais sair daquela conversa, e ainda, não deve repudiar a pessoa pelos atos sexuais que fez, mas apenas a amar da mesma forma e conduzi-las novamente a salvação.

Assim sendo, vê-se a importância da discussão do assunto, não apenas no meio secular, mas dentro das igrejas, estas devem acordar para o mal do vício sexual, da pornografia que está em seu meio, inclusive entre pastores e líderes, que são até mais prejudicados pela posição que ocupam, tornam um vício secreto que os mata vagarosamente, e não tem sequer como ajudar os membros quando são acometidos por esse mal.

Tem-se então que dar o apoio necessário, o aconselhamento, tanto para os lideres quanto para os membros e ainda fazer um trabalho continuo de prevenção, apontando os males que esse vício pode causar, mostrar que a adição vem de mansinho e quando se percebe roubou a sua vida.

Conclui-se este artigo com um apelo para que a igreja acorde, pois este mal é real.

– Acorde! Acorde, igreja! Pois cristo está voltando. ,ât ânaram ,את אנרמMaranata! vem, Senhor!

REFERÊNCIAS

ACONSELHAMENTO Cristão – perspectiva única. All about God. Disponível em: <https://www.allaboutgod.com/portuguese/aconselhamento-cristao.htm>. Acesso em: 19 ago. 2020.

ALMEIDA, L. G. A psicologia e a bíblia no aconselhamento de Larry Crabb. 99 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo, 2010.

AMBULATÓRIO de Impulso Sexual Excessivo e de Prevenção aos desfechos Negativos Associados ao Comportamento Sexual (AISEP). Compulsão sexual. Disponível em: <http://compulsaosexual.com.br/> Acesso em: 18 ago. 2020.

CLINE, V. B. As fases do vício em pornografia. Vida e castidade. Disponível em: <http://vidaecastidade.blogspot.com/2009/02/as-fases-do-vicio-em-pornografia.html> Acesso em: 18 ago. 2020.

FERREIRA, C. B. A emergência da adicção sexual, suas apropriações e as relações com a produção de campos profissionais. Sex., Salud Soc. (Rio J.) , pp. 284-318, 2013.

MEANS, P. Conflitos secretos dos homens: fatores de risco que precedem uma vida secreta. São Paulo: Editora Vida, 2008.

MORRIS, C. G.; MAISTO, A. A. Introdução à psicologia. 6 ed. São Paulo: Pearson, 2004.

NETTO, N. K.; CARDOSO, M. R. A ameaça do encontro com o outro na adicção sexual: uma reflexão psicanalítica. Psicol. clin. vol. 28 no. 3, pp. 153-170, 2016.

NETTO, N. K.; CARDOSO, M. R. A adicção sexual nas fronteiras da perversão. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., pp. 705- 727, 2017.

PERKINS, B. Quando Homens Fiéis São Tentados. São Paulo: Editora vida, 2008.

ROLNIK, A. L.; SHOLL-FRANCO, A. As profundezas do vício: “Quando eu quiser, eu paro!”. Ciênc. cogn. vol. 9, pp. 146-149, 2006.

[1] Possui especialização em metodologia do ensino de Sociologia e Filosofia pela Faculdade de Ciências de Wenceslau Braz. MBA em Competências e Coaching pela Faculdade Batista de Minas Gerais. Especialista em Psicopedagogia Clinica e institucional pela Faculdade e Instituto Martins. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Entre Rios do Piaui. Licenciado em Letras- Português e Inglês pela Faculdade Integrada Arquimedes. Licenciado em Pedagogia Pela Faculdade INTERVALE. É Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica de Ciências Humanas e Sociais Logos, É Hipnoterapeuta clinico pelo Instituto de Hipnose e Psicanalise de SP. Saxofonista e regente de bandas habilitado pela Ordem dos Músicos do Brasil, OMB-TO. Atualmente é estudante dos Cursos de Pós Graduação em Psicologia e Orientação Profissional e Psicanálise pela Famart.

Enviado: Julho, 2020.

Aprovado: Dezembro, 2020.

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João Carlos Vaz

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