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As grandes comissões, suas ordens e ênfases

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

COSTA, Dario Leandro [1]

COSTA, Dario Leandro. As grandes comissões, suas ordens e ênfases. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 05, Vol. 04, pp. 120-130. Maio de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso:  https://www.nucleodoconhecimento.com.br/teologia/ordens-e-enfases

RESUMO

Este artigo busca apresentar a grande comissão dada por Jesus aos seus discípulos analisando-a de maneira mais ampla, mediante o exame de todas as cinco passagens da Bíblia que a registram (Jo 20:21,22; Lc 24:47-49; Mc 16:15; Mt 28:19,20; e At 1:4,8). Dessa forma, o estudo dos cinco relatos é feito visando responder à pergunta: Com base nos textos da grande comissão, o que Jesus esperava de seus discípulos para o cumprimento da missão? O objetivo é que esse estudo combinado da grande comissão proveja uma compreensão mais completa das ordens de Cristo, destacando quais são suas ordens e ênfases, e ainda ao final apresentar uma paráfrase do conjunto dos cinco relatos. O resultado principal da pesquisa, cuja metodologia é a revisão bibliográfica, conclui que a ordem dada na grande comissão envolve não apenas missão como é geralmente enfatizado, mas também comunhão.

Palavras-chave: Grande Comissão, Espírito Santo, Comunhão, Missão, Ordem.

1. INTRODUÇÃO

Quando se trata de grande comissão, parece que na maioria das vezes o pensamento recai apenas sobre o texto do evangelho de Mateus. Acontece que os demais evangelistas também relataram, com suas ênfases e circunstâncias próprias, suas grandes comissões (BEASLEY-MURRAY, 1999, p. 379).  Este artigo, recorrendo a uma revisão bibliográfica, tem como objetivo estudar todos os cinco relatos constantes da Bíblia (Jo 20:21,22; Lc 24:47-49; Mc 16:15; Mt 28:19,20; e At 1:4,8) para uma compreensão mais ampla das ordens de Jesus (CLOUZET, 2016, p. 27–8) visando responder a seguinte pergunta: Com base nos textos da grande comissão, o que Jesus esperava de seus discípulos para o cumprimento da missão?

Lembrando ainda que não são cinco relatos de um mesmo evento, mas de alguns momentos diferentes, provavelmente três. Sendo assim, a grande comissão não apenas foi registrada várias vezes, como ainda foi proferida mais de uma vez, o que ajuda a entender melhor porque há diferenças nos relatos em suas ordens e ênfases, e sua repetição por parte de Jesus coloca ainda mais destaque e importância nessas ordens.

Quanto à sequência dos cinco relatos das orientações de Cristo, de quando eles foram dados e não de quando foram escritos, há pequenas divergências entre os estudiosos (REESE, 2003, p. 1140–43; THOMAS; GUNDRY, 2004, p. 214–19; NICHOL, 2013, p. 195, 230, 603, 606, 722, 977, 2014, p. 107, 880; AUTORES, 2015, p. 1407; CLOUZET, 2016, p. 18, 27–8), e tomaremos a seguinte: João e Lucas (aos dez, sem Tomé, no cenáculo em Jerusalém), Marcos e Mateus (aos onze com os quinhentos, numa montanha da Galileia) e Atos (aos onze, no monte das Oliveiras, próximo a Jerusalém), alinhando-se com Clouzet e Nichol. É com base nessa sequência que abordaremos cada um dos cinco relatos da grande comissão. Os textos bíblicos citados são da terceira edição da versão Nova Almeida Atualizada (2017) e as análises do original grego em tradução interlinear digital (NEWBERRY; BERRY, 2004; Software Bíblico Logos 9.12, 2022).

2. A GRANDE COMISSÃO NOS EVANGELHOS DE JOÃO E LUCAS

2.1 A GRANDE COMISSÃO NO EVANGELHO DE JOÃO

O texto do evangelho de João e análise dos principais verbos: “E Jesus lhes disse outra vez: — Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês. E, havendo dito isso, soprou sobre eles e disse-lhes: — Recebam o Espírito Santo” (BÍBLIA, Jo 20:21,22, grifo nosso). Grego pempo: Verbo enviar, presente, ativo, indicativo, primeira pessoa, singular. Grego lambano: Verbo receber, aoristo, ativo, imperativo, segunda pessoal, plural. Como podemos ver, o imperativo dessa grande comissão é “recebei o Espírito”, porque evidentemente sem Ele o envio de nada adiantaria. A missão a ser realizada pelos discípulos de Jesus de todos os tempos não pode ser levada adiante com o devido êxito separada do Espírito, ela é totalmente dependente Dele e não deles. De acordo com Carson, “a comissão fica assim associada à concessão do Espírito” (CARSON, 2007, p. 650).

Na grande comissão do evangelho de João, um segundo destaque se encontra nas expressões “como o Pai” e “eu também”. Assim como o Filho foi enviado como autorizado representante do Pai, chega o momento de os discípulos serem enviados como autorizados representantes do Filho, e consequentemente do Pai. Na verdade, eles não começariam uma nova obra, e sim dariam continuidade à obra de Jesus e do Pai. Eles não recebem a responsabilidade de toda a missão, e sim apenas de parte dela, visto que seriam acompanhados pelo Espírito Santo, ou seja, João coloca que a missão é o principal propósito do recebimento do Espírito. Soprar sobre eles remete aos textos bíblicos de Gênesis 2:7 e Ezequiel 37:9,10 onde o que não tinha vida passa a viver e à promessa (Jo 14:16,26) cumprida mais tarde de maneira plena no Pentecostes (At 2:1-4) (BEASLEY-MURRAY, 1999, p. 379–82). “Ao serem enviados, os discípulos são inseridos no poderoso movimento que saiu do coração do Pai e penetrou no mundo pela entrega do Filho e agora deve imergir cada vez mais no mundo por meio dos discípulos de Jesus” (BOOR, 2002, p. 443). Sttot (2011, p. 28) entende que a comissão de João “é também uma instrução para que a missão dos discípulos se assemelhasse a de Cristo”, ou seja, trata-se de um modelo. Lopes (2015, p. 496–7) diz que “o mandato de Cristo não é apenas para fazer a obra, mas para fazer a obra da mesma maneira que ele havia feito”, o que liga novamente os dois versículos da passagem, pois Jesus era alguém cheio do Espírito (Lc 4:1). Há ainda outro ponto importante nesse relato da grande comissão: “Todas as três pessoas da Divindade estão envolvidas neste comissionamento. Assim como Jesus foi enviado por Deus Pai, ele, o Filho, estava enviando seus discípulos (20:21), equipando-os com o Espírito Santo (v. 22)” (STETZER, 2017, p. 1709). A presença da Trindade referenda a importância da grande comissão para a evangelização e a salvação das pessoas e mostra ainda que essa tarefa requer o elemento sobrenatural para verdadeiramente se cumprir.

2.2 A GRANDE COMISSÃO NO EVANGELHO DE LUCAS

O texto do evangelho de Lucas e análise dos principais verbos:

E que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando em Jerusalém. Vocês são testemunhas destas coisas. Eis que envio sobre vocês a promessa de meu Pai; permaneçam, pois, na cidade, até que vocês sejam revestidos do poder que vem do alto (BÍBLIA, Lc 24:47-49, grifo nosso).

Grego kerysso: Verbo proclamar, aoristo, passivo, infinitivo.  Grego kathizo: Verbo assentar, aoristo, ativo, imperativo, segunda pessoa, plural. Deveriam pregar uma mensagem de arrependimento para perdão (arrependimento e perdão parecem representar as inseparáveis características divinas, justiça e amor), mas o imperativo para os discípulos é: “permanecei” e recebam poder. Nem mesmo a atitude certa de pregar tendo o conteúdo correto bastaria se tudo isso não fosse por meio da atuação do Espírito Santo. Jesus disse que eles precisariam ser revestidos de poder porque “sem o poder do Céu, o testemunho dos discípulos não convenceria nem converteria o coração das pessoas”. O registro bíblico de Atos vai apresentar exatamente isso, tanto o recebimento do poder quanto a ação fantástica da igreja de posse deste poder recebido (NICHOL, 2013, p. 979). Como o autor dos livros é o mesmo, tanto aqui como em Atos (1:4), Lucas vai usar “a expressão idiomática marcante “promessa de meu/do Pai”, o batismo com o Espírito de Deus, superior ao batismo de João[2], conforme ele havia registrado no início do seu evangelho (Lc 3:16) e relembrado no início de Atos (1:5) (NOLLAND, 1993, p. 1220,21).

3. A GRANDE COMISSÃO NOS EVANGELHOS DE MARCOS E MATEUS

3.1 A GRANDE COMISSÃO NO EVANGELHO DE MARCOS

O texto do evangelho de Marcos e análise dos principais verbos: “E disse-lhes: — Vão por todo o mundo e preguem o evangelho a toda criatura” (BÍBLIA, Mc 16:15, grifo nosso). Grego poreuomai: Verbo ir, aoristo, passivo, particípio, plural, nominativo, masculino. Grego kerysso: Verbo proclamar, aoristo, ativo, imperativo, segunda pessoa, plural. O imperativo nesse relato é “pregai o evangelho”, e não a ação de ir. Parece que o texto está querendo deixar claro que não adiantaria ir e não fazer a coisa certa, que é pregar, e tendo ainda o conteúdo correto, o evangelho, que conforme o texto acima de Lucas são as boas novas para arrependimento e perdão. Uma ação sem o foco e a mensagem adequada seria apenas uma espécie de ativismo missionário sem assertividade e destituído dos resultados esperados pelo Senhor. A tarefa dada àquela geração é estendida a todos os discípulos de Jesus, pregar as boas novas da salvação (NEVES, 2012, p. 231).

No evangelho de Marcos a palavra “pregar” é uma de suas favoritas, com quatorze ocorrências (Lucas e Mateus apenas nove). Jesus começa seu ministério pregando (1:14), chama os apóstolos para pregar (3:14), também envia eles para pregar (6:12) — agora no final do livro lembra a eles que não se tratava de um compromisso local e temporário, mas mundial e vitalício. “A igreja precisa ser uma agência missionária. Ela precisa ser luz para as nações. Uma igreja que não evangeliza precisa ser evangelizada. A igreja é um corpo missionário ou um campo missionário” (LOPES, 2012, p. 635).

3.2 A GRANDE COMISSÃO NO EVANGELHO DE MATEUS

O texto do evangelho de Mateus e análise dos principais verbos:

Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês. E eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos (BÍBLIA, Mt 28:19,20, grifo nosso).

Grego poreuomai: Verbo ir, aoristo, passivo, particípio, plural, nominativo, masculino. Grego matheteuo: Verbo ser/fazer discípulo, aoristo, ativo, imperativo, segunda pessoa, plural. Grego baptizo: Verbo batizar, presente, ativo, particípio, plural, nominativo, masculino. Grego didasko: Verbo ensinar, presente, ativo, particípio, plural, nominativo, masculino. Na famosa grande comissão registrada por Mateus, apesar das ações essenciais de ir, batizar e ensinar, o imperativo é “fazer discípulos”. Sem o discipulado, o ir perde o sentido, o batizado não permanecerá e o ensino não estará acontecendo como deveria, quem sabe apenas o intelectual com a transmissão de conhecimento, porém sem o acompanhamento devido. “A comissão em si é dada por meio de um verbo imperativo principal” matheteusate, discipulai, “junto com três particípios sintaticamente subordinados que assumem uma força imperativa por causa do verbo principal”. Nesse relato da grande comissão a Trindade se faz novamente presente quando os discípulos deveriam batizar novos discípulos. Por sinal, o tema do batismo que surge aqui, havia aparecido apenas no início do livro, no capítulo 3 (HAGNER, 1995, p. 889, 887).

Sobre os verbos subordinados, de acordo com Carson, os três particípios dependem de um imperativo e com ele ganham força imperativa, embora haja uma diferença, em que aquele que precede o imperativo (vão) tenha mais força do que os que sucedem (batizar e ensinar). Como o texto fala de “todas as nações”, realmente essa missão seria impossível sem o “ir”. (2010, p. 688, 690). Lopes coloca da seguinte maneira: esses três verbos estão no gerúndio (indo, batizando, ensinando), governados por um no imperativo, “fazer discípulos” e neste “fica claro que Jesus não mandou fazer fãs” (2019, p. 820,21).

4. A GRANDE COMISSÃO NO LIVRO DE ATOS

O texto do livro de Atos e análise:

E, comendo com eles, deu-lhes esta ordem: — Não se afastem de Jerusalém, mas esperem a promessa do Pai, a qual vocês ouviram de mim…, mas vocês receberão poder, ao descer sobre vocês o Espírito Santo, e serão minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra (BÍBLIA, At 1:4, 8, grifo nosso).

Grego parangello: ordenar, mandar. Nessa passagem a imperativo do texto não está em um modo verbal, mas na própria ordem de Jesus. Ele “determinou-lhes” que antes de avançar, deveria voltar a Jerusalém para receberem, conforme a promessa, o poder que faria da missão um sucesso, ordem essa que eles seguiram à risca (At 1:12). O texto de Lucas fala em começar por Jerusalém, e neste relato de Atos, Jerusalém e Judeia figuram como os primeiros campos de ação. Os motivos seriam dois, porque ali começou Jesus também seu ministério (Jo 3:26; Mt 4:12), havendo plantado muito que precisaria ser colhido, e fez isso ainda “a fim de dar uma oportunidade aos líderes da nação para conhecer Seus ensinos e ministério, de aceitá-Lo como Messias e unir seus esforços aos dEle” (NICHOL, 2013, p. 979). Isso ajuda a entender que o trabalho de Jesus entre os judeus, assim como a volta dos apóstolos para Jerusalém, visava aumentar o exército que deveria avançar com o evangelho. Nos dias de hoje, um paralelo seria que, a igreja precisa alcançar os seus internamente para que o maior número possível de pessoas saia para a missão de alcançar externamente as ovelhas que ainda não estão no aprisco. Os discípulos “deveriam esperar o tempo designado, no lugar designado”, e “não sair para pescar como Pedro e os outros tinham feito pouco antes” (Jo 21:3).[3] Assim também a igreja hoje precisa ter cuidado para que outras atividades não a tire do foco do discipulado para o cumprimento da missão.

5. A ORDEM DADA NAS GRANDES COMISSÕES

Partindo da ordem cronológica dos cinco textos conforme descrito no início, onde João e Lucas relatam a primeira grande comissão e Atos descreve a última (CLOUZET, 2016; NICHOL, 2013, 2014), algo que chama a atenção é que tanto a primeira quanto a última coisa que Jesus mais dá ênfase nas grandes comissões é na necessidade do Espírito Santo. Cristo deixa claro que as grandes comissões envolvem o imperativo não apenas da missão, não somente pregar e fazer discípulos como enfatizou Marcos e Mateus (Mc 16:15; Mt 28:19,20), como também da comunhão, enfatizada por João e Lucas (Jo 20:21,22; Lc 24:47-49; At 1:4,8), e que esta precisa ocorrer para que aquela aconteça de maneira bem-sucedida. Sendo assim, devemos enviar para a missão pessoas preparadas espiritualmente, e não apenas pessoas treinadas. A combinação de textos não está dizendo para ficarmos parados orando e esperando, e nem dizendo ide sem orar, a lição a ser aprendida é que para irmos fazer discípulos precisamos ser discípulos. Não é comunhão sem missão, mas também não pode ser missão sem comunhão. Esse equilíbrio é constatado na declaração dos discípulos de Jesus, os apóstolos: “Quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra” (BÍBLIA, At 6:4). Portanto, se querermos realmente avançar na pregação do evangelho com poder, devemos enfatizar não apenas a missão como também a comunhão. Não é apenas estudar a bíblia com as pessoas, é preciso que todos pratiquem o que ela ensina (BÍBLIA, Mt 7:24).

Diante da análise das passagens que trazem a grande comissão dada por Jesus Cristo, temos dentre as muitas orientações, algumas que se destacam, como pode ser observado nas tabelas abaixo. A tabela 1 destaca as ordens de Jesus, a tabela 2 as ênfases colocadas de maneira negativa (o que não fazer), e a tabela 3 as ênfases dispostas de forma positiva (o que fazer).

Tabela 1: Destacando as ordens dadas por Cristo nos textos da grande comissão

Passagem Ação Primária (Ordens) Ação Secundária
João Recebam Enviados
Lucas Permaneçam e recebam Preguem
Marcos Preguem Vão
Mateus Façam Discípulos Vão, batizem, ensinem
Atos Ordem/Esperem/Recebam Vão, sejam testemunhas

Fonte: Elaborada pelo autor

Tabela 2: Destacando as ênfases negativas dadas por Cristo nos textos da grande comissão

Não adianta… (Ênfases)
João Não adianta ser enviado sem o Espírito
Lucas Não adianta pregar sem o Espírito
Marcos Não adianta ir se não pregar
Mateus Não adianta ir, batizar e ensinar se não fizer discípulos
Atos Não adianta ir e testemunham sem o Espírito

Fonte: Elaborada pelo autor

Tabela 3: Destacando as ênfases positivas dadas por Cristo nos textos da grande comissão

É preciso… (Ênfases)
João É preciso o Espírito para ser enviado
Lucas É preciso do Espírito para pregar
Marcos É preciso pregar quando ir
Mateus É preciso fazer discípulos quando ir, batizar e ensinar
Atos É preciso obedecer e ter o Espírito para ir e testemunhar

Fonte: Elaborada pelo autor

Mediante análise realizada, vemos que os registros da grande comissão contêm semelhanças, bem como diferenças em suas ordens e ênfases, conforme tabelas acima. Outro ponto a se destacar é o fato de que as diferenças não são contraditórias, na verdade elas são complementares, o que justifica ainda mais uma leitura da grande comissão a partir do conjunto dos cinco textos.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Baseado na análise dos textos da grande comissão constante nos quatro evangelho e no livro de Atos, podemos responder o problema da pesquisa sugerindo que o que Jesus esperava de seus discípulos para o cumprimento da missão, era que eles não apenas pregassem o evangelho e fizessem discípulos em todo o mundo, como também não esquecessem de outro dever tão importante quanto, o da comunhão. Para pregar o evangelho precisariam ter comunhão com Jesus, por meio do Espírito. Para realizarem essa obra descomunal precisariam de poder sobrenatural. Numa proposta de paráfrase dos relatos formando uma ampla grande comissão, as orientações de Jesus poderiam ser as seguintes: Permaneçam comigo e recebam o Espírito, sigam meu exemplo e indo preguem arrependimento e perdão, façam discípulos por todos os lugares, batizando e ensinando o que ensinei, recebam poder e sejam minhas testemunhas, e estarei sempre com vocês.

Quanto aos discípulos de hoje, da mesma forma devem seguir o modelo, Jesus Cristo, precisam ensinar e continuar ensinando o que ele ensinou, pregar arrependimento e perdão e fazer discípulos, mas antes de tudo precisam do Espírito Santo para serem testemunhas e irem testemunhar. Devem ser discípulos que fazem discípulos, batizam discípulos e enviam discípulos, e esses farão novos discípulos, e assim sucessivamente. Os imperativos servem para manter a igreja no foco e ela não pode ter um imperativo diferente dos de Jesus. Se o fizer, os resultados poderão ser muitos outros, menos discípulos preparados para a missão agora e a futura eternidade.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, J. F. Bíblia. 3a edição ed. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

AUTORES, V. Bíblia de Estudos Andrews. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2015.

BEASLEY-MURRAY, G. R. Word Biblical Commentary, Vol. 36, John. 2nd edition ed. Nashville: Thomas Nelson Inc, 1999.

BOOR, W. D. Comentário Esperança, Evangelho de João. 1a edição ed. Curitiba, PR: Esperança, 2002.

CARSON, D. A. O Comentário de João. 1a edição ed. São Paulo, SP: Shedd, 2007.

CARSON, D. A. O Comentário de Mateus. 1a edição ed. São Paulo, SP: Shedd, 2010.

CLOUZET, R. E. M. A Revolução do Espírito. Você Está Preparado? Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016.

HAGNER, D. A. Word Biblical Commentary, Vol. 33b: Matthew 14-28. Nashville: Thomas Nelson Inc, 1995.

LOPES, H. D. Marcos – Comentários Expositivos Hagnos: O Evangelho dos milagres. 2a edição ed. São Paulo, SP: Hagnos, 2012.

LOPES, H. D. João – Comentários Expositivos Hagnos: As glórias dos filhos de Deus. 1a edição ed. São Paulo, SP: Hagnos, 2015.

LOPES, H. D. Mateus – Comentários Expositivos Hagnos: Jesus, o Rei dos Reis. 1a edição ed. São Paulo, SP: Hagnos, 2019.

NEVES, I. Comentário Bíblico de Marcos Através da Bíblia. 1a edição ed. São Paulo, SP: Rádio Trans Mundial, 2012.

NEWBERRY, T.; BERRY, G. R. The interlinear literal translation of the Greek New Testament. Bellingham, WA, USA: Logos Bible Software, 2004.

NICHOL, F. D. (ED.). Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 5. 1a ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013.

NICHOL, F. D. (ED.). Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 6. 1a ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014.

NOLLAND, J. Word Biblical Commentary, Vol. 35c, Luke 18:35-24:53. Nashville, TN: Thomas Nelson Inc, 1993.

REESE, E. (ED.). A Bíblia em Ordem Cronológica, NVI. 1a edição ed. São Paulo, SP: Editora Vida, 2003.

Software Bíblico Logos 9.12. Bellingham, WA, USA: Faithlife, LLC, 2022.

STETZER, E. The Missional Church, in CSB Study Bible: Notes. Nashville, TN: Holman Bible Publishers, 2017.

STOTT, J. O Discípulo Radical. 1a ed. Viçosa, MG: Ultimato, 2011.

THOMAS, R.; GUNDRY, S. Harmonia dos Evangelhos. 1a edição ed. São Paulo, SP: Editora Vida, 2004.

APÊNDICE – NOTA DE RODAPÉ

2. João Batista disse que ele batizava com água, mas Jesus batizaria com o Espírito Santo. Essa promessa é tão importante que está relatada nos 4 evangelhos (Mt 3:11; Mc 1:8; Lc 3:16; Jo 1:32-34).

3. O tempo designado: Dia 14 Nisã, Páscoa, dia 15 era o início de Pães Asmos, dia 16 as Primícias, então a partir deste dia, cinquenta dias até o Pentecostes (Atos 2:1). O lugar designado: Jerusalém (NICHOL, 2013, p. 108, 122).

[1] Mestrando em Teologia; Mestrado em Teologia Pastoral (Intra-Corpus); MBA Profissional em Administração, Finanças e Negócios; Especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional; Bacharel em Teologia; Licenciatura em Filosofia; Licenciatura em Pedagogia; Graduação em Design e Programação; ORCID: 0000-0003-1854-4332.

Enviado: Abril, 2022.

Aprovado: Maio, 2022.

5/5 - (3 votes)
Dario Leandro Costa

3 respostas

  1. Primeiramente meus parabéns pela elaboração de todo conteúdo. Que o Senhor continue abençoando sua vida.
    Sensacional! Obrigada.

  2. A paz de cristo, pr Dario Leandro Costa..
    Qr parabenizar pelo conteúdo,q é de grande relevância para minhas preparações da aula,de EBD…
    Q o Senhor Jesus possa abençoar grandemente vc e sua Família…

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