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A importância epidemiológica da meningite bacteriana no Brasil

RC: 51024
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

ARAUJO, Poliana de Queiroz [1], PENHA, Rosiane [2]

ARAUJO, Poliana de Queiroz. PENHA, Rosiane. A importância epidemiológica da meningite bacteriana no Brasil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 05, Vol. 10, pp. 87-100. Maio de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/meningite-bacteriana

RESUMO

A meningite bacteriana é uma infecção que atinge as meninges que recobrem o sistema nervoso central e que acomete pessoas de todas as faixas etárias, ocasionada por diversos agentes microbianos e que, em alguns casos, o avanço da doença é rápido e letal. O Brasil apresenta uma endemicidade elevada no que se refere aos casos de meningite e a vigilância epidemiológica exerce função importante para informar e entender o avanço da doença na população. Em vista disso, esse estudo teve como objetivo abordar aspectos relacionados com a importância da epidemiologia na meningite bacteriana no Brasil, por meio de uma breve revisão bibliográfica. As meningites estão inseridas no grupo de doenças com notificações compulsórias imediata e devem seguir um guia de recomendações estabelecido pelo Ministério da Saúde. Essa investigação é realizada com o objetivo de informar a caracterização clínica que está ocorrendo em determinada região e a fonte de infecção. Além disso, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação é uma ferramenta essencial para informar a situação epidemiológica do local, a possibilidade de surtos, tomadas de decisões sobre prevenção e controle da meningite bacteriana no país. Contudo, sabe-se que no Brasil ainda existe muitos casos subnotificados, o que dificulta o levantamento epidemiológico em determinadas regiões. Dessa forma, é importante que os profissionais de saúde sigam as especificações dos manuais estabelecidos pelo Ministério da saúde, notificando e informando os casos suspeitos, confirmados e descartados, contribuindo com mais conhecimento sobre a doença e sua manifestação na população.

Palavras-chave: Agravo de saúde pública, meningite bacteriana, perfil epidemiológico, vigilância epidemiológica.

1. INTRODUÇÃO

A meningite é uma doença caracterizada como sendo uma inflamação nas membranas que envolvem o encéfalo e a medula espinhal, chamadas de meninges. Essa camada de tecido conjuntivo é composta pela pia-máter, aracnoide e pelo espaço subaracnóideo, sendo os espaços preenchidos pelo líquido cefalorraquidiano (LCR), ou também chamado de líquor (BRASIL, 2010; PORTAL DA SAÚDE, 2010).

A infecção nas meninges pode ser causada por diversos microrganismos, sendo bactérias e vírus os agentes etiológicos mais frequentes. No que se refere à meningite bacteriana, é considerada um sério agravo de saúde pública, causa a forma mais grave da doença, podendo levar à óbito, principalmente, em casos onde o diagnóstico é realizado tardiamente (CDC, 2014).

No brasil, a meningite meningocócica é a mais prevalente, sendo causada pela bactéria Nisseria meningitidis, a infecção ocorre, principalmente, em lactantes, crianças, idosos e pessoas com alguma doença de base, devido ao sistema imunológico suprimido nesses grupos de risco. Segundo Cohn (2010), de uma a cada dez crianças com menos de um ano de idade apresentam o quadro de meningite e vão a óbito. Com uma elevada taxa de mortalidade, também é uma doença que deixa muitas sequelas neurológicas, sendo a taxa de morbidade muito elevada em casos de cura (RODRIGUES; MILAGRES, 2015).

A meningite é uma doença infecciosa considerada um grave problema de saúde pública e, os estudos epidemiológicos são importantes, pois servem como subsídio para compreender a situação atual do país e, também, o curso da doença ao longo do tempo, bem como, de entender quais os agentes que estão causando mais infecções, qual a faixa etária, dentre outros parâmetros importantes na compreensão da indecência da doença em uma dada população.

É uma infecção que está inserida no grupo de doenças de notificação compulsória, segundo o Ministério da Saúde, nos quais os dados epidemiológicos são inseridos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), que consiste em uma base de dados nacional com informações sobre os agravos que são notificados em todo o território. É uma ferramenta essencial para a análise da ocorrência de meningite no Brasil, levando em considerações fatores sociodemográficas e socioeconômicos (PAIS, 2013).

Em vista disso, a escolha desse tema para a produção deste trabalho teve como motivação a importância da epidemiologia na assistência à saúde em casos de meningite bacteriana, haja vista que é a forma mais trave da doença e que acomete qualquer pessoa de diferentes faixas etárias, podendo ocasionar a morte. Além disso, sabe-se que essa infecção pode ser causada por diversas espécies de bactérias, o que gera ainda mais preocupação no que se refere ao diagnóstico do agente etiológico, bem como, do tratamento de maneira mais rápida e eficaz.

Por ser uma doença de notificação compulsória, é responsabilidade dos serviços de saúde notificarem os casos suspeitos para que possam ser tomadas providencias para a investigação epidemiológica e avaliar se existe a necessidade de medidas de controle. Nesse sentido, é importante destacar a função de todos os profissionais da área da saúde que prestam assistência, uma vez que são responsáveis por essa notificação e, sabe-se que ainda existe muita subnotificação o que dificulta a avaliação do cenário epidemiológico, principalmente, em regiões onde as condições de saúde são precárias.

No Brasil, a meningite meningocócica é responsável por surtos esporádicos, sendo considerada endêmica no país. A incidência nos últimos anos gira em torno de 1,8 casos para cada 100.000 habitantes, com uma letalidade variando de 18% a 20%, o que poderia ser maior se não fosse os avanços dos métodos de diagnósticos e da assistência terapêutica.

Por isso, esse artigo teve como objetivo realizar um breve levantamento bibliográfico sobre a importância da epidemiologia na meningite bacteriana, bem como, responder a seguinte problemática: “Como os dados epidemiológicos influenciam no conhecimento da meningite bacteriana? ”.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, de caráter qualitativo descritivo e exploratório, no qual abordou aspectos relacionados com a importância da epidemiologia em casos de meningite bacteriana.

A natureza do estudo desenvolvido segue os preceitos do estudo exploratório, por meio de uma revisão de bibliografia, na qual, segundo Gilberto (2008), é desenvolvida a partir de estudos e materiais já elaborados, tais como livros e artigos científicos.

No que se refere a revisão bibliográfica, é um tipo de estudo que apresenta um elevado potencial de construção do conhecimento, tendo como objetivo proporcionar uma síntese das informações obtidas nos estudos pesquisados, havendo uma melhor aplicabilidade dos mesmos, melhorando a compreensão do tema (MENDES, 2008).

A análise de forma qualitativa, permite ao pesquisador utilizar-se de abordagens e de diferentes métodos e estratégias na busca pelo significado dos fenômenos no âmbito individual ou coletivo. Atuando como função estruturante para a vida das pessoas, uma vez que as mesmas organizam suas vidas a partir destes significados por elas atribuídos (MINAYO, 2017).

Foram utilizados trabalhos publicados no idioma de inglês, português e espanhol das bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde (LILACS), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed. Foram utilizados os seguintes descritores na busca: epidemiologia meningite bacteriana; aspectos epidemiológicos meningite; perfil epidemiológico meningite bacteriana; meningite bacteriana no Brasil.

Como critério de inclusão, foram incluídos estudos nos últimos 10 anos que contiverem em seus títulos e resumos referentes ao tema deste trabalho; apenas foram aceitos os artigos/livros que antecedessem esse período, se o mesmo apresentou material de grande relevância ao assunto. Como critério de exclusão, foram eliminados estudos que antecedessem o período selecionado ou que não possuíssem conteúdo condizente com o tema proposto para este trabalho.

2.2 A MENINGITE BACTERIANA – ASPECTOS GERAIS

As meningites bacterianas são consideradas um sério agravo de saúde pública, apresentando taxas de morbidade e mortalidade consideráveis no território brasileiro, além de ser uma infecção capaz de acometer qualquer pessoa de diferentes faixas etárias, com destaque para as crianças, idosos, gestantes, lactantes e indivíduos que apresentam alguma doença de base que possam interferir no seu sistema imunológico (SILVA; MEZAROBBA, 2018).

A doença é caracterizada por uma infecção nas meninges, que são membranas de tecido conjuntivo que revestem o encéfalo e a medula espinhal e que são importantes para proteção ao sistema nervoso central. Essa infecção pode ser ocasionada por diversos microrganismos, contudo, as bactérias apresentam uma importância significativa, visto que a meningite bacteriana apresenta um quadro clínico mais grave e elevada taxa de mortalidade entre os acometidos (LONGO et al., 2013).

Dentre os agentes microbianos que mais infectam e causam a meningite no Brasil, pode-se citar: Neisseria meningitidis, Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae (esse trio responsável por cerca de 60 a 80% dos casos), Listeria monocytogenes e Mycobacterium tuberculosis (PELTON, 2010). Segundo o Ministério da Saúde, as causas da meningite bacteriana variam de acordo com a faixa etária, sendo que:

a) Recém-nascidos os mais prevalentes são Streptococcus do grupo B, pneumoniae, Listeria monocytogenes e E. coli;

b) Bebês e crianças os mais comuns são pneumoniae, Neisseria meningitidis, Haemophilus influenzae e Streptococcus do grupo B;

c) Adolescentes e adultos são mais infectados por pneumoniae e Neisseria meningitidis;

d) Idosos a infecção ocorre principalmente por pneumoniae, Neisseria meningitidis, Haemophilus influenzae, Streptococcus do grupo B e Listeria monocytogenes (BRASIL, 2019a)

Essas bactérias ao romperem a barreira hematoencefálica, disseminam-se pelo líquor ocasionando inflamação meníngea, uma vez que o sistema nervoso central é um órgão imunologicamente privilegiado e o LCR não apresenta produção de anticorpos, logo, a proteção nesse local é comprometida, favorecendo a disseminação do agente infeccioso (POLAND, 2010).

A forma de infecção ocorre por meio do contato com pessoa contaminada, através das vias respiratórias, secreções e gotículas das vias aéreas superiores. Após a pessoa se contaminar, o período de incubação da bactéria vai depender muito da espécie a qual infectou o indivíduo, variando de 2 a 10 dias. É importante destacar o período de transmissibilidade que persiste até a bactéria desaparecer das vias aéreas, principalmente, da nasofaringe que ocorre nas primeiras 24 horas após o início do tratamento com antimicrobiano (BRASIL, 2017).

A sintomatologia da meningite bacteriana pode ser muito confunda com outras doenças, apresentando geralmente quadro febril inespecífico, cefaleia, mal-estar, náuseas, vômito, em alguns casos pode haver fotofobia, rigidez no pescoço, confusão mental, dentre outros. Cerca de 15 a 20% dos pacientes desenvolvem um quadro evolutivo da doença com complicações, com evolução rápida e geralmente fulminante que são caracterizados por manifestações clinicas como o aparecimento da síndrome Waterhouse-Friderichsen (BRASIL, 2017).

O diagnóstico confirmatório é realizado por meio de testes laboratoriais como cultivo da bactéria a partir do LCR ou sangue coletados, Exame quimiocitológico do LCR, Bacterioscopia direta, teste de aglutinação pelo látex e reação em cadeia da polimerase (PCR) (DAZZI; ZATTI; BALDISSERA, 2014). O tratamento deve ser realizado o mais rápido possível, visto que em alguns casos a evolução da doença ocorre de maneira rápida, podendo levar à óbito em um período de tempo curto após o aparecimento dos sintomas, e consiste em antibioticoterapia, podendo ser associado com outros medicamentos para tratamento de suporte (BRASIL, 2017).

A meningite é uma doença grave, que pode levar a óbito em um curto período de tempo, sendo endêmica em diversas regiões do Brasil e, para o controle epidemiológico a vacinação é uma medida de prevenção eficaz, principalmente para as crianças, que são consideradas um grupo de risco à essa infecção.

As vacinas disponíveis pelo Sistema Único de Saúde incluem Vacina meningocócica conjugada sorogrupo C (confere proteção à Doença Meningocócica ocasionada pelo sorogrupo C); pneumocócica 10-valente conjugada (proteção contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite); Pentavalente (age protegendo contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo b, como meningite, e também contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B); e BCG (protege contra as formas graves da tuberculose) (BRASIL, 2019a).

2.3 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS NACIONAIS DA MENINGITE BACTERIANA

No Brasil, a meningite meningocócica é a mais prevalente, sendo considerada endêmica com a ocorrência de surtos esporádicos em todo o território brasileiro. É ocasionada pela bactéria Neisseria meningitidis, podendo infectar indivíduos de todas as faixas etárias, porém, apresenta 30% dos casos notificados são de crianças com menos de 5 anos, considerados um grupo de risco à essa infecção (BEREZIN, 2013).

A taxa de letalidade no Brasil é de 20% nos últimos anos, em casos mais graves da meningite meningocócica a letalidade chega a 50%, configurando um sério agravo de saúde e, por conta disso, existe uma importância significativa da vigilância epidemiológica brasileira, com o objetivo de monitorar os casos notificados no país, detectar surtos precoces, avaliar medidas preventivas e de controle, além de monitorar o perfil de resistência à antibioticoterapia (BRASIL, 2017).

As meningites estão inseridas no grupo de doenças com notificações compulsórias imediata e devem seguir um guia de recomendações estabelecido pelo Ministério da Saúde, no qual indica como deve ser o manejo clínico desse paciente, quais as informações necessárias e importantes para se fazer a notificação, definição do caso suspeito e confirmado e os casos descartados, dentre outras informações. Essa investigação é realizada com o objetivo de informar a caracterização clínica que está ocorrendo em determinada região e a fonte de infecção.

De acordo com a Secretaria de Vigilância e Saúde, a investigação dos casos ocorre por meio do preenchimento da Ficha de Investigação de Meningite, após a confirmação, os casos são classificados em: doença meningocócica (DM), meningite tuberculosa (MCTB), meningite por outras bactérias (MOB), meningite não especificada (MNE), meningite asséptica (MV), meningite por outra etiologia (MOE), meningite por hemófilo (MH) e meningite por pneumococos (MP) (BRASIL, 2019b).

O Ministério da Saúde, em 2019, lançou uma edição especial do Boletim Epidemiológico da evolução da situação epidemiológica de algumas doenças frequentes no território brasileiro, dentre essas a meningite meningocócica. Pode-se observar que, no período de 2003 a 2018, houve uma diminuição do número de casos confirmados no Brasil, passando de 2,0 casos/100mil habitantes para 0,5 casos/100 mil habitantes. Dentre os confirmados ocorreu um aumento do sorogrupo C, desde de 2010 ocasionando surtos esporádicos, principalmente, em crianças, sendo motivo para ter sido inserida no calendário vacinal (figura 01) (BRASIL, 2019b).

No que se refere à faixa etária, aproximadamente 50% dos casos notificados entre 2003-2018 ocorreram em crianças com menos de 5 anos (figura 02). É válido ressaltar que é uma doença que apresenta taxa de letalidade em torno de 22 a 25% nos últimos anos e que a maioria dos casos notificados nesse período do estudo foi no Sudeste (São Paulo e Rio de janeiro, principalmente) e Sul (Rio Grande do Sul e Santa Catarina) do Brasil (BRASIL, 2019b).

Figura 01 – Coeficiente de incidência de doença meningocócica total e por sorogrupos, Brasil, 2003 a 2018.

Fonte: BRASIL, 2019b.

Figura 02 – Coeficiente de incidência de doença meningocócica por faixa etária, Brasil, 2003 a 2018.

Fonte: BRASIL, 2019b.

A doença meningocócica (como é chamada a meningite meningocócica), continua sendo um agravo de saúde pública no país, ocasionando morbidade e mortalidade em qualquer faixa etária, sendo necessária a vigilância em saúde para a verificação do comportamento epidemiológico da doença. Além disso, as informações geradas pelo sistema de vigilância são importantes para orientar as medidas preventivas e de controle, bem como, de estratégias de vacinação, em especial, para as crianças (BRASIL, 2019b).

2.4 EPIDEMIOLOGIA DA MENINGITE BACTERIANA NO NORDESTE DO PAÍS

A meningite bacteriana ocorre em indivíduos de diferentes faixas etárias e de diversas regiões do Brasil. No que se refere a ocorrência da meningite na região nordeste do país, os dados são obtidos principalmente pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS).

De acordo com informações coletadas de documentos oriundos do Ministério da Saúde, houve diminuição do número de casos de meningite, porém com um aumento de aproximadamente 8,14% nos anos de 2011, 2012 e 2017. Além disso, no período de 2008 a 2018, o sexo masculino foi o que apresentou maior incidência dos casos confirmados de meningite (CARDOSO et al., 2019).

No que se refere ao agente etiológico da doença, pode-se observar que no período de 10 anos, houve prevalência da Meningite Meningocócica (MM), com 42,96%. Entretanto, em 2012 a 2018 houve uma diminuição dos casos por MM e Meningococemia (MCC), 39,25% e 28,43% respectivamente (figura 03).

Figura 03 – Casos confirmados por Etiologia Meningite meningocócica C na Região Nordeste no período de 2008 a 2018.

Fonte: Cardoso et al. (2019).

Em relação aos sorogrupos, a região nordeste segue o mesmo perfil observado em outras regiões do Brasil, como Sudeste e Sul, com prevalência do sorogrupo C, compreendendo uma taxa de 79,85% de 2008 a 2018 (figura 04).

Figura 04 – Casos confirmados por Sorogrupo Geral na Região Nordeste no período de 2008 a 2018.

Fonte: Cardoso et al. (2019).

Dessa maneira, apesar da regressão do número de casos em um período de 10 anos na região nordeste do país, ainda existe notificação da doença, principalmente, relacionada com o sorogrupo C e que exigem medidas de prevenção e controle. O nordeste do Brasil é considerado a terceira maior região que apresenta casos confirmados de meningite tanto com agente etiológico bacteriano conhecido quanto a chamada “meningite bacteriana não especificada” (BRASIL, 2019c). Por isso a importância da vigilância e das notificações para traçar um perfil epidemiológico das regiões do país.

3. CONCLUSÃO

O objetivo geral deste artigo foi realizar uma breve revisão bibliográfica sobre a importância da epidemiologia na meningite bacteriana no Brasil. Para tal, foi realizada uma pesquisa teórica em bases de dados e manuais do Ministério da Saúde, no qual foram desenvolvidas as seguintes temáticas: A Meningite Bacteriana – Aspectos Gerais; Aspectos Epidemiológicos Nacionais da Meningite Bacteriana; Epidemiologia da Meningite Bacteriana no Nordeste do País.

Como resposta à questão norteadora desse estudo, pode-se observar que o perfil epidemiológico de doenças infecciosas de importância à saúde pública é essencial para compreender como a mesma se manifesta em determinados locais, como no caso da meningite bacteriana, considerada um agravo de saúde pública e doença de notificação compulsória.

Além disso, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação é uma ferramenta essencial para que os estados e municípios possam informar a situação epidemiológica do local, a possibilidade de surtos, tomadas de decisões sobre prevenção e controle da meningite bacteriana no país. Contudo, sabe-se que no Brasil ainda existe muitos casos subnotificados, o que dificulta o levantamento epidemiológico em determinadas regiões.

Dessa forma, é importante que os profissionais de saúde sigam as especificações dos manuais estabelecidos pelo Ministério da saúde, preenchendo a Ficha de Investigação de Meningite, notificando e informando os casos suspeitos, confirmados e descartados, contribuindo com mais conhecimento sobre a doença e sua manifestação na população.

REFERÊNCIAS

BEREZIN, E.N. Epidemiologia da Infecção Meningocócica. Folheto Meninigte Fascículo 01. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2015. Disponível em:< https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/publicacoes/Folheto_Meningite_Fasciculo1_111115.pdf>. Acesso em 28 de novembro de 2019.

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[1] Especialização em andamento em Oncologia e cuidados paliativos. Especialização em Análises Clínicas e microbiológicas. Graduação em andamento em Licenciatura Em Biologia. Graduação em biomedicina. Graduação em Administração.

[2] Doutorado em Biodiversidade Biotecnologia. Mestrado em Química. Graduação em Química Licenciatura. Graduação em Química Industrial.

Enviado: Dezembro, 2020.

Aprovado: Maio, 2020.

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Poliana De Queiroz Araujo

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