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Pandemia da Covid-19 – impactos biopsicossociais do isolamento social e suas perspectivas: uma revisão de literatura

RC: 84377
205
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

SALES, Weslley Barbosa [1], FRANÇA, Dimas Cícero Martins de [2], OLIVEIRA, Allanna Stephany Cordeiro de [3], MARCELINO, Márcio Cavalcante [4], FRANÇA, Janine Greyce Martins de [5], PONTES, Isabelle Eunice de Albuquerque [6]

SALES, Weslley Barbosa. Et al. Pandemia da Covid-19 – impactos biopsicossociais do isolamento social e suas perspectivas: uma revisão de literatura. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 05, Vol. 02, pp. 05-25. Maio de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/impactos-biopsicossociais

RESUMO

Objetivo: Identificar e discorrer sobre os principais impactos do isolamento social nos aspectos biopsicossociais, abordando também sobre suas perspectivas pós-pandemia. Métodos e Materiais: Revisão de literatura, norteada pela análise de Bardim, através das bases de dados SciELO, PubMED E BVS, utilizando-se os descritores de busca: isolamento social e coronavírus. Os critérios de inclusão foram textos nos idiomas inglês e português, que estivessem disponíveis na íntegra e gratuitamente, publicados entre os anos de 2019 e 2020. Os dados foram coletados entre os meses de junho e julho de 2020 e analisados conforme técnica de análise de conteúdo. Resultados: Os aspectos psicossociais foram mais significativos, sendo a depressão e a ansiedade os mais comuns. Observa-se ainda que existe um grande declínio do sistema cardiovascular e musculoesquelético, principalmente no que concerne à população idosa, sendo a obesidade e o sedentarismo os grandes promotores destes agravos. Considerações finais: As inovações tecnológicas, consolidação dos recursos on-line e conservação das crenças centrais foram os principais fatores promovidos pela quarentena, gerando capacidade de dar sentido à pandemia nas populações com um bom suporte de capital social, o que sugere que o isolamento social é menos nocivo à saúde integral do indivíduo quando aplicado em populações bem assistidas pelo governo.

Palavras-Chaves: Isolamento social, Infecções por Coronavírus, Impacto Psicossocial, Exercício Físico.

INTRODUÇÃO

Mediante a calamidade que teve início na China, em meados de dezembro de 2019, o então chamado novo Coronavírus (SARS-CoV-2), foi o percursor do afastamento social e de todo o caos, desafios, enfretamentos e graves crises sanitárias mundialmente. Os casos novos surgiam a todo momento e em todos os lugares do mundo, se alastrando rapidamente pelos países asiáticos e posteriormente para os demais países, com isso a Organização Mundial de Saúde (OMS), decretou estado de Emergência Internacional e posteriormente anunciando a pandemia mundial. Até o mês de abril de 2020, já havia notificação de infecção pelo SARS-CoV-2 em mais de 210 países e os números já passavam de 2,1 milhão de casos confirmados, com aproximadamente 144 mil mortes (AQUINO et al., 2020; FARO et al., 2020).

A fácil propagação e a falta de conhecimento sobre o novo vírus, proporcionou que a doença atingisse uma grande incidência de forma muito rápida. Porém é preciso destacar que a manifestação é variável entre os indivíduos, tendo seu nível de complexidade a depender de alguns fatores, determinando desse modo, grupos de vulnerabilidade, como asmáticos, diabéticos, cardiopatas e fumantes. Os casos mais graves têm sua manifestação relacionada com um acentuado declínio no mecanismo respiratório, sendo a insuficiência respiratória um agravo de urgência que necessita de cuidados especializados em nível hospitalar, majoritariamente tendo o auxílio da ventilação mecânica durante a estadia no hospital (FARO et al., 2020).

Embora a mortalidade pelo SARS-CoV-2 seja relativamente baixa em relação aos outros grupos de coronavírus, sua acentuada propagação tem gerado um número alarmante de óbitos ao redor do mundo. É notório que o meio pelo qual o vírus é disseminado majoritariamente é por via de gotículas contaminadas das secreções advindas de uma pessoa previamente infectada (SOUZA et al., 2020).

Ademais, a disseminação por aerossóis, como por exemplo do contato com objetos e superfícies é ainda abstruso, sabendo-se que a contaminação através de aerossóis em contato com outras superfícies pode ficar ativa por 72 horas, sendo agravada por um tempo médio de maturação de cinco a seis dias, podendo chegar até 24 dias de incubação. Diante desses fatores, formam-se grupos de pessoas sem sintomas, pré-sintomáticas e ainda aquelas com sintomas leves, todas estas com potencial de transmissão do vírus (FARO et al., 2020).

A pandemia do SARS-CoV-2 gerou sérias preocupações em muitos países, onde foram implementadas intervenções, planos de ação e grandes planejamentos em todas as esferas, visando mitigar os efeitos da pandemia. Dentre as inúmeras medidas de prevenção, encontram-se o isolamento social, educação em saúde, higienização e o uso de equipamentos de proteção individual (EPI)(WERNECK; CARVALHO, 2020).

Com a progressão do contágio, foram recomendados o fechamento de qualquer meio de aglomeração, assim como a proibição de circulação de pessoas nas ruas sem necessidade expressa, além das restrições de viagens e do uso de transportes coletivos. Todas essas medidas foram implementadas em inúmeros países, alguns de forma mais rígida que outros, sendo modulados pelos aspectos socioculturais e econômicos (SOUZA et al., 2020; WERNECK; CARVALHO, 2020).

No que diz respeito às questões socioemocionais ligadas à pandemia, Jeong et al. (2016) afirmam que avaliações da saúde mental de indivíduos expostos a catástrofes revelam que os sobreviventes experimentam tipicamente vários distúrbios de saúde mental, incluindo transtorno de estresse pós-traumático, depressão, transtorno de ansiedade, transtorno do pânico e abuso de substâncias químicas (JEONG et al., 2016).

O isolamento social, imposto pela pandemia atual, causou intensificação de emoções negativas, como a solidão, a angústia, a tristeza e/ou melancolia, frente à paralisação das atividades de vida diárias e a incerteza sobre o futuro econômico, além de estabelecer novos, ou intensificar já existentes, quadros de doenças mentais, como a ansiedade, a depressão, o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), transtorno do pânico e sintomatologias diversas que não necessariamente atendem aos requisitos do diagnóstico de um transtorno mental (FARO et al., 2020; JEONG et al., 2016).

Por conseguinte, dentre os impactos causados pelo isolamento social, destaca-se a redução da prática de exercícios físicos, o que está associado, especificamente, às alterações físicas como, o agravamento dos distúrbios cardiorrespiratórios, assim como a redução da capacidade muscular. Além disso, um estilo de vida sedentário causa redução do volume máximo de oxigênio, aumentando a incidência de doenças cardiovasculares e diminuindo a sobrevida (PEÇANHA et al., 2020; SCHWENDINGER; POCECCO, 2020).

Mediante o exposto, o objetivo deste estudo foi, através de uma revisão da literatura científica atual (2019-2020), identificar os impactos biopsicossociais do isolamento social ocasionado pela Pandemia por Sars-CoV-2 e suas perspectivas pós-pandemia, contribuindo assim para a construção de um panorama geral desta nova e desafiadora problemática global.

METODOLOGIA

Essa pesquisa é caracterizada como uma revisão de literatura, de abordagem descritiva e de caráter qualitativo, realizada entre os meses de junho e julho de 2020. Para a efetivação da revisão, foi percorrido o seguinte caminho metodológico: definição do tema e dos objetivos da pesquisa; filtragem dos estudos; identificação dos estudos selecionados; definição das informações advindas das publicações revisadas; avaliação dos estudos selecionados; interpretação dos resultados; e apresentação dos resultados da pesquisa (PEREIRA et al., 2018).

A busca dos artigos científicos foi realizada na biblioteca da Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMED e Portal Regional da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando-se os descritores em Ciências da Saúde (DeCS): social isolation e coronavirus, no PubMED e os mesmos descritores na versão em português para as outras duas base de dados. Os critérios de inclusão para pré-seleção e seleção dos artigos foram textos nos idiomas inglês e português, que estivessem disponíveis na íntegra e gratuitos, publicados entre os anos de 2019 a 2020, com exceção de dois artigos que foram usados para enriquecer e consolidar os achados da pesquisa e discussão. Foram excluídos os pré prints, livros e capítulos de livro, artigos duplicados, artigos e resumos de anais de eventos, além de editoriais, teses, dissertações e monografias.

Foram encontrados 2.993 artigos, sendo 724 na base de dados PubMED, 52 na SciELO e 1.719 na BVS. A seleção prévia com aplicação dos critérios pré-definidos implicou em um banco de 163 artigos para aproveitamento, e posteriormente escolheu-se através da leitura do título e resumo, descartando 136 artigos sem relação com a temática do estudo ou que respondesse aos objetivos. Após a leitura completa dos 51 artigos pré-selecionados, excluiu-se 24, por não responder aos objetivos da pesquisa. Mediante isto, foram incluídos para análise e discussão dessa revisão de literatura 27 artigos. Aqui, é importante salientar que 2 destes artigos datam de anos anteriores a linha de tempo da pesquisa, sendo um é de 2016 e o outro de 2018. Estes artigos não foram excluídos ao final da pesquisa pois discutem aspectos psicossociais de pandemias passadas, que ocorreram na Coréia do Sul e na Arábia Saudita respectivamente, assim, foram utilizados como uma forma de comparação para com os impactos da Pandemia atual por Coronavírus, possibilitando uma melhor análise das problemáticas relacionadas ao a estes impactos.

Os artigos selecionados foram observados de forma crítica-descritiva, de acordo com a metodologia, originalidade, importância e seus impactos no presente momento, onde enfrentamos um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil e no mundo. Sendo viável a utilização de tabelas com informações relevantes sobre os artigos usados, bem como, possibilitando aos autores construírem discussões enriquecedoras dos enfretamentos, perspectivas e impactos biopsicossociais de toda sociedade.

A análise das amostras se deu através da análise de conteúdo: a visão de Laurence Bardin, que divide a análise bibliográfica em três estágios: pesquisa do conteúdo e organização conforme subtemas; identificação dos dados e posteriormente a síntese dos aspectos mais relevantes do texto; as evidência e descrição das informações mais importantes (LAURENCE, 2011).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Dos artigos selecionados para análise dos dados, 92,6% foram publicados em 2020, enquanto 7,4% entre 2016 a 2018. De acordo com os estudos incluídos nessa pesquisa, demonstra-se que, os aspectos psicossociais correspondem a 38%, aspectos físicos 17%, aspectos psicológicos 21% e as perspectivas 24%. A tabela 1, representa a síntese e caracterização dos artigos selecionados. Para melhor compreensão da leitura, os resultados e discussões foram divididos em tópicos e separados por aspectos, isto é, artigos que abordassem os aspectos psicológicos, sociais, físicos e as perspectivas pós-pandemia, sendo demonstrados também na tabela 1 abaixo.

Tabela 1. Caracterização dos estudos selecionados (n=27), Distribuição dos artigos segundo autor, ano de publicação, local de estudo, objetivos, aspecto biopsicossocial abordado no artigo e/ou perspectivas pós-pandemia. João Pessoa-PB, 2020.

 

Autores

 

Ano de publicação

 

Local de

estudo

 

Objetivos

 

Aspecto abordado

 

AQUINO et al.

 

2020

 

Brasil

Sistematizar as evidências sobre o impacto das medidas de distanciamento social na epidemia de COVID-19 e discutir sua implementação no Brasil.  

Perspectivas pós-pandemia

 

BACON; CORR,

 

2020

 

Reino Unido

Apresentar um exame das diferenças individuais em alguns fatores psicológicos relevantes.

 

 

Aspecto Psicológico

 

BAI et al.,

 

2020

 

China

Discutir as maneiras pelas quais os indivíduos assintomáticos adquirem e transmitem a corona vírus que causa o COVID-19.  

Aspecto Físico

BERGMAN et al., 2020 Estados

Unidos

Discutir sobre a internet como ferramenta de interação. Aspecto Psicossocial
BEZERRA et al., 2020 Brasil Descrever o comportamento das pessoas na pandemia de COVID no Brasil.

 

Aspecto Psicossocial
CAETANO et al.,  

2020

 

Brasil

Discutir a contribuição da tele saúde para o enfrentamento da COVID-19 e as iniciativas recentes desencadeadas no país, como oportunidades para a consolidação da telemedicina e de aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde.  

 

 

Perspectivas pós-pandemia

FARO et al., 2020 Brasil Discutir sobre a urgência do cuidado na pandeia de COVID-19. Perspectivas pós-pandemia
 

FEGERT et al.,

 

2020

 

Alemanha

Discutir sobre o impacto da pandemia de COVID-19 na saúde mental de crianças e adolescentes. Aspecto Psicossocial
 

HAMMERSCHMIDT; SANTANA,

 

2020

 

Brasil

Abordar de forma reflexiva e crítica aspectos relacionados à saúde do idoso nos tempos de pandemia COVID-19.  

Aspecto Psicossocial

LIMA et al., 2020a Brasil Discutir comportamentos e crenças na chegada da pandemia de COVID-19 no estado do Ceará.

 

Aspecto Psicossocial
 

LIMA et al.,

 

2020b

 

Brasil

Mostrar como a Atenção Primária à Saúde pode contribuir para a concretização da estratégia de proteção dos idosos no contexto do seu domicílio e na vigilância e monitoramento das ILPI (Instituição de Longa Permanência para Idosos) ao seu território.  

 

Aspecto Psicossocial

 

 

 

LIPPI; HENRY; SANCHIS-GOMAR,

 

2020

 

Espanha

Incentivar

governos nacionais, federais e regionais em torno de

mundo a incluir exceções claras para atividade física em bloqueios em todo o país.

 

 

Aspecto Físico

MILMAN; LEE; NEIMEYER, 2020 Estados

Unidos

Discutir o estado mental das pessoas isoladas nos EUA na pandemia do COVID-19. Aspecto Psicossocial
 

ÖLCER; YILMAZ-ASLAN; BRZOSKA,

 

2020

 

Alemanha

Explorar as razões pelas quais as pessoas ignoram as ordens e recomendações das autoridades e por que as autoridades são incapazes de produzir um senso compartilhado de inclusão

relativa a medidas de proteção contra o surto de COVID-19.

 

 

 

 

Aspecto Psicossocial

 

OLIVEIRA; LUCAS; IQUIAPAZA,

 

2020

 

Brasil

Analisar a pandemia da Covid-19 e o que temos (re)aprendido com a experiência mundial para adoção das medidas de prevenção preconizadas pela Organização Mundial de Saúde.  

 

Aspecto Psicossocial

 

PEÇANHA et al.,

 

2020

 

Brasil

Discutir políticas a serem urgentemente implementadas para combater o impacto do aumento da

inatividade e comportamento sedentário durante o surto de COVID-19.

 

 

 

Aspecto Físico

 

RAFAEL et al.,

 

2020

 

Brasil

Discutir as experiências e contradições no controle da pandemia de Covid-19 sob a perspectiva da epidemiologia e das políticas públicas brasileiras.  

 

Perspectivas pós-pandemia

 

REIS et al.,

 

2020

 

Brasil

Usar modelos matemáticos com tempo dependente

coeficientes, técnicas de quantificação inversa e progressiva da incerteza e análise de sensibilidade para caracterizar aspectos essenciais do COVID-19 no Brasil, Coréia do Sul e Itália.

 

 

 

Perspectivas pós-pandemia

 

SCHWENDINGER; POCECCO,

 

2020

 

Suíça

Descrever as consequências deteriorativas da inatividade física sobre parâmetros de aptidão física e em última análise, para destacar os aumentos associados ao risco e mortalidade de doenças cardiovasculares.

 

 

 

Aspecto Físico

SILVA; MINAYO; GOMES, 2020 Brasil Mostrar a contribuição da epidemiologia, das

ciências sociais e das políticas de saúde no enfrentamento do COVID19

 

Aspecto Psicossocial
SOUZA et al., 2020 Brasil Descrever as lições

aprendidas entre a ciência e a sociedade.

Aspecto Psicossocial
 

SOUZA FILHO; TRITANY,

 

2020

 

Brasil

Descrever estratégias que auxiliem as pessoas a manterem-se ou tornarem-se fisicamente ativas em domicílio.  

Aspecto Físico

VIEIRA; GARCIA; MACIEL, 2020 Brasil Discutir sobre a relação do aumento da violência doméstica e o isolamento social devido a pandemia do COVID-19. Aspecto Psicológico
XIAO et al., 2020 China Discutir sobre a qualidade do sono das pessoas isoladas na China. Aspecto Psicológico
WERNECK; CARVALHO, 2020 Brasil Discutir sobre a crise sanitária no Brasil gerada pelo COVID-19. Perspectivas
ZHANG et al., 2020 China Descrever como a pandemia de COVID afetou o sono e proporcionou problemas psicológicos aos profissionais de saúde da China. Aspecto Psicológico

Fonte: Os autores (2020).

IMPACTOS DO ISOLAMENTO SOCIAL NA SAÚDE MENTAL

Estudos acerca da saúde mental da população em isolamento social durante pandemias são escassos. No caso da nova pandemia do coronavírus (SARS COV 2), ainda não existem muitos estudos relacionados a essa questão, tanto pelo fato de a pandemia em si ainda estar em curso, o que dificulta a realização deste tipo de estudo, quanto por questões ligadas à cultura de que a saúde mental não é tão importante quanto a saúde física. Visto a problemática aqui levantada, pode-se discutir acerca das questões socioemocionais ligadas ao isolamento social imposto pela situação pandêmica mundial atual, através dos estudos atuais encontrados, bem como estudos mais antigos que discutem acerca de saúde mental durante o isolamento em outras pandemias, como no caso da síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), ou da síndrome respiratória aguda grave (SARS) (FARO et al., 2020).

Avaliações da saúde mental de indivíduos expostos à catástrofes passadas, revelam que os sobreviventes experimentam tipicamente vários distúrbios de saúde mental (JEONG et al., 2016). Durante uma pandemia de um agente infeccioso de origem nova, quando as opções de vacina e tratamento não estão claramente estabelecidas, estabelecimentos precisam ser fechados e o isolamento social é aplicado, a ansiedade social e o medo causado pela incerteza se tornam questões centrais na vida da população (JEONG et al., 2016).

Em um estudo realizado em 2015, com 1.692 indivíduos que precisaram ser isolados por duas semanas devido ao contato com pacientes com MERS, na Coréia, e foram incluídos no estudo para mensurar a ansiedade e a raiva geral relacionada ao isolamento social imposto na época. Dos 1.692 que entraram em contato com pacientes com MERS, 1.656 não foram diagnosticados com MERS. Dentre os 1.656, os sintomas de ansiedade se mostraram presentes em 7,6% destes, e os sentimentos de raiva foram presentes em 16,6%. Quatro a seis meses após a liberação do isolamento, sintomas de ansiedade foram observados em 3,0% e sentimentos de raiva foram observados em 6,4% (JEONG et al., 2016).

Um estudo mais recente, do ano de 2020, buscou comparar medidas preventivas não sociais, como por exemplo lavar as mãos, ao isolamento social, com o intuito de verificar a violação central da crença e a criação de significado como mecanismos para a redução da ansiedade decorrente do coronavírus (CA) (MILMAN; LEE; NEIMEYER, 2020). Os autores Milman; Lee e Neimeyer (2020), realizaram uma pesquisa online, entre 14 e 15 de abril de 2020, e coletaram dados de 408 adultos, de 18 anos ou mais, nos Estados Unidos da América (EUA). A violação das crenças centrais foi medida pelo Inventário de Crenças Essenciais. A satisfação com a vida foi mensurada a partir de um item do CBI. A CA foi mensurada usando a versão mais atual da Escala de Ansiedade de coronavírus (FARO et al., 2020; MILMAN; LEE; NEIMEYER, 2020).

A CA, de acordo com os autores Milman; Lee e Neimeyer em um nível mais baixo, apresenta-se nos seguintes sintomas: dificuldade em dormir, sentir-se paralisado ou congelado, náuseas ou problemas de estômago, perda de apetite, tontura ou desmaio (FARO et al., 2020; MILMAN; LEE; NEIMEYER, 2020). Os autores também explicam que em níveis mais altos a CA pode apresentar-se nos seguintes sintomas: ideação suicida, enfrentamento a drogas ou álcool, depressão, comprometimento funcional e quadro generalizado ansiedade. O estudo demonstrou que a adesão às políticas de isolamento social previa níveis mais baixos de CA e que esse efeito foi amplamente mediado pela conservação das crenças centrais e capacidade de dar sentido à pandemia (FARO et al., 2020; MILMAN; LEE; NEIMEYER, 2020).

Os resultados, de acordo com Milman; Lee e Niemeyer (2020), também demonstraram que a dependência exclusiva de proteções não sociais, foi associada a altos níveis de CA. A CA é associada a uma perda da saúde mental durante a pandemia de COVID-19 (FARO et al., 2020; FEGERT et al., 2020; MILMAN; LEE; NEIMEYER, 2020).

Em um artigo recentemente publicado, Vieira, Garcia e Maciel (2020), buscaram estabelecer algumas relações entre o isolamento social durante a pandemia da COVID-19 e o aumento da violência contra as mulheres. No estudo foram analisados dados publicados pela imprensa de diversos países, bem como relatórios de organizações internacionais e organizações direcionadas ao enfrentamento da violência doméstica (HAMMERSCHMIDT; SANTANA, 2020).

As mulheres, bem como demais minorias, estão mais vulneráveis a perda da saúde mental durante o isolamento. Segundo o estudo, isto acontece porquê, durante o isolamento social, as mulheres são vigiadas e impedidas de conversar com familiares e amigos, o que amplia a margem de ação para a manipulação psicológica, além de terem que lidar com tarefas domésticas divididas de forma desigual entre elas e os demais membros familiares, o que gera sobrecarrega (VIEIRA; GARCIA; MACIEL, 2020).

Fegert et al. (2020), analisaram os riscos à saúde mental associados ao COVID-19 em crianças e adolescentes que já estão em vulnerabilidade social, através de uma revisão exploratória. Os resultados encontrados sugeriram que medidas de isolamento social têm o potencial de ameaçar a saúde mental de crianças e adolescentes de forma significativa, em especial crianças e adolescentes com necessidades especiais ou em vulnerabilidade social, como deficiências, experiências traumáticas, problemas de saúde mental já existentes, origem migrante e baixo nível socioeconômico (FEGERT et al., 2020).

O estuda associa o risco ou existência de doença mental dos pais e a violência doméstica a crianças e adolescentes, que aumentam durante o isolamento social causado por pandemias, a queda na saúde mental desta população, em específico, como já mencionado, crianças e adolescentes com necessidades especiais ou em vulnerabilidade social (FEGERT et al., 2020).

Por fim, um estudo realizado na China em janeiro de 2020, com uma amostra de 170 pessoas que permaneceram em isolamento social por 14 dias durante  a epidemia do Corona Vírus 2019 (COVID-19), mediu três aspectos relacionados à saúde mental destes indivíduos: ansiedade, avaliada pelo questionário Self-Rating Anxiety Scale (SAS); o estresse, avaliado pelo questionário Stanford Acute Stress Reaction (SASR); e o sono, avaliado pelo questionário Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI) (XIAO et al., 2020).

O capital social que, segundo Xiao et al. (2020), é uma medição da confiança, pertencimento e participação social, foi uma variável utilizada para comparação nos resultados. O capital social individual foi avaliado usando o Capital Social Pessoal Questionário da Escala 16 (PSCI-16). O estudo indicou que os indivíduos da amostra com baixos níveis de capital social atingiram maiores níveis nos testes de ansiedade, estresse e sonos.

Em contrapartida, os indivíduos da amostra com níveis de capital social mais altos, obtiveram resultados baixos nos testes de mensuração da ansiedade e do estresse, além de um melhor nível para como o teste de mensuração do sono. Estes resultados indicam que o capital social é uma variante importante para a saúde mental durante o período de isolamento por pandemia (XIAO et al., 2020).

IMPACTOS PSICOSSOCIAIS FRENTE AO DISTANCIAMENTO SOCIAL

Com a chegada do Coronavírus ao Brasil, foram tomadas diversas medidas para dificultar sua transmissão, sendo uma das primeiras o isolamento social. Tal isolamento traz consigo uma carga emocional imensa, visto que o ser humano é um ser social no qual tal aspecto produz grande impacto no bem estar psicossocial (BEZERRA et al., 2020). O isolamento estratégico foi bem visto pela população em sua grande maioria, porém atualmente, quase cinco meses após o primeiro caso ter sido notificado no Brasil, as autoridades da saúde têm voltado seus olhos para uma problemática que vem afligindo grande parte da população: os impactos psicossociais do isolamento (BEZERRA et al., 2020).

Com essa problemática em mente, foi realizada uma pesquisa sobre o comportamento das pessoas e como estas estão sendo afetadas durante o isolamento social imposto pela pandemia da COVID-19. A pesquisa foi realizada entre 6 e 8 de abril de 2020 e revelou que o estresse é apontado como uma das principais consequências do isolamento social, 73% das pessoas que participaram da pesquisa relataram algum grau de estresse em função da situação do isolamento social, tal estresse afeta campos como o do bem estar do sono, no qual 67% das pessoas da pesquisa revelaram que houve uma modificação na rotina do sono, e o bem estar físico, que também afeta o bem estar psicológico, também foi prejudicado devido ao fechamento de academias e proibições de atividades ao ar livre (BEZERRA et al., 2020).

Do ponto de vista do recorte social por região geográfica, podemos citar uma pesquisa realizada no estado do Ceará em 19 de março de 2020, a respeito do comportamento e crenças quanto ao surto de coronavírus. A amostra de questionários respondidos foi de 2.259 participantes, destes, 61,4% consideravam alto o risco de contágio pelo Coronavírus na sua área de atuação; 98,1% não tiveram contato direto com alguém que testou positivo para o coronavírus; 52,5% estavam em quarentena parcial, saindo às vezes de casa e 65,8% seguiam as informações de órgãos oficiais do governo (LIMA et al., 2020b; WERNECK; CARVALHO, 2020).

Em relação ao clima quente local favorecer a diminuição da pandemia, 57,3% não acreditam nessa proteção; 60,5% da população mais pobre acredita de que sua contaminação será mais alta que na população de alta renda. A pesquisa reforça a discussão acerca de como a pandemia é vista e vivida diante de diferentes realidades sociais, e como esta serviu para ressaltar a fragilidade na qual se encontra o sistema público de saúde no Brasil, sendo um país que enfrenta uma grande desigualdade social (LIMA et al., 2020b; WERNECK; CARVALHO, 2020).

É preciso ressaltar que diferentes medidas políticas de saúde no enfrentamento da COVID-19 devem ser tomadas e formuladas dependendo da região do país que está sendo afetada, por exemplo, o vírus, antes presente apenas nas capitais brasileiras, vem afetando as cidades do interior dos estados, nas quais não existem leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) disponíveis, nem leitos hospitalares compatíveis com a nova demanda advinda do Coronavírus. Cabe as autoridades em saúde presentes nas três esferas (federal, estadual e municipal) tomarem medidas cabíveis as problemáticas, tais quais fornecimento de transporte e inauguração de novos leitos de UTI (SILVA; MINAYO; GOMES, 2020; SOUZA et al., 2020).

É sabido que tal problemática atinge, mais especificamente, os profissionais da saúde que estão na linha de frente no combate a pandemia. Além de estarem em isolamento social, eles convivem todos os dias com a carga emocional de lidar com as pessoas infectadas que podem vir a óbito, tal situação alinhada com a não observância ao isolamento social por parte de uma parcela da população gera um impacto psicossocial imenso, visto que afeta o meio e o conteúdo da comunicação exercida por estes profissionais, o que previamente eram conversas leves e descontraías, passaram a se tornar de um cunho de tristeza e desesperança. Além de afetar o aspecto social, o isolamento entre os profissionais de saúde vem gerando comorbidades de cunho psicológico (ADEL et al., 2018).

Uma pesquisa feita com profissionais de saúde na China entre 29 de janeiro a 3 fevereiro 2020 abordou aspectos como episódios de insônia e o aumento da ocorrência dos transtornos de ansiedade e depressão. Foram usadas escalas tais quais: a escala de insônia The Insomnia Severity Index (ISI), que é usada para mensurar a severidade da insônia, o The Patient Health Questionnaire 9-item depression module (PHQ-9), que é um questionário usado para mensurar sintomas depressivos e a The Generalized Anxiety Disorder (GAD), que é uma escala desenvolvida recentemente baseada no  Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) 4, que lista alguns dos sintomas apresentados por quem tem o transtorno de ansiedade generalizada (ADEL et al., 2018).

A pesquisa apontou que 36,1 % dos entrevistados tinham sintomas de insônia, a prevalência dos sintomas de transtornos depressivos, ansiedade e estresse relacionado a pandemia foi de 50.7%, 44.7% e 73.4% respectivamente. Tais dados reforçam ainda mais a atenção que deve ser dada a saúde mental dos profissionais de saúde (ZHANG et al., 2020).

Das estratégias que estão sendo adotadas para minimizar os impactos do isolamento, os aplicativos e sites de comunicação através da internet ganharam destaque.  Essas ferramentas também vêm sendo utilizadas na área da saúde, com consultas online e a tentativa de manter a relação profissional-paciente, portanto se faz imprescindível o investimento em novas tecnologias de comunicação por parte dos gestores de saúde, como também, a necessidade de um olhar mais à frente no quesito inovação em saúde, com a utilização das mais diversas ferramentas disponíveis para otimização do serviço e bem-estar da população como um todo (BERGMAN et al., 2020).

SURGIMENTO DE AGRAVOS À SAÚDE FÍSICA E DOS DECLÍNIOS FÍSICOS RELACIONADOS AO DISTANCIAMENTO SOCIAL

Devido às medidas emergenciais de isolamento social para não aumentar a disseminação do novo coronavírus, as pessoas têm passado mais tempo em casa. Isso reflete diretamente na sua saúde física e em seus hábitos de vida. Esse cenário induz a um aumento da inatividade/sedentarismo, o que, possivelmente, leva a prejuízos da qualidade de vida, função e estrutura e deterioração de sistemas (PEÇANHA et al., 2020).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é aconselhado que pessoas entre 18 e 64 anos devem praticar exercícios físicos semanalmente, sejam eles, de baixo, moderado, vigoroso ou a combinação deles para que assim possa estabelecer e manter uma boa saúde e aptidão física e mental. Essa pratica irá diminuir os riscos de desenvolver os prejuízos causados pelo período em distanciamento social (LIPPI; HENRY; SANCHIS-GOMAR, 2020).

Entretanto, não apenas relaciona-se à diminuição dos prejuízos, relaciona-se também aos seus efeitos imediatos e no futuro, a longo prazo, visto que a prática de atividades físicas reduz o aparecimento das alterações que causam danos devido a um longo tempo de imobilidade. Além disso, traz efeitos no sistema imunológico e no controle de infecções, o que influencia diretamente no quadro dos pacientes com COVID-19 (LIPPI; HENRY; SANCHIS-GOMAR, 2020).

Sendo assim, a atividade física favorece a qualidade de vida, funcionalidade e reduz a incidência de estrese e ansiedade (SOUZA FILHO; TRITANY, 2020). Assim, quanto mais longo for o tempo de isolamento social, maiores serão as consequências destes prejuízos. Dentre eles, alterações nos sistemas respiratórios, cardiovasculares, musculoesquelético e alterações do metabolismo, podendo refletir nos níveis de mortalidade. Do sistema respiratório há uma diminuição da absorção de volume máximo de oxigênio cerca de 0,3 a 0,4% por dia, fazendo com que aumentem os ricos para doenças cardiovasculares (SCHWENDINGER; POCECCO, 2020).

Por conseguinte, Schwendinger e Pocecco (2020), ainda trazem que outras alterações também aparecem, como diminuição da capacidade muscular, seja em volume ou em força, assim como, redução da sua capacidade de se contrair, o que pode dificultar na realização de suas atividades ao longo do dia, inclusive em atividades de vida diária. No músculo, essa redução em seu volume pode chegar em 6 a 8% (0,4 a 0,6% / dia). A inatividade física está relacionada também ao risco de acidente vascular encefálico e 42% maiores chances de diabetes e de agravos no sistema cardiovascular, como a hipertensão. Valendo salientar que os pacientes com COVID19 e que apresentam algumas dessas comorbidades citadas, estão mais expostos ao risco de mortalidade (LIPPI; HENRY; SANCHIS-GOMAR, 2020; SCHWENDINGER; POCECCO, 2020).

Além disso, segundo Lima et al. (2020), é preciso uma atenção maior para a população idosa, que estão passando fisiologicamente por mudanças, de senescência ou senilidade e que por isso automaticamente já são grupo de risco. Assim, são necessárias maiores estratégias de políticas de saúde pública, como as da Atenção Básica, por exemplo, o mapeamento, na intenção de proteger e prevenir o contágio e diminuir o risco de mortalidade nos lugares que possuir pessoas idosas, sejam em suas residências ou em ILP (Instituição de Longa Permanência para Idosos), assim como, nos atendimentos ambulatoriais e nos atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (LIMA et al., 2020b).

Por isso, a preocupação com idosos de ILP é maior, pois, nesta situação a infecção causada pela corona vírus é elevada, podendo chegar a uma taxa de mais 15%, o risco de mortalidade para maiores de 80 anos. Por conseguinte, estes locais são considerados de alto risco devido ser compostos em sua maioria por idosos, os quais possivelmente já possuem outros distúrbios crônicos e que são dependentes no contexto de realização das atividades de vida diária. Além disso, este local é frequentado por cuidadores, profissionais, familiares e estes idosos geralmente ficam em aglomerados (HAMMERSCHMIDT; SANTANA, 2020; LIMA et al., 2020b).

Nesse sentido, são necessárias organizações, recomendações e campanhas de conscientização sobre aderir à prática de atividade física como política pública de saúde, até mesmo domiciliares, principalmente, durante este período de pandemia. Os exercícios domiciliares trazem benefícios na aptidão física para a saúde, agindo diretamente no favorecimento da qualidade de vida e funcionalidade. Eles são eficientes, de baixo custo e seguros, uma solução importante no auxílio das práticas de atividade físicas da população e no aumento da imunidade à corona vírus (SOUZA FILHO; TRITANY, 2020).

Souza Filho e Tritany (2020), relatam ainda que os impactos do isolamento social, geralmente não relatados a longos prazos, trazem efeitos que irão refletir durante toda a vida. Por isso, é tão importante uma ação urgente para a solução em fazer com as pessoas permaneçam ativas mesmo que em suas casas, no que diz respeito à ampliação da saúde e que as vise de acordo com suas diferenças e com equidade. Permitindo assim, uma população mais independente e decidida na administração de suas vidas durante e depois do isolamento social (AQUINO et al., 2020; CAETANO et al., 2020; SOUZA FILHO; TRITANY, 2020).

PERSPECTIVAS E ENFRENTAMENTOS: DURANTE E PÓS-PANDEMIA

Devido à redução de susceptíveis através da vacinação, surgiu a necessidade de controlar a pandemia, com intuito de diminuir a curva de contaminação, cuja solução foi uma medida severa, a do isolamento físico social. A impossibilidade de controle da pandemia de imediato por meio da redução de susceptíveis através da vacinação, necessitou de medidas severas, o isolamento físico social. Para assim diminuir a curva (BAI et al., 2020). Esta providência propende a redução da internação em unidades de terapia intensiva em um curto período de tempo assim como a necessidade de suporte ventilatório, moldando a necessidade à capacidade de assistência do sistema de saúde (RAFAEL et al., 2020).

Por isso, o distanciamento social, minimiza o contato entre as pessoas potencialmente contaminados e saudáveis, ou no meio de grupos com grandes taxas de contaminação e ou aqueles com baixo nível ou nenhum, a fim de interromper o pico da pandemia e reduzir a magnitude dos seus efeitos (OLIVEIRA; LUCAS; IQUIAPAZA, 2020). Esta circunstância complexa, aumenta os desafios às relações internacionais, à vigilância epidemiológica e à programação de políticas públicas, acima de tudo através de medidas que diminuam as desigualdades da acessibilidade aos sistemas de saúde e as situações estruturais para o autocuidado (RAFAEL et al., 2020).

Contudo, o isolamento social sem medidas adequadas para precaução, pode considerar-se insuficiente para o controle do surto. Dessa forma, a comunidade/sociedade é alertada para a relevância da lavagem correta das mãos e medidas de limpeza de superfície que impedem em conjunto a propagação do vírus (CAETANO et al., 2020).

Sendo assim, para melhor atender a toda população, e não colocar pessoas saudáveis em risco, médicos especialistas passam a auxiliar os serviços realizando atendimentos à distância ao paciente ou no teleatendimento emergencial, liberando uma outra parte dos médicos para o atendimento presencial. Além disso, o teleatendimento veio agregar aos cuidados prestados às populações rurais, que por várias vezes convivem com dificuldades e escassez de acesso a serviços de saúde e a muitos especialistas (CAETANO et al., 2020).

Tudo isso é comprovado através da análise da situação que a China perpassou, no qual, o isolamento social total em toda população, resultou na diminuição da transmissão. A transmissão passou a ter uma taxa média de menos de 1, ou seja, demonstrando uma média de menos um indivíduo infectado que pode ser infectado para cada indivíduo contaminado na população, o que é preciso para adquirir o decréscimo da incidência de casos. Isto remete que as estratégias de controle para a expansão da epidemia são satisfatórias quando a quarentena e o isolamento de casos são compactuados com um conjunto de estratégias de distanciamento social que englobe toda a população (AQUINO et al., 2020).

Todavia, apesar das precauções de proteção, como as regras de distanciamento social, auto-isolamento e fechamento dos locais de entretenimento da esfera pública, muitos não estão seguindo os conselhos atuais. Como consequência as autoridades criticam com frequência seus cidadãos em busca que eles passem a cumprir as recomendações. Outro problema que o isolamento traz consigo é a desestabilização da situação econômica, o que faz com que as pessoas se sintam obrigadas a escolher entre se proteger por questões de saúde e ganhar dinheiro para poder sobreviver (ÖLCER; YILMAZ-ASLAN; BRZOSKA, 2020).

Por fim, quando analisados entre jovens e idosos, quais são mais propícios a se auto isolar e passar a cumprir o distanciamento social, é visto que os jovens têm essa maior propensão, talvez pelo fato de estarem conectados as redes sociais, possuindo de certa forma um apoio. Já os idosos mesmo sendo um grupo de risco são os que possuem maior tendência a saírem mesmo que seja por coisas simples (BACON; CORR, 2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo permitiu identificar os principais impactos biopsicossociais promovidos pelo isolamento social do novo coronavírus, versando ainda sobre as perspectivas frente aos agravos na saúde pública. Mediante isto, reitera-se a importância do conhecimento dos enfrentamentos e consequências na saúde integral de todos os cidadãos. Dessa maneira, em retrato da experiência internacional há três grandes estratégias para a ampliação da capacidade de assistência dos casos positivos e o controle desta curva. São eles: o aumento da testagem dos casos considerados suspeitos com uma rápida entrega dos resultados; o reconhecimento dos comunicadores da doença com isolamento domiciliar imediato; o investimento na proteção dos profissionais da saúde, como também no deslocamento destes profissionais à assistência, implementação de condutas de controle comunitário e monitoramento. Ademais, frente à relevância do tema e por se tratar de uma questão de saúde pública, esse estudo estimula a idealização de novas pesquisas durante e pós-pandemia, que versem sobre os aspectos psicológicos, sociais e físicos dos indivíduos que vivenciaram esse momento desafiador, e posteriormente demonstrar as novas estratégias e inovações pós-pandemia.

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[1] Graduando em Fisioterapia.

[2] Graduando em Psicologia.

[3] Graduanda em Enfermagem.

[4] Graduando em Fisioterapia.

[5] Bacharelanda em enfermagem.

[6] Orientadora. Doutora em Saúde Materno-Infantil.

Enviado: Novembro, 2020.

Aprovado: Maio, 2021.

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