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Ergonomia e fisiologia ocupacional: uma abordagem multiprofissional do trabalho

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

NUNES,  Antônio José Ribeiro [1]

NUNES,  Antônio José Ribeiro. Ergonomia e fisiologia ocupacional: uma abordagem multiprofissional do trabalho. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 06, Vol. 03, pp. 179-190. Junho de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/abordagem-multiprofissional

RESUMO

Na ergonomia, as abordagens, perspectivas e finalidades em relação ao trabalho se apresentam a partir de uma natureza multiprofissional, na medida em que abrange disciplinas que trazem contribuições para a ergonomia em sua aplicação na realidade do trabalho, com melhoria das condições operacionais, remanejamento, reforma e aplicação de projetos ergonômicos. A problemática de pesquisa apresenta a seguinte indagação: Quais as abordagens multiprofissionais usadas no contexto da ergonomia nas empresas para reduzir o dano fisiológico e biomecânico no ambiente de trabalho? O objetivo deste artigo é identificar na ergonomia e fisiologia ocupacional as abordagens, perspectivas e finalidades em relação ao trabalho de natureza multiprofissional. Pretendeu-se demonstrar o conceito de ergonomia nas relações de trabalho; indicar a natureza interdisciplinar e multiprofissional na ergonomia; apontar os aspectos biomecânicos e fisiológicos no contexto da ergonomia organizacional. Os pressupostos do estudo apontam que a aplicação da ergonomia e suas abordagens, se faz necessária nas organizações na criação de projetos em ambientes tecnológicos onde as atividades repetitivas geram doenças ocupacionais, exigindo mecanismos de prevenção através da criação de projetos ergonômicos voltados a natureza do trabalho em situações que exigem ação corretiva. A partir do uso de métodos e etapas, a ergonomia permite uma nova percepção do funcionamento de uma empresa, a partir da compreensão do trabalho realizado para conceber as situações laborais em que os trabalhadores têm domínio sobre equilíbrio físico, mental e psíquico e para uma melhoria do sistema. Para responder aos objetivos do estudo e à problemática apontada, optou-se por realizar uma pesquisa bibliográfica com base em fundamentos teóricos de autores. Os resultados demonstraram que a ergonomia trata da transformação do ambiente de trabalho para a adaptação biomecânica e fisiológica ao tipo de atividade laboral. Portanto, deve fazer parte da cultura das empresas, favorecendo as transformações a partir da inserção de projetos ergonômicos para a otimização do trabalho humano, qualidade e produtividade em ambiente seguro e saudável. Quanto aos aspectos biomecânicos e fisiológicos da ergonomia organizacional, existe a necessidade de avaliar a dinâmica postural do corpo humano e sua relação direta com a carga de trabalho e adequação eficiente para evitar doenças.

Palavras-chave: Ergonomia, Fisiologia ocupacional, Aspectos biomecânicos, Doenças ocupacionais, Projetos ergonômicos.

1. INTRODUÇÃO

A Ergonomia se relaciona ao estudo das relações de trabalho, considerando a biomecânica e a fisiologia do trabalho nas condições ambientais entre os trabalhadores e seus equipamentos de produção de forma interdisciplinar e multiprofissional.

O papel da ergonomia é desenvolver estudos científicos que tem como objetivo adaptar o trabalho aos mecanismos que favorecem a segurança e a saúde física, por meio de métodos tecnológicos, uso de antropometria, fisioterapia do trabalho e o desenho industrial (CABRAL, 2021).

A Fisiologia do Trabalho se define como uma disciplina interdisciplinar associada aos processos adaptativos na realização de atividades laborais que exigem esforço físico de ordem motora, caracterizado por carga de trabalho (wordload) em cada atividade laboral e de mecanismos de controle de riscos para doenças ocupacionais como estresse, lombalgia, Lesão por Esforço Repetitivo – LER e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) (SILVA FILHO, 2019).

A problemática de pesquisa apresenta a seguinte indagação: Quais as abordagens multiprofissionais usadas no contexto da ergonomia nas empresas/indústrias para reduzir o mal-estar fisiológico e biomecânico no ambiente de trabalho?

Os pressupostos do estudo apontam que a aplicação da ergonomia e suas diferentes abordagens, se faz necessária em todas as organizações na criação de projetos industriais e em ambientes tecnológicos em que as atividades repetitivas geram doenças ocupacionais, exigindo mecanismos de prevenção através da criação de projetos ergonômicos voltados para a natureza do trabalho em situações que exigem ação corretiva nas funções existentes. A partir do uso de métodos e etapas, a ergonomia permite uma nova percepção do funcionamento de uma empresa, a partir da compreensão do trabalho realizado para conceber as situações laborais em que os trabalhadores têm domínio sobre equilíbrio físico, mental e psíquico e para uma melhoria do sistema.

O objetivo deste artigo é identificar na ergonomia as abordagens, perspectivas e finalidades em relação ao trabalho em uma natureza multiprofissional. Pretendeu-se demonstrar o conceito de ergonomia nas relações de trabalho; indicar a natureza interdisciplinar e multiprofissional na ergonomia; apontar os aspectos biomecânicos e fisiológicos no contexto da ergonomia organizacional.

Para responder aos objetivos do estudo e à problemática apontada, optou-se por realizar uma pesquisa bibliográfica com base em fundamentos teóricos de autores renomados que tratam do tema.

Justifica-se a importância social do estudo com base nas diretrizes da NR-17/1978, que estabelece as orientações de segurança ergonômica, criada pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social, que também dispõe de diretrizes sobre o uso de máquinas e equipamentos pesados, jornada de trabalho e condições ambientais, cujo o conhecimento desta norma poderá influenciar uma mudança de posturas nas organizações diante do conhecimento das formas alternativas e dos princípios de ergonomia para reduzir o esforço e o desconforto em situações de trabalho.

Em termos de ergonomia e fisiologia do trabalho, além da NR-17/1978 que trata de diretrizes acerca dos mobiliários de postos de trabalho, grande parte das normas regulamentadoras de segurança do trabalho, determinam a necessidade de promoção de adequações ergonômicas a fim de promover o bem-estar e a dinâmica motivacional no próprio ambiente de trabalho.

A relevância acadêmica é dimensionar os aspectos ergonômicos, nas atividades laborais que exigem o uso de máquinas e equipamentos que requerem do trabalhador postura adequada e longas horas à frente deles, realizando movimentos repetitivos têm causado condições para o desenvolvimento de doenças ocupacionais, levando-se em consideração que esses fatores ambientais podem prejudicar a saúde do trabalhador em seu labor. Portanto, o campo da ergonomia no trabalho se abre para futuros profissionais que poderão realizar projetos e pareceres técnicos contendo a apreciação ergonômica.

Desta forma, as empresas poderão implementar condições de projetar um consistente plano de ação para adequar as situações de trabalho mais saudáveis, sem riscos nos aspectos físicos, psicológicos e posturais, a partir da apreciação dos riscos ergonômicos.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 CONCEITO DE ERGONOMIA NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

O conceito básico de ergonomia na fase inicial dos estudos científicos se definiu como uma investigação do relacionamento entre as atividades do trabalho e o homem, a partir do ambiente e dos equipamentos, para a determinação de análises de conformação ou desconforto anatômico, fisiológico e psíquico.

Pinheiro e França (2018), analisam que a ergonomia é uma ciência multidisciplinar que tem favorecido a qualidade de vida no trabalho em termos de condições ambientais, a partir da análise das atividades desenvolvidas pelo homem para realizar tarefas que são prescritas pela organização numa determinada situação de trabalho.

Silva (2019), avalia que nas últimas décadas, a ergonomia se tornou uma ciência mais conhecida devido a necessidade de buscar melhorias para a promoção de saúde ocupacional, abrangendo estudos multidisciplinares voltados para a biomecânica no trabalho, a partir das tarefas e os problemas decorrentes da adaptação ao ambiente laboral.

Na ergonomia, a estrutura dos processos produtivos se constitui o foco central, partindo da análise das propriedades biomecânicas e fisiológicas que o trabalho impõe aos trabalhadores em termos de mobilidade, articulação de forças musculares, as quais dependem da limitação de cargas e da postura corporal, a fim de evitar doenças ocupacionais de ordem osteomuscular (SILVA FILHO, 2019).

A saúde e segurança do trabalho dependem de uma abordagem ergonômica no sentido de evitar lesões causadas por esforços determinados por um nível de atuação da coluna vertebral nas atividades laborais. As doenças ocupacionais de natureza osteomuscular são decorrentes do levantamento de carga, sustentação ou transporte de cargas sem um projeto ergonômico para prevenir o manuseio errado das cargas pesadas (CABRAL, 2021).

Neste período foram classificados os tipos de riscos ergonômicos produzidos pelo trabalho em condições inadequadas como o trabalho noturno, operações que envolvem movimentos repetitivos, esforços e peso, posturas inadequadas e situações de ritmo de trabalho e outros agentes físicos que possam causar estresse e doenças ocupacionais (REIS; MORO, 2014).

Segundo Másculo e Vidal (2011, p. 98)

A ergonomia contemporânea tem como foco na análise a ruptura com o modelo comportamentalista, pois tendem a manter critérios que rompem com o antigo paradigma behaviorista, para uma visão social do trabalhador como componente ativo das sociedades sociotécnicas. Nessa perspectiva, a ergonomia tem como eixo de ação: Os objetivos da tarefa, as características individuais e as condições de execução como fatores determinantes para a análise das condições ergonômicas do trabalho, assim como os fatores consequentes que implicam na saúde do trabalhador, produtividade do trabalho e qualidade do processo.

Sob esse ponto de vista, parte-se de estudos referentes a processos de ordem adaptativa que envolvem condições laborais em sistemas sociotécnicos. Silva Filho (2019) avalia que na formação do sistema sociotécnico existem subsistemas que são representados pelo sistema técnico, social e gerencial.

O surgimento do sistema sociotécnico é um exemplo de abordagem do trabalho que implementa ordenadamente todo um processo de entrada, processamento e saídas, cujo processo envolve a transformação das matérias primas, o uso de energia, de comunicação e informação e recursos humanos e materiais, os quais determinam fatores estressores por se tratar de locais de trabalho extremos, que se refletem diretamente no comportamento do trabalhador. (SILVA FILHO, 2019).

Deste modo, as atividades laborais são estudadas e analisadas sob cinco áreas com enfoques ergonômicos: A primeira se relaciona ao processo de organização do trabalho pesado e das situações de planejamento no sistema de trabalho; a segunda trata de questões de biomecânica em relação ao trabalho e a avaliação dos tipos de ferramentas; a terceira enfoca as adequações ergonômicas para os postos de trabalhos diversificados; a quarta área tem como eixo a avaliação e prevenção da fadiga nas atividades ocupacionais, propondo regras e orientações para a sobrecarga de trabalho e a quinta área atua diretamente com as ações de prevenção de erros humanos nas atividades laborais (STANTON, 2016).

2.2 CLASSIFICAÇÃO E FUNÇÃO DA ERGONOMIA NO AMBIENTE DE TRABALHO SOB UMA ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL

A ergonomia pode ser considerada como um conjunto de conhecimentos interdisciplinares que envolve outras ciências (fisiologia, psicologia, ortopedia e outros). Desta forma a ergonomia tem muitas funções, por exemplo: a de correção, cujo objetivo é melhorar as situações de trabalho existentes (STANTON, 2016).

Neste contexto, a ergonomia quanto à abordagem está voltada para o produto e o processo de produção, tratando dos conhecimentos sobre os esforços biomecânicos e fisiológicos realizados pelos trabalhadores em atividades laborais.

Gonçalves (2015), avalia que na ergonomia existe a classificação sob o ponto de vista da abordagem, da perspectiva e da finalidade. Sob a abordagem, a ergonomia tem a função de desenvolver análises ergonômicas sobre como poderá ser melhorada a qualidade postural ou biomecânica do trabalhador nas atividades realizadas para evitar acidentes e doenças ocupacionais como LER/DORT, lombalgias, tendinites etc.

A classificação da ergonomia sob o enfoque da abordagem, da perspectiva e da finalidade e suas subdivisões: Neste aspecto, trata-se da análise em relação à produção e aos sistemas que determinam as tarefas. A ergonomia do produto se constituiu em um tipo de pesquisa que motivou vários estudos de ergonomistas que tinham como foco a produção de instrumentos, ferramentas e mobiliários com design ergonômico (GONÇALVES, 2015).

Conforme Stanton (2016), o designer industrial teve grande avanço baseado nos fundamentos biomecânicos e fisiológicos do corpo humano nas atividades laborais. Enquanto ao enfoque da Perspectiva, a Ergonomia tem como função a análise de como desenvolver procedimentos e intervenções sobre a realidade do trabalho.

Quanto ao enfoque da Finalidade, a Ergonomia se subdivide em Ergonomia de Correção, Enquadramento, Remanejamento e Ergonomia de Modernização.

Figura 1: Ergonomia: abordagem, perspectiva e finalidade

Ergonomia abordagem, perspectiva e finalidade

Na perspectiva, os estudos científicos abrangem a dimensão ergonômica na tecnologia do trabalho, tendo-se os procedimentos científicos a partir da Ergonomia de Intervenção que tem a função de estabelecer parâmetros para melhorar numa ampla perspectiva, a prevenção de riscos de trabalho e das doenças e suas manifestações. Sob esse aspecto, o ambiente de trabalho deverá implicar em projetos de mudanças para eliminar a penosidade e os riscos das atividades laborais, tornando o ambiente mais produtivo e satisfatório (STANTON, 2016).

A perspectiva da Ergonomia de Concepção tem como objeto de estudo as reações a impulsos psicológicos diante de estímulos ambientais do trabalho, a exemplo de ruídos, cores e vibrações.

Conforme Silva Filho (2019, p. 66):

O ser humano é extremamente sensível ao meio ambiente, captando suas energias através dos sentidos.  Neste sentido, é reconhecido o poder de influência das cores, da música e dos ruídos no ambiente de trabalho, assim como as determinadas sensações de quente ou frio, de harmonia e ativação mental; os efeitos da música no trabalho e as consequências dos ruídos para a saúde no ambiente de trabalho.

Diante do reconhecimento da sensibilidade do ser humano ao meio externo, vários estudos se realizaram no campo da ergonomia de concepção que trouxe inovações em termos de projetos nos postos de trabalho tecnológicos, das ferramentas, das máquinas e do sistema de produção (SILVA FILHO, 2019).

Conforme Silva Filho (2019), a ergonomia de concepção pode também se preocupar com os meios de produção e os componentes do trabalho ou com o produto, se preocupando em conceber o projeto ideal a ser fabricado para garantir a segurança aos trabalhadores, tendo em vista os dados ergonômicos correspondentes à população de usuários.

A Ergonomia da Correção que tem como eixo a realização de medidas de solução para problemas ergonômicos tendo como foco a prevenção, aplica-se aos conhecimentos das atividades penosas para a modificação das situações de trabalho cansativas e que possam produzir riscos à saúde (STANTON, 2016).

Desta forma, a dinâmica da ergonomia de correção se refere aos estudos de planejamento dentro das empresas para corrigir as falhas que geram fatores estressores no ambiente de trabalho. Por meio de um projetista no campo da ergonomia se apresentam as condições de projetar um plano de ação ergonômica para adequar as situações de trabalho, a um ambiente mais saudável, sem riscos nos aspectos físicos, psicológicos e posturais, a partir da apreciação dos riscos ergonômicos a que estão sujeitos os trabalhadores (REIS; MORO, 2014).

Em relação à finalidade da ergonomia, tem-se como resultado os processos voltados para a Ergonomia de Enquadramento, que tem a função de identificar à execução de normas e regras de aplicação de prevenção, com base em padronização para cada tipo de atividade produtiva (GONÇALVES, 2015).

Conforme Gonçalves (2015), na Ergonomia de Remanejamento a função é produzir ações que possam contribuir para mudanças nos padrões já existentes para a aplicação de medidas corretivas. E a Ergonomia de Modernização tem meta nas mudanças da base técnica do processo de produção, a fim de favorecer a Qualidade de Vida no Trabalho – QVT.

A ergonomia da modernização está associada a uma forma de remanejamento decorrente de mudanças no processo de produtivo, tratando-se da análise de um projeto de modernização nas empresas o que implica em reforma com a finalidade de aplicar mecanismos de adequação do ambiente para a realização das atividades laborais (GONÇALVES, 2015).

Silva Filho (2019), considera que atualmente se compreende as subdivisões da ergonomia, a partir de uma dimensão voltada para um enfoque macroergonômico representado pela estruturação de enfoques voltados para os sistemas sociotécnicos representados pelas empresas, as pessoas e o ambiente tecnológico.

Considera Silva Filho (2019), que a ergonomia tem seu interesse voltado para a aplicação do conhecimento que se tem a respeito das pessoas e das organizações para o desenvolvimento e implementação de projetos usando a tecnologia. As novas realidades de trabalho caracterizam-se pela rápida difusão de computadores e sistemas de telecomunicação, que produzem novas expectativas de trabalho e de vida.

Com base em adequações ergonômicas, tem-se, atualmente a produção de teclados, monitores, mesas, cadeiras, e outros equipamentos com base em princípios ergonômicos para não forçar os tendões das mãos, coluna vertebral, visão e outros permitindo ao trabalhador desenvolver suas funções no ambiente de trabalho com menos esforço físico (SILVA FILHO, 2019).

Cabral(2021), avalia que todas as abordagens, perspectivas e finalidades da ergonomia formam um conjunto de medidas dedicadas à implementação de melhorias voltadas ao ambiente organizacional, baseada nos diversos usos da tecnologia e da saúde do trabalhador.

Nesse aspecto, a Ergonomia Contemporânea atualmente é classificada em três enfoques: Intervenção ergonômica, macroergonomia e antropotecnologia, os quais são aplicados ao campo da ergonomia voltados para a ergonomia física, organizacional e cognitiva Silva Filho (2019). Nesse contexto, os três enfoques integram o conjunto de ações de proteção ao trabalho em relação à saúde física, mental e psicológica, quanto à melhoria biomecânica através do uso de conhecimentos para a melhoria da conformidade corporal com os equipamentos, ferramentas tecnológicas e mobiliários com a finalidade de reduzir os níveis de doenças ocupacionais e riscos de acidentes.

3. CONCLUSÃO

Sob a perspectiva da seguinte questão norteadora: Quais as abordagens multiprofissionais usadas no contexto da ergonomia nas empresas/indústrias para reduzir o mal-estar fisiológico e biomecânico no ambiente de trabalho?  Este artigo teve como objetivo identificar na ergonomia as abordagens, perspectivas e finalidades em relação ao trabalho de natureza multiprofissional e apontar os aspectos biomecânicos e fisiológicos no contexto organizacional.

O estudo permitiu ainda identificar relação com outras disciplinas que trazem grandes contribuições para a ergonomia em sua aplicação na realidade do trabalho em nível de melhoria das condições ambientais, remanejamento, reforma e aplicação de projetos ergonômicos em empresas.

Tanto a ergonomia, como a fisiologia do trabalho tem favorecido uma visão mais global dos processos que exigem uma percepção de natureza interdisciplinar e multiprofissional diante da complexidade dos riscos envolvendo as atividades produtivas. De modo que a partir da ergonomia e da fisiologia do trabalho se pode avaliar as características ocupacionais que envolvem empregos que exigem levantamento de peso além da capacidade física do indivíduo ou trabalho em posições inadequadas.

Nesse aspecto, a ergonomia trata da transformação do ambiente de trabalho para a adaptação biomecânica e fisiológica ao tipo de atividade laboral. E, portanto, deve fazer parte da cultura das empresas, favorecendo as transformações nas empresas a partir da inserção de projetos ergonômicos para a otimização do trabalho humano, qualidade e produtividade em um ambiente seguro e saudável.

Quanto aos aspectos biomecânicos e fisiológicos no contexto da ergonomia organizacional existe a necessidade de avaliar a dinâmica postural do corpo humano e sua relação direta com a carga de trabalho, o levantamento de pesos e a adequação eficiente para evitar doenças osteomusculares.

As doenças ocupacionais constituem em um problema de grande proporção mundial e afeta milhares de pessoas economicamente ativa porque interfere na vida das pessoas e exigem formas preventivas e de tratamento.

A má postura do trabalhador durante as atividades laborais, pode causar dores lombares e outros males afetando a coluna cervical. A aplicação de medidas ergonômicas ergonomia se reflete na proteção contra acidentes de trabalho, causados pelo cansaço físico, bem como de doenças ocupacionais.

A contribuição de natureza interdisciplinar e multiprofissional da ergonomia, a partir de conhecimentos das disciplinas de biomecânica do trabalho, fisiologia do trabalho e outras áreas favorece os princípios e conhecimentos adquiridos para a criação de ambientes qualitativos e nas condições fisiológicas necessárias para a prevenção de acidentes de trabalho.

A ergonomia está associada a técnicas que aplicam conhecimentos para melhorar a postura no trabalho através da implementação de equipamentos e mobiliários que possam favorecer o contato entre o homem e a máquina sem prejuízos à saúde e qualidade de vida.

REFERÊNCIAS

CABRAL, Lenz Alberto Alves. Ergonomia integral – Adaptação do trabalho à pessoa (no singular). 1. ed. São Paulo: Jh Mizuno, 2021.

GONÇALVES, Shirley Belém. Validação ergonômica, situada e multiprofissional do brinquedo educativo: Estudo do caso do LOPU. 245f. Dissertação de Mestrado (Engenharia de Produção) – Universidade Federal da Paraíba – UFPB, João Pessoa, 2015.

MÁSCULO, Francisco Soares; VIDAL, Mario Cesar. Ergonomia – Trabalho adequado e eficiente. 1. ed. São Paulo: GEN LTC, 2011.

NR-17. Norma Regulamentadora nº 17 – Governo Federal. 2020. Atualizado. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/norma-regulamentadora-no-17-nr-17#:~:text=Caracterizada%20como%20Norma%20Geral%20pela,%C3%A0s%20caracter%C3%ADsticas%20psicofisiol%C3%B3gicas%20dos%20trabalhadores. Acesso em: 03 mar. 2022.

PINHEIRO, Ana Karla; FRANÇA, Maria Beatriz Araújo. Ergonomia aplicada à anatomia e à fisiologia do trabalhador. 1. ed. São Paulo: Editora AB, 2018.

REIS, Pedro Ferreira; MORO, Antônio Renato Pereira. Risco ergonômico do trabalho repetitivo. 1. ed. São Paulo: Paco Editorial, 2014.

SILVA, Alexandre Pinto da. Ergonomia – Interpretando a Nr-17. 1. ed. São Paulo: LTr, 2019.

COSTA, Vando Rodrigues. Nr 17 – Ergonomia. 1. ed. São Paulo: Viena, 2019.

STANTON, Neville. Manual de fatores humanos e métodos ergonômicos. 1. ed. São Paulo: Phorte, 2016.

[1] Pós-Graduado em Auditoria, Gestão e Perícia Ambiental, Pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho, Especialista em Recursos Minerais – Engenheiro de Minas. ORCID: 0000-0003-0973-939X.

Enviado: Maio, 2022.

Aprovado: Junho, 2022.

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Antônio José Ribeiro Nunes

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