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Vítimas De Um Incêndio No Bairro Educandos: Percepções E Significados Atribuídos

RC: 83331
230
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/significados-atribuidos

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

CARVALHO, David Vieira de [1], BELÉM, Hannah Beatriz Barnabé [2], SARMENTO, Wanderlany Soares de Oliveira [3], SOUZA, Julio César Pinto de [4]

CARVALHO, David Vieira de. Et al. Vítimas De Um Incêndio No Bairro Educandos: Percepções E Significados Atribuídos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 04, Vol. 10, pp. 168-186. Abril de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/significados-atribuidos, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/significados-atribuidos

RESUMO

Nos últimos anos tem-se verificado uma série de tragédias e emergências na cidade de Manaus, no ambiente urbano. O ultimo desastre ocorreu no bairro Educandos, quando mais de 600 casas foram destruídas em um incêndio, deixando mais de 1500 pessoas desabrigadas. Esta pesquisa teve como objetivo compreender a percepção das vítimas do incêndio do bairro Educandos, na cidade de Manaus quanto ao desastre ocorrido. Esta pesquisa teve uma abordagem qualitativa, caráter descritivo e de campo, sendo utilizada uma entrevista para obtenção dos dados. Nos resultados da pesquisa pode-se perceber que questões como apego ao lugar, sentimento de pertencimento e questões identitárias surgiram com grande frequência para as vítimas do incêndio. Entende-se que se fazem necessários estudos com multi perspectivas a fim de entender como essas vítimas lidam com o luto advindo da perda do seu lugar de residência, assim como as condições de vulnerabilidade.

Palavras-chaves: incêndio, desastres, vítima, Manaus.

1. INTRODUÇÃO

No dia 17 de dezembro de 2018, aproximadamente às 21 horas, deu início a um incêndio de grandes proporções no bairro Educandos localizado na zona sul da cidade de Manaus. Não houve vítimas fatais, porém aproximadamente 600 residências foram completamente devastadas pelo fogo. Durante o acolhimento em espaços improvisados, próximo do local, os moradores acolhidos relataram ter perdido tudo, demonstrando grande tristeza não somente pela perda material, mas também a destruição do seu ambiente de moradia e tudo que construíram durante anos de suas vidas.

Um dia após o incêndio, vários psicólogos e acadêmicos finalistas de psicologia foram convocados pelo Conselho Regional de Psicologia/20ª Região para ajudar os atingidos pelo incêndio a fim de amenizar o sofrimento. No momento do acolhimento verificou-se o quanto as famílias estavam abaladas e desorientadas, surgindo reações emocionais e luto pelas perdas irreparáveis.

Em face dessa problemática, e na intenção de nortear esse trabalho, foi estabelecido como objetivo geral desta pesquisa compreender a percepção das vítimas do incêndio do bairro Educandos, na cidade de Manaus, quanto ao desastre ocorrido. Os resultados obtidos por esta pesquisa viabilizam a apresentação das percepções dessas vítimas em relação ao desastre que vivenciaram, observando questões como apego ao lugar, sentimento de pertencimento e questões identitárias, sobre como estão lidando com o luto advindo da perda do seu lugar de residência, assim como com o sentimento e condições de vulnerabilidade.

2. PERCURSO METODOLÓGICO

Esta pesquisa teve uma abordagem qualitativa, caráter descritivo e de campo, sendo utilizado como instrumento de pesquisa a entrevista semiestruturada elaborado a partir das necessidades de se entender a percepção das vítimas do incêndio em relação a sua situação de vulnerabilidade, luto e emergência.

Após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética, conforme Parecer nº 3.589.905, de 20 de setembro de 2019, foi realizado o contato com algumas vitimas do incêndio que ainda se encontravam em abrigos, por não terem local para ir. A coleta de dados foi realizada na ultima semana de setembro de 2019. Para a análise dos dados obtidos foi utilizada a análise do conteúdo (BARDIN, 2011) a partir das respostas oferecidas pelos participantes. A amostragem foi por acessibilidade, tendo uma amostra estipulada em 12 pessoas de famílias distintas.

Por se tratar de uma pesquisa com seres humanos foram seguidos todos os procedimentos estabelecidos na Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho nacional de Saúde. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e esclarecido (TCLE). A fim de manter a confidencialidade dos participantes, quando mencionados no trabalho, seus nomes foram substituídos por códigos alfanuméricos, iniciando com a letra “R” e sequenciado por um numero de 1 a 12.

3. RESULTADO E DISCUSSÃO

No que tange a análise e discussão dos resultados obtidos, foram construídas sete categorias a partir das perguntas feitas para os participantes da pesquisa.  As categorias estabelecidas foram: a. As perdas que causaram maior sofrimento; b. A representação do incêndio para as vitimas; c. Prioridade estabelecida durante o incêndio; d. Forma de lidar com o pós-desastre; e. Perspectivas para o futuro; e f. A contribuição da psicologia no acolhimento as vitimas. A seguir serão discutidas cada uma das categorias.

3.1 AS PERDAS QUE CAUSARAM MAIOR SOFRIMENTO

Nesta categoria buscou-se identificar as perdas que causaram maior sofrimento aos participantes. A partir da analise das respostas obtiveram-se as subcategorias: moradia e animais de estimação, as quais serão apresentadas a seguir.

3.1.1 MORADIA

Considera-se esperado o sofrimento pela perda da moradia, pois é o espaço físico onde o individuo encontra descanso e acolhe a sua família. Muitas vezes essa moradia foi construída com sacrifício e trabalho. Alguns participantes alegam que perderam tudo, pois sua residência era o único bem que possuía. Esta subcategoria foi levantada na resposta de dez participantes, destacando-se os trechos da fala do participante R8 quando afirma que “A maior perda foi minha casa.” e do participante R11 quando comenta que “Assim, a minha maior perda foi perder a minha casa né”. A moradia oferece ao individuo uma identidade e um sentimento de pertencimento a um grupo social. Quanto à moradia, Fernandes (2004, p. 77) cometa que “o ambiente físico e o espaço construído e habitado seriam uma espécie de sustentação da memoria que, em parte, estabelece quem somos e de onde viemos.” A moradia também oferece segurança que, de acordo com Maslow (2013), é um aspecto importante para atendimento das necessidades do indivíduo. A inexistência de um abrigo ou lugar para morar, desperta no individuo a busca pela proteção diante de ameaças e de privacidade.

Esse receio e sensação de insegurança faz com que boa parte dos participantes tenha como principal perda a moradia, tornando-se um forte componente de sofrimento no contexto dos desastres.

Além de ser um espaço de proteção, à moradia também é lugar de muitos significados para os grupos sociais que são afetados, pois se trata da perda do seu lugar. (CARDOSO; JAENISCH; ARAGÃO, 2017). A ideia da relação do indivíduo e sua moradia é apresentada no trabalho de Lima e Bonfim (2009, p. 495) ao comentarem que “espaços cotidianos […] promovem processos de significação e de identificação das pessoas com estes, como por exemplo, a residência pode ser considerada um lugar, um espaço de referência básica para a construção de um sentido de proteção e de segurança.” Conclui-se, portanto que a moradia é um espaço de pertencimento, sendo que a perda desse espaço pode desencadear um grande sofrimento nas vítimas por todas as representações relacionadas e o apego ao lugar.

Algumas vítimas sentem-se vazias após passar por situações de desastres e perdas significativas, perdendo tudo que construiu durante parte de sua vida, além de adereços e objetos com alto valor sentimental. Esse sentimento de perda foi observado na fala de um dos participantes quando comenta

foi tudo né, praticamente a minha vida inteira que eu passei lá com tudo as minhas coisas que tinha dentro, no meu pensar foi isso, que se acabou tudo, não existe mais, você trabalha durante anos e anos e num dia em 30, 40 minutos não existe mais nada, tudo se acaba, não existe mais nada, pra mim foi uma perda muito grande porque tudo o que eu tinha ali acabou-se em questão de segundos (R12)

O uso da expressão “perder tudo” demonstra o sofrimento da vítima que vive uma experiência traumática que deve perdurar por algum tempo após o desastre, vivendo um luto pela perda material e simbólica. As vítimas do incêndio sobreviveram ao desastre e como membros desse grupo viveram uma forte experiência de transição psicossocial, a partir da quebra de seu mundo presumido e pela forçosa necessidade de responder às demandas do cotidiano (FRANCO, 2012).

Ainda sobre os aspectos relacionados às perdas significativas diante dessas situações desastrosas, Valencio (2010) comenta que diante de um evento de grandes proporções como os desastres, tudo aquilo que forma a identidade é perdido em instantes, pois a subjetividade é constituída a partir dos papéis desempenhados e nos relacionamentos estabelecidos na comunidade, bem como nas conquistas materiais e emocionais.

3.1.2 ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

Esta subcategoria foi identificada na fala de dois participantes, sendo importante destacar que os animais de estimação são cada vez mais encontrados no âmbito familiar, integrados a família como membros daquele grupo, pois a eles é atribuído e sentimento de estima. Percebe-se o sofrimento pela perda do participante R2 quando diz “meus bichos, cachorro, minhas galinhas que eu tanto gostava de cuidar.” Fica evidente que sua preocupação maior foi com os animais que possuía, deixando a questão dos bens materiais em segundo plano. O vinculo emocional criado entre o dono e seu animal de estimação pode ser muito mais forte que a própria relação do individuo com parentes e amigos. No trecho da fala do participante R5 quando afirma “perdi duas gatas que eram meu xodó.”, verifica-se essa ligação emocional e a dor da participante ao relembrar a perda. De acordo com Pessanha e Carvalho (2014) a morte do animal é uma situação traumática, que provoca sofrimento humano no qual o luto decorrente é considerado legítimo, assim como as dificuldades em superar as perdas devem ser encaradas e consideradas de forma legítima. Ainda sobre o luto, Franco (2012, p. 56) comenta que “ninguém permanece o mesmo após viver um luto, e essa transformação é ampla e profunda, muito mais do que uma experiência dolorosa em uma dada medida normal e suportável.”

A partir desses relatos é possível afirmar que as pessoas possuem um vinculo afetivo com os animais de estimação e o sofrimento dessas pessoas não pode ser menosprezado por estarem associados a animais, pois o vinculo afetivo existente entre o homem contemporâneo e seu animal de estimação apresenta um sentimento como o existente entre duas pessoas.  Portanto, o luto pela perda desses animais pode ser equiparado com a perda de entes queridos.

3.2 REPRESENTAÇÃO DO INCÊNDIO PARA AS VÍTIMAS

Nesta categoria, buscou-se conhecer a representação que o incêndio teve sobre as vítimas/sobreviventes do incêndio. Após coletadas e analisadas as respostas dos indivíduos foi levantada a subcategoria tristeza/ desesperança a qual será discutida a seguir.

3.2.1 TRISTEZA/ DESESPERANÇA

A categoria foi identificada na fala de todos os participantes. A tristeza e a desesperança são sentimentos esperados em uma situação de desastre. Encontra-se o sentimento de tristeza na fala do participante R3 quando comenta “Muita tristeza, quando olho pra trás e lembro de como foi aquele dia.”, percebendo-se que o participante ainda se mantem em uma fase de sofrimento pelo ocorrido. Na fala do participante R7 quando diz “o incêndio acabou com minhas esperanças, minha vida, eu tinha tudo na minha casa, nada sobrou.”, percebe-se certa desesperança, o que pode prejudicar na recuperação psicossocial do individuo e da família. Pode-se considerar que a tristeza como algo esperado nessas situações, pois é comum diante de tantas perdas advindas de um evento, a tristeza relacionar-se à experiência da perda, denominado luto intenso, e tem uma tendência a diminuir após algumas semanas ou poucos meses (DALGALARRONDO, 2019).

Durante as entrevistas, identificou-se na fala dos participantes, uma entonação de voz de sofrimento, em face da desestruturação psíquica em que se encontravam. A preocupação no pós-desastre deve ser trabalhar esse sofrimento para que não evolua para um transtorno psiquiátrico. Segundo Rodrigues (2010, p.219) “se os eventos aversivos incontroláveis são atribuídos a uma causa que afeta vários setores da atividade da pessoa, isto é, se a causa possui a dimensão de globalidade, […] a depressão que se seguirá terá a característica de ser abrangente.”  Quanto ao sofrimento, Weintraub et al. (2015) comentam que grande parte das demandas padecera de sofrimento intenso, mas encontrará apoio em suas estratégias comunitárias e cotidianas. Ainda segundo os autores haverá casos em que precisarão até mesmo de uma intervenção médico-farmacológica especifica. Com isso entende-se que muitas das vezes não é apenas uma simples tristeza, mas casos em que necessitam de uma intervenção multidisciplinar para ajudar nesse sofrimento.

Diante do que foi analisado, conclui-se que a tristeza, apesar de comum em relação a desastres, deve ser acompanhada, pois tomando um caráter psicopatológico, pode prejudicar as vítimas/sobreviventes, e tal olhar deve ser inferido pelos profissionais de saúde mental.

Durante as entrevistas observou-se ainda outras representações dos participantes para o incêndio, conforme veremos abaixo.

3.2.2 UNIÃO FAMILIAR

Em determinado momento da fala, o participante R.6 comentou que o incêndio fez com que “Esse incêndio veio pra unir as famílias, minha família se uniu e fortaleceu muito.” Em sua fala, o participante destaca a união e o fortalecimento da família a partir do incêndio. Essa união entre os próximos, durante momentos de dificuldade, é uma forma de proteção a essa a situação calamitosa.

Uma estratégia que parece ajudar as pessoas a se adaptarem emocional e fisicamente a um estressor é procurar apoio emocional de outras pessoas. (…) O apoio social positivo pode ajudar as pessoas a melhor se adaptarem emocionalmente ao estresse por leva-las a evitar ruminação sobre o estressor). A ruminação implica nos isolarmos para pensar sobre o quanto nos sentimos mal, preocuparmo-nos com as consequências da situação estressante ou de nosso estado emocional ou conversar repetidamente sobre o quão ruim são as coisas sem tomar qualquer atitude para mudá-las. (NOLEN-HOEKSEMA et al., 2002, p. 531-532).

Sabe-se que o suporte familiar é o principal meio de recuperação de pessoas adoecidas. Nos casos de desastres e calamidades, a presença de familiares pode criar um grupo que se sustenta psicologicamente e economicamente, amenizando assim os impactos do evento.

3.2.3 PERDA

O sentimento de perda remete ao sentimento de vazio, característica encontrada em muitas vítimas de catástrofes e desastres. O participante R.8 comentou, durante a entrevista, que “o incêndio se resumiu em perdas”. Nesses casos o sentimento de luto pela perda do ambiente de moradia e de tudo o que aquela comunidade representava tornou-se um marco na vida dessas pessoas.

As famílias afetadas pelos desastres perdem seus marcos referenciais (bens materiais, a própria casa, ou ainda entes queridos), do espaço de realização da rotina no qual a identidade se afirma e, assim, a sua noção interna de ordem torna-se impraticável no plano da realidade concreta (VALENCIO, 2010, p. 63).

Logo, é compreensivo que o ápice da representação do desastre seja o sentimento de perda e a consequente vivência do luto, seja pela moradia ou pelos bens materiais. O luto significa um sofrimento emocional intenso causado pela perda, uma tristeza profunda, um processo dinâmico, individualizado e multidimensional pelo qual o indivíduo que perdeu algo significativo atravessa (BOUSSO, 2011). O sofrimento pela perda é percebido em todos os participantes, deixando claro o que o incêndio representou para as vítimas, tanto no aspecto material quanto emocional.

3.3 PRIORIDADE ESTABELECIDA DURANTE O INCÊNDIO

Durante um desastre a mente do individuo fica confusa, por vezes, pouco coerente. Por isso, buscou-se saber qual foi à prioridade dada pelos participantes sobre o que fazer logo após o inicio do incêndio. Após coletadas e analisadas as respostas obtiveram-se as seguintes subcategorias: salvar a própria vida e salvar a família.

3.3.1 SALVAR A PRÓPRIA VIDA

O sentimento mais básico do homem é a preservação da vida. No caso do incêndio, onde havia um alto risco de morte, entende-se como esperado o sentimento de preservação da vida. Essa subcategoria pode ser identificada nos trechos das falas do participante R2 que diz: “Me salvar … só então, só tinha eu mesma.” e do participante R 9 quando alega “Salvar minha vida.” Nas situações de risco de morte, as pessoas buscam, por vezes, se salvar, pois seu corpo apresenta reações primitivas quando se encontra em perigo.

De acordo com Tavares e Barbosa (2014, p. 20) “Em estado de temor associado ao desespero, cada fibra do corpo remete a lembranças de alguma experiência anteriormente vivenciada […] há um preparo inconsciente sobre como reagir diante de uma situação amedrontadora ou de desespero, ou ainda de sobrevivência.” Em complemento, Franco (2012, p.55) afirma que “quando se tratam de emergências os desastres, fala-se na importância da sobrevivência física e psíquica dos sujeitos.”

Tendo em vista a análise e discussão acima é possível destacar a relevância em considerar a vida como primordial, mesmo diante de todas as perdas materiais, tanto para as vítimas quanto para os profissionais e equipe atuante do atendimento a estas.

3.3.2 SALVAR A FAMÍLIA

Nos casos de extremo perigo, a autopreservação pode ser deixada de lado em prol dos entes queridos. No caso dos participantes, a preocupação com sua segurança foi direcionada para os seus familiares. Percebe-se bem essa ideia no trecho da fala do participante R3 quando comenta que “Só que minha família ficasse toda bem.” e na fala do participante R4 ao comentar que “salvar minha vida.” Para Prado (2017) a família, mesmo em épocas de crise, apresenta uma grande capacidade de sobrevivência, no qual existe um contexto de segurança e proteção mútua. A família é a célula Mater da sociedade e quando existe perigo, as pessoas buscam salvar-se e salvar aqueles mais próximos. No caso do incêndio as famílias se uniram e buscavam informações e se reencontrar. A busca por informações de parentes que estavam no bairro, onde ocorreu o incêndio, foi muito grande.

3.4 FORMA DE LIDAR COM O PÓS-DESASTRE

Nesta categoria, os impactos psicossociais sofridos pelas vítimas foram estudados a partir da forma como eles lidaram com a realidade pós – desastre e a perspectiva de futuro. Quanto à forma de lidar com o trauma vivido, a partir das respostas dos participantes, foram obtidas as subcategorias que serão analisadas a seguir.

3.4.1 TRABALHO

O trabalho foi o modo que esses participantes encontraram para lidar com o ocorrido, buscando reagir ao desastre. No trecho da fala do participante R1 quando diz “Trabalhando pra poder ter minhas coisas e meu canto.” verifica-se a intenção de lidar com a nova realidade da maneira racional e produtiva a fim de superar a dificuldade gerada pelo incêndio, garantindo a continuidade e recuperação da sua vida e de sua família. Com o mesmo propósito, o participante R10 diz “Eu faço bico pra me manter.” O trabalho pode servir como uma ferramenta de reconstrução da vida de um indivíduo, viabilizando segurança e suprimentos básicos a sobrevivência. Na teoria de Maslow (2013), da Hierarquia de Necessidades, as duas primeiras necessidades do individuo são, respectivamente, as necessidades fisiológicas (as necessidades de comida, água, sono, etc.) e as necessidades de segurança (necessidade de moradia, emprego, recursos e segurança). A atividade laboral é um sustentáculo de esperança e contribuição para que o sofrimento seja substituído por metas estabelecidas, oportunizando ao individuo ter um sentido em sua vida, deixando para trás o desastre ocorrido.

3.4.2 TRISTEZA/ DESÂNIMO

Passar por um evento devastador, como um incêndio, torna-se um evento traumático para a maioria das vítimas. Nolen-Hoeksema et al. (2002, p.510) comentam que “Vítimas de desastres […] ficam aturdidas ou desorientadas logo após o desastre. Mais tarde elas podem ficar mais responsivas, mas ainda terem dificuldade para fazer coisas simples. Elas podem permanecer ansiosas e distraídas durante muito tempo após o desastre.” Na fala dos participantes destacam-se trechos que representam bem a questão do desanimo e tristeza. O participante R3 comenta que “Pensando no que perdi me dá tristeza.”, o participante R4 diz “Me sinto triste […] tem dias que não quero comer, nem consigo dormir, principalmente quando lembro.” E o participante R5 comenta “Quando penso choro e fico muito triste por lembrar o que passou comigo.” Em todos os trechos das falas verifica-se o sentimento de tristeza e confusão, reforçando a questão da tristeza.

A tristeza deixa as vítimas suscetíveis à passividade e incapacidade de dar prosseguimento em suas vidas o que pode desencadear o adoecimento psíquico. Rodrigues (2010, p.219) afirma que “tais pessoas mostram total passividade diante dos problemas que as afligem e não se consideram capazes de afastar a causa desses problemas. O fenômeno de impotência aprendida parece, pois, estar na base dos estados depressivos.”

Partindo dessa discussão é possível destacar os sentimentos de tristeza e desânimo como comuns e característicos de vítimas de eventos traumáticos como ocorre nos desastres, causando um impacto psicológico nas vítimas. Entretanto, os profissionais da saúde devem buscar a mitigação desse sofrimento a fim de não deixar que evolua para um transtorno psiquiátrico.

3.4.3 OTIMISMO/ ACEITAÇÃO

O otimismo é uma forma de enfrentamento nos casos de dificuldades. Verificou-se o otimismo na fala do participante R6 quando comentou que “Hoje eu só fico pensando que a gente vai conseguir.” Frente às dificuldades e aos desafios, manter um pensamento positivo e otimista é salutar para que o pessimismo e desesperança sejam superados. Da mesma forma que o trabalho, o otimismo oferece novas metas e objetivos para o indivíduo. A manutenção de suas atividades laborais e sociais é uma ação que contribui para a recuperação da vida do indivíduo, pois o manterá ativo, atuante e responsável pela própria história. Rodrigues (2010, p. 220) comenta que “As pessoas com estilo atribuicional otimista questionam sua responsabilidade na situação, procuram vê-la como temporária, e não admitem que ela se generalizará a outras situações.”.

A aceitação, de forma similar ao otimismo, também contribui para a superação das dificuldades encontradas nos casos de desastres. A aceitação é o primeiro passo para que o indivíduo perceba a sua realidade, liberando-o para buscar soluções. No trecho da fala do participante R7 quando comentou que “Venho tentando aceitar.”, verifica-se a tentativa de reagir ao evento traumático, entretanto percebe-se ainda que a vítima não se coloca como sujeito ativo e resiliente, mas que está tentando lidar com os medos gerados pelo incêndio e ter algum sentimento de aceitação. Aceitar o ocorrido no desastre demanda em superar todos os medos vividos durante o evento, desta forma, a racionalização do medo no processo de aceitação e superação do desastre é de grande importância.

O medo, para alguns poderá ser um processo de racionalização, de forma a compreender não só para aceitar, como também para suportar os diversos medos. … Neste sentido, a partilha da dor também é uma aliada na conformação da emoção e contribui positivamente para a aceitação e para a superação (TAVARES; BARBOSA, 2014, p. 22).

A aceitação faz parte de uma das etapas do luto que representa a perda ou separação de algo ou alguém, neste caso a perda da moradia e espaço de pertencimento. Pode-se entender que nestes casos os indivíduos ainda estão elaborando esse luto para, na sequencia, buscar uma nova vida.

3.4.4 SOFRIMENTO/HUMILHAÇÃO

Algumas vítimas não conseguiram se recuperar das dificuldades que surgiram com o incêndio, apresentando como óbices o sofrimento e a humilhação infligida pele descaso das autoridades.  No trecho da fala do participante R.12 quando comenta que “até hoje nós estamos sofrendo com isso, tem muitas famílias aí que vivem em péssimas condições”, percebe-se que existem famílias ainda desassistidas pelas autoridades municipais. O participante R.12 ainda diz “não sei até quando a gente vai passar essa humilhação, porque é uma humilhação, humilhação pra tudo, você entra em qualquer órgão desse aí, é desamparado”. A falta de preparação e comprometimento dos órgãos públicos em relação a desastres, por vezes, causa insatisfação e revolta. Atuar no gerenciamento de crises requer preparação e capacitação de profissionais e tal medida deve ser coordenada pelos órgãos da administração publica. A respeito disso entende-se que

a péssima distribuição da riqueza no Brasil, aliada a ausência de serviços governamentais de amparo social aos mais carentes, e aos serviços públicos de saúde e educação em péssimas condições, favorecem um ambiente de risco e vulnerabilidade permanente, e impossibilitam a segurança institucional para que os indivíduos possam responder eficientemente às situações de desastres.  (ALBUQUERQUE, 1997 Apud CARVALHO; BORGES, 2009, p. 5).

Verifica-se, portanto, que questões pertinentes a percepção das vítimas como o sofrimento e humilhação advindos do desamparo estão presentes na realidade e contexto de vida destes.

3.5 PERSPECTIVAS PARA O FUTURO

A perspectiva para o futuro pode ser considerada um desdobramento do impacto psicossocial sofrido pelas vítimas de desastres. Quando abordado sobre a perspectiva de futuro das vítimas obtiveram-se falas direcionadas para a moradia e a ajuda do governo, conforme detalhar-se-á a seguir.

3.5.1 TER UMA MORADIA

A moradia foi à subcategoria encontrada na fala da maior parte dos participantes. É plausível que, na condição em que as vítimas se encontram a prioridade da maioria seja ter uma nova moradia. Entretanto deve-se considerar que a necessidade de moradia não está ligada somente a necessidade de sentir-se seguro, mas também o estabelecimento de um marco que possibilite o reinício de suas vidas. O participante R.5 comentou que “No futuro queria minha casinha, com minhas coisas arrumadas como eu gosto.” Deixando claro seu desejo de ter novamente um local onde possa organizar da forma como deseja, identificando-o como seu lar.

Quando a pessoa constrói sua casa, ela não só cria um ambiente físico, mas também um ambiente psicológico, repleto de significados, que o torna singular (ITTELSON et al., 1974). No trecho da fala do participante R.4 quando diz “Quero meu cantinho, sem precisar de pagar aluguel.” verifica-se uma constatação dessa  preocupação de o indivíduo ter o seu espaço em que possa sentir-se seguro para ele e sua família, pois de acordo com Moser (1998) a moradia é considerada como um dos lugares mais importantes para o indivíduo, pois nela a pessoa irá se desenvolver e constituir família.

Durante a pesquisa percebeu-se que a moradia representa para as vítimas um espaço de pertencimento, ou seja, à moradia torna-se um espaço físico que está correlacionado positivamente com apego ao lugar (LEWICKA, 2005). Entende-se, portanto, que a vida em comunidade e tudo o que consiste nela (inclusive a casa em si) gerou um apego emocional às vítimas, que passaram a considerar o viver em comunidade algo emocionalmente satisfatório. A moradia é muito importante para a inserção social, pois gostar do ambiente onde se mora indica não apenas ligação com o entorno físico, mas também com o entorno social (SOUZA, 2019).

Pode-se questionar o motivo de tal apego, considerando que o espaço onde as vítimas viviam não oferecia boas condições sanitárias e de infraestrutura, tornando o local inapropriado para residir. Todavia, esse sentimento de pertença ao local transpassa a questão de higiene ou condições de infraestrutura urbana alcançando o aspecto sentimental do indivíduo e sua sensação de apego por um local que para muitos seria totalmente inapropriado para morar. De acordo com a pesquisa realizada por Gans (1962 Apud ALVES, 2014) em um cortiço na cidade de Boston verificou-se que os moradores não consideravam sua moradia um lugar fisicamente agradável para se viver, devido à existência de canos partidos e buracos no chão, mas moravam ali por sentir-se apegados ao lugar.

Diante dessa discussão sobre a moradia, conclui-se que o local onde as pessoas vivem tem uma representação simbólica muito importante e por esse peso, passa a ter prioridade enquanto perspectiva futura.

3.5.2 AJUDA DO GOVERNO

Alguns participantes argumentaram ter como perspectiva de futuro o auxilio das autoridades, pois não tinham condições de se reerguer sem essa ajuda. A esperança de ajuda foi identificada na fala do participante R.12 quando comentou “Eu espero uma resposta do governo pra que ajude a gente.” Por vezes o trauma e o estresse são tão intensos que o indivíduo não consegue (ou não pode) se posicionar a respeito do seu próprio futuro.

Desta forma essas vítimas entendem que a sua única saída é esperar que órgãos governamentais, instituições e até mesmo a própria comunidade possa oferecer-lhes uma nova perspectiva de futuro. Com o incêndio milhares de pessoas ficaram desabrigadas e feridas e as autoridades municipais e estaduais mostraram-se pouco atuantes, em face de pouca experiência nos casos de desastres e emergências. Nesses casos de desastres e emergências, faz necessária a criação de parcerias institucionais e o desenvolvimento de políticas públicas que estejam comprometidas com a minimização da alta vulnerabilidade e riscos sociais vividos cotidianamente nas comunidades carentes no Brasil (CARVALHO; BORGES, 2009).

Durante o pós-desastre a comunidade juntou-se para apoiar de diversas formas as vítimas do incêndio, prestando apoio voluntário, doação de alimentos, roupas e remédios, além de contribuições em dinheiro para as famílias desabrigadas. Para Ojeda (2005, Apud OLIVEIRA; MORAIS, 2018) ao ser verificar os danos sofridos pelas vítimas, nos casos de desastres, a comunidade mobiliza-se de forma solidária, promovendo transformações físicas e sociais na comunidade abalada. O apoio prestado pela comunidade manauense às vítimas foi essencial para recuperação dessas famílias que perderam tudo no incêndio. O mesmo autor comenta que esse apoio da comunidade funciona como um “escudo protetor”, possibilitando a metabolização do evento negativo e possibilitando a reconstrução de suas vidas a partir dele.

A partir das questões discutidas, percebeu-se que ter esperança de receber auxílio de alguém ou de algum órgão governamental foi uma das poucas perspectivas que restaram às vítimas desse grande desastre, pois a maioria era carente e com empregos instáveis ou trabalhadores autônomos, necessitando de amparo após a perda. Sem esse apoio, dificilmente as vítimas do incêndio se reergueriam, impactando negativamente no futuro daquelas famílias, surgindo assim um problema social para as autoridades locais.

3.6 A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA NO ACOLHIMENTO AS VITIMAS

Sobre esta categoria, buscou-se verificar se as vítimas receberam atendimento psicológico e suas contribuições, considerando as fases de impacto e pós-impacto do desastre. Quanto à existência de contribuição, destaca-se que as respostas foram contraditórias, pois 5 participantes afirmaram que houve contribuição e 7 alegaram que não houve contribuição quanto ao atendimento recebido.

Entende-se que imediatamente após o incêndio, as vítimas/sobreviventes estavam em condições de extrema vulnerabilidade, sendo mais difícil o atendimento. Entretanto, o psicólogo deve buscar acolher a fim de possibilitar às vítimas na expressão de suas emoções e seus sentimentos negativos que surgem após um evento traumático. Nesta situação o psicólogo deve focar na atuação humanizada, buscando confortar as famílias e reduzir a sensação de insegurança das vítimas, deixando de lado o atendimento clinico convencional.

Esse tipo de atendimento nas situações de desastres e emergências causa na vítima uma percepção de inutilidade quanto ao trabalho do psicólogo, conforme se pode verificar no trecho da fala do Participante R.4 quando diz “Naquela hora não ajudaram muito não” e na fala do participante R.1 o comentar “Foi rápido, não ajudou não”. O participante R.6 argumenta de forma categórica que “Não, de nenhum tipo”.  Nos trechos das falas evidencia-se que os participantes não viram qualquer contribuição do psicólogo naquele momento.

Uma questão que pode ter influenciado nesse entendimento negativo quanto à atuação do psicólogo foi o fato de que muitos que estavam atuando no acolhimento psicológico eram acadêmicos de psicologia e a maior parte dos psicólogos que atuou não tinha experiência em desastres e emergências. Os casos de desastres e emergências exigem dos profissionais da área de saúde uma preparação e capacitação técnica específica, pois é uma situação atípica. Weintraub et al. (2015) comentam que nos casos de desastres e emergências, o psicólogo deve estar preparado e ter domínio no que se refere a desastre, pois isso possibilita uma rapidez e um trabalho de qualidade nesse momento de dor e conflito diante do acontecido.

O desconhecimento pode levar os psicólogos a atuarem com se estivessem em um setting terapêutico, ou seja, na clinica, dificultando o acolhimento e aumentando a sensação de vulnerabilidade das vítimas. A atuação do psicólogo em situações de emergências é buscar atender as necessidades básicas das pessoas como oferecer água, comida, abrigo, conforto físico e emocional devem ser supridas em primeira estância (WEINTRAUB et al., 2015).

Em situações após o impacto, as intervenções psicológicas visam essencialmente restabelecer o funcionamento cognitivo do individuo, colocando as emoções em segundo plano e possibilitando a compreensão e análise sobre o ocorrido. Para Weintraub et al. (2015, p. 08) “A intervenção deve ter, como um de seus pilares fundamentais, propostas de elaboração dos sofrimentos gerados pelo desastre e, também, a construção da autonomia e dos laços sociais”.

A utilização de medidas de prevenção, como: orientação e sentimento de acolhimento podem fazer com que as vítimas não se sintam tão vulneráveis, reduzindo assim a possibilidade do surgimento de Transtornos de Estresse Agudo e Transtornos de Estresse Pós-Traumático ou outro transtorno mental.

Diante do exposto, verifica-se que o atendimento às vítimas de desastres imediatamente após o evento deve ser direcionado ao acolhimento e atendimento das necessidades das vitimas, não havendo espaço para a clínica tradicional. Depreende-se, portanto, que se deve realizar uma preparação de profissionais de saúde, entre eles os psicólogos a fim de capacitar profissionais a atuarem com conhecimento técnico e prático em situações de desastres e emergências.

Por fim, entende-se que a inserção desse assunto na grade acadêmica dos cursos de psicologia é importante para que, desde a formação, o psicólogo saiba atuar corretamente com as vitimas de catástrofes, incêndios, enchentes entre outros.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio dessa pesquisa foi possível obter nas respostas dos participantes uma série de percepções a respeito de como se sentem sobre o desastre. Alguns participantes tiveram dificuldade ao falar, pois se emocionavam durante o relato.

Com essas informações foi possível ver a necessidade que existe em se buscar compreender as percepções das vítimas/sobreviventes de desastres e situações de emergência. Com os resultados obtidos e apresentados foi possível perceber vários aspectos que vão para além da percepção da sociedade.

Em relação à atuação da psicologia em Desastres e Emergências, talvez por ser uma nova abordagem, percebeu-se a necessidade em se especializar mais os profissionais e futuros profissionais para uma atuação mais efetiva e melhor estruturada, pronta para atender caso ocorram eventos como estes. Da mesma forma a necessidade de uma melhor preparação de profissionais de órgãos do governo estadual e municipal que participam dos gabinetes de crises e emergências criados nos momentos de necessidade.

A partir dessa pesquisa pode-se afirmar que a maioria das vítimas ainda possui traumas e alguns desencadearam transtornos psiquiátricos devido ao incêndio que vivenciaram. Esse sofrimento está relacionado a perda de sua moradia, pelo desamparo político e por estarem agora em situação de vulnerabilidade.

Esse evento pode ser visto como um alerta as autoridades locais, pois existem outros grupos de moradores que vivem nas mesmas condições de risco na cidade de Manaus. Que esse desastre sirva para que se repense em como prevenir outros incêndios, desmoronamentos e enchentes, causando sofrimento a famílias em situação de vulnerabilidade e risco.

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[1] Graduando em Psicologia.

[2] Graduando em Psicologia.

[3] Psicóloga.

[4] Mestre em psicologia.

Enviado: Março, 2021.

Aprovado: Abril, 2021.

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