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Aspectos psicológicos da mulher na busca da beleza

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SOUZA, Edvânia Araujo de [1], SILVA, Fernando Antônio Nascimento da [2]

SOUZA, Edvânia Araujo de; SILVA, Fernando Antônio Nascimento da. Aspectos psicológicos da mulher na busca da beleza. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 05. Ano 02, Vol. 01. pp 203-214, Julho de 2017. ISSN:2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/mulher-na-busca-da-beleza

RESUMO

O presente artigo teve como objetivo identificar os aspectos psicológicos vivenciados pelas mulheres na busca de serem belas. Buscou-se também compreender as consequências positivas e negativas, decorrentes desta procura por uma beleza idealizada, inatingível e socialmente aceita. Realizou-se uma busca nos bancos de dados Scielo e Pepsic. Após a aplicação de critérios de inclusão e exclusão relacionados aos objetivos da revisão, foram identificados 8 artigos. Observou-se que fatores psicológicos, sociais e culturais influenciam as mulheres na busca de uma beleza que atenda o padrão social contemporâneo. O interesse dos estudos está em entender como as mulheres enfrentam essa imposição de beleza na atualidade e quais as consequências resultantes desse processo. Foi possível entender que a preocupação com a imagem corporal, especialmente por parte das mulheres tem sido significativa. A busca desmedida pela beleza ideal resulta quando não alcançada, em muita frustração e sentimento de culpa, e muitas mulheres desenvolvem transtornos de ordem somática e/ou psicológica, que irão interferir de forma negativa no desenvolvimento de suas vidas.

Palavras-Chave: Ideais de Beleza, Padrões de Beleza, Aspecto Psicológico.

INTRODUÇÃO

De modo geral o corpo tem significados muito importantes para as pessoas. Ele tanto estrutura como é estruturado. Neste sentido, o corpo se moderniza, e se caracteriza de acordo com o seu meio sócio-histórico (Novaes, 2006).

O corpo moderno é fruto do individualismo e separação do indivíduo de si mesmo e dos outros, tornando-se independente. Neste momento Descartes vai ser uma das bases do pensamento moderno, trazendo o dualismo, corpo-mente, enfatizando a razão, sendo o corpo neste contexto somente de ordem funcional (Barbosa, Costa & Matos, 2011). O corpo pós-moderno começa a ser reformulado, reconstruído, influenciado pelos fatores sociais, culturais e tecnológicos.

O corpo contemporâneo é valorizado pela sua aparência, estamos vivenciando uma verdadeira idolatria do corpo. O padrão de beleza ideal da mulher neste momento é determinado, e fortemente influenciado pela sociedade, pelos meios de comunicação e fatores culturais. A mulher bela deve ter seu corpo musculoso, definido, ou magro, podendo ser resultado de academias, intervenções cirúrgicas, tratamento estético e “dietas milagrosas” potencializando a sexualidade feminina (Novaes, 2006).

O conceito de beleza sofre também, uma forte influência pela indústria da moda, valorizando a magreza que possa ser desejada e perseguida. As mulheres que se consideram fora do padrão socialmente imposto, se percebem na obrigação de atingir esse padrão, independente dos recursos a serem utilizados.

Os meios de comunicação difundem valores que reforçam a ideia de que é possível que qualquer mulher atinja o padrão ideal de beleza, basta querer e buscar, não deve se acomodar. Neste contexto não é levados em consideração fatores econômicos, que interferem de forma significativa nesta busca, na aquisição desses produtos e procedimentos. As indústrias de cosméticos e estéticos, de modas e setores médicos, criam, geram necessidade nessas mulheres, vendendo beleza em seus produtos, potencializando a cultura de consumo, de corpos objetificados, sexualizados e silenciados em sua diversidade (Carvalho et al., 2013).

Desta forma, muitas mulheres acabam distorcendo sua autoimagem, resultando em uma falta de aceitação para com o seu corpo, interferindo negativamente em sua autoestima.  O uso frequente de redes sociais como uma ferramenta para a exibição do corpo torna-se prazeroso, na medida em que as pessoas interagem, elogiam um “self”, reforçam o comportamento exibicionista da imagem corporal. Esta necessidade de ser “bela”, tem resultado, não raro, em uma série de problemas à saúde da mulher, como depressão, ansiedade, baixa autoestima, vigorexia, transtornos alimentares, anorexia, bulimia, dentre outros, incluindo gastos financeiros.

Um ponto importante a destacar nesse contexto está relacionado também as tecnologias, celular, computador, etc., que possibilitam a generalização de uma representação de um padrão “ideal”, “perfeito” de imagem, beleza e saúde, disseminando corpos atléticos, magros, destacando-os estes como ideais a serem conquistados, desconsiderando aspectos relacionados a saúde e ao modo de ser dos sujeitos (Castro & Catib 2014). Essa busca pela magreza está fortemente presente em algumas profissões, como modelo, artista, etc., e em alguns esportes, sendo requisito essencial para obtenção de um desempenho satisfatório.

Neste sentido, o presente artigo busca entender os aspectos psicológicos que algumas mulheres vivenciam na busca para se enquadrem neste perfil de beleza que a sociedade especialmente via mídia impõe.

A BUSCA PELA BELEZA E SUAS CONSEQUÊNCIAS

A mulher que se percebe fora do padrão socialmente imposto, é muitas vezes discriminada, julgada, condenada a exclusões, é vista como fracassada e incapacitada, e neste âmbito desenvolve sentimentos negativos em relação a sua auto-imagem, sente-se inferior, desvalorizada e como meio de enfrentar essa requisição social do modelo de beleza, ela procura utilizar todos os recursos possíveis que contribuam para “reformulação de sua imagem”, “melhorando” sua aparência (Carvalho, et al. 2013). Assim sendo, é possível perceber como a questão da autoimagem, da distorção da mesma, afeta a autoestima da mulher, principalmente daquela que acredita que esta fora do padrão de beleza socialmente imposto, e se incomoda com isso.

Neste âmbito, é possível entender a dinâmica da “vida liquida” moderna, que está associada a “modernidade liquida”‘. “Liquida-moderna”, é uma sociedade composta por indivíduos que sempre estão em mudança, ou seja, seus comportamentos, hábitos, atitudes se encontram em metamorfose (Bauman, 2007). A “vida liquida” e a “sociedade liquida-moderna” não podem manter-se paradas, ou seja, permanecerem com o mesmo modo de ser por muito tempo. Devem modernizar-se, as atitudes individuais devem procurar se adequar as inovações da modernidade. Assim, a “vida liquida” está lançada aos acontecimentos, ela é vivida em incertezas, pois seus valores mudam muito rápido, sendo assim a “vida liquida”, é uma vida de reinícios (Bauman, 2007).

Desta forma podemos compreender a vida da mulher contemporânea inserida na “vida liquida”. Algumas mulheres na busca de satisfazerem seus desejos, e imposições de serem belas, se engajam no acompanhamento de todas as tendências e inovações, incluindo  procedimentos estéticos, cirúrgicos, entre outros, que contribuam com sua “beleza”.

Na sociedade de consumo tudo é descartável, os produtos vão ao lixo com muita rapidez, despertando desejo por outro “melhor”. Neste aspecto, o desenvolvimento econômico é pautado pelo aumento do consumo, a realidade enfatizada remete os desejos dos indivíduos, encantando-os, potencializando a necessidade, e em seguida elaborando novas mercadorias, despertando novos desejos, desconstruindo o valor do anterior. Esta dinâmica ocorre também no âmbito dos recursos estéticos (Baumam, 2007).

O cuidado com o corpo, com a imagem, essa preocupação da contemporaneidade, não é novidade na história do corpo. Na cultura grega, os filósofos destacavam a importância dos indivíduos terem cuidado consigo mesmos, quando se é “jovem” ou “velho”, independentemente da idade todos deviam cuidar de si todo o tempo de suas vidas, pois seria dessa forma que alcançariam uma vida plena. Eles cuidavam tanto do corpo, realizando exercícios físicos sem excesso, regimes de saúde e dietas, buscando de acordo com suas necessidades, ir ao encontro de sua satisfação, como da alma, sendo  recomendado a leitura, as reflexões. Neste momento o cuidar da alma deve acompanhar o cuidado do corpo (Foucault, 2005).

Atualmente são diversos os recursos disponíveis no campo da estética física. Existem recursos benéficos a saúde, como exercícios físicos, reeducação alimentar, maquiagem, dentre outros. E procedimentos que apresentam risco à saúde, ou mesmo risco de morte, como por exemplo, uso de medicamentos sem prescrição medica, como os emagrecedores, benzodiazepínicos, analgésicos, estimulantes, drogas, uso abusivo de álcool, dentre outros (Carvalho, et al. 2013).

Algumas mulheres praticam incessantemente atividades físicas com intuito de conseguir atingir o “corpo perfeito” e utilizam dietas auto indicadas, acompanhadas de uma alimentação desregular, com intuito de emagrecer o mais rápido possível. Tomando o exercício físico de musculação como analisador, vê-se um universo de atravessamentos para se alcançar o objetivo (Novaes, 2006). Caso seja o aumento do volume muscular, o corpo pode se tornar musculoso, pode receber insumos como anabolizantes. O problema é que muitas vezes utilizam-se o uso dos mesmos sem a prescrição médica, ocasionando vários problemas de saúde relacionados com fatores de risco cardiovasculares, existindo relatos de casos de hipertensão, hipertrofia ventricular, arritmia, trombose, infarto do miocárdio e morte súbita.  A estrutura e função do fígado são alteradas pelo uso de anabolizantes podendo acarretar hepatite, hiperplasia e adenoma hepatocelular (Chaves, et al., 2009).

Frequentemente, as mulheres iniciam o trabalho de modelagem corporal com dietas, exercícios físicos, produtos de beleza, dentre outros (Arruda, et al 2015). Mas, na medida em que tais recursos não alcançam os resultados, elas recorrem a procedimentos mais invasivos como as cirurgias estéticas, neste contexto algumas mulheres, desenvolvem uma cobrança interna, acatando as imposições externas, que afeta seu equilíbrio emocional, e ocorrendo que algumas delas enfrentam complicações pós-operatórios,  ou mesmo morrem em virtude de tais cirurgias (Carvalho, et al. 2013).

Outro ponto a destacar são as cirurgias plásticas estéticas, as mais realizadas são, a lipoaspiração, abdominoplastia e a mamoplastia de aumento ou redução, as quais muitas mulheres, se “animam” em realizar o procedimento, “sonhando” com o resultado, com o “corpo perfeito”, e não se atentam ao pós-operatório, desconhecem o procedimento do mesmo, e assim algumas mulheres iniciam um começo de sofrimento e frustração. Infecções pós-operatórias por microbactérias atípicas têm sido relatadas nas diversas especialidades médicas, incluindo a cirurgia plástica (Borba, et al. 2010). Essas infecções são observadas em procedimentos de lipoaspiração e mastoplastia de aumento, superadas, em frequência, apenas por operações abdominais por videolaparoscopia. A cirurgia plástica pode contribuir com o aumento da autoestima, e melhorar a vida dos pacientes, mas algumas mulheres que se apresentam para o procedimento são portadoras de transtornos depressivos (TD) e podem evoluir, no pós-operatório, danos psicológicos (Arruda, et al 2015).

A busca pela beleza ideal coloca o Brasil em destaque no que se refere a cirurgias plásticas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.  Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) (SOCIEDADE…,2009) indica que, de setembro de 2007 a dezembro de 2008, foram realizadas, no País, por profissionais especializados e membros da SBCP, aproximadamente 459 mil cirurgias plásticas e, em 88% dos casos, os pacientes eram mulheres; em 2011, segundo dados da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), esta estatística aumentou para 905.124 procedimentos cirúrgicos estéticos.

A busca pela beleza contemporânea, não raro, acaba se tornando uma verdadeira angustia, frustração e sentimento de culpa pela mulher, desenvolvendo depressão, e vários outros transtornos, experienciando sentimentos de rivalidade e comparação com as mulheres que apresentam “o corpo perfeito”. É louvável a forma como as mulheres buscam o cuidado para com o seu corpo e sua imagem, e se beneficiam dos mais variáveis recursos que contribuem também com o aumento da sua autoestima. O problema está muitas vezes na forma de como algumas mulheres constroem sua imagem, negando a mesma, iniciando um caminho de frustração, pois  sempre estará em busca de uma beleza não atingível, fazendo relação com o padrão de beleza atual, desconsiderando sua genética e individualidade, desta forma sentem-se feias e inseguras (Novaes, 2006).

METODOLOGIA

O presente artigo consistiu em um estudo de revisão sistemática da literatura. A busca de foi realizada nas bases de dados Scielo e Pepsic, sendo estas escolhidas por serem considerada referência para publicações nacionais e internacionais. Foram escolhidas como palavras chaves os termos: transtornos alimentares, beleza ideal, cirurgia plástica, cirurgia bariátrica e beleza cultural.

Foram adotados os seguintes critérios de inclusão dos artigos: 1) tratar-se de artigo empírico; 2) estudo que abordem os aspectos psicológicos da mulher na busca da beleza; 3) escritos na língua portuguesa. Como critérios de exclusão adotamos: 1) artigos repetidos nas bases de dados; 2) trabalhos que não fossem artigos científicos.

Foram selecionados 95 artigos, que após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, identificamos 11 trabalhos que atendiam aos objetivos desta pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A presente revisão sistemática localizou um pequeno número de trabalhos que versam sobre os aspectos psicológicos da mulher na busca pela beleza ideal e as problemáticas envolvidas neste contexto. Abaixo segue a tabela com os autores utilizados na pesquisa.

Autores Titulo Ano
Jorge Alberto Bernstein Iriart; José Carlos Chaves; Roberto Ghignone de  Orleans. Culto ao corpo e uso de anabolizantes entre praticantes de musculação 2009
Carlos Del Pino Roxo; Thyago Menezes de Carvalho; Marcelo Antonio de Borba; Leizi Regina Barreto da Silva; Ana Claudia Weck Roxo. Reconstrução de parede abdominal com tela aloplástica após infecção por micobactéria. 2010
Maria Raquel Barbosa; Paula Mena Matos e Maria Emília Costa. Um olhar sobre o corpo: o corpo ontem e hoje. 2011
Priscilla Rocha Pinho; Cristiane lara Mendes Chillof; Flavio Henrique Mendes;  Celso Vieira de Souza Leite;  Fausto Viterbo. Abordagem psicológica em cirurgia plástica  pós-bariátrica. 2011
Carlos Alberto Domingues do Nascimento; Simone Maria Muniz da Silva Bezerra; Ednalva Maria Sampaio Angelim. Vivência da obesidade e do emagrecimento em mulheres submetidas à cirurgia bariátrica. 2013
Márcia Rebeca Rocha de Souza; Jeane Freitas de Oliveira, Enilda Rosendo do Nascimento; Evanilda Souza de Santana Carvalho. Droga de corpo! Imagens e representações do corpo feminino em revistas brasileiras. 2013
Victor Hugo Aparecido de Paschoal Castro e Norma Ornelas M. Catib. Corpo e beleza: como anda a saúde na busca pela perfeição estética? 2014
Paulo Renato de  Paula;  Ruffo Freitas-Júnior; Marcelo Prado; Carlos Gustavo Lemos Neves; Fabiano  Calixto Fortes de Arruda; Vladmir   Eduardo Bermudes Vargas;  Fabio Silva Fernandes. Transtornos depressivos em pacientes que buscam cirurgia plástica estética: uma visão ampla e atualizada. 2016

Os estudos de (Novaes, 2006; Carvalho, et al., 2013; Angelim; Bezerra & Nascimento, 2013; Castro & Catib, 2014) enfatizam a importância da temática abordada, dada a demanda atual na utilização de recursos estéticos e as consequências psicológicas deste processo, como surgimento de várias doenças e transtornos resultantes dessa busca angustiante, que algumas mulheres vivenciam para se enquadrarem no perfil de beleza socialmente aceito. Diante de tantos recursos disponíveis no mercado, cabe a reflexão de que eles podem oferecer benefícios e malefícios. A cirurgia plástica pode contribuir de forma significativa para aumentar a autoestima. Ela pode ser para reparadora, ou estética (Arruda, et al. 2016)

No que se refere aos cuidados com o corpo, com a imagem corporal, a literatura mostra que tais cuidados relacionam-se com a autoimagem e a autoestima, utilizando-se de exemplos da cultura grega, quando os cuidados consigo eram  incentivados e tidos como essenciais, ressaltando a importância de dietas e exercícios físicos, praticados em  qualquer idade (Foucault, 2005, Novaes, 2006).

As pesquisas de Novaes, 2006; Castro & Catib, 2014, enfatizam ue na busca pelo corpo ideal, garotas começam a fazer regimes incoerentes, dietas as quais são deficitárias em muitos nutrientes que o corpo necessita comprometendo o bom funcionamento do mesmo, podendo ocasionar complicações e, até mesmo, doenças. Ainda nesta busca desse, algumas jovens enfrentam problemas de ordem sociopsíquicas como exemplo a anorexia e bulimia, deixam de se alimentar, pois se enxergam fora do padrão estético imposto pela sociedade.

Entretanto, observa também nos estudos de (Novaes, 2006; Arruda, et al. 2015) que a sociedade vem enfatizando e impondo regras de beleza e saúde, ou seja, selecionando o que tem beleza e excluindo o que não tem, causando muitas doenças e distúrbios psicossomáticos . Desta forma (Carvalho, et al. 2013; Castro & Catib, 2014) mostra que mudanças no estilo de vida das mulheres, com sua maior inserção nos espaços públicos, e o desejo de atender aos padrões vigentes de beleza e juventude repercutem em suas vidas, podendo desencadear estados depressivos, distúrbios de autoimagem e autoestima, ansiedade e uso abusivo de drogas lícitas, principalmente medicamentos e bebidas alcoólicas.

Os autores colocam que, a depressão crônica é uma consequência frequentemente presente em pacientes obesas, e com a diminuição da qualidade de vida, muitos chegam a declarar que não temem a cirurgia bariátrica, pois não teriam nada a perder. Ansiedade em diferentes níveis é também um achado muito comum e o isolamento social costuma ser diretamente proporcional ao aumento do peso (Chillof, et al., 2011; Angelim, Bezerra & Nascimento, 2013; Arruda, et al., 2016). Esse sofrimento é potencializado pela desvalorização estética da obesidade, não sendo este o modelo de beleza contemporâneo. Ditando padrões e regras, a sociedade atual demarca as fronteiras da beleza física ideal e o faz tornando “natural” e “necessária” a veiculação do corpo à magreza (Angelim, Bezerra & Nascimento, 2013).

Realizando uma análise descritiva sobre os oito artigos foi possível observar a relevância da interferência da cultura, crenças, momento sócio-histórico, relacionados ao padrão de beleza (Barbosa, Costa & Matos, 2011) e assim entender que o corpo se apresenta como resultado de suas experiências sejam elas apreendidas com sua família, com sua cultura ou com a sociedade em geral, e neste contexto o padrão de beleza também. Os meios de comunicação enfatizam, impõem e contribuem para reforçar o que se entende como corpo belo na contemporaneidade, mostrando as mudanças neste âmbito, e a preocupação que algumas mulheres sentem em acompanhar essas mudanças, vivenciando momentos de angustia, preocupação e incertezas (Baumam, 2007).  Percebe-se, ainda, a relação da sociedade do consumo, como sendo uma das contribuintes para a insatisfação apresentada por algumas mulheres mediante seu corpo, sua aparência, sendo uma sociedade que prioriza o descartável, e busca gerar necessidade na mulher, para que ela seja impulsionada a comprar (Baumam, 2007).

Os estudos analisados apresentam delineamento qualitativo e revisão bibliográfica. Sendo realizadas entrevistas e questionários, para acessar a opinião e a subjetividade da mulher, referente a imposição da sociedade pela beleza ideal e as consequências desta busca em sua vida. Neste âmbito algumas questões poderiam ser mais investigadas, exploradas, enfatizando, por exemplo, o sofrimento psíquico, a ansiedade e a angustia apresentada por algumas mulheres nesta busca desmedida por uma beleza não atingível.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode se concluir que o estudo apresenta conhecimento para o entendimento do fenômeno do aspecto psicológico da mulher na busca pela beleza. Pois atualmente, são diversos os recursos disponíveis no campo da estética física, e neste âmbito encontramos os benefícios e os malefícios envolventes na maneira de como estes são utilizados, podendo contribuir de forma significante com a saúde física e mental do individuo, como também favorecer para o seu adoecimento e falta de qualidade de vida.

Neste âmbito se faz importante, entender e respeitar as diferenças, procurar desenvolver estratégias que amenizem a cobrança social pela beleza da mulher contemporânea, resignificando valores, redirecionando conceitos, desmistificando estereótipos de beleza relacionados a sociedade de consumo. O padrão de beleza muda com o tempo, é louvável as inovações da estética, assim entendemos que estas com suas variedades, atendem vários grupos de mulheres, ou seja, independente de sua altura, peso e manequim, estas podem ser clientes fidelizadas, se assim escolherem.

A problemática atual esta na cobrança e imposição por uma beleza inatingível, uma vez que desmerecem as mulheres que não apresentam o “corpo perfeito”, segregando-as nos ambientes sociais, no trabalho, entre outros, algumas mulheres sentem-se na obrigação de atender a demanda de ser bela, iniciam um caminho de frustração, insegurança, angustia, entre outros que perturbam sua saúde psíquica.

Por fim, e importante salientar que a psicologia com suas práticas estruturantes, auxiliam no desenvolvimento do equilíbrio emocional, da saúde mental, da autoestima, do empoderamento, entre outras praticas que favorecem de forma positiva para a qualidade de vida dessa mulher que se percebe fora do padrão de beleza socialmente estabelecido e se incomoda com a situação. E neste contexto a psicologia deve contribuir para sanar a problemática referente ao tema abordado, inovando em suas estratégias de ação, e de acordo com a necessidade, trabalhar com a interdisciplinaridade.

REFERÊNCIAS 

APPOLINÁRIO, J. C. & CLAUDINO, A. M. (2000). Transtornos Alimentares. Rev. Bras. Psiquatr., p.28-31.

ARRUDA, et al. Transtornos depressivos em pacientes que buscam cirurgia plástica estética: uma visão ampla e atualizada. Rev. Bras. Cir. Plast. , 31(2), p.261-268, 2016.

APRILLE, M. R.; SCHULTHEISZ, T. S. V. Autoestima, conceitos correlatos e avaliação. Rev. Equilibrio corporal e saúde, v.5, n.11, p. 36-48, 2013.

ANGELIM, E. M. S.; BEZERRA, S. M. M. S. & NASCIMENTO, C. A. D. Vivência da obesidade e do emagrecimento em mulheres submetidas à cirurgia bariátrica. Rev. Estudos de Psicologia, v.18, n. 2, p. 193- 201, abril-junho/2013.

BORBA, M. A., et al. Reconstrução de parede abdominal com tela aloplástica após infecção por micobactéria. Rio de Janeiro, Rev Bras Cir Plást. 27(2), p. 340-3340, 2012.

BAUMAN, Zigmunt. Vida Líquida. Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, p. 7-207, 2007.

BARBOSA, M.R.; COSTA, M.E.; MATOS, P. M.Um olhar sobre o corpo: O corpo ontem e hoje. Rev. Psicologia & Sociedade, 23(11), p. 24-34, 2011.

CASTRO, V. H. A. P. & CATIB, N. O. M. Corpo e beleza: como anda a saúde na busca pela perfeição estética?.  Revista Eletrônica de Educação e Ciência (REEC), v.4,  n.1, p. 37-42, 2014.

CARVALHO, E. S. S. et al. Droga de corpo! Imagens e representações do corpo feminino em revistas brasileiras. Rev. Gaúcha Enferm., v.34, p. 62-69, 2015.

CHAVES, J. C.; IRIART, J. A. B.; ORLEANS, R. C. Culto ao corpo e uso de anabolizantes entre praticantes de musculação. Rio de Janeiro, Rev. Cad. Saúde Publica, vol.25, n. 4, abr.2009.

CHILLOF, C. L. M. et al Abordagem psicológica em cirurgia plástica pós-bariátrica. Rev. Bras. Cir. Plást., v. 26, n. 4, p. 685-900, 2011.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 3: O cuidado de si. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque: Revisão técnica de José Augusto Guilhon Albuquerque. Rio de janeiro: Ed. Graal, p.43-88, 2005.

ISAPS – International Society of Aesthetic Plastic Surgeons.  Disponível em: <http://www.isaps.org>. Acesso em: 17 jul. 2017.

NOVAES, Joana de Vilhena. A dimensão simbólica do corpo: corpo, agenciamento e regulação. Rio de janeiro: Ed. Puc-Rio: Graramond, p. 43-74, 2006.

SBPC – SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLASTICA. Cirurgias e procedimentos. Disponível em: <http://www2.cirurgiaplastica.org.br/cirurgias-eprocedimentos/>. Acesso em: 17 jul. 2017.

[1] Graduação.

[2] Graduação.

Enviado: Junho, 2017.

Aprovado: Julho, 2017.
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