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Psicossomática: Visão integrativa entre mente, corpo e emoção

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CONTEÚDO

ENSAIO TEÓRICO

SOARES, Josiele Benedita [1], DUARTE, Marina Batista de Vasconcelos [2]

SOARES, Josiele Benedita. DUARTE, Marina Batista de Vasconcelos. Psicossomática: Visão integrativa entre mente, corpo e emoção. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 08, Vol. 01, pp. 05-13. Agosto de 2019. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/mente-corpo-e-emocao

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo abordar o tema psicossomática, a qual percebe-se o quanto as emoções mal elaboradas podem afetar todo equilíbrio mental e fisiológico. Entretanto observa-se, o entendimento das razões pelas quais os pacientes que tem o diagnóstico de doenças psicossomáticas apresentam dificuldades em entenderem seus sintomas e a forma de tratamento. Por não associar a causa psicológica à orgânica, muitos pacientes não procuram tratamento psicológico. O estudo analisa a somatização/psicossomática sobre orientação psicanalítica.

Palavras-chave: psicossomática, mente, emoção, corpo, psicanálise

INTRODUÇÃO

Este trabalho visa destacar a relevância dos processos emocionais mal elaboradas e sua influência em relação às doenças psicossomáticas, valorizando a psique e o emocional do sujeito. Em busca de compreender de forma inerente o que se passa com esses pacientes, uma vez que, cada pessoa tem uma forma de interpretar e de reagir diante de sua doença.

De acordo com Ferraz (2010) as doenças psicossomáticas são doenças orgânicas que estão em um processo de somatização. Estas doenças poderem ser: como a má digestão, complicações na respiração, a função ligada à pele e insônia.

Desse modo, Nicolau (2008) ressalta que o adoecimento somático é a grande referência do sujeito, que sofre com sintomas orgânicos. São manifestações corporais sem uma causa orgânica identificadas como dores localizadas, fadigas, gastrites, asmas, alergias, retocolite hemorrágica, entre outras.

Os sintomas das doenças para cada pessoa têm representações diferentes, segundo Taquette (2006, p.01) “… a relação do indivíduo com seu próprio corpo determina sua forma de adoecer e os cuidados consigo mesmo.”

Portanto, o indivíduo reage e enfrenta os seus momentos de crise reativando processos psicossomáticos, relata Taquette (2006). Com isto cada pessoa independente de sua história de vida e genética tem uma forma peculiar de reagir e de somatizar os traumas.

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada por meio de revisão sistemática através de livros e artigos, baseada em um referencial teórico psicanalítico.

SOMATIZAÇÃO NA INFÂNCIA

Os problemas afetivos interferem no desenvolvimento das crianças e são responsáveis por diversas patologias, sendo elas de ordem orgânicas ou psicológicas com referencial psicanalítico abordaremos as manifestações psicossomáticas durante a infância. É importante salientar que o conceito de trauma é algo bem mais amplo, podendo ser causado por uma longa história e trajetória de vida do indivíduo. Isto pode causar a falta de atenção e carinho, depressão, instabilidade emocional, distanciamento afetivo por parte dos cuidadores primários nos primeiros momentos de desenvolvimento do bebê. (BELMONT, 2010).

A psicossomática na infância é um meio de comunicação, pois no início da vida as crianças ainda não se desenvolveram a capacidade de se comunicar usando a linguagem verbal, comunicando apenas através do seu corpo usando a linguagem não verbal, quando o psíquico precisa se expressar e não encontra palavras coloca seu corpo em jogo. (BASEGGIO, 2012).

De acordo com Baseggio (2012) é importante ressaltar a capacidade total de comunicação verbal:

Ao se tratar da infância, a somatização torna se um importante meio de comunicação, uma vez que a criança não adquiriu a capacidade total de comunicação verbal, podendo se expressar (inconscientemente) através do corpo, o que, para o analista, é simbólico, um meio de comunicação com o mundo externo para demonstração de que há questões inconscientes não bem elaboradas. (BASEGGIO, 2012, p.633).

Em virtude de todas as situações e acontecimentos traumáticos para a criança, ela poderá apresentar distúrbios desde a leve irritabilidade até mesmo sintomas orgânicos de ordem emocional e maus comportamentos. Durante o crescimento da criança estes distúrbios poderão modificar-se ou mesmo desaparecer eventualmente, dando a impressão de uma “possível cura”. Após algum tempo, pode surgir uma situação crítica na vida do sujeito e não sendo possível a resolução de seu conflito inconsciente, o único recurso será a doença psíquica ou os sintomas orgânicos com suas raízes emocionais bem evidentes. Eis, os sintomas infantis integralmente surgindo na vida do atual adulto. (ARRUDA, 1947).

Para a psicanálise o sintoma é ao mesmo tempo aquilo que ocultamos, ou seja, algo reprimido que se revela sendo insuportável para o ego consciente. Portanto, quando uma criança vive em um ambiente hostil em relação às atitudes de um pai ou uma mãe severo(a), rígido(a) ou cruel, a criança se torna incapaz de expressar qualquer divergência ou agressão, pois isto indicaria uma punição. Assim esse filho extingue todas as manifestações agressivas acumulando e aumentando as desnecessárias restrições que sofre desses pais. Eventualmente ódios inconscientes em virtudes das atitudes de seu pai ou sua mãe em privar ou inibir a criança, ridicularizando-o, atormentando-o, humilhando-o e punindo-o. Rapidamente a criança aprende a proteger-se das atitudes hostis, por todos os meios possíveis e a sujeitar-se sem revanche. A incessante tensão de sua agressividade inibida força-a, a defender-se para sofrer menos. No entanto, como solução a criança torna-se passiva ou tenta tirar prazer das crueldades de seu pai ou de sua mãe, tomando-o como objeto de amor e procurando conseguir sua atenção, aceitação ou tendo interesse pela punição. (ARRUDA, 1947).

As constantes críticas, as frequentes repreensões, as punições, humilhações ou as exigências excessivas de obediência, são atitudes que atrapalham o desenvolvimento da criança, consequentemente, dando origem a neurose infantil, ocasionando desajustamentos futuros quando adulto, como por exemplo, distúrbios psicossomáticos. (ARRUDA, 1947).

QUANDO O CORPO FALA POR NÓS

Sob o olhar da psicanálise quando um indivíduo apresenta sintomas de doenças psicossomáticas, esse paciente internalizou tais conflitos que ocorre em seu mundo interno. Portanto, no psiquismo interno é impregnado representações e afetos em conflitos durante todo o desenvolvimento humano. Com isso, o sujeito depara com a impossibilidade em resolvê-los, logo desencardiam emoções expressas através de sintomas no corpo e de processos mentais. (CAMPOS; RODRIGUES, 2005).

No entanto, observa-se, e quando não se expressa, ou seja, não coloca para fora conflitos internos, o corpo expressa através de sintomas manifestos que algo não ocorre bem. Os autores afirmam que:

[…] traduz a dificuldade em aceitar as vivências, os estados afetivos, decorrentes do relacionamento consigo mesmo, ‘com seu íntimo’, e com o mundo externo (em termos de pessoas, objetos, ambiente sociocultural, familiar, profissional etc.). (CAMPOS; RODRIGUES, 2005, p. 297).

Todavia a doença exterioriza e revela a forma do sujeito viver e a sua interação com o mundo externo. São conflitos internos, intrapsíquico que ocorrem quando surgem sentimentos contrários determinadas por representações internas intrínsecas, sendo desejos ou sentimentos indesejáveis e intoleráveis para o sujeito perante normas e valores que conscientemente ele aprendeu e internalizou, ou algo que idealiza para si. Assim inconscientemente o indivíduo reprime sua insatisfação que lhe causa sofrimento desenvolvendo desequilíbrio emocional e não consegue resolver de uma forma satisfatória seu conflito. (CAMPOS; RODRIGUES, 2005).

É importante ressaltar a formação dos sintomas, desta forma, os autores acrescentam o seguinte sobre essa questão:

Quando o conflito intrapsíquico torna-se persistente e intenso, a emoção decorrente gera um estado de tensão, que buscará um escoamento por acesso emocional e somático, tenderá a se expressar com o intuito de aliviar a tensão e favorecer a manutenção da homeostase psíquica; o conteúdo do conflito nem sempre se mostra de maneira muito clara e pode não estar presente de forma manifesta, explícita, na consciência. (CAMPOS; RODRIGUES, 2005, p. 302).

Segundo os autores Campos e Rodrigues (2005), por conta do estado de tensão os conflitos gera uma transladação, expressa na formação de sintomas.

Muitos pacientes cresceram em ambientes hostis, justamente com familiares distantes, frios, sem apoio, em alguns casos com vivências traumáticas e verbalizações, simultaneamente com sofrimento emocional. Outros casos apresentam maus tratos físicos não necessariamente sendo abusos sexuais. (FORTES. et al, 2010). Entretanto, em outras palavras Ávila (2002) profere que um sintoma nasce de um conflito entre o Eu e determinadas representações, contudo seu aparecimento é o efeito do conflito que o expressa. Deste modo, ele acrescenta- se que, o Eu é como se fosse um campo de batalha, tanto quanto para a neurose, quanto para o seu enfrentamento em um processo analítico.

É preciso então esclarecer que entre todas as formas de tratamento do sujeito, não basta somente tratar a doença manifestada. O autor afirma que:

[…] o trabalho de investigação psicossomática processa-se enquanto relação transferencial, à medida que muito além da mera eliminação de um sintoma, o que se visa é o reconhecimento do sujeito que elabora esses sintomas. É, portanto, fundamental a análise desta relação. A transferência é o campo primordial e distintivo da investigação analítica. (ÁVILA, 2002, p. 185).

Enfim, a psicossomática constata que a uma unidade de corpo e mente, em mediante o exposto podemos afirmar que o homem integral em sua plena vida mental e em funcionamento apresenta dupla face indissolúvel. (ÁVILA, 2002). Por conseguinte, através apenas de auto-análise, as dores começam a desaparecer e as deformações aos poucos voltam ao normal. (ÁVILA, 2002, p. 116).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio da relação com o pai que as crianças têm um protótipo e podem ser constelados (internalizado) em sua psique. Pois, os protótipos estão sempre presente no inconsciente do indivíduo e quando adultos são ativados através de suas experiências vividas. Por intermédio de associações com o conteúdo do protótipo o sujeito promove uma vivência que o leve ao desenvolvimento psíquico e esse percurso leva-o, ao processo de personalização. (GARCIA, 2007).

Desse modo, ressalta-se que a outra função do pai é apresentar aos filhos como portador da lei, regras e limites, ou seja, um representante da palavra. Dessa forma está ligada a capacidade reflexiva do indivíduo instaurada pela função paterna. Pois, ele é o responsável simbólico da capacidade de separação da criança. Essa separação permite o distanciamento necessário e o reconhecimento do mundo que o rodeia e que posteriormente incrementa sua reflexão sobre si. (GARCIA, 2007).

Sendo assim, é possível compreender que quando a uma relação disfuncional entre pais e filhos, essa criança se torna um adulto neurótico, uma vez que, a concepção da neurose e da angústia se encontra em uma representação inconsciente. Isto acontece porque o indivíduo não está consciente ou não sabe nomear seus sofrimentos e angústias que vivenciam, sua dor emocional transforma-se em doença física. Apesar da origem psicológica, a doença física deve ser tratada em conjunto com um psicólogo e um médico convencional para ter um resultado eficaz.

REFERÊNCIAS

ARRUDA, J. A medicina psicossomática na infância. Neuro-Psiquiatria, v.5, n.1. 1947. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X1947000100005> Acesso em: 16 maio 2018.

ÁVILA, L. A. Doenças do corpo e doenças da alma: Investigação psicossomática psicanalítica. 3. ed. São Paulo: Escuta. 2002.

BELMONT, S. A. Infância e psicossomática: intersubjetividade e aportes contemporâneos. In: FILHO, J. M. BURD, M. (orgs.). Psicossomática hoje. cap 46. p 563-581. Porto Alegre, RS: Artmed. 2010.

BASEGGIO, D. B. Psicossomática na infância: uma abordagem psicodinâmica. Psicologia da IMED, v. 4, n.1, p. 629- 639. 2012. Disponível em: <file:///C:/Users/Josi/Downloads/Dialnet-PsicossomaticaNaInfancia-5154976%20(1).pdf> Acesso em: 06 abr 2018.

CAMPOS, E. M. P; RODRIGUES, A. L. Mecanismo de formação dos sintomas em psicossomática. Mudanças – Psicologia da Saúde, v.13, n.2, p. 271-471. 2005.

Disponível em: <file:///C:/Users/Josi/Downloads/826-906-1-PB%20(7).pdf> Acesso em: 19 abr 2018

FERRAZ, F. C. A somatização no campo da psicopatologia não-neurótica. SBPH. Rio de janeiro, v.13, n. 2. 2010.

Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582010000200002> Acesso em: 03 jun 2018.

FORTES, S. L. C. L. et al. Somatização hoje. In: FILHO, J. M. BURD, M. (orgs.). Psicossomática hoje. cap 45. p 546-558. Porto Alegre, RS: Artmed, 2010.

GARCIA, A. C. F. De pai para filha: as contribuições do pai na construção da identidade da mulher. Psicologia Revista. São Paulo, v.16, n.1-2, p.119-131. 2007. Disponível em <https://revistas.pucsp.br/index.php/psicorevista/article/viewFile/18060/13420> Acesso em: 08 maio 2018.

NICOLAU, R. F. A psicossomática e a escrita do real. Mal-estar e Subjetividade. Fortaleza, v.8, n.4, p. 959-990. 2008. Disponível em <https://scholar.google.com.br/scholar?hl=ptBR&lr=lang_pt&as_sdt=0,5&q=psicossomática+e+a+escrita+real&btnG.> Acesso em: 30 maio 2018.

TAQUETTE, S. R. Doenças psicossomáticas na adolescência. Adolescência e Saúde. Rio de Janeiro, v.3, n.1, p. 22-26. 2008. Disponível em: <http://adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=149.> Acesso em: 27 maio 2018.

[1] Acadêmica em Psicologia – UNIP – Universidade Paulista, Instituto de Ciências Humanas.

[2] Acadêmica em Psicologia – UNIP – Universidade Paulista, Instituto de Ciências Humanas.

Enviado: Agosto, 2018.

Aprovado: Agosto, 2019.

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Josiele Benedita Soares

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