REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

Síndrome de Burnout: um olhar para os motoristas de transporte coletivo que exercem dupla função na cidade de Natal – RN [1]

RC: 20333
257
Rate this post
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

LIMA, Alison Rodrigo de Melo [2], LIMA, Ana Karla Medeiros [3], SILVA, Alda Karoline Lima [4]

LIMA, Alison Rodrigo de Melo. LIMA, Ana Karla Medeiros. SILVA, Alda Karoline Lima. Síndrome de Burnout: um olhar para os motoristas de transporte coletivo que exercem dupla função na cidade de Natal – RN. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 09, Vol. 05, pp. 129-143 , Setembro de 2018. ISSN:2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/dupla-funcao

RESUMO

Este estudo tem por objetivo principal analisar indicadores da possível presença da síndrome de burnout (SB) em motoristas do transporte coletivo da cidade do Natal-RN que exercem a dupla função. Uma vez que a síndrome se revela como fenômeno estigmatizante de modo que o indivíduo apresenta dificuldades sócio contextuais de caráter profissional. Para o desenvolvimento desta pesquisa foi realizado um estudo de caráter quantitativo e qualitativo. A amostra constituiu-se de 100 motoristas, entrevistados no segundo trimestre de 2016. Para a coleta de dados, foi utilizado informações sócio demográficas, sócio profissionais e o Instrumento Maslach Burnout Inventory (MBI) para medir a possível presença do burnout. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva com base em entrevistas, questionários e observações dos trabalhadores.

Palavras-Chave: Motoristas, Dupla Função, Síndrome de Burnout.

1. INTRODUÇÃO

As tentativas de compreender o estado de saúde mental e de trabalho dos motoristas de transporte coletivo faz diretamente referência à o emprego de representação social da profissão, notadamente no que condiz pelo desempenho de suas atividades profissionais (ASSUNÇÃO, 2012). Estudos feitos com motoristas de ônibus apontam que se confirmou a prevalência da síndrome e que a principal fonte de desgaste físico e emocional é o fator referente a conflitos de valores e ausência de equidade no ambiente de trabalho. (GIANASI, BORGES,2009). Baseados nisso, esse artigo teve a finalidade de analisar a incidência de sinais da síndrome do burnout em motoristas que exercem dupla função.

Costa et al., (2003) produziram levantamentos em São Paulo e Belo Horizonte sobre as condições de trabalho e de saúde dos motoristas do transporte de passageiros, eles verificaram condições de trabalho demasiadamente inadequadas, entre elas, condições ergonômicas inadequadas das cabines, extensão prolongada da jornada de trabalho e constância de assaltos. Essas condições desfavoráveis de trabalho se mostram estatisticamente à sematologia relatada pelos motoristas obtendo problemas de distúrbios orgânicos e psíquicos.

Battiston et al., (2006) averiguaram as situações de trabalho e de saúde dos motoristas de transporte coletivo da cidade de Florianópolis, Santa Catarina, por meio de observações e entrevistas, apontaram que a ação de dirigir é desgastante, causa fadiga e consente influência de fatores ambientais.

Em um levantamento mais amplo, o serviço de transporte coletivo público na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte movimentou no ano de 2015 cerca de 82.000.000 milhões de reais no transporte de 110.999.208 usuários, segundo dados da Secretaria de Transporte e Trânsito Urbano (STTU, 2015). Dado esse mostra o quão é necessário o serviço de transporte público para a rotina movimentada da cidade na condução de seus usuários para além de fatores econômicos e aspectos trabalhistas no setor.

Quanto a dupla função na atividade, trata-se da conjunção entre duas profissões, motorista do transporte coletivo e cobrador. Nela o motorista realiza o controle das entradas e saídas dos passageiros, ficando ainda sob sua atribuição o manejo de receber e entregar o dinheiro, fazendo assim a administração do caixa. Tal atividade tornou-se pauta em assembleias, debates e lutas trabalhistas nos últimos anos.

O Sindicato Dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande Do Norte – SINTRO – atribui ao exercício da dupla função a mesma penalidade conforme o artigo 252, inciso IV da Lei 9.503/1997 do Código de Trânsito Brasileiro que prevê multa do uso do celular ao dirigir, comparando ambos os fazeres.

Segundo estudos de Yaegashi, Benevides-Pereira e Alves (2011), todas as pessoas, independentemente do sexo e idade podem manifestar sinais e sintomas do estresse por consequência de uma atividade desgastante. Contudo, uma das variáveis que tem exclamado destaque nas pesquisas realizados nas duas últimas décadas é a profissão, uma vez que as características do trabalho são decisivas para o adoecimento psíquico e físico. Desta forma, as pessoas que começam a apresentar uma série de sintomas psicossomáticos que se intensificam, perdurando, podem acarretar problemas sérios, até mesmo a morte. O estresse característico do ambiente de trabalho é denominado “estresse ocupacional”. Quando ocorre a cronificação do estresse ocupacional, como resposta e forma, mesmo que inadequada de enfretamento, pode vir a ocorrer o que tem sido designado como síndrome de burnout.

Considerando a profissão dos motoristas, cabe a uma categoria pouco explorada em pesquisas de cunho acadêmico afins, no entanto a classe mostra-se exposta a variáveis condições psicológicas nas quais os conceitos da síndrome tem maior probabilidade para o seu desenvolvimento como por exemplo: o trabalho em excesso, o mal estado do veículo, as dificuldades de horários, a falta de autonomia, os baixos salários, o mau projeto urbano de vias, as violências urbanas, entre outros, formam fatores negativos do ambiente trabalhista (GIANASI; BORGES, 2009).É plausível que, depois de observados alguns desses fatores apresentados, os profissionais dessa categoria estarem com exaustão emocional em diversos níveis, que se ligam aos fatores psicológicos, como exigência da organização de produção, crenças, expectativas relacionadas a melhoria de trabalho, medo da violência, medo de perda da representação familiar, estresse, e entre outros preceitos que se desenvolvem ao longo de sua trajetória de trabalho (ASSUNÇÃO, 2012).

De acordo com Gomes e Quintão (2011), o burnout revela-se como fenômeno estigmatizante de modo que o indivíduo apresenta dificuldades sócio contextuais de caráter profissional. Sendo uma consequência determinante do estresse laboral crônico no que se apropria de variáveis e condições de caráter organizacional, tratando-se de uma síndrome advinda de afetações negativas presentes em vários contextos trabalhistas entre vários níveis. Logo, o estudo questiona-se se, com a mudança para a dupla função, o motorista do transporte coletivo estaria mais propenso a desenvolver a síndrome de burnout?

Vários autores como Benevides-Pereira (2002), Carlotto e Câmara (2008), Codo e Vasques-Menezes (1999), se referem sobre a expansão do burnout e sinalizam para esse fenômeno mudanças negativas no mundo do trabalho, como a diminuição da relação profissional, associadas a insatisfação conforme as atividades realizadas, desmotivação no trabalho, e sentimentos de insuficiência.

Diante disso, procuramos mostrar fatores relacionados ao estresse de motoristas de transporte coletivo, que também faz referência abordar a saúde dos trabalhadores dessa categoria é também ampliar políticas eficazes direcionadas não só aos trabalhadores, mas a toda população usuária do serviço.

Os primeiros estudos sobre a síndrome de burnout surgem em 1974 por Freudenberger, que implementou o termo burnout para retratar uma síndrome cujo a sintomatologia destacava o esgotamento profissional. O Vocábulo deriva do verbo inglês to burn out, do qual seu significado em língua portuguesa “queimar por completo” ou “consumir-se”. O estudo foi realizado valendo-se de experiência pessoal em que o autor descreveu o burnout como um sentimento de fracasso e exaustão causado por um excessivo desgaste de energia e recursos internos. Posteriormente observou que fadigabilidade, irritabilidade, depressão, aborrecimento, rigidez e inflexibilidade também desempenhavam um papel importante na composição da síndrome. (SILVA, LOUREIRO, PERES,2008).

Na mesma época, a psicóloga social Christina Maslach dispõe o mesmo termo para designar uma reação semelhante observada em profissionais de cuidados/serviços. Define o burnout como “síndrome psicológica em resposta a estressores interpessoais crônicos no trabalho”, constituída por três dimensões – exaustão emocional (sensação de depleção de recursos físicos e emocionais), despersonalização (reação negativa ou excessivamente distanciada em relação aos clientes) e redução da realização pessoal (sentimentos de incompetência e de perda de produtividade), se estabelecendo como referência, (MASLACH, Apud ZORZANELLI, VIEIRA, RUSSO, 2016).

Segundo MORENO-JIMENEZ et al (2002), atualmente os estudos do burnout exibem como um elemento de grande magnitude no contexto da prevenção de riscos laborais e da análise das condições de trabalho devido às diferentes sentenças europeias que reconhecem que as psicopatologias podem ter uma etiologia do tipo ocupacional, apesar de não figurarem no quadro de enfermidades profissionais habituais dos países europeus.

Já no Brasil, a síndrome do esgotamento profissional incorpora a Lista de Doenças Profissionais e Relacionadas ao Trabalho (Ministério da Saúde, Portaria nº 1339/1999). Está classificada sob o código Z73.0 (Classificação Internacional de Doenças, 10ª revisão – CID-10).

2 – A SÍNDROME DE BURNOUT UM CONSTRUCTO COM MOTORISTAS

Segundo Maslach (2001 apud CARLOTTO, 2004, p. 500), a Síndrome de Burnout tem se mostrado como um fenômeno psicossocial que funciona como uma resposta crônica de aspectos negativo relacionados a atividades de trabalho. Atualmente o fundamento mais aceito da SB é dimensionada na teoria de Maslach (1993), estão presentes no ambiente organizacional fatores vivenciais que levam para a síndrome. Aspectos como sobrecarga de trabalho em que os empregados enxergam ter muitas obrigações e falta de tempo para tais atividades, com isso, há um desequilibro entre as exigências de trabalho impostas aos motoristas resultando em um dos fenômenos causadores do burnout. É comum que pessoas com excesso de trabalho sintam esse desequilíbrio, a falta de controle também está relacionada com fatores de estresse ligando a síndrome no trabalho. A falta de autonomia que é imposta ao empregado pode resultar em dificuldades de estabelecer relações de trabalho entre colaborador-organização havendo desentendimentos (ROSSI, 2012).

Para Rossi (2012), recompensas insuficientes aparecem como fontes desgastantes, isto é, os empregados consideram que estão sendo mal recompensados pelo trabalho exercido. Há um rompimento no consenso na relação em que os empregados têm entre si, quando passam a ser qualificadas como falta de apoio, desconfiança e conflitos não resolvidos. Para quem presta serviços, companheiros de trabalho e/ou pessoas da comunidade em geral fora da empresa. Diferentemente de más relações, o apoio social entre os empregados tem maior avanço no caso de desavenças causadas por competitividade e conflitos, geradores de estressores e burnout.

No entanto, é aplausível o esclarecimento dos fatores que estão presentes para o acometimento de trabalhadores com a síndrome, como causas externas: ressaltando para as questões do ambiente causadores da fadiga e exaustão, exigências de trânsito ao dever de obedecer aos códigos de trânsito, bem como adaptar-se ao tráfego da cidade, engarrafamentos e condições climáticas. Relacionados a estes, estão os fatores internos, salientado as condições ergonômicas do veículo, mecânica, ruídos e vibrações (BATTISTON et al. 2006).

Em tal caso, os motoristas de ônibus estão subjugados as regras da empresa na qual trabalham, visto que exercem sua jornada de trabalho maior parte do tempo fora da empresa, isso está atribuído de forma deliberada a normas rígidas de fiscalização em relação a cumprimentos de horários, independentemente de fatores internos e externos e são responsáveis por várias diversidades (BATTISTON et al. 2006).

O burnout é considerado um fenômeno psicossocial constituído por três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e sentimento de baixa realização profissional. (MALASCH, SCHAUFELI, LEITER, apud YAEGASHI, BENEVIDES-PEREIRA, ALVES, 2011, p. 2). Para o estudo foi adotado o modelo de Benevides Pereira (2009), a Exaustão Emocional (EE), refere-se a não mais existência de energia, seja ela mental ou física, para levar à frente das atividades laborais. Esta dimensão provoca uma série de indícios psicossomáticos que dispõem absenteísmo e desligamento por problemas de saúde. Essa dimensão é central da síndrome e está diretamente relacionada ao estresse. A Despersonalização (DE), também denominada de Cinismo na compreensão para profissionais de qualquer âmbito profissional (Maslach, Jackson, Leiter, 1996), se liga às atitudes de ironia e cinismo com que os profissionais acometidos pelo burnout passam a discorrer as pessoas em seu trabalho. É a dimensão guarda da síndrome. A Realização Pessoal (RP), faz referência ao acometimento de que o idealismo, empenho e a motivação do início no trabalho, dão condições a sensação de desapontamento, insatisfação pessoal, frustação e um parecer negativo na atividade laboral.

3 – MÉTODO

3.1 PARTICIPANTES

Participaram 100 motoristas do transporte coletivo urbano que exercem a dupla função na cidade de Natal – RN. O estudo foi realizado em seis terminais rodoviários. A grande massa entrevistada era do sexo masculino (100%), casado (56%), religião católica (64%), ensino médio completo (52%), possui residência própria (75%), com idade predominante de 37 a 47 anos (47%). O tempo de admissão dos motoristas no transporte coletivo variam de duas semanas há trinta anos, têm jornada de trabalho de 36 horas a 72 horas, maior parte no turno A, manhã (26%). Desse grupo (72%) já foram assaltados, (79%) da amostra não exercem dobras na jornada de trabalho e (82%) evidenciam a presença de estresse.

3.2 INSTRUMENTO

Para a coleta de dados foi aplicado um questionário com aspectos sócio demográficos, contendo onze (11) perguntas semiabertas e abertas sobre identificação, bem como: idade, naturalidade, estado civil, religião, escolaridade, número de pessoas que moram na casa, se a residência é própria ou não, com quem mora, renda e hábitos de lazer, e quinze (15) perguntas caracterizando aspectos sócio profissional, como: local de trabalho, tempo de trabalho, trabalho anterior, quanto tempo de habilitação para dirigir, horas trabalhadas durante a semana, turno, frequência com que faz dobras, tempo de intervalo, se já se envolveu em algum acidente, se já sofreu violência no trabalho, se apresenta alguma patologia e quais, e se já precisou ser afastado do trabalho por motivos de saúde, afim de explorar predominantes de desgastes físico e emocional para o burnout.

Além do questionário, utilizou-se o Inventario Burnout Maslach (MBI), visto como mais adequado para avaliar. Optou-se pela versão de Tamayo (1997), somando 22 itens, com pontuações equivalentes de 1 a 5. Categorizando as respostas do tipo, 1 para nunca, 2 para algumas vezes ao ano, 3 para algumas vezes ao mês, 4 para indicar algumas vezes na semana e 5 para diariamente (CARLOTTO; CAMARA, 2004).

3.3 PROCEDIMENTOS

Primeiramente houve um contato com o representante do Sindicato Dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande Do Norte – SINTRO – com o objetivo de autorização e apoio para a realização do estudo. Aos motoristas, foi apresentado o documento de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, tornando-os cientes dos procedimentos e objetivos da pesquisa. Uma entrevista estruturada por meio de um roteiro a fim de tornar ciente percepção destes indivíduos quanto ao seu local de trabalho, e em seguida aplicado o MBI. Para o procedimento coleta de dados dos participantes foi adotado os tipos de amostragem intencional e conveniência. Assim, as respostas dos entrevistados, juntamente com as observações, constituíram os principais recursos para a análise da situação de trabalho dos motoristas.

A investigação foi aprovada pelo Comitê de Ética da instituição ao qual está vinculada e de acordo com a resolução do Conselho Nacional de Ética e Pesquisa – CONEP: Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE): 52023515.4.0000.5296. Foi aprovado por um comitê de ética em pesquisa, o que garante a assistência às diretrizes propostas pela Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisas envolvendo seres humanos.

4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

A amostra foi constituída por 100 participantes, sendo eles todos homens. Segue, na Tabela 1, os principais dados de perfil dos participantes, os quais consistem em relacionar aspectos de identificação da amostra. Os dados resumidos na tabela 2 referem-se aos conteúdos de perfil sócio profissionais, concebidos pelos próprios entrevistados, relatando as principais informações na jornada de trabalho.

A tabela 3 ressalta dados de investigação do campo do trabalho onde podemos acentuar questões de sofrimentos psicológicos ou não, onde podem ser trazidos consequências no mundo do trabalho. Na tabela 4, os dados apresentados referem-se a questões relacionadas a possível presença de doenças psicopatológicas e/ou crônicas, que podem frequentemente manifestar-se com impactos negativos no indivíduo e em sua jornada de trabalho.

Tabela 1- Dados do perfil de motoristas com dupla função

Variável Motoristas com dupla função
Naturalidade Nasceram em Natal: 55%
Faixa etária De 26 a 36 anos: 33%
De 37 a 47 anos: 47%
De 48 a 60 anos: 20%
Estado civil Casados/ União estável: 83%
Escolaridade Ensino médio completo: 52%
Residência Residência própria: 75%
Com quem mora Esposa e filhos: 53%
Principais hábitos de lazer Esportes:22%
Igrejas: 18%
Bares: 9%
Outros: 51%

Tabela 2- Dados de perfil sócio profissionais

Variável Motoristas com dupla função
Empresa Empresa 1: 40%
Empresa 2: 24%
Empresa 3: 4%
Empresa 4: 16%
Empresa 5: 11%
Empresa 6: 5%
Turno de trabalho Manhã: 26%
Tarde: 25%
Noite:23%
Não souberam responder: 26%
Dobras na jornada de trabalho Fazem dobras: 21%
Tempo de Intervalo de uma viagem para outra 10 minutos: 38%
15 minutos: 14%

Tabela 3- Dados de investigação do campo do trabalho

Variável Motoristas com dupla função
Evidencia de estresse no trabalho 82%
Vítimas de assalto no trabalho 72%
Envolvimento com acidentes de trânsito 48%
Afastamento do trabalho por motivos de saúde 47%

Tabela 4- Dados de presença de psicopatologias e doenças crônicas

Variável Motoristas com dupla função
Estresse/depressão 48%
Insônia 30%
Excesso de peso 21%
Hipertenssão 14%
Problemas alditivos 14%
Vista irritada 14%
Problemas de varizes 10%
Irritabilidade 9%
Problemas respiratórios 7%

Em mapeamento às leituras especializadas sobre o MBI como o estudo realizado por Carlotto (2005), aponta o instrumento para investigação do burnout não considerando aspectos antecedentes ou possíveis consequências em tal processo, delineando o burnout como uma variável não dicotômica, não examinando sua presença ou ausência. Mas, designando a síndrome como uma variável contínua que se altera entre os níveis, baixo (percentuais abaixo de 25), médio (entre 25 e 75%) e alto (maior de 75%). Desse modo, altos escores em exaustão emocional e despersonalização e baixos escores em realização profissional (está sub-escala é inversa) apontam alto nível de burnout. Em seguida realizada uma análise descritiva das três dimensões da síndrome nos participantes da pesquisa.

EXAUSTÃO EMOCIONAL

Tendo como desígnio a interpretação dos dados observados na amostra, 36% dos participantes sentem-se emocionalmente decepcionados com o trabalho, 65% revelaram que quando termina a jornada de trabalho sentem-se esgotados, 34% afirmaram que quando se levanta pela manhã e se depara com outra jornada de trabalho, já se sentem esgotados, 35% sentem que trabalhar todo dia com pessoas o tornam cansados, 55% afirmaram que o trabalho torna-os degastados, 29% sentem-se frustrados com trabalho, 46% sentem-se que está trabalhando demais, 36% revelaram que trabalhar em contato direto com pessoas, torna-os estressados e 34% afirmaram sentir-se no limite de suas possibilidades.

REALIZAÇÃO PROFISSIONAL

De acordo ainda com o estudo, 76% afirmaram que podem entender facilmente as pessoas que tem que atender profissionalmente, 35% disseram sentir, tratar com muita eficiência os problemas das pessoas as quais tem que atender, 55% revelaram sentir está exercendo influência positiva na vida das pessoas através do trabalho, 50% dos entrevistados sentem-se vigoroso no trabalho, 45% dos entrevistados sentem que podem criar com facilidade um clima agradável no trabalho, 79% sentem-se estimulados depois de haver trabalhado diretamente com quem tem que atender, 89% compreendem conseguir muitas coisas valiosas no trabalho e 81% afirmaram que no trabalho, maneja com os problemas emocionais com muita calma.

DESPERSONALIZAÇÃO

Considerando ainda a amostra, 24% sentem-se tratar algumas pessoas as quais se relacionam no trabalho como se fossem objetos impessoais, 42% afirmam sentir-se mais duro com as pessoas desde que começou o trabalho, 50% dos entrevistados preocupam-se que este trabalho esteja enrijecendo-os emocionalmente, 36% afirmaram não se importar o que ocorra com as pessoas as quais tem que atender profissionalmente e 67% questionam-se que os receptores do trabalho os culpa por alguns de seus problemas.

Advindos os resultados da amostra confirmaram as dimensões sub escaladas para a apropriação da SB. No caso dos escores mostram-se de maneira somatória tais índices conforme trazidos pelos participantes. É aplausível destacarmos aqui, situações vivenciadas por nós pesquisadores, e apontar hipóteses no que tange a probabilidades de comportamentos observados durante o processo de entrevista. Considerando o exemplo do tempo de emprego, em termos comparativos as respostas trazidas por um trabalhador que trabalha em três turnos, em relação a um trabalhador que exerce a atividade em um turno – observa-se a existência de dois grupos.

Tabela 5- Dados dos grupos A e B

Grupo A Grupo B
Trabalham em mais de um turno: 49% Trabalham apenas um turno: 51%
Evidenciam a presença de estresse: 82% Evidenciam a presença de estresse: 18%
Já foram assaltados: 72% Já foram asssaltados: 28%

Que isto proferir que, o grupo A é composto por trabalhadores que prestam serviço em mais de um turno, têm maior evidencia de estresse na rotina de trabalho, trabalharam em empresas do mesmo setor e sofrido um maior número de violações (ex. assaltos) no ambiente trabalhista, também tendo trabalhado com um cobrador auxiliando-o. O grupo B é constituído de trabalhadores que a ocupação de motorista seja possivelmente o primeiro emprego, exerce atividade somente em um turno, menor tempo exposto a possíveis violações no trabalho e experimentado apenas a dupla função. Muito apesar de ambos os grupos (A e B) exercerem a mesma atividade, apresentam características distintas, para além do perfil trabalhista, mas, faz-se indispensável abordar fatores psicológicos que corroboram para um bom desempenho ou até mesmo em caso de adoecimento mental, a insatisfação pela realização profissional levando a exaustão.

A despeito de variáveis o fator 1 – Exaustão Emocional, apresenta escores mínimos a partir de 29%, e porcentagem máxima de 65%. Para os remates da atual pesquisa descrimina-se esse resultado como uma variável contínua ao qual o trabalhador apresenta autovalores classificados em média dentro dos parâmetros da normalidade, classificados entre (25 e 75%) o que resultou uma perspectiva inesperada diante dos agravos que possivelmente a profissão traz consigo. Discorrendo acerca do fator 2 – Realização Profissional, a variável porcentagem mínima foi de 35%, e tendo porcentagem máxima de 89%. Esse resultado evidencia um escore acima da média estipulada entre (25 e 75%), categorizando-o como alto expondo um resultado de não compatibilidade com a SB. Sobre o fator 3 – Despersonalização, obteve-se porcentagem mínima de 24%, e porcentagem máxima de 67%. Esses escores indicam um percentual pouco a baixo da média.

Por fim, os resultados foram recalculados no programa estatístico SPSS afim de investigar se haveria uma concordância para os resultados. Para isso usou-se o somatório total das questões que corroboram para a distribuição de cada elemento levando à obtenção dos consecutivos valores com pontuações mínimas e máximas: Exaustão emocional (9-45), Realização Profissional (8-40) e Despersonalização (5-25). A média para Exaustão emocional se deu 20.5, para Realização profissional o resultado foi de 31, e para despersonalização a média era de 11.

Quanto maior o valor total de Exaustão Emocional e Despersonalização maior será o nível de acometimento dos profissionais. Quanto maior o número de Realização Profissional, será o nível de sentimento de capacitação e representantes positivos no trabalho. Tendo por base esses parâmetros as dimensões presentaram pontuações normais EE-20.5, RP-30.48 e DE-11.81. Feito isso, foram confirmados os dados indicando normalidade em relação a presença da síndrome.

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

No estudo foi dado enfoque para verificar se o trabalhador que exerce a dupla função está mais propenso a desenvolver a SB, no entanto, nota-se que os índices de respostas afirmam para uma variável média. O trabalhador apresenta índices de níveis que apontam para uma variância contínua, não justificando ou qualificando-o ao exercício da dupla função, ou seja, encontra-se presente na rotina de trabalho, nitidamente claro entre as respostas. Também foram apontadas relações entre o tempo de atividade em comparação aos resultados obtidos afim de propor uma melhor investigação.

Segundo Yaegashi, Benevides-Pereira e Alves (2011), um indivíduo com a síndrome de burnout não obrigatoriamente manifesta todos os sintomas, os fatores e suas manifestações dependem das composições do sujeito, tais como experiências sócio educacionais, genéticas e ambientais, e da fase em que a pessoa se encontra no encadeamento da síndrome.

Conforme apontam Carlotto e Câmara 2007, faz-se necessário estudar a cultura do burnout entre as diferentes populações até mesmo em áreas profissionais diferentes. A busca da possível presença da síndrome neste grupo aponta características no decorrer de interpretações literárias distintas no cenário do pais.

Verifica-se o merecimento de métodos relacionados a saúde desses trabalhadores, fazendo a promoção de intervenções equivalentes a desgastes físicos e psicológicos. É necessário, portanto um aprofundamento de pesquisas relacionadas a essa categoria profissional. Sendo este estudo apenas uma parcela de colaboração para desenvolvimento e evolução que permitem novas conquistas e alternativas metodológicas para esses profissionais promovendo assim espaços de trabalhos favoráveis e sustentáveis a vida humana.

REFERÊNCIAS

ASSUNCAO, Ada Ávila; SILVA, Luiz Sérgio. Condições de trabalho nos ônibus e os transtornos mentais comuns em motoristas e cobradores: Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 2012. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 29, n. 12, p. 2473-2486, dezembro.  2013.

BATTISTON, Márcia; CRUZ, Roberto Moraes; HOFFMANN, Maria Helena. Condições de trabalho e saúde de motoristas de transporte coletivo urbano. Estud. Psicol. (Natal), Natal, v. 11, n. 3, p. 333-343, Dec. 2006.

BENEVIDES-PEREIRA, A.M.T. (2009). O CBP-R em português: instrumento para a avaliação do burnout em professores. Anais do IX EDUCERE. Curitiba. p.3927.

BRASIL, Conselho Nacional de Saúde. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Resolução 196/96

BRASIL, Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2001.

BRASIL, República Federativa do. Lei nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisas envolvendo seres humanos.

BRASIL, República Federativa do. Lei nº 9.503/97. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503.htm.www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503.htm. Acesso em: 04.05.16

CAMPOS, Isabella Cristina Moraes et al. Fatores Sócio demográficos e Ocupacionais Associados à Síndrome de Burnout em Profissionais de Enfermagem. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 28, n. 4, p. 764-771, Dec. 2015 .

CARLOTTO, Mary Sandra; CAMARA, Sheila Gonçalves. Análise fatorial do Maslach Burnout Inventory (MBI) em uma amostra de professores de instituições particulares. Psicol. Estud. Maringá, v. 9, n. 3, p. 499-505, dezembro 2004.

CARLOTTO, Mary Sandra; CAMARA, Sheila Gonçalves. Preditores da Síndrome de Burnout em professores. Psicol. Esc. Educ. (Impr.), Campinas, v. 11, n. 1, p. 101-110, Junho 2007.

COSTA, L. B., Koyama, M. A. H., Minuci, E. G. & Fischer, F. M. (2003). Morbidade declarada e condições de trabalho – O caso dos motoristas de São Paulo e Belo Horizonte. São Paulo em Perspectiva, 17 (2), 54-67.

GIANASI, Luciana Bezerra de Souza; BORGES, Livia de Oliveira. Síndrome de burnout no setor de transporte de Natal. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 25, n. 3, p. 297-305, set.  2009 .

ROSSI, Ana Maria; PERREWÉ, Pamela L.; SAUTER, Steven L. Stress e qualidade de vida no trabalho: perspectivas atuais da saúde ocupacional. São Paulo: Atlas, 2012. p. 41-56.

Secretaria de Transporte e Trânsito Urbano STTU. Arquivo Geral__________ 2015. Natal/RN

SELIGMANN -SILVA, Edith et al. O Mundo Contemporâneo fazem Trabalho e a Saúde mental, trabalhador. Rev. bras. Saúde Ocup, São Paulo, v. 35, n. 122, p. 187-191, dezembro 2010.

SILVA, Daniele Carolina Marques da; LOUREIRO, Marina de Figueiredo; PERES, Rodrigo Sanches. Burnout em profissionais de enfermagem no contexto hospitalar.Psicol. hosp. (São Paulo), São Paulo, v. 6, n. 1, p. 39-51, 2008.

YAEGASHI, Solange Franci Raimundo; BENEVIDES-PEREIRA, Ana Maria T. Benevides; ALVES, Irai Cristina Boccato. O estresse e a síndrome de burnout no trabalho docente: algumas reflexões. Conpe, Maringá-PR v. 1, n. 1, p.1-15, jul. 2011.

ZORZANELLI, Rafaela; VIEIRA, Isabela; RUSSO, Jane Araújo. Diversos nomes para o cansaço: categorias emergentes e sua relação com o mundo do trabalho. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 20, n. 56, p. 77-88, mar. 2016.

Natal/RN, artigo científico depositado em 23 de Junho de 2016.

[1] Artigo apresentado à Universidade Potiguar – UnP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Graduado em Psicologia.

[2] Graduando em Psicologia pela Universidade Potiguar.

[3] Graduanda em Psicologia pela Universidade Potiguar.

[4] Orientadora. Professora da Universidade Potiguar.

Enviado: Setembro, 2018.

Aprovado: Setembro, 2018.

Rate this post
Alison Rodrigo de Melo Lima

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita