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Análise da concepção de um planejamento de uma obra residencial utilizando a modelagem da informação da construção –BIM

RC: 39990
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

GENUINO, Irismar da Silva [1], FERREIRA, Bárbara Gomes [2]

GENUINO, Irismar da Silva. FERREIRA, Bárbara Gomes. Análise da concepção de um planejamento de uma obra residencial utilizando a modelagem da informação da construção –BIM. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 10, Vol. 13, pp. 34-52. Outubro de 2019. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-civil/obra-residencial

RESUMO

O planejamento e controle de obras se caracterizam por um conjunto de estratégias e ferramentas que sendo adequadamente usadas influenciam positivamente na eficiência do seu sistema produtivo. Este trabalho faz uma apresentação do gerenciamento de projetos utilizando um planejamento desenvolvido e ancorado nos recursos disponibilizados pela modelagem da informação da construção – BIM, considerando as etapas de projeto, orçamento, e tempo de execução. Serão utilizados métodos computacionais para fundamentação teórica utilizando os softwares MS Project®, Navisworks®, Revit® BIM e ferramentas que exemplificarão a elaboração e controle de um projeto, de uma obra residencial unifamiliar com área de 80m². Ao longo deste trabalho, serão levantados aspectos relevantes como vantagens e desvantagens encontradas ao utilizar os recursos de modelagem em 4D

Palavras-chave: Metodologia Building Information Modeling (BIM), estratégias, modelagem, gerenciamento de projetos, métodos computacionais.

1. INTRODUÇÃO

Durante a execução de qualquer edificação nos deparamos com problemas que poderiam ser evitados se o setor de planejamento de obras utilizasse como ferramentas os recursos atuais disponíveis no mercado da construção civil, cenário que atravessa intensas transformações, abrangendo a organização social, os modelos econômicos, o desenvolvimento tecnológico e o aproveitamento racional dos recursos.

A modelagem BIM 3D associada a uma estrutura analítica do projeto (EAP) torna-se BIM 4D e proporciona uma evolução do avanço do cronograma físico de forma bem semelhante ao encontrado no canteiro de obras, uma vez que é possível visualizar por etapas construtivas seu progresso em uma linha de tempo mensurável, o que não seria tão evidente ao utilizar as técnicas de planejamento tradicionais, tais como o gráfico de Gantt. Permite ainda a comparação de diferentes cenários, possibilitando uma melhor estratégia para executar o projeto, maior controle e tomada de decisões mais rápidas (EASTMAN et al, 2014).

Na atualidade temos vários softwares que podem auxiliar e aprimorar o levantamento de dados, agregando robustez, qualidade e resultados mais próximos do executado em canteiro de obras. O Grupo Alexander Justi, empresa das áreas de Arquitetura, Engenharia e Construção, especializados no uso e ensino da Tecnologia BIM (Building Information Modelling) evidenciam que somente os projetos com dados agregados (elementos construtivos) serão capazes de gerar subsídios para um planejamento mais realístico.

O BIM concebe projetos com parâmetros além dos usuais, como espessura, comprimento e altura obtidos através de uma visão 2D (planta baixa e o corte). Nesta plataforma é possível incluir dados como materiais, custos, fabricante e outras propriedades úteis ao projetista, planejista ou executor, tornando-se uma ferramenta muito útil para prever conflitos antes mesmo de dar início físico à obra (REVISTA CONSTRUÇÃO MERCADO, 2011).

A tecnologia BIM facilita o trabalho simultâneo de múltiplas disciplinas de projeto. Apesar de a colaboração usando desenhos também ser possível, ela é inerentemente mais difícil e mais demorada do que trabalhar com um ou mais modelos 3D coordenados nos quais o controle de modificações possa ser bem gerenciado. Isso abrevia o tempo de projeto e reduz significativamente os erros de projeto e as omissões. (EASTMAN, 2014, p.19).

Em maio de 2018, o então presidente do Brasil Michel Temer assinou o DECRETO Nº 9.377 que Institui a Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modelling, fato este que torna ainda mais relevante o estudo do tema por muitos profissionais da área, desde técnicos, engenheiros, pesquisadores e outros. A previsão é que a partir de 2021 todas as licitações no país sejam aceitas somente com o uso desta plataforma. Este trabalho pretende auxiliar a inserção deste novo conceito no setor de planejamento e controle à profissionais como arquitetos, engenheiros civis, projetistas, analistas, planejistas e outros.

O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), complementarmente ao decreto, lançou o documento Construção inteligente, detalhando objetivos, ações, responsabilidades, metas e compromissos para a efetiva difusão desse novo paradigma da indústria da construção, reforçando a necessidade de aprofundar-se os conhecimentos desta ferramenta por acadêmicos e profissionais da área.

As mudanças no cenário da construção civil já refletem na instituições de ensino. O pró-reitor Dr. Américo Ricardo M. Almeida, da Universidade de Gurupi – UnirG, em seu discurso de recepção aos calouros do curso de Engenharia Civil 2019/1, no intuito de manter os acadêmicos atualizados e preparados para o mercado de trabalho, informou a implantação nos computadores do laboratório de informática o software Revit da empresa AutoDesk, empresa que disponibiliza versões gratuitas aos usuários classificados como docentes e discentes regularmente vinculados a uma IES.

O presente trabalho pretende contribuir para a ampliação da aplicação de teorias já abordadas durante a vida acadêmica dentro das instituições de nível superior, uma vez que as inovações tecnológicas podem alavancar a forma como se constrói, é desafiador fazer um trabalho que busca evidenciar as contribuições dessa nova plataforma, independentemente do tamanho do empreendimento, motivando e justificando o esforço desprendido para a realização deste trabalho.

Executar o planejamento de uma obra é complexo e envolve muitos profissionais, cada um trabalhando isoladamente e dependendo do repasse voluntário das informações causando atrasos e falhas durante a fase construtiva.

O desvio elevado entre o planejamento e os resultados obtidos após a execução da obra, seja no tempo, no custo ou nas adequações necessárias ao longo da implantação são bem frequentes no modelo de planejamento atual que considera apenas projetos executados no plano cartesiano sem agregar dados relevantes como tipo de material e peso por metro quadrado.

Problemas de compatibilização de projetos são frequentes e provocam gastos inesperados, acarretando retrabalho para todos os envolvidos que precisam analisar as soluções, revisando os projetos afetados, readequando os insumos e custos, ainda efetuando compra de materiais com urgência ou efetuando contratações de efetivo não programadas anteriormente, tomando tempo e impactando diretamente no cronograma da obra.

As falhas e atrasos na entrega do planejamento de obras podem ser mínimos se os profissionais envolvidos executarem suas tarefas em uma mesma plataforma, onde as alterações ou inclusões feitas em um departamento sejam atualizadas instantaneamente sem a necessidade de notificação verbal das partes.

O desvio elevado entre o planejamento e os resultados obtidos serão insignificantes se houver uma construção virtual da edificação com detalhes (tipo de material, peso, volume) agregados e com possibilidade de simulações de execução integradas a uma EAP bem elaborada.

Os problemas de compatibilização de projetos são facilmente resolvidos com a integração de todas as modelagens em uma única plataforma que segue os parâmetros que impedem que dois elementos (exemplo: tubulações elétricas e hidráulicas) ocupem a mesma localização do plano em estudo.

O objetivo desse trabalho é analisar a elaboração do planejamento de obra de uma edificação residencial de 80m², tendo como recurso a aplicação das ferramentas de modelagem da informação da construção (BIM) visando estabelecer as vantagens ou desvantagens desses recursos durante o processo, registrando-as e, ao final gerar o relatório analítico dessas ferramentas. Os projetos foram previamente elaborados por outros projetistas pelo método tradicional CAD 2D, sendo o edifício em estudo, residencial e localizado na cidade de Aliança/TO. Para tanto será necessário: a) conhecer os princípios de aplicação das ferramentas de modelagem da informação da construção; b) modelar os projetos: arquitetônico, estrutural, hidrossanitário e elétrico na plataforma BIM; c) elaborar um plano de execução fundamentado na compatibilização virtual dos projetos em paralelo com a linha do tempo; d) analisar as contribuições da plataforma BIM aplicada ao planejamento de obras.

2. BIM PARA ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO 4D

2.1 BIM

BIM é a abreviação de Building Information Modelling ou Modelagem de Informações da Construção. Nesta plataforma as informações da construção estarão inseridas nos objetos, como por exemplo o peso, as medidas, o material, o custo ou qualquer outro detalhe importante durante a concepção, construção ou até mesmo operação de uma edificação. Charles M. Eastman, professor do Instituto de Tecnologia da Geórgia, no ano de 1974, em conjunto com uma equipe de estudiosos criaram o conceito BDS (Building Description System – Sistema de Descrição da Construção), que visava inicialmente mostrar que uma descrição virtual detalhada de um edifício poderia otimizar sua análise conceptiva e construtiva, eliminando a maioria dos pontos fracos antes mesmo de iniciar a obra física.

O BIM possibilita a construção virtual da edificação, onde todas as etapas construtivas e elementos podem ser testados, seja em sua forma, estrutura, custo ou energia. Para Nunes (2013) é um novo processo na arte de planejar e executar uma construção, onde conceitua que Bim é a metodologia de desenvolvimento de projeto auxiliado por computador em um nível mais alto, multidisciplinar, aplicado à cadeia da construção civil.

Embora existam inúmeros softwares disponíveis no mercado, ambos trabalham sob a mesma metodologia, a criação de um banco de dados inerentes a um projeto e integrado à modelagem em três dimensões (COELHO e NOVAES, 2008).

Durante a modelagem são inseridas dois tipos de informações, a paramétrica que é em função da geometria do elemento em construção (altura, largura, diâmetro, espessura, etc.) e a não paramétrica que diz respeito ao material utilizado, os acabamentos, o peso por m², ou até mesmo o custo ou prazo para a execução do empreendimento, segundo o Eng. Lucas Batista, presidente da regional MG da CBIM em uma de suas apresentações na BimLab, empresa da qual é presidente.

Segundo Eastman et al. (2011) com a tecnologia BIM, é possível criar digitalmente um ou mais modelos virtuais precisos de uma construção. Eles oferecem suporte ao projeto ao longo de suas fases, permitindo melhor análise e controle do que os processos manuais. Quando concluídos, esses modelos gerados por computador contêm geometria e dados precisos necessários para o apoio às atividades de construção, fabricação e aquisição por meio das quais a construção é realizada. A utilização do Bim ao longo das etapas construtivas de uma edificação pode ser observada na figura 1.

Figura 1. Etapas de utilização do BIM

Fonte: Eastman, Teicholz, Sacks e Liston (2008)

Centralizar as informações em um único arquivo base diminui consideravelmente os erros de compatibilização, uma vez que, a concentração das informações reduz o número de canais de informação, diminuindo em consequência as possíveis conflitos, segundo Eastman et al. (2011). Podemos verificar na figura 2 um comparativo entre o modelo tradicional e o modelo com BIM na gestão da comunicação.

2.1.1 DIMENSÕES DO BIM

Modelar uma edificação de forma tridimensional por si só não faz deste um BIM. É necessário agregar às características geométricas informações que proporcionem aplicabilidades que vão além do projeto, como: planejamento, orçamento, sustentabilidade e operação das edificações. Segundo GONÇALVES (2019) podemos dividir o BIM em camadas de inserção de informação, popularmente conhecido como “dimensões” variando de 1D a 7D, podendo ser acrescidas ainda outras variáveis conforme necessidade do empreendimento, conceito este, esquematizado e resumidamente explicito na figura 3. Ressaltamos que as dimensões podem ser trabalhadas de forma não sequencial e de acordo com as necessidades do gestor.

Figura 2: Dimensões do BIM

Fonte: Arq. Ellen Flávia Weis Leite

2.1.2 LOD´s

LOD é a sigla para Level of Development, ou em português nível de desenvolvimento do modelo, sendo uma classificação criada pela AIA (Instituto Americano de Arquitetura) para organizar as etapas do desenvolvimento de um projeto e suas fases em BIM. É imprescindível a definição da quantidade e tipo de detalhes ainda na contratação do projetista pelo contratante, pois essas definições impactarão diretamente nos prazos e custos do projeto. Quanto mais avançado o LOD, maior o número de informações envolvidas no modelo da obra, segundo GONÇALVES (2019). De acordo com a especificação da AIA, os níveis são divididos em conforme a Figura 3.

Figura 3. AIA BIM Protocol E202 – Especificação dos níveis LOD

Fonte: Adaptado de SILVA(2013).

2.1.3 REVIT® BIM 2019

Revit é um software da empresa Autodesk que suporta a modelagem da informação da construção. Foi desenvolvido para uso de arquitetos, engenheiros e designers, plataforma criada pela Charles River Software, empresa fundada em 1997 e renomeada Revit Technology Corporation em 2000, ano que foi lançada a primeira versão estável.

Segundo o site oficial da Autodesk, o software permite aos usuários projetar edifícios, estruturas e seus componentes em 3D e anotações no modelo com desenhos 2D. Outra possibilidade existente na plataforma é o acesso aos elementos e informações de construção a partir de um banco de dados do modelo. Suas ferramentas são utilizadas para planejar os vários estágios no ciclo de vida da edificação, desde o conceito até a construção e, posteriormente, manutenção e/ou demolição AUTODESK (2019).

2.2 PLANEJAMENTO

Planejamento significa o ato ou efeito de planejar; criar um plano para otimizar o alcance de um determinado objetivo, ou seja, preparar-se antecipadamente com recursos adequados evitando problemas durante a execução, segundo NOCÊRA (2010). CHIAVENATO (2003) ressalta que o planejamento é um processo de estabelecer objetivos e definir a maneira como alcança-los.

Fatores como a alta competitividade, a globalização da economia, a demanda por construções inovadoras em detrimento a alta velocidade no surgimento de novas tecnologias e insumos, fizeram com que o meio coorporativo buscasse investir significativamente na gestão e controle de todo o processo. MATTOS (2010), evidencia que mudanças no mercado da construção civil tem alterado de forma significativa a maneira como se elabora o planejamento de uma obra, acrescenta ainda que as deficiências no planejamento e no controle estão entre as principais causas da baixa produtividade do setor, de suas elevadas perdas e da baixa qualidade dos seus produtos.

Um planejamento bem elaborado proporciona ao gestor um alto grau de conhecimento do empreendimento, alcançando assim maior eficiência na condução da execução das fases construtivas do empreendimento. MATTOS(2010) elencou os principais benefícios, conforme visualizamos na figura 4.

Figura 4. Principais benefícios do Planejamento

Fonte: Livro Planejamento de Obras, Mattos, Cap.1, pág.21.

2.2.1 PLANEJAMENTO 4D

O planejamento 4D consiste na elaboração do modelo 3D, com atributos e parâmetros criados à partir da EAP desenvolvida, ou seja, seguindo a concepção da construção adotada para a edificação. As informações do modelo 3D e o planejamento que por sua vez é elaborado em função do fator tempo, quando interligados resultam no BIM 4D, conforme visualizamos na figura 4.

Figura 5. BIM 4D

Fonte: Adaptado de Eastman et al., 2014

2.2.2 MS PROJECT® 2013

O Microsoft Project é software de gerenciamento de projetos ou gestão de projeto desenvolvido pela empresa Microsoft Corporation, atuando em diversas fases da gestão de projetos, atuando diretamente nas funções de “planejamento” e “controle”. Nesta plataforma é possível planejar as atividades, administrar prazos, definir custos, alocar recursos e caracterizar o grau de importância de um projeto como um todo segundo relata Hezequias Vasconcelos em seu blog pessoal.

Segundo o site oficial da Microsoft o Ms Project é um poderoso aplicativo de gerenciamento de projetos, podendo ser utilizado para planejar, programar e representar graficamente as informações sobre os mais diferentes tipos de projetos. Com sua interface semelhante ao Excel, tornou-se rapidamente o software mais utilizado pelas construtoras do pais na elaboração do planejamento da obra REVISTA PM (2013).

2.2.3 NAVISWORKS® 2019

Navisworks® é um software da Autodesk que permite a análise de projetos que por profissionais de arquitetura, engenharia e construção de forma integralizada em uma única interface, desta forma é possível prever conflitos antes mesmo de ser iniciada a execução física da edificação, conforme AUTODESK (2019).

Os recursos de simulação de construção fornecidos pelo software permitem aos profissionais verificar conflitos da parte elétrica com a hidrossanitária em apenas um clique, diminuindo consideravelmente as falhas. A versão lançada em 2019 possui ferramentas avançadas de simulação e validação, a exemplo temos o recorte de seções destacadas onde a visualização é mais fácil e com destaque nos elementos escolhidos VENDRAMINI (2019).

3. METODOLOGIA

A metodologia de trabalho consistiu em quatro etapas: revisão bibliográfica, elaboração do cronograma da obra no Ms Project, modelagem completa de uma edificação de 80m² (projetos arquitetônico, estrutural, hidrossanitário e elétrico), integralização entre os modelos 3D e o cronograma no software Navisworks resultando na criação de uma simulação virtual por etapas construtivas da edificação.

Durante a revisão bibliográfica utilizou-se livros, artigos, dissertações, sites, cursos online e monografias de graduação, possuindo como abordagem os conceitos gerais sobre modelagem da informação da construção BIM e planejamento de obras, assim como os softwares escolhidos para a realização deste trabalho (Revit®, Navisworks® Ms Project®).

Na sequência elaborou-se o planejamento do escopo, definindo-se a estrutura analítica usando como recurso as ferrramentas disponíveis no Ms Project® e os conhecimentos adquiridos durante a fase de revisão bibliográfica.

Após a conclusão da EAP executou-se a modelagem 3D de uma edificação de 80m², utilizando como fonte o projeto gentilmente cedido pela docente e orientadora deste trabalho Eng. Esp. Bárbara Ferreira que concebeu e dimensionou o mesmo. O software utilizado na modelagem dos projetos arquitetônico, hidrossanitário, elétrico e estrutural foi o Revit® BIM da Autodesk V.2019.

Com a EAP e a modelagem 3D concluídas obteve-se a integração dos dados com a utilização da plataforma do Navisworks®. Os projetos modelados no Revit foram exportados (formatos NWC e NWF) e organizados em uma pasta, para compor com o uso do Navisworks® os elementos do projeto em um arquivo único do tipo federado (IFC). Na sequência ocorreu a incorporação do cronograma da obra idealizado no Ms Project® classificando-se as atividades em Construct, Demolish ou Temporay e associando-as conforme as etapas da construção.

Após a integração obteve-se um arquivo único com todas as informações pertinentes ao planejado iniciando-se as simulações da execução da obra. Nesse momento foi possível verificar discrepâncias ou conflitos não previstos durante a concepção da edificação. Nesta fase também foi feita uma análise se os recursos utilizados foram satisfatórios ou não na elaboração do planejamento da obra.

O resumo das atividades e ferramentas utilizadas para atingir o objetivo deste trabalho podem ser observadas na tabela 1 a seguir.

Tabela 1: Recursos e Metodologia empregada

Fonte: Adaptado de Eastman et al., 2014v

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nessa etapa, foram analisados os resultados referente a integração entre o cronograma executivo da obra e a modelagem 3D em arquivo único na plataforma do Navisworks que propiciou a construção virtual da edificação conforme o processo construtivo escolhido.

Com a elaboração do cronograma da obra no Ms Project, no qual estava elencada todas as atividades de seu processo construtivo, resultou-se a geração da EAP, apresentando o período total de 256 dias úteis de duração para a sua construção, conforme figura 5.

Figura 6. Elaboração da Estrutura Analítica de Projeto (EAP)

Fonte: autora.

A modelagem 3D por ter sido elaborada conforme as etapas determinadas na EAP evitou conflitos entre as disciplinas em função do período que cada uma iria ser executada. Desta forma a integração entre o cronograma e os modelos na plataforma do Navisworks possibilitou a criação automática dos quantitativos conforme etapa ou necessidade da autora. Outro ponto relevante foi o uso da função Clash Detection (Figura 7) que viabilizou a verificação de incompatibilidade entre as disciplinas. Além de obter de forma rápida as plantas, elevações, cortes e vista 3D, também foi possível criar tabelas de quantitativos de materiais, à medida que o modelo foi corretamente carregado de informações referentes ao seu processo construtivo, independentemente da fase construtiva analisada.

Figura 7. Função Clash Detection

Fonte: autora.

Figura 8. Função Clash Detection

Fonte: autora.

As Coletâneas GUIAS BIM da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) evidenciam que a efetiva implantação da metodologia BIM se baseia em três dimensões fundamentais: tecnologias, processos e pessoas. Desta forma a realização das modelagens usando um banco de dados único, tornou a troca de informações entre as disciplinas mais eficaz e isenta de falhas em sua compatibilização.

O desvio entre o planejamento e o realizado tende a diminuir significativamente após a execução da obra, uma vez que toda a edificação será construída virtualmente respeitando suas fases, podendo-se elencar ainda quaisquer tipos de maquinário, fator extremante importante para elaboração de um plano logístico eficaz. McGraw Hill Construction (2014) realizou uma pesquisa junto aos contratantes das obras nos nove maiores mercados da construção, ambos relataram como benefícios advindos pelo uso do BIM: redução de erros e omissões; colaboração com os proprietários e empresas de projeto; melhora na imagem da empresa; redução do retrabalho; redução do preço da construção; melhor controle e previsibilidade dos custos; e redução da duração total do projeto.

Os gastos em virtude da incompatibilização entre os projetos serão mitigados, pois o sistema permite diversos tipos de simulações para a execução da obra. Mesmo que durante a execução surja eventuais problemas não previstos durante a elaboração da modelagem, as alterações feitas são automaticamente atualizadas em todas as disciplinas, de forma rápida e eficaz, permitindo ainda a emissão de novo quantitativo de material conforme necessidade do gestor.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo demonstrou que as informações obtidas através da integração entre as disciplinas e a EAP (projetos, cronogramas, orçamentos, etc.) proporcionam maior facilidade de interpretação das etapas construtivas, podendo estas serem compartilhadas de forma analítica ou simplificada com qualquer membro da equipe, seja ele parte integrante da criação dos projetos, seja o gestor da obra ou ainda a equipe executora da mesma. A simulação de vários cenários possíveis de execução amplia as opções para as tomadas de decisão, bem como confiabilidade nos resultados. A comunicação entre os colaboradores é facilitada, uma vez que, as informações estão em um só banco de dados, obtendo benefícios como redução de tempo e de retrabalho, por exemplo.

Para obtenção dos benefícios acima citados, é necessário que a empresa possua um plano de implantação do BIM, onde será estabelecido os critérios que servirão de guia aos projetistas e gestores, garantindo que todas as informações serão interligadas satisfatoriamente na plataforma do Navisworks. Todos os envolvidos deverão receber capacitação adequada e na sequência a execução de um projeto piloto para sanar durante a prática dúvidas não previstas durante a capacitação.

Durante a realização do estudo de caso relatado acima, a autora percebeu que a maior dificuldade é a implantação do modelo BIM, pois inúmeros critérios precisam ser previstos antes mesmo de iniciar a modelagem propriamente dita. É necessário um planejamento das informações que serão necessárias de forma sistemática, garantindo assim que a esquipe compreenda a importância do modelo escolhido, interagindo de forma assertiva entre si. Outros estudos de caso estão sendo realizados de modo a validar o arcabouço teórico proposto.

REFERÊNCIAS

ARQUITETURA FÁCIL. Partido x Conceito. Disqus, São Paulo. 2019. Disponível em: http://arquiteturafacil.com/index.php/2018/01/11/partido-x-conceito/. Acesso em 12 mai 2019.

BRASIL. Decreto nº 9.377, de 17 de maio de 2018. Institui a Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modelling. Diário Oficial, Brasília, DF, 18 mai. 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9377.htm Acesso em 23 abr 2019.

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. Sétima edição. Elsevier, Rio de Janeiro, 2003.

COELHO, S.S.; NOVAES, C.C. Modelagem de Informações para Construção (BIM) e ambientes colaborativos para gestão de projetos na construção civil. In: VIII Workshop Brasileiro de Gestão de Projetos na Construção de Edifícios, São Paulo, USP, 2008.

CROTTY, Ray. The Impact of Building Information Modelling. SPON Press. Nova Iorque, 2012.

EASTMAN, Chuck; TEICHOLZ, Paul; SACKS, Rafel e LISTON, Kathleen. Manual BIM – Um guia de modelagem da informação da construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores. Segunda Edição. BOOKMAN, São Paulo, 2014.

GONÇALVES, Francisco A. A. Dimensões do BIM e seus níveis de desenvolvimento de um modelo LOD. Edição 157. Revista OSE Portal Elétrico, Novemp, São Paulo, 2019.

JUSTIN, Alexander. BIM. AJ, 2019. Disponível em: http://devpublicon.kinghost.net/grupoaj/inteligencia-bim/. Acesso em 23 abr 2019.

MATTOS, Aldo Dórea. Planejamento e controle de obras. Terceira Edição. Pini, São Paulo, 2010.

MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS. Estratégia nacional de disseminação do BIM – Estratégia BIM BR. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/index.php/competitividade-industrial/ce-bim. Acesso em 23 abr 2019.

NOCÊRA, Rosaldo de Jesusl. Planejamento e controle de obras. 2° edição. Editora RJN, São Paulo, 2010.

NUNES, André Mariani Magalhães. Planejamento de obras com Modelagem da Informação da Construção – BIM. 71f. il. 2013. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso) – Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013.

PEREIRA, Priscila Pacheco Kanashiro. Implementação do BIM no setor de planejamento e controle de uma construtora. 2014. 50 fl. Monografia (Especialização em Gerenciamento de Obras) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2014. Disponível em: http://repositorio.roca.utfpr.edu.br:8080/jspui/bitstream/1/3164/1/CT_GEOB_XIX_2014_08.pdf. Acesso em: 11 de mai 2019.

REVISTA CONSTRUÇÃO MERCADO. Debates técnicos – BIM. McGraw-Hill Construction. PINI, 2019. Disponível em: http://construcaomercado17.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/127/integracao-absoluta-disparidade-na-adocao-entre-projetistas-arquitetos-e-282614-1.aspx. Acesso em: 01 abr 2019.

REVISTA MUNDO PM. Seção Especialista Responde: Valor Agregado e MS Project. Farhad Abdollahyan. Edição 49. Editora Mundo, São Paulo, 2013.

SILVA, Jorge M.S. Princípios para o Desenvolvimento de Projetos com Recurso a Ferramentas BIM -Avaliação de melhores práticas e proposta de regras de modelação para projetos de estruturas. SlideShare, 2013. Disponível em: https://pt.slideshare.net/JooPoasMartins/ec06168-ppt. Acesso em: 23 set 2019.

VENDRAMINI, Roberta. Transformando o planejamento com o Navisworks. Portal Cursos Construir, São Paulo, 2019. Disponível em: https://construir.arq.br/author/roberta-vendramini/?v=19d3326f3137. Acesso em: 13 set 2019.

[1] Graduanda em Engenharia Civil.

[2] Especialista em Gestão de Projetos.

Enviado: Outubro, 2019.

Aprovado: Outubro, 2019.

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