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Manifestações patológicas causadas pela ausência ou falha de impermeabilização

RC: 22330
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SILVA, Fransueila Lemos [1], OLIVEIRA, Maria do Perpétuo Socorro Lamego [2]

SILVA, Fransueila Lemos. OLIVEIRA, Maria do Perpétuo Socorro Lamego. Manifestações patológicas causadas pela ausência ou falha de impermeabilização. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 11, Vol. 01, pp. 76-95 Novembro de 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

A impermeabilização de uma edificação está diretamente relacionada ao desempenho e vida útil da mesma. É pelo projeto de impermeabilização que se começa a prevenção das patologias, mas que ainda nos dias atuais ele é desprezado por conta de contenção de gastos e informações. A implantação de um sistema de impermeabilização elaborado e incluído no orçamento da obra tem um custo muito menor, do que ser feito depois de constatados os problemas na edificação causados pela ausência ou falha do sistema. Sendo que as manifestações patológicas não comprometem só a edificação, mas também a qualidade de vida do proprietário, pois os ambientes ficam insalubres apresentando manchas, bolores, oxidação das armaduras, entre outros, podendo causar doenças respiratórias. A impermeabilização na construção civil é muito importante, pois garante a proteção da construção e do usuário.

Palavras chave: Impermeabilização, falhas, manifestações patológicas, edificação.

INTRODUÇÃO

A impermeabilização é um sistema responsável por selar, colmatar ou vedar os materiais porosos e suas falhas, sejam elas motivadas por momentos estruturais ou por deficiências técnicas de preparo e de execução. Ela já é utilizada há muitos anos na humanidade, segundo Vedacit (2010) os romanos e os incas já empregavam albumina (clara de ovo, sangue, óleos, etc.) para impermeabilizar saunas e aquedutos.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI), no Brasil as primeiras impermeabilizações utilizavam óleo de baleia na mistura das argamassas para o assentamento de tijolos e revestimentos das paredes das obras que necessitavam desta proteção. Com as obras do Metrô da cidade de São Paulo, que se iniciaram em 1968, a impermeabilização foi entendida como item da construção que necessitava de normalização e desde então iniciou-se o processo de divulgação da importância da impermeabilização que prossegue até os dias de hoje.

A patologia na construção civil, pode se dizer que são anomalias ou problemas causados pela má execução da obra, sendo na parte de projeto, execução ou falha do produto utilizado.

Na construção civil impermeabilização e patologia estão relacionadas, pois, a falta da impermeabilização na edificação pode ocasionar várias manifestações patológicas que danificam as estruturas, como infiltrações, umidade, corrosão das armaduras, comprometendo o ciclo de vida útil, que além de causar custo financeiro, retrabalho, pode causar desgaste físico e emocional do proprietário ou usuário que sofre com a má qualidade de vida causada pelos problemas existentes no imóvel.

Apesar dos estudos realizados, do surgimento de tecnologias que inovaram os produtos que são utilizados, pode-se afirmar que o projeto impermeabilização não está presente em todas as obras, isso ainda ocorre, porque o projeto de impermeabilização atualmente ainda não é visto como os demais projetos, ou seja, não é considerado como importante. E também por não ser visto como parte economicamente viável.

O custo da implantação de um sistema de impermeabilização na edificação representa em média de 1 a 3 % do custo total da obra, considerando projeto, consultoria, fiscalização, execução e materiais, e quando não executada com qualidade técnica, pode ocasionar despesas de 10% a 15%, e em alguns casos irreparáveis.

Não é admissível que a impermeabilização seja considerada como um serviço adicional, de função meramente secundária em relação as demais etapas da construção, e de custo adicional quase supérfluo (CUNHA; NEUMANN, 1979, p. 12).

METODOLOGIA

Este trabalho tem como metodologia a pesquisa exploratória, utilizando os levantamentos bibliográficos feitos através de pesquisas em livros, revistas, teses, normas técnicas, sites e dissertações sobre o assunto abordado.

PROJETO DE IMPERMEABILIZAÇÃO

A impermeabilização é o tratamento mais importante que deve estar presente em todas as edificações, protegendo-as contra as infiltrações de líquidos, gases e vapores. Para que não ocorra manifestações patológicas por ausência da mesma, deve-se ter sempre um projeto de impermeabilização, em que indicará os sistemas e matérias específicos à sua aplicação contemplando custos, garantia, vida útil, etc.

No entanto, para que seja feito um projeto de impermeabilização bem planejado, deve-se começar pelo estudo do terreno onde será a edificação, onde será verificado suas características geomorfológicas e químicas.

De acordo com a NBR 9575/2010:

O projeto deve ser desenvolvido em conjunto e compatibilizado com os demais projetos de construção, tais como arquitetura (projeto básico e executivo), estrutural, hidráulico-sanitário, águas pluviais, gás, elétrico, revestimento, paisagismo e outros, de modo a serem previstas as correspondentes especificações em termos de tipologia, dimensões, cargas, ensaios e detalhes construtivos.

De acordo com VEDACIT (2010), para a elaboração do projeto devemos considerar:

  1. A estrutura a ser impermeabilizada: tipo e finalidade da estrutura, deformações previstas e posicionamento das juntas.

b) As condições externas às estruturas: solicitações impostas às estruturas pela água, as impermeabilizações, detalhes construtivos, projetos interferentes com a impermeabilização e análise de custos X durabilidade.

Segundo a NBR 9575/2010, a impermeabilização deve ser projetada de modo a:

a) evitar a passagem de fluidos e vapores nas construções, pelas partes que requeiram estanqueidade, podendo ser integrados ou não outros sistemas construtivos, desde que observadas normas específicas de desempenho que proporcionem as mesmas condições de estanqueidade;

b) proteger os elementos e componentes construtivos que estejam expostos ao intemperismo, contra a ação de agentes agressivos presentes na atmosfera;

c) proteger o meio ambiente de agentes contaminantes por meio da utilização de sistemas de impermeabilização;

d) possibilitar sempre que possível acesso à impermeabilização, com o mínimo de intervenção nos revestimentos sobrepostos a ela, de modo a ser evitada, tão logo sejam percebidas falhas do sistema impermeável, a degradação das estruturas e componentes construtivos.

Quanto a execução, deve ser realizada de acordo com a ABNT NBR 9574:2008, que estabelece as exigências e recomendações relativas à execução de impermeabilização, atendendo a ABNT NBR 9575/2010.

Tanto o projeto básico quanto o executivo devem ser feitos por profissionais legalmente habilitados, e em todas as peças gráficas e descritivas, devem constar os dados do mesmo. Esse profissional é o principal responsável pela garantia de estanqueidade da edificação, por isso além da entrega dos projetos ele deve auxiliar o construtor na escolha correta da empresa fornecedora dos materiais, assim como na fiscalização dos trabalhos da empresa aplicadora.

Pois, a impermeabilização exige cuidados para que tenha sua eficácia, e a escolha de produtos de baixa qualidade e a mão de obra não especializada acabam comprometendo todo o serviço.

Segundo Moraes (2002), devido ao projeto, as origens dos defeitos podem ser:

  • Pela ausência do próprio projeto;
  • Pela especificação inadequada de materiais;
  • Pela falta de dimensionamento e previsão de números de coletores pluviais para escoamento d’água;
  • Pela interferência de outros projetos na impermeabilização.

Segundo Vanni (1999) as principais falhas ocasionadas por projetos, são:

  1. Projetos incompletos;
  2. Incompatibilidade dos diversos projetos;
  3. Alterações nos projetos;
  4. Conflitos entre os distintos projetos;
  5. Falta de coordenação;
  6. Tempo perdido em reuniões mal conduzidas;
  7. Erros na especificação de materiais;
  8. Falta de detalhamento;
  9. Dificuldades de interpretação da representação gráfica;
  10. Planejamento inadequado;
  11. Falta de padronização.
  12. SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO

A escolha do sistema de impermeabilização correto deve levar em contar várias considerações, pois, a indicação do sistema a usar depende de cada tipo de estrutura a qual se queira impermeabilizar.

A NBR 8083 define um sistema de impermeabilização como conjunto de materiais que uma vez aplicado, confere impermeabilidade às construções.

De acordo com a NBR 9575 (2010), o tipo adequado de impermeabilização a ser empregado na construção civil deve ser determinado segundo a solicitação imposta pelo fluido nas partes construtivas que requeiram estanqueidade. A solicitação pode ocorrer de quatro formas distintas, conforme a seguir:

a) imposta pela água de percolação;

b) imposta pela água de condensação;

c) imposta pela umidade do solo;

d) imposta pelo fluido sob pressão unilateral ou bilateral.

Existe atualmente dois tipos de sistemas de impermeabilização: o rígido e o flexível.

FIGURA 1: Diferença dos sistemas rígido e flexível.

 

Fonte: Vedacit, 2010.

SISTEMA RÍGIDO

O sistema de impermeabilização é indicado para estruturas que não se movimentam ou que não sofrem deformações, que não tenham forte exposição solar, variações térmicas e vibração, tais como:

  • Reservatórios, piscinas e caixas d’água (enterrados);
  • Fundações (alicerces);
  • Poços de elevadores;
  • Subsolos;
  • Pisos em contato com o solo;
  • Paredes de encosta;
  • Muros de arrimo.

De acordo com Hussein (2013), a impermeabilização rígida, que não está sujeita à fissuração, deve ser:

a) argamassa impermeável com aditivo hidrófugo;

b) argamassa modificada com polímero;

c) argamassa polimérica;

d) cimento cristalizante para pressão negativa;

e) cimento modificado com polímero;

f) membrana epoxídica.

 

FIGURA 2: Tipos de impermeabilizantes e sua aplicação.

Fonte: http://equipedeobra17.pini.com.br/construcao-reforma/44/conhecendo-os-impermeabilizantes-veja-quais-sao-os-sistemas-de-245388-1.aspx.

SISTEMA FLEXÍVEL

O sistema de impermeabilização flexível ao contrário, é indicado para estruturas sujeitas a movimentação, forte exposição solar, variações térmicas, tais como:

  • Lajes de cobertura;
  • Terraços;
  • Calhas de concreto;
  • Áreas frias: banheiros, cozinhas;
  • Áreas de serviço;
  • Abóbadas;
  • Reservatórios elevados.

Há dois tipos básicos de sistemas flexíveis:

  • Sistema flexível moldado no local: membranas asfálticas e acrílicas e argamassas poliméricas.

 

Fonte: http://equipedeobra17.pini.com.br/construcao-reforma/44/conhecendo-os-impermeabilizantes-veja-quais-sao-os-sistemas-de-245388-1.aspx.

FIGURA 3: Aplicação de membranas moldadas no local.

  • Sistema flexível pré-fabricado: mantas asfálticas.
Fonte: http://equipedeobra17.pini.com.br/construcao-reforma/44/conhecendo-os-impermeabilizantes-veja-quais-sao-os-sistemas-de-245388-1.aspx.

FIGURA 4: Aplicação de manta asfáltica.

De acordo com Hussein (2013), a impermeabilização flexível, ou seja, que está sujeita à fissuração, deve ser:

a) membrana de asfalto modificado sem adição de polímero;

b) membrana de asfalto modificado com adição de polímero elastomérico;

c) membrana de emulsão asfáltica;

d) membrana de asfalto elastomérico em solução;

e) membrana elastomérica de policloropreno e polietileno clorossulfonado;

f) membrana elastomérica de poliisobutileno isopreno (I.I.R), em solução;

g) membrana elastomérica de estireno-butadieno-estireno (S.B.S.);

h) membrana de poliuretano;

i) membrana de poliuréia;

j) membrana de poliuretano modificado com asfalto;

l) membrana de polimero modificado com cimento;

m) membrana acrílica;

n) manta asfáltica;

o) manta de acetato de etilvinila (E.V.A.);

p) manta de policloreto de vinila (P.V.C.);

q) manta de polietileno de alta densidade (P.E.A.D.);

r) manta elastomérica de etilenopropilenodieno-monômero (E.P.D.M.);

s) manta elastomérica de poliisobutileno isopreno (I.I.R).

A AÇÃO DA ÁGUA SOBRE UMA EDIFICAÇÃO

A água é um dos maiores causadores de patologias, de forma direta ou indireta, quer se encontre no estado de gelo, no líquido ou mesmo enquanto vapor de água. Pode ser vista como um agente de degradação ou como meio para instalação de outros agentes. (QUERUZ, 2007).

De acordo com Storte (2006), a água pode penetrar em uma construção das seguintes formas:

  • Estado líquido
  • águas pluviais;
  • águas de infiltração;
  • umidade ascendente;
  • estado de vapor;
  • condensação capilar;
  • absorção higroscópica;
  • condensação.

A figura abaixo mostra as diversas formas de ação da água na edificação.

 

FIGURA 5: Formas de ação da água na edificação.

Fonte: Casa d’água.

A presença indesejável de água na edificação se origina basicamente por ascensão capilar de umidade do solo, infiltração de água decorrente de vazamentos ou penetração por frestas ou fissuras provenientes de movimentações térmicas, trincas em fachadas, caixas de luz (expostas), modificações e condensação de vapor por deficiência de ventilação.

UMIDADE DE INFILTRAÇÃO

É aquela causada pela penetração direta da água no interior dos edifícios pelas paredes, por meio de trincas, pela alta capacidade de os materiais absorverem a umidade do ar, ou por falhas na interface de elementos construtivos (por exemplo, vedação insuficiente de janelas e portas). Em geral, é ocasionada pela água da chuva.

Fonte: Autora, 2018

FIGURA 6: Umidade por infiltração.

UMIDADE ASCENSIONAL

É aquela que aparece nas áreas inferiores das paredes, que absorvem a água do solo pela fundação. Nesse caso, a parede está ligada com as vigas de fundação, ficando parcialmente enterrada e em contato com a superfície úmida, pode ser permanente, quando o nível de lençol freático está muito alto. Ou sazonal, em decorrência da variação climática.

https://www.cec.com.br/images/hotsites/Dicas/construcao/tiposdeumidade/04-06.jpg
Fonte: C&C, 2010.

FIGURA 7: Umidade ascendente por capilaridade.

UMIDADE POR CONDENSAÇÃO

É produzida quando o vapor de água existente no interior de um local (sala, cozinha, dormitórios, etc.) entra em contato com superfícies mais frias, como vidros, metais e paredes, formando pequenas gotas de água.  Esse fenômeno está associado à falta de ventilação.

https://www.cec.com.br/images/hotsites/Dicas/construcao/tiposdeumidade/02-06.jpg
Fonte: C&C, 2010.

FIGURA 8: Umidade por condensação.

UMIDADE POR OBRA

De acordo com Queruz (2007), se caracteriza como a umidade que ficou interna aos materiais por ocasião de sua execução e que acaba por se exteriorizar em decorrência do desiquilíbrio que se estabelece entre material e ambiente.

UMIDADE ACIDENTAL

Segundo RIGHI (2009), é a umidade causada por falhas nos elementos de tubulações, como águas pluviais, esgoto e água potável, e que geram infiltrações. A existência de umidade com esse tipo de origem tem uma importância especial quando se trata de edificações que já possuam um longo tempo de vida já excedido, que não costumam ser contempladas em planos de manutenção predial.

De acordo com Ripper (1996, p. 65):

A umidade é o maior inimigo das construções e da saúde dos seus ocupantes. E é justamente contra este mal que não se tomam muitos cuidados nas obras, por falta de conhecimento das soluções corretas ou por falta de senso de responsabilidade, partindo-se para soluções mais baratas, mesmo por simples negligência do pessoal encarregado da execução.

Souza (2008) cita as principais causas para o surgimento de patologias em impermeabilizações:

  • Baixa qualidade dos materiais impermeabilizantes;
  • Falta de impermeabilização;
  • Escolha de materiais inadequados;
  • Dimensionamento inadequado para o escoamento das águas pluviais;
  • A não consideração do efeito térmico sobre a laje;
  • Pouco caimento para o escoamento das águas;
  • Execução inadequada da impermeabilização;
  • Má execução das juntas;
  • Rodapés mal executados;
  • Acabamento mal executado no entorno de ralos;
  • Acabamento mal executado em passagens de tubulações pela laje;
  • Ralos quebrados;
  • Rachaduras da platibanda;
  • Vazamento de tubulações furadas ou rachadas;
  • Entupimento de ralos;
  • Ruptura da impermeabilização;
  • Ruptura de revestimento cerâmico;
  • Concretagem mal executada, produzindo: falhas, concreto desagregado;
  • Formas mal executadas;
  • Instalações das tubulações mal executadas;

PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

De acordo com Storte (2006), as manifestações patológicas se dividem em:

Grupo 1. Manifestações provocadas pela infiltração d’água, devido à ausência ou falha da impermeabilização.

  • Corrosão das armaduras

A corrosão das armaduras é uma das mais comuns manifestações patológicas, e podem ser causadas por vários motivos:

  • Recobrimento das armaduras abaixo do recomendado,
  • Concreto mal executado, acarretando elevada porosidade e fissuras de retração. Além da formação de nichos de concretagem, devido ao traço, vibração ou formas inadequadas,
  • Deficiência de cura do concreto, causando fissuras, porosidade excessiva e diminuição da resistência.
Fonte: Autora, 2018.

FIGURA 9: Corrosão das armaduras.

  • Carbonatação do Concreto

Como conhecido, a reação do cimento com a água resulta em compostos hidratados. Dessa reação resulta o hidróxido de cálcio, que em combinação com os hidróxidos ferrosos do aço formam uma capa protetora para a armadura. A carbonatação do concreto, que ocorre em concretos porosos ou com baixo cobrimento das armaduras reduz a alcalinidade do concreto, tendo como consequência a destruição da capa da armadura, permitindo o início do processo de corrosão, quando em presença de água, oxigênio e diferença de potencial da armadura.

  • Eflorescência

A eflorescência é constituída de sais de metais alcalinos e alcalino-ferrosos. Expostos à água, estes sais se dissolvem e vão para a superfície e a evaporação da água resulta na formação de depósitos salinos. Ela pode alterar a aparência do elemento onde se deposita e até causar degradação do mesmo.

Grupo 2. Manifestações originárias do processo construtivo, que podem provocar danos à impermeabilização.

  • Trincas e fissuras em estruturas de concreto

Dentre as manifestações patológicas das estruturas de concreto, as trincas são de peculiar importância, pois podem ser problemas relacionados ao revestimento, avisar um suposto problema estrutural ou indicar problemas de estanqueidade.

Fonte: Autora, 2018.

FIGURA 10: Fissura na edificação.

Elas podem surgir por diversos motivos, dentre os quais:

  • Variações térmicas

Os componentes de uma estrutura de concreto estão sujeitos a variações térmicas, o que provocam variação na sua dimensão. Estes movimentos são restringidos pelos vínculos que envolvem os materiais, gerando tensões que podem provocar trincas ou fissuras.

 

  • Deformação excessiva da estrutura

As estruturas que são feitas de concreto armado deformam-se sob ação de cargas, podendo essas serem permanentes ou acidentais. Durante o cálculo estrutural a flecha admitida por norma não compromete a estabilidade ou o efeito estético, porém se verificada inadequadamente pode gerar deformações, que comprometem as alvenarias e outros componentes ligados à estrutura, formando fissuras ou trincas.

  • Recalques diferenciais

O solo pode se deformar de maneira desigual por efeito das cargas das fundações, gerando recalques diferenciais que resultam em deslocamentos variáveis, provocando ocorrência de trincas e fissuras.

 

  • Retração hidráulica

O concreto ou argamassa pode variar seu volume conforme sua absorção de água, retraído quando seca e expandindo quando a absorve. Estas variações são inerentes ao concreto e argamassas.

A diferença no traço do concreto e argamassas causa maior ou menor retração, podendo-se evitar problemas com os seguintes métodos:

  • menor relação água/cimento, tornando o concreto menos poroso;
  • maior teor de agregados;
  • correta hidratação.
  • Falhas de concretagem

As falhas de concretagem geram uma superfície desagregada ou de baixa resistência, e são responsáveis por grande parte das patologias de corrosão das armaduras, que geram fissuras no concreto e expansão das armaduras.

  • Recobrimento das armaduras

A ausência de recobrimento adequado das armaduras pode gerar corrosão das armaduras, tendo como manifestação a inutilização da capa de cobrimento das armaduras, facilitando o contato com a umidade, podendo gerar fissuras, corrosão da armadura, e dilatação do concreto.

  • Chumbamento de peças

As tubulações ou peças emergentes devem ser rigorosamente fixadas á superfície, para que seu suposto deslocamento não prejudique o substrato, causando fissuras, nem a impermeabilização empregada nesses locais.

Independente dos motivos do surgimento das fissuras, que podem ou não estar relacionados à umidade, elas são sempre prejudiciais a estanqueidade da edificação, pois facilitam a passagem de fluidos e permitem o aumento de umidade, além de que, se existentes no local antes do processo de impermeabilização, e não forem devidamente reparadas, causam sérios danos ao sistema, podendo inutilizá-lo.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados obtidos nessa pesquisa, foram que a água é um dos maiores causadores de patologias nas edificações, água e impermeabilização estão relacionadas, pois a presença de impermeabilização tem como finalidade garantir a ausência de manifestações patológicas causadas pela água. Que apenas o projeto não garante as origens das patologias, mas sim os materiais corretos e a mão de obra especializada.

Conforme descrito no trabalho, para que seja feita uma impermeabilização eficiente, bem planejada, deve-se começar pelo projeto, pois ele é de suma importância, e é nele que vai constar o sistema que vai ser utilizado, assim como os materiais, aplicação, etc. No qual o sistema de impermeabilização a ser definido depende de vários fatores, sendo o estudo do terreno onde será a edificação o começo para a elaboração do projeto. Visto que, as manifestações patológicas não ocorrem apenas pela ausência da impermeabilização, mas pela falha de execução do projeto, pois os materiais aplicados de forma incorreta por profissionais não especializados comprometem o serviço, e consequentemente acabam afetando a vida útil da edificação.

Foi citada uma vasta quantidade de falhas que podem prejudicar a interpretação de um projeto de impermeabilização, e que as falhas executivas ocorrem geralmente por falta de conhecimento do profissional qualificado. Pois, assim como o projetista tem que ter conhecimento para elaborar um projeto eficiente, o executante do projeto deve ter mais ainda para fazer o seu trabalho.

Logo, que o erro de um pequeno detalhe, causa um grande problema que às vezes é irreparável, causando transtornos ao usuário, que dependendo da gravidade do problema é obrigado a sair da sua propriedade, para que assim seja feita as correções. No entanto, o projeto de impermeabilização deve ser incluído no orçamento da obra, logo visto que o custo da prevenção é bem menor que o das correções, e que as escolhas de profissionais certos, tanto para a elaboração do projeto, quanto para quem vai executar, é extremamente importante.

CONCLUSÃO

A partir das pesquisas realizadas nesse trabalho, pode-se perceber que a impermeabilização na construção civil é fundamental para que a edificação tenha um bom desempenho e essencial para prolongar a vida útil. Por isso, ela deve ser planejada para reduzir os custos e aumentar a eficiência. Mas ainda ocorre ao contrário, pois deixam para fazer depois dos problemas aparecerem, gerando retrabalho e custos.

Isso ainda ocorre, pois conforme já relatado, a impermeabilização não é vista como economicamente viável e nem importante, por desinformações ou por pensar que vai economizar, o construtor não realiza um projeto, e depois da conclusão da obra fica à mercê das patologias que ocorrem. Logo, o projeto de impermeabilização é importante assim como os outros, e deve ser incluído no orçamento da obra desde o princípio. Sendo que planejado o custo é bem menor do que feito depois da obra finalizada.

Então, o projeto de impermeabilização deve ser elaborado antes da construção da obra, e deve ser executado por profissionais que conheçam bem essa área, que conheçam os tipos de sistemas, materiais, detalhes, etc. Pois as falhas relacionadas à impermeabilização, são geralmente causadas por falta de especialização de mão-de-obra, que juntamente com a falta de um projeto específico, torna o processo ineficiente, levando assim aos erros construtivos.

Como visto, a falta de impermeabilização na edificação faz com que ocorra as manifestações patológicas que são causadas pela ação da água, essas manifestações não só compromete a edificação, mas também a vida do usuário que nela habita, pois causam desconforto físico e emocional, propiciando condições favoráveis até para manifestações de doenças.

Entretanto, pode-se concluir, que a impermeabilização se faz necessário em uma edificação, logo, é pela mesma que se começa a prevenção de manifestações patológicas, e que não basta ter apenas um projeto bem elaborado, mas também profissionais que o execute de maneira correta. Pois um projeto bem planejado e executado, garante a qualidade, a segurança, a vida útil e o desempenho esperado da edificação, favorecendo ambas as partes, construtor e usuário.

REFERÊNCIAS

ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9574. Execução de impermeabilização. Rio de Janeiro, 2008.

______NBR 9575: Seleção e projeto de impermeabilização. Rio de Janeiro, 2010.

Casa d’água. Disponível em: <http://www.casadagua.com/wp-content/uploads/2014/02/PALESTRA-SISTEMAS-DE-IMPERMEABILIZAcaO.pdf>. Acesso em: 23/09/2018.

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Conhecendo os impermeabilizantes. Disponível em: < http://equipedeobra17.pini.com.br/construcao-reforma/44/conhecendo-os-impermeabilizantes-veja-quais-sao-os-sistemas-de-245388-1.aspx>. Acesso em: 22/09/2018.

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MORAES, C. R. K. Impermeabilização em lajes de cobertura: levantamento dos principais fatores envolvidos na ocorrência de problemas na cidade de Porto Alegre. 2002, 91f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – UFRGS, Porto Alegre, 2002.

O que é impermeabilização. Disponível em: <https://ibibrasil.org.br/2017/10/17/o-que-e-impermeabilizacao/>. Acesso em: 22/09/2018.

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RIGHI, Geovane. V. Estudo dos Sistemas de Impermeabilização: Patologias, Prevenções e Correções – Análise de Casos. 2009. 94 f. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de Santa Maria, 2009.

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[1] Graduanda em Engenharia Civil. Centro Universitário do Norte.

[2] Mestre em Engenharia de Produção. Universidade do Federal do Amazonas UFAM.

Enviado: Outubro, 2018

Aprovado: Novembro, 2018

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Fransueila Lemos da Silva

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POXA QUE TRISTE!😥

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