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Os impactos na formação da identidade estudantil a partir da pergunta “O Que Você Quer Ser Quando Crescer?” em adolescentes

RC: 52840
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SILVA, Kayna Maria Nascimento da [1]

SILVA, Kayna Maria Nascimento da. Os impactos na formação da identidade estudantil a partir da pergunta “O Que Você Quer Ser Quando Crescer?” em adolescentes. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 06, Vol. 10, pp. 129-138. Junho de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/identidade-estudantil

RESUMO

Diversos fatores que permeiam campos que vão desde o biológico ao social devem ser levados em consideração no processo de escolha de uma profissão, e, assim, a pesquisa propõe a seguinte: indagação “O que você quer ser quando crescer?” É uma questão que, em geral, é posta na infância, porém, seus impactos permeiam a vida do estudante e é na fase da adolescência que esta pergunta se revela como algo crítico em sala de aula. É considerado como um tema fecundo a ser debatido nas escolas, instituições de ensino e em pesquisas educacionais. Desse modo, o presente estudo objetiva analisar e entender como acontece a escolha profissional vivida pelo adolescente e como isto influencia seus traços enquanto estudante, seus possíveis interesses ou desinteresses nas disciplinas do currículo escolar, levando em consideração sua possível escolha para o futuro. Participaram desta pesquisa vinte e cinco adolescentes da última série do ensino médio de uma escola da rede privada de ensino da cidade de Barcarena/PA. Como forma de instrumento de coleta de dados, questionários foram realizados e a metodologia de análise de conteúdo se deu segundo a perspectiva de Bardin. Na análise emergiram-se algumas categorias, como: critérios e sentimentos que dificultam e/ou facilitam a escolha, bem como a influência da história de vida pessoal e familiar e a situação financeira. Esses critérios revelam preocupações com o contexto atual em que se vive.

Palavras-chave: Adolescência, desenvolvimento estudantil, escolha profissional.

1. INTRODUÇÃO

Em geral, é na adolescência que se faz necessária a escolha de uma profissão, junto com tal escolha há um turbilhão de hormônios atuando concomitantemente, portanto a adolescência é considerada uma fase crítica. A escola é o ambiente em que as mudanças são mais sentidas pelo adolescente por ser nela que eles passam a maior parte do tempo durante o dia.  Nesse contexto, é importante mencionar o fator escolha como algo presente na vida humana, pois, a todo momento, seres humanos são obrigados a escolher entre alguma coisa ou outra, e, desse modo, a tomada de decisões se faz presente entre os mais diversos campos do ser e viver. A dificuldade encontrada em se escolher uma profissão não é de exclusividade do adolescente, considerando que decisões profissionais são comuns e sempre serão, a diferença é que na adolescência isso toma uma proporção bem maior, pois, na maioria dos casos, pela primeira vez, tal pessoa se depara com uma indagação do tipo.

Com isso, pautando-se em Moura e Silveira (2002), é possível notar que as escolhas feitas pelo adolescente são mais difíceis por conta da própria dificuldade da fase de transição em si e pensar no futuro para o adolescente costuma ter sérias implicações. Assim sendo, é importante identificar e analisar quais são as motivações e os tipos de reflexões que são pertinentes aos participantes desse estudo, como isso influencia durante o processo de escolha de suas profissões e o quanto a problemática relaciona-se com o desempenho deles em sala de aula durante o ano letivo. Algumas escolas não levam esse tema em consideração, fazendo os profissionais se questionarem: a escola não deveria ser agente formadora de pessoas na produção do saber? Ou está apenas exigindo metas para obtenção de números? Sabe-se que há muitas informações em livros, jornais, revistas, internet, entretanto todo esse capital cultural, muitas vezes, não está de acordo com a realidade do jovem e/ou não faz parte do cotidiano dele.

Portanto, essa pessoa pode não se sentir suficientemente preparada para escolher uma profissão, contudo se vê sob a pressão de uma sociedade que exige dele a independência e autonomia financeira, sem levar em consideração que a adolescência é o período de passagem para a vida adulta.

2. JUSTIFICATIVA

A escolha de uma profissão no período da adolescência, levando em consideração a peculiaridade biológica do momento, as diversas profissões, carreiras existentes no mercado, um sistema cada vez mais capitalista e entre outros fatores transformam a mente desse adolescente em uma zona de dúvidas. É comum muitos alunos estarem confusos e o medo de errar é alto e perceptível, em razão disso, em muitas vezes, o aluno não recebe apoio familiar, o que o deixa ainda mais confuso. Uma desordem pode ser perceptível em sala de aula, pois, em geral, é na escola que este aluno passa a maior parte do tempo, assim como é na escola que as experiências mais significativas da fase são vividas. Partindo desses cenários, pode-se indagar, portanto, qual o papel da escola nesta fase do aluno? Será que apenas repassar a matéria e cobrar excelentes rendimentos é suficiente?

E o suporte emocional que deveria se fazer presente neste momento? Infelizmente ainda não é a realidade de muitas escolas. Se essas indagações forem respondidas podem facilitar o trabalho dos professores em sala de aula, dos coordenadores pedagógicos e da gestão escolar, pois é muito comum deparar-se cada vez mais com pessoas ainda jovens, que, em sua maioria, são incapazes de escolher uma coisa e desacreditam que o sistema escolar básico se fará suficiente para o ingresso em uma instituição de ensino superior, o que poderá causar desmotivação em sala de aula, dificultando, então, o trabalho de todos. O corpo docente pode, com orientação, dar apoio e embasamento para os seus respectivos discentes. Pois isto, implicará a possibilidade deles se sentirem capazes, competentes, realizadores, úteis para si próprio e para os demais, realizando escolhas com mais segurança, ressaltando que:

Um processo de escolha mais maduro possibilita maiores realizações pessoais, mais expressão da criatividade e participação mais ativa nos movimentos sociais, científicos e culturais que levam a gradativas mudanças das ideias e da qualidade de vida da sociedade. E essa satisfação pode ser obtida em qualquer área” (RAPPAPORT, 2001, p. 62).

É cada vez mais urgente a necessidade de a escola se tornar local de partilha para com os adolescentes, tornando-se, de fato, um ambiente seguro para os seus alunos. Seguro no sentido de que os alunos possam se sentir acolhidos em compartilhar seus sentimentos e serem bem tendenciados para tal. Escola não deve ser apenas espaço para “repassar” conteúdo e avaliar.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DOS DADOS

A pesquisa se dará a partir do método de Análise de Conteúdo, baseada, portanto, em Bardin (1977) que postula que essa análise pode ser pautada nos seguintes passos:

a) Fase da pré análise do material: de início consiste em como os dados serão tratados e por consequência organizados. A leitura dos dados coletados foi realizada mediante o objetivo de se ter uma visão geral deles e trechos dos comentários que estivessem em consonância com o objetivo da pesquisa;

b) Fase da exploração do material: aqui objetiva-se “fornecer, por condensação, uma representação simplificada dos dados” (BARDIN, 1977, p. 119). Nesta pesquisa, em específico, os dados serão apresentados na forma de gráficos;

c) Fase da categorização: as unidades de registro comportam algumas categorias como: critérios e sentimentos que dificultam e/ou facilitam a escolha, influência da história de vida pessoal e familiar, bem como a situação financeira, discutindo sobre as preocupações com a realidade e o momento vivenciado. Tais reflexões foram categorizadas de acordo com os critérios de semelhança de conteúdo ou tema;

d) Fase do tratamento dos dados: os dados serão apresentados na forma de texto;

e) Fase da interpretação: objetivando uma análise da proposta estudada, realizou-se interpretações das categorias a partir de uma abordagem qualitativa.

3.2 ESCOLHA PROFISSIONAL NA ADOLESCÊNCIA

Escolher o que “ser/fazer” é algo teoricamente recente, pois, por  muito tempo da história humana, o ócio foi celebrado, o trabalho era destinado a uma parcela específica da população, não querendo dizer que era a menor em quantidade de pessoas, mas era visto como ser sucedido, ser ocioso. O sistema de produção capitalista fomentou a concepção e divisão de trabalho a partir de um determinado momento da história humana. Segundo Trechera (2009) com a Revolução Industrial no período moderno, o trabalho deixou de ser uma atividade dividida entre os privilegiados ou não e passou a ser um dever abrangente à todos os membros da sociedade. É a partir de então que ter um trabalho também representava status social, e, por consequência, aceitação. O ser humano como espécie gregária clama por isso e aceita tal condição como necessária ao processo de desenvolvimento humano.

A partir de então, novos valores, normas, moral e conceitos são assumidos como regras para ascensão social e liberdade propostas pelo sistema político econômico já citado. Compreender que a estrutura econômica e histórica das relações humanas traz mudanças ao pensar sobre o homem não é algo complexo e deve-se auferir que elas se encaminham para uma autonomia que impõe, no indivíduo, uma capacidade de decidir quais serão os caminhos de seu futuro, colocando o ser como aquele que conversa entre o quem eu sou se resume a o que eu faço. Conforme Baudrillard (1995), ao debruçar-se sobre questões históricas acerca da visão do trabalho perante à sociedade, percebe-se que a Igreja, por meio da religião, por muitos anos, ditou o comportamento humano, visando o que se deveria ou não fazer para atingir o objetivo maior que era o paraíso, entretanto não somente a Igreja enquanto instituição pregou tal ideal, mas também a classe econômica.

Assim, de acordo com Baudrillard (1995),  a origem familiar passaria a ser controlada pela vontade da pessoa, que poderia, então, empiricamente, transitar a partir das ocupações existentes. Obviamente essa visão de trabalho como ofício não será levada em questão nesta referida pesquisa, pois compreende-se o homem como ser histórico-dialético, constituído subjetivamente também pela objetividade que o cerca, ou seja, escolhas internas mantêm relação com o mundo material, podendo transformar a realidade material bem como o sujeito em si (BOCK; GONÇALVES; FURTADO, 2001). Um período muito peculiar na fase de crescimento humano é a adolescência. O que se vive durante tal período pode ser decisivo no futuro de um indivíduo em razão do processo de escolha(s) e amadurecimento. No grupo de decisões que o adolescente precisa tomar, está a escolha de uma profissão que garanta a inserção no mundo adulto e na sociedade, conforto financeiro e, é claro, a felicidade.

Quando o processo de escolha de um curso superior ou de uma profissão a seguir existe, pode-se perceber que, na sociedade vigente, a questão da idade é uma pauta corriqueira, e, desse modo, o adolescente não pode errar pois está “perdendo tempo”, o que não faz parte do desenvolvimento humano, pois oscilando entre as diferentes classes sociais e pendenciando para a atividade que o indivíduo poderá assumir pelo resto da vida. Essa ideia é percebida em Bock, Furtado e Teixeira (2002). Para o adolescente em período escolar, esta escolha é necessária, especialmente porque vive-se, atualmente, em uma sociedade que culpabiliza esses sujeitos pelo seu respectivo (in)sucesso. Nesse cenário, a escolha, então, caracteriza-se como algo que existe na vida, acontecendo várias vezes, podendo, então, resumir-se à condição do homem, haja vista que o adolescente já possui em mente que o homem é resultado das escolhas que realiza.

A importância do tema se dá, então, a partir da escolha profissional futura, pois o processo de escolha de uma futura possível profissão conduz o adolescente à uma reflexão sistemática e esclarecedora, capaz de tornar as possibilidades palpáveis dentro do leque de opções que existem. Contudo, não é simples, é complexo e abrange vários fatores favoráveis, como os sociais, econômicos, ambientais e, consequentemente, emocionais (CAMARGO, 2006). A escolha caracteriza-se como uma somativa da relação entre as variadas experiências que o sujeito realiza ao longo do processo de crescimento pessoal e aí existem fatores que poderiam influenciar no processo de formação de uma identidade profissional, como o amadurecimento, o contexto socioeconômico a qual o sujeito está inserido, as dificuldades, práticas e referências de mundo que possui.

É válido destacar, nesse contexto, que o adolescente deve notar a sua história, em que local ele se encontra e quais são seus anseios diante do futuro profissional. A vocação ainda é muito levada em conta, mas, ainda assim, é pertinente ressaltar o quanto o modelo político econômico vigente influencia nessas escolhas e nas experiências vividas ou a serem vividas, mantendo, portanto, uma relação com o processo de escolha,  o que faz com que aspectos políticos e econômicos exerçam grande poder nas escolhas, pois é a partir daí que se diz quais são e quais serão os tipos de mão de obras necessárias e quais serão os requisitos obrigatórios.

A partir desse referencial necessário e importante à ligação com a adolescência se faz pertinente por ser, como já mencionado no texto, um período de transição importantíssimo na formação de caráter e personalidade humana, porém, tais questões são pouco estudadas à fundo, e, assim, parece que tudo relacionado ao adolescente beira somente às dúvidas, incapacidades e incertezas, como se esse indivíduo não fosse capaz de ser autônomo. Ele é capaz e precisa de instrumentos seguros e válidos para seguir de maneira íntegra. É nesse ponto que a escola se faz importante juntamente com a família.

4. METODOLOGIA DA PESQUISA

Uma pesquisa prévia foi realizada no mês setembro do ano de 2019 com vinte e cinco alunos que estão no terceiro ano do Ensino Médio em uma escola da rede particular de ensino na cidade de Barcarena, no estado do Pará. As perguntas realizadas foram elaboradas pela autora e estão descritas a seguir. A partir da terceira pergunta, os alunos tinham que assinalar “SIM” ou “NÃO” no papel.

Tabela 1 – Descrição das repostas do questionário

Perguntas Respostas
1ª) Idade 4 alunos possuem 16 anos, 18 alunos possuem 17 anos e 3 alunos possuem 18 anos ou mais
2ª) Qual a profissão / curso eles desejavam seguir 3 alunos responderam Medicina. Nas carreiras de Direito, Fisioterapia e algum curso de Licenciatura, Sistema de Informação, Administração e Biologia 12 alunos queriam, sendo 2 alunos em cada um dos cursos citados. 6 alunos pretendem estudar Engenharia em suas distintas especificações. 4 alunos ainda não sabem ou não responderam e 1 aluno não quer fazer curso superior pois pretende ingressar no serviço público de carreira militar.
3ª) Tempo a qual eles haviam escolhido tal curso e/ ou se eles tinham uma idade específica 7 alunos responderam que as carreiras seriam sonhos de infância, 14 decidiram no início da adolescência e ainda neste ano de 2015 e, 4 alunos não se lembram.
4ª) Existe alguém na sua família que tenha a mesma profissão que você quer seguir? 6 responderam “SIM” e 19 responderam “NÃO”.
5ª) Você leva em consideração o quanto você poderá ganhar de salário no momento da escolha dessa profissão/ curso? 14 responderam “SIM” e 9 responderam “NÃO”.
6ª) Você pensa em ajudar sua família, financeiramente, quando se formar?  

Todos responderam “SIM”

7ª) Se fosse necessário você parar o seu curso universitário para trabalhar em outra área diferente, somente para ajudar sua família, você pararia? 14 responderam “SIM” e 3 responderam “NÃO”. O restante não respondeu.
8ª) Alguém da sua família influencia nas suas escolhas? 5 responderam “SIM” e 20 responderam “NÃO”.
9ª) Alguém, que você considera importante, é contra suas escolhas? 4 responderam “SIM” e 15 responderam “NÃO”.
10ª) Você estuda em função de realmente querer obter aprovação no curso desejado? 15 responderam “SIM” e 3 responderam “NÃO”.
11ª) Se, porventura, você não se identificasse com o curso você pararia e faria algo diferente? 16 responderam “SIM” e 9 responderam “NÃO”.

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

A autora deste projeto de pesquisa ministrava aulas de Língua Inglesa na turma. As aulas de línguas estrangeiras nessa série do Ensino Médio, em geral, eram ministradas em torno da possível temática que será cobrada aos alunos nas provas de vestibular. Durante as aulas de língua estrangeiras, eram trabalhadas as habilidades de leitura e interpretação de textos dos mais variados temas, chamados tema transversais, com isso, durante as aulas, foi notada uma regressão no desempenho da turma, de modo que, ao passo que as provas de vestibulares estavam se aproximando, a desmotivação da turma ia crescendo e sendo perceptível. Do início do ano para o mês atual, a participação dos alunos diminuiu bastante em sala de aula, até mesmo coisas que são atrativas aos adolescentes, como aulas com música, filme, jogos, entre outros, fugindo das aulas que são classificadas como tradicionais, as quais em várias situações podem ser desmotivantes aos adolescentes, não estavam os atraindo, e, assim, nas reuniões pedagógicas muito se discutia sobre o que fazer.

Foi quando, em uma aula, conversando informalmente com eles, foi percebida esta indecisão por parte de muitos, ou seja, este medo de fazer algo errado, algo que não dê certo era frequente e quanto mais as provas de vestibular se aproximavam, mais eles ficavam ansiosos e nervosos. Pode-se perceber, então, que eles eram bem jovens e que o fator modismo presente deve ser considerado pois estão constantemente sendo influenciados pela mídia e internet, o que, por ser mutável, pode tornar processo de escolha ainda mais estressante. Lógico que toda essa pressão que eles estavam sofrendo, tanto por parte da escola quanto da família contribuía ainda mais e saber um motivo ao certo é um tanto quanto desafiador, porém descobrindo um possível motivo e achando maneiras para contornar a situação já os ajudaria, sendo essa a missão dos profissionais que estão dentro da sala de aula.

Considerando o problema levantado, cabe destacar, nessa reflexão, que a instituição de ensino, mesmo sendo da rede privada de ensino, não dispunha, até a realização da pesquisa, de nenhum acompanhamento ou orientação psicológica para os alunos, e, desse modo, durante o ano letivo, não houve nenhuma ação voltada à profissionalização e/ou carreiras para os alunos de ensino médio, por exemplo. Após a realização da pesquisa os resultados foram compartilhados com os alunos que participaram e com a gestão da escola, que, por sua vez, após reflexões, entendeu a importância do tema passar a ser debatido com os alunos da série final do ensino médio. Entretanto, a autora do texto foi desligada do quadro de professores então não se tem a informação se de fato tais ações aconteceram.

Novamente, pautando-se no referencial teórico já explanado nesta pesquisa, percebe-se o quão difícil o processo de escolha é para o adolescente em fase escolar, como apontam as respostas do questionário exposto, e, assim, nota-se uma divergência nas respostas de algumas perguntas como, por exemplo, se há alguém da família que tem a profissão pretendida. A maioria disse que não, e, desse modo, sabe-se como pode ser difícil quando não se tem alguém por perto para ser um referencial sincero. Entretanto, a partir da nona e décima perguntas, que, por sua vez, versam sobre apoio e se caso eles não estivesses satisfeitos com um curso parariam e tentariam fazer outro, dezesseis responderam que sim, o que otimiza esta pesquisa de uma forma em que é importante essa consciência de efêmero do jovem, pois sua escolha profissional não precisa ser um fardo em sua vida e ter apoio de pessoas importantes em suas escolhas é fundamental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No caminho para a compreensão de certas atitudes que os alunos da referida turma tomavam em sala de aula, constatou-se que a maioria não possui um hábito de estudos em casa, o que os prejudica no ambiente escolar, e, desse modo, é, então, importante entender o que se passa na mente deles, levando em consideração a idade, a família e aspectos sociais relacionados à esse adolescente. Com essa investigação, percebeu-se que a escolha estudada acarreta sentimentos psicologicamente negativos relacionados à insegurança. Diante exposto, compreende-se que são poucos os esforços realizados pela escola em formar pessoas na produção do saber e no ser futuro, pois enfoca-se, ainda, na exigência de notas numéricas e na mensuração do rendimento.

Sabe-se que há muitas informações em livros, jornais, revistas, internet. Entretanto, nem sempre o jovem possui o acesso adequado e confiável, ou, ainda, não possui o hábito de buscar e validar.  Desse modo, o jovem ou o adolescente acaba terminando a sua formação escolar ainda inseguro, despreparado e no que diz respeito à escolha de uma profissão a ser seguida fica claro a pressão que sofre de uma sociedade que exige que uma decisão seja tomada. Em contrapartida, pouco apoio é oferecido, e, assim, o sujeito acaba, então, cedendo à tal pressão e a escolha passa a ser pautada no monetário, o que não significa em linhas gerais trazer satisfação e reconhecimento emocionais.

REFERÊNCIAS

ABERASTURY, A. K. M. Adolescência normal: um enfoque psicanalítico. 10ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas; 1992.

BAUDRILLARD, J. A sociedade de consumo. Lisboa: Edições 70, 1995.

BARDIN L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

BEE, H. A criança em desenvolvimento. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 1996.

CAMPOS, D. de. S. Psicologia da adolescência. 17ª ed. Petrópolis: Vozes, 2000.

ENDERLE, C. Psicologia da adolescência: uma abordagem pluridimensional. Porto Alegre: Artes Médicas; 1988.

FLEMING, M. Adolescência e autonomia: o desenvolvimento psicológico e a relação com os pais. Porto: Edições Afrontamento, 1993.

LEVENFUS, R. S.; NUNES, M. L. T. Principais temas abordados por jovens centrados na escolha profissional. In: LEVENFUS, R. S.; SOARES, D. H. P. Orientação vocacional ocupacional: novos achados teóricos, técnicos e instrumentais para a clínica, a escola e a empresa. Porto Alegre: Artmed, 2002.

MOURA, C. B. de.; SILVEIRA, J. M. da. Orientação profissional sob o enfoque da análise do comportamento: avaliação de uma experiência. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 19, n. 1, p. 5-14, 2002.

NOVELLO, F. P. Psicologia da adolescência: despertar para a vida. 3ª ed. São Paulo: Paulinas, 1990.

RAPPAPORT, C. Encarando a adolescência. 8ª ed. São Paulo: Ática, 2001.

WHITAKER, D. Escolha da carreira e globalização. 11ª ed. São Paulo: Moderna, 1997.

[1] Pós Graduação – Docência no Ensino de Letras – Inglês – Faculdade Unibf – 2020; Pós Graduação – Língua Inglesa e Literaturas – Faculdade Fibra – 2015; Graduação – Licenciatura plena em Letras com habilitação em Língua Inglesa – Universidade Federal do Pará – 2014.

Enviado: Maio, 2020.

Aprovado: Junho, 2020.

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Kayna Maria Nascimento da Silva

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