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O que é mestrado em regime especial? – precisa ser reconhecido pela CAPES?

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Considerações sobre os modelos e formatos de mestrado

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje daremos continuidade às nossas discussões sobre os cursos de mestrado e sobre os modelos e formatos que temos em nosso país e como podemos realizar esses cursos de forma legal, isto é, levando-se em consideração os cursos que foram aprovados e reconhecidos pelo órgão que regula a pós-graduação brasileira, a CAPES. Este post integra uma série de textos que desenvolvemos sobre o universo do mestrado e caminhamos para nossas últimas discussões sobre os aspectos que envolvem o mestrado. Se você pretende se especializar neste nível ou já se encontra em um mestrado, não deixe de consultar os nossos outros textos. Diante das múltiplas possibilidades, hoje iremos conversar sobre alguns tipos de mestrado que ocorrem em formato especial. Esses cursos possuem outros fins e, por esse motivo, não precisam ser reconhecidos pela CAPES para que você possa atuar.

Os mestrados em regime especial

Ao longo desse post, iremos explicitar quais são os tipos de mestrado em regime especial, porque ocorrem e porque são cursos reconhecidos como mestrados, embora não lutem para que sejam reconhecidos pela CAPES. Não é interesse desses cursos obterem este reconhecimento da CAPES, uma vez que os interesses que estão em jogo são outros. Listamos alguns deles. O primeiro exemplo que separamos são os cursos de mestrado realizados em instituições teológicas. A fim de que essa atuação fique clara, separamos três modelos de cursos e instituições que funcionam nesse formato. A primeira instituição é a BETEL, que é evangélica. O intuito da instituição é trabalhar com missões e pregações a nível acadêmico com alguns países, sendo eles o próprio Brasil, Portugal, Paraguai, Inglaterra, Peru, Sérvia, Chile, França, Bolívia, Alemanha, Equador, índia, Moçambique, Japão, Ásia Central e Ruanda.

A atuação da BETEL

A partir da parceria com todos os países mencionados, o objetivo da BETEL é a pregação do evangelho cristão, isto é, segundo o Livro Sagrado, a Bíblia. Embora esse tipo de mestrado também tenha a sua inclinação voltada para a pesquisa científica, um outro objetivo está em jogo, que é a pregação do evangelho cristão. Direciona-se a uma missão a ser alcançada a nível internacional por meio de pesquisas diversas. Os pesquisadores, portanto, irão atuar nesta frente temática, que é a pregação. Ao acessar o site da instituição, irá se deparar com algumas informações sobre os estudos teológicos, sobre os estudos avançados e sobre os estudos à distância. Ao clicar em qualquer uma dessas possibilidades, irá visualizar todos os professores que integram o corpo docente da BETEL. São professores-doutores que trabalham dentro dessa linha temática específica. Trata-se de uma linha teológica de especialização.

Informações gerais sobre a BETEL

No site consta que o título a ser obtido irá permitir que você trabalhe apenas na área dos Ministérios Pastorais. O tempo de duração do curso é de três anos e você precisará desenvolver uma dissertação, assim como ocorre em outros tipos de cursos de mestrado. É um tempo que está acima daquele indicado pela CAPES para os cursos de mestrado, que seria de dezoito a trinta meses, sendo o mais ideal vinte e quatro meses. Aqui, são três anos de curso. Você pode se questionar acerca do porquê de não haver o interesse em ser reconhecido por parte da CAPES. A resposta é simples: entende-se que as pessoas que procuram e realizam esse tipo de mestrado não estão preocupadas com o exercício da docência em instituições de ensino superior, o objetivo é atuação em instituições que sejam religiosas. O título de mestre que pleiteiam não visa uma atuação à nível nacional.

O reconhecimento buscado na BETEL e as instituições presbiterianas

O reconhecimento buscado na BETEL e as instituições presbiterianasAqueles que procuram visam trabalhar nesta instituição específica, em qualquer um dos países parceiros, porém, o curso se configura como um mestrado. O conhecimento obtido por essas pessoas que se tornam mestres e doutores na BETEL é profundo, porém, não atuam nas instituições acadêmicas convencionais. Ainda nessa mesma linha de cursos específicos de mestrados, temos a instituição Andrew Jumper. Trata-se de um Centro Presbiteriano de Pós-Graduação. A Mackenzie também é uma universidade presbiteriana, porém, a sua atuação visa o universo acadêmico que conhecemos, e, assim, formar mestres e doutores tradicionais, em áreas, inclusive, para além do campo religioso. A Mackenzie abrange profissões diversas, em nível de licenciatura e bacharelado, assim como cursos de pós-graduação em linhas de pesquisa diversas. Não formam-se profissionais para trabalharem apenas ali (apenas se quiserem).

O instituto Andrew Jumper

O Andrew Jumper forma mestres e doutores para que atuem dentro da própria instituição. Para tanto, propõe programas específicos em educação cristã, por exemplo. Dentre eles, tem-se os mestrados com ênfase em liderança na educação cristã, oferecido pela Gordon College e pelo próprio Andrew Jumper, bem como há os mestrados com ênfase na dimensão pedagógica cristã. Assim como a primeira instituição, o Andrew Jumper é internacional. A sua atuação é no campo religioso à nível internacional. Possui objetivos que se voltam a este campo específico. Para tanto, oferta-se cursos no nível do mestrado e doutorado, porém, esses cursos não são reconhecidos pela CAPES, uma vez que não fomentam a atuação no nível do ensino superior, mas sim no campo religioso à nível superior. Esses cursos de mestrado fazem parte do stricto sensu e promovem a pesquisa, e, por esse motivo, são designados como mestrados.

As propostas específicas dos institutos religiosos

As propostas específicas dos institutos religiososAmbos os institutos religiosos aqui mencionados que oferecem cursos de mestrado possuem objetivos, bem como um público-alvo muito específico, que procuram conhecimentos e uma atuação igualmente específica. Os institutos requerem essas pessoas e as aceitam para que preguem o evangelho cristão à nível mundial. Contudo, algumas obrigações acadêmicas são preservadas, como o desenvolvimento de um dissertação, o que implica a realização de todo um trabalho constante de pesquisa, leitura e escrita. Esses mestres e doutores são reconhecidos mundialmente no contexto dessas instituições específicas. Para atuar em um outro contexto, você não irá conseguir ser contratado, uma vez que não será reconhecido fora da instituição que se formou como um mestre e/ou doutor. O conhecimento adquirido, assim como as habilidades e competências, são muito específicos para a instituição na qual você se formou.

Um pouco mais sobre as especificidades dos programas religiosos e do direito

Suponhamos que você tenha realizado um curso de mestrado em liderança em educação cristã, automaticamente, você apenas conseguirá atuar em instituições religiosas. As suas propostas de emprego e de docência (caso seja o seu objetivo), restringir-se-ão a essas instituições religiosas. Embora a FGV tenha os seus programas de liderança, são mundos diferentes. Caminhando para uma outra área do conhecimento, também temos programas de mestrado específicos. Dentre eles, há o de direito canônico. Caso você não seja católico, ou mesmo para os católicos que não sabem, a Igreja Católica possui um Tribunal muito específico, sendo que este atua na área do direito canônico. Nele, realiza-se julgamentos sobre as condutas danosas dos fiéis e daqueles que integram este contexto religioso formalmente, exercendo “cargos”. Para isso, demanda-se profissionais que tenham esta competência específica.

A atuação na área do direito canônico

Como os outros institutos religiosos que mencionamos, a Igreja Católica possui abrangência internacional e responde às regras do Vaticano. Os cursos de mestrado em direito canônico são referências e a sua grade curricular possui uma forte inclinação ao direito. Contudo, este curso não precisa ser reconhecido, uma vez que os mestres e doutores irão atuar apenas neste Tribunal específico da Igreja Católica. Responde-se não aos interesses da CAPES, mas sim do próprio Vaticano. São pessoas católicas que integram este Tribunal. Com isso, torna-se válido reiterar que estamos nos referindo com estes programas a um outro mundo, para além do contexto acadêmico, embora haja semelhanças. São instituições religiosas internacionais com alto grau de impacto na sociedade e que possuem os seus próprios cursos de especialização. Os mestrados/doutorados são tão exigentes quanto os tradicionais.

Os mestrados propostos pelas instituições empresariais

Os mestrados propostos pelas instituições empresariaisSaindo um pouco do campo religioso, precisamos conversar sobre um outro tipo de mestrado específico: os mestrados oferecidos pelas instituições empresariais e que também não são reconhecidos pela CAPES. Esses cursos sempre são propostos para que a empresa tenha um determinado fim, ou, ainda, para que supra alguma lacuna gerencial por meio de especializações à nível de mestrado e/ou doutorado. A fim de que essas questões fiquem mais claras, separamos dois exemplos. O primeiro tipo é oferecido pelo Mcdonald e pela própria Google. Assim como no caso das instituições religiosas, os cursos de mestrado e doutorado propostos por essas empresas específicas suscitaram uma atuação igualmente específica. Os cursos não deixam de ser mestrados e doutorados, porém, funcionam num contexto mais interno, e, desse modo, abrange-se um público que, de alguma forma, está ligado com as empresas ofertantes.

Linhas de mestrados específicos no contexto empresarial

Linhas de mestrados específicos no contexto empresarialCursos relacionados às estratégias de administração e gerência de negócios são os mais comuns. Esses cursos costumam ser associados aos mestrados e doutorados convencionais porque depreende-se um trabalho de pesquisa. São semelhantes, inclusive, aos programas e projetos de extensão desenvolvidos pelas próprias universidades em parcerias com as empresas. A diferença é que, nesse contexto, são as próprias empresas que promovem esses cursos. A Google, por exemplo, sempre realiza cursos internos que promovem uma atuação mais específica. Como são empresas multinacionais e internacionais, não estão preocupadas com a aprovação da CAPES para que esses cursos possam existir. Quando nos referimos à CAPES, estamos pensando em instituições laicas, com sede no Brasil e que promovem a atuação no contexto acadêmico.

Interesses de empresas nacionais e internacionais

Interesses de empresas nacionais e internacionaisAs empresas que propõem os seus cursos de mestrado e doutorado atendem às regras do país que representam. Grande parte delas não são nacionais, logo, há ainda menos interesse em buscar pela regulamentação por parte da CAPES. Dessa forma, deve ficar claro que este tipo de instituição trabalha com uma outra realidade, e, assim, as demandas e interesses desse contexto do qual fazem parte é que irão influenciar em como esses cursos irão se consolidar. Percebemos, portanto, que, a depender dos interesses dessa empresa, certos tipos de cursos, com linhas temáticas específicas, poderão ser propostos. Essas linhas temáticas dizem respeito às demandas da própria instituição, ou, ainda, as lacunas que impedem essa empresa em questão de ter uma atuação mais eficiente. Para concluirmos essa série de textos, também queríamos apresentar alguns programas não reconhecidos pela CAPES, mas sim pelos governos.

Os programas que são reconhecidos pelo governo

Como mencionamos, pode ser que o governo estadual ou federal reconheça um dado curso, mas não a CAPES. Podemos citar como exemplo o caso de Prefeituras que firmam parcerias com instituições estrangeiras a fim de que possam ofertar cursos específicos de formação à nível de mestrado e doutorado. Mesmo que a CAPES não tenha reconhecido esse curso de mestrado e doutorado em questão, a Prefeitura conferiu esse reconhecimento. Assim, via concurso público, o mestre/doutor passou a receber o equivalente a esta função, mesmo que, aos olhos da CAPES, ele não seja um mestre/doutor. Todavia, deve ficar muito claro que se trata de uma exceção, pois, o mais comum, é esta atuação em contextos específicos. Também há o caso de profissionais que conseguiram obter uma licença a fim de que pudessem estudar no Porto e não havia aliança entre essa instituição do Porto com alguma brasileira. Hoje, as alianças são muito comuns. Este profissional retornava ao Brasil como um mestre.

Além de ser visto como um funcionário público, aos olhos da empresa, é um mestre e receberá o equivalente a este título, mesmo que a CAPES não concorde. Novamente, são universos distintos e que possuem regras de funcionamento próprias. Hoje, a Universidade de Brasília já realiza essa intermediação entre essa instituição do Porto com o Brasil, o que facilita o processo de convalidação, caso esse seja o objetivo do aluno que realizou esse mestrado ou doutorado no Porto. Entretanto, é importante que você saiba que esse tipo de parceria entre Prefeituras e governos internacionais é uma realidade. Assim sendo, embora esses cursos não sejam reconhecidos pela CAPES, a instituição pública acaba reconhecendo esses funcionários como mestres ou doutores. São esses os tipos de mestrado que ocorrem em regime especial e que julgamos pertinente trazer como pauta para nossas discussões sobre os mestrados. Este mundo sempre suscita uma série de discussões que são bem-vindas e devem ser debatidas.

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