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Publicar artigos depois de terminar o curso de graduação: o orientador pode causar empecilhos?

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Como publicar artigos científicos?Como publicar artigos científicos?

Olá, tudo bem? Em nossa conversa de hoje iremos discutir sobre como funciona a publicação de artigos científicos e iremos apresentar algumas dicas para que você tome os devidos cuidados em todo o processo de submissão do material para a revista desejada. Uma outra questão que permeia a nossa conversa de hoje diz respeito àqueles pesquisadores que não possuem mais vínculo com a instituição de ensino, pois já defenderam os seus trabalhos. Se esse é o seu caso, esse post é pra você também. Há muitos pesquisadores que se questionam se publicar artigos científicos depois de já terem se desligado da universidade podem publicar, bem como se é preciso manter contato com o antigo orientador para que seja possível publicar essa proposta. Assim sendo, nesse primeiro momento, iremos explicar um pouco como funciona o processo de submissão, para, após, concentrar-nos nessas situações mais específicas em que não há mais o contato com o orientador e/ou com a antiga universidade.

O universo das produções científicas

Ao escolher publicar um determinado material, é de suma importância que tomemos alguns cuidados, desde o momento em que iremos escolher a revista na qual iremos publicar. A primeira coisa que você analisar após escolher a revista que deseja publicar é se ela aceita materiais de pesquisadores com titulações específicas. É muito importante que você saiba se essa revista aceita apenas materiais de doutores, de doutorandos em coautoria com doutores, de mestrandos em coautoria com doutorandos e/ou doutores, de mestres ou de graduados/graduandos, pois, a depender da sua titulação, a proposta pode ser barrada antes mesmo que o conteúdo seja analisado. A Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento aceita as publicações de todos os pesquisadores, independentemente da sua titulação. Consideramos outros aspectos para que um trabalho seja aceito, como um bom problema de pesquisa, objetivos bem claros e um bom embasamento teórico-metodológico.

Trabalhos de doutores possuem mais qualidade?Trabalhos de doutores possuem mais qualidade?

O conceito de qualidade é bastante relativo. Muitas pessoas têm medo de publicar as suas propostas por medo/receio do texto não ser “bom” como o de um doutor. Parte desse receio se dá em razão do fato de que quando pegamos um trabalho à nível de doutoramento e comparamos com pesquisas de iniciação científica, ou, até mesmo, com as dissertações de mestrado, há certas diferenças. Elas são perfeitamente comuns, pois, para muitos, o primeiro contato com a pesquisa ocorre apenas no mestrado e, desse modo, até que o pesquisador se adapte à escrita acadêmica e proponha reflexões mais densas, leva um tempo, mas não significa que o trabalho é inferior. Leve em consideração, também, que os trabalhos de diferentes níveis possuem linguagens diferentes e, com isso, públicos que variam. Assim sendo, o trabalho de um pesquisador que ainda está começando possui uma linguagem/proposta diferente das teses. Contudo, ambas as produções são cruciais para que a ciência continue a evoluir no país.

As revistas sempre apontam as titulações necessárias para o aceite do artigo?

Apontamos que é importante verificar se a revista que pretende publicar aceita materiais correspondentes ao seu nível (caso ainda não seja doutor). De forma aproximada, podemos afirmar que cerca de oitenta por cento das revistas brasileiras não costumam aceitar materiais que não sejam de mestres e/ou doutores, sendo que algumas dessas admitem apenas materiais de doutores. Entretanto, essa informação nem sempre se encontra tão visível, o que pode gerar um desconforto para o autor no futuro, sem essa indicação. Nesse sentido, uma dica que gostaríamos de dar é procurar por essa informação. Você pode tanto analisar os materiais publicados, a fim de identificar um padrão acerca de quem publica o artigo ou pode enviar um e-mail à revista. Se na análise desses materiais você verificar que apenas mestres e/ou doutores estão publicando e você ainda não possui esse título, o mais interessante é que você publique esse material em uma revista que aceite a sua titulação para evitar situações frustrantes no futuro.

O vínculo com a instituição de ensino?

Alguns pesquisadores, após defender os seus trabalhos, deixam de publicar porque acreditam que é preciso ter vínculo com uma instituição de ensino para que seja possível publicar as suas novas inquietações. Contudo, não necessariamente você precisa possuir vínculo com a instituição para publicar e, com isso, não é preciso que você esteja em contato com um orientador. Entretanto, certas revistas admitem artigos apenas em coautoria com outros mestres, doutorandos e doutores. Precisamos ressaltar, também, que as chances de o seu material ser aprovado quando publica com pesquisadores que se encaixam nas categorias mencionadas são mais altas. A publicação em coautoria com mestres/doutores é bem vista, também, por quem irá ler o seu trabalho, pois ele pode conhecer todos esses autores da produção. Escrever com um orientador também enfatiza a ideia de que esse material foi previamente avaliado, o que aumenta as suas chances de aceitabilidade.

Inserir ou não o nome da universidade/orientador?

Essa é uma questão bastante relativa. Se você ainda está ligado à essa instituição (possui vínculo), ou, ainda, se, durante a elaboração desse artigo, o antigo orientador ou outros pesquisadores colaboraram de maneira direta ou indireta com a produção, a menção a esses nomes como coautores será obrigatória. Nesse sentido, independentemente de ter vínculo com a instituição, os nomes dos coautores precisarão aparecer e, se estiverem vinculados a uma universidade, ela deverá ser mencionada no campo apropriado. Entretanto, se todas as etapas do artigo, desde a construção até a revisão, foram desenvolvidas apenas por você, bastará inserir o seu nome e, consequentemente, os seus dados. Não tenha receio: sempre que surgir uma nova inquietação compartilhe, pois são essas ideias que fazem com que a ciência em nosso país continue a evoluir. É apenas por meio da ciência que todas as esferas que dão forma à vida humana e à sociedade como um todo podem ser aprimoradas e ajustadas às demandas atuais.

O orientador poderá causar empecilhos caso opte pela publicação?

Adentramos na questão norteadora da nossa conversa de hoje. Como enfatizamos, muitos pesquisadores deixam de publicar pois temem que, por não possuírem um orientador, esses artigos serão rejeitados. Entretanto, até agora, conversamos sobre situações positivas, em que a publicação de artigos após desvincular-se da universidade/orientador é perfeitamente possível, porém, já se perguntou sobre o que fazer quando a situação é justamente o contrário? Quando o orientador, mesmo após o desvinculo do pesquisador da instituição, impede que ele publique as suas próprias produções de forma independente? É um pouco sobre os orientadores, ou melhor, ex-orientadores, impedem que o pesquisador faça as suas próprias escolhas entre publicar em coautoria ou sozinho. Não se assuste caso esteja passando por essa situação, ela não é atípica. Contudo, há algumas formas de se lidar melhor com esse transtorno que iremos compartilhar com você.

Por que alguns orientadores resistem ao aceitar a autonomia do pesquisador?

É comum que ao longo de toda a jornada de elaboração de um trabalho final, seja ele um TCC, uma monografia, uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado, que você tenha um orientador. Ele te acompanha durante todo o período que desenvolve esse estudo, o que faz com que vocês tenham um vínculo, mesmo que dure apenas um ano (no caso de trabalhos finais da graduação). Há, hoje em dia, as instituições, seja a partir dos seus cursos de graduação ou pós-graduação, que substituíram esse trabalho maior pelo artigo científico. É comum que você seja acompanhado durante todas as etapas de elaboração da produção em questão. Nesses casos, é muito comum que o professor queira escolher a revista em que você publicará esse artigo final, isto é, não há autonomia para que o pesquisador tome essa decisão, o que pode deixá-lo frustrado, sobretudo quando ele já fez o levantamento das revistas e escolheu aquela em que quer publicar.

A qualis

Um dos principais motivos para que as universidades atribuem poder ao orientador para escolher a revista é a questão da qualis. A fim de se evitar a escolha de revistas que não possuem uma qualis alta, mesmo que sejam interessantes, os orientadores escolhem pelos seus alunos a revista “ideal”. Do mesmo modo, muitos alunos saem dos seus cursos de graduação e pós-graduação e abrem mão dessa publicação por não concordarem com a revista escolhida pelo orientador quando estavam vinculados. Para a CAPES o engavetamento dessas produções que poderiam estar circulando é um problema que precisa ser debatido. Os alunos ficam desmotivados e não publicam. Isso é bastante ruim para o programa que outrora fizeram parte, pois essa publicação que poderia ajudar a elevar o conceito do programa, é abandonada, pois o orientador restringiu a capacidade de escolha do pesquisador quando era aluno e, com isso, ele abriu mão da publicação.

Como resolver esses entraves com o orientador?Como resolver esses entraves com o orientador?

A questão da qualis não será mais um empecilho a partir do ano que vem, pois, muito provavelmente, ela não irá mais existir. O impacto e a relevância da pesquisa que definirão se ela é boa ou não para se publicar. Nesse sentido, como a métrica que mede o quão interessante a revista é para se publicar vai ser alterada, muito provavelmente a escolha das revistas pelos orientadores será outra, pois o que será levado em consideração, pela CAPES, para que a revista seja ideal, é o quanto o seu material atingiu as pessoas e não ter simplesmente publicado em uma revista qualis A. A ideia da qualis vai cair em desuso e nós acreditamos que isso é algo positivo, pois o que faz de um artigo bom é o seu grau de relevância e impacto, que não é captado pela métrica da qualis. Outra coisa que você precisa manter em mente é que após sair do seu curso de graduação ou pós-graduação, esse material é seu.

O que fazer com o meu artigo após sair da universidade?O que fazer com o meu artigo após sair da universidade?

Sobretudo se o seu trabalho final foi um artigo científico, é muito importante que ela seja publicada após você terminar o seu vínculo com a universidade. Como o seu orientador esteve envolvido durante todas as etapas da sua pesquisa, o mais sensato é que ele seja notificado acerca dessa publicação que deseja fazer. Mandar um e-mail para saber se ele autoriza usar o seu nome como um dos autores é uma das primeiras medidas às quais você deverá se ater. Essa é uma prática ética que acreditamos ser bastante válida. Afinal de contas, mesmo que haja desavenças e conflitos na sua relação com o orientador, foi essa pessoa a escolhida para te orientar ao longo destas jornadas e, desse modo, ele esteve pessoalmente envolvido com essa pesquisa. Lembra que comentamos que toda e qualquer pessoa que contribuiu com o desenvolvimento do artigo deve ser listada como coautora? O mesmo vale para o seu orientador.

Todos os orientadores aceitam publicar esse artigo final?Todos os orientadores aceitam publicar esse artigo final?

Há orientadores que aceitam de bom grado publicar junto com o ex-aluno o artigo final, porém, outros, por outro lado, não concordam com essa vinculação e, assim, abrem mão da colaboração. Nesse caso, você poderá, mesmo assim, publicar a produção, contudo, atenha-se ao fato de que deverá retirar o nome do seu orientador dessa produção, pois ele não concordou em adentrar como coautor. Caso seja questionado se você possuiu orientador para desenvolver a produção, deverá indicar que não, para que não haja conflitos futuros. O processo de avaliação de um artigo é o mesmo para todo e qualquer material, independentemente desse artigo ter ou não um orientador. A etapa da revisão das normas, de plágio e a análise pelos pares do conteúdo é comum a todas as produções submetidas às revistas científicas.

Deve ficar claro que ter ou não um orientador não é motivo para que um determinado artigo seja barrado pela revista. Desde que você atenda às normas e aos requisitos voltados ao tipo de artigo que a revista aceita, você não terá problemas para que essa publicação possa ser aceita pelos pares, que são os avaliadores. Entretanto, devemos frisar, antes de terminar essa conversa, que grande parte de nossas revistas nacionais gostam de publicar, sem coautoria, apenas artigos de doutores e, dessa forma, encontrar uma revista que permita que pesquisadores que não são doutores sem a presença de um doutor pode ser um grande desafio. Essa regra não se aplica a nossa revista, pois nós aceitamos artigos dos pesquisadores dos mais diferentes níveis, incluindo os alunos de graduação.

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