Estado da Arte: conhecimento e mapeamento – parte 2

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Retomando as ideias de mapeamento

Retomando as ideias de mapeamento

Olá, tudo bem? Em nossa conversa de hoje continuaremos a discutir sobre o mecanismo do estado da arte e iremos nos ater um pouco mais as expressões “mapeamento” e “estado do conhecimento”.

Como vimos, o estado da arte é um assunto que gera polêmica, sobretudo em determinados lugares de fala, pois não há uma homogeneidade em relação ao nome dessa ferramenta, o que contribui para com a sua resistência em determinadas universidades do nosso país.

Contudo, como temos ressaltado, o estado da arte pode otimizar o seu tempo de coleta de análise dos materiais que irão integrar o seu estudo, então pedimos para que você considere a sua inclusão.

A ferramenta serve, também, para justificar, ao seu leitor, o porquê de certos materiais terem sido incluídos e outros não e, para isso, é preciso apresentar e justificar as bases de datas escolhidas, assim como os critérios de inclusão e exclusão.

Quais são as características do estado do conhecimento?

Ao se aventurar no mundo acadêmico, com base em suas experiências, você pode ter se deparado com o termo “estado do conhecimento”.

Você sabe o que ele significa? Em primeiro lugar, assim como no caso do estado da arte, é preciso que compreendamos o local de fala daquele que está pedindo a você um estado do conhecimento.

Analise o que esse professor-orientador entende como estado do conhecimento.

Esse mecanismo pode assumir significados diferentes a depender de alguns aspectos, como, por exemplo, a instituição, o seu professor-orientador, o seu grupo de pesquisa e a sua área/linha de pesquisa.

Nesse sentido, é muito comum que haja um choque de ideias entre o que você acredita que é o estado do conhecimento e o que esses atores que mencionamos entendem sobre essa abordagem em questão.

Por isso que pensar no lugar de fala é muito importante.

A pluralidade de possibilidades na comunidade científica

A pluralidade de possibilidades na comunidade científica

Ao ser pedido à você um estado do conhecimento ou ao se propor um estado do conhecimento é necessário que fique claro exatamente o que está sendo solicitado.

Pensemos em um exemplo.

O conceito de resiliência assume diversos significados a depender do seu local de fala.

Será preciso, então, deixar claro, ao leitor, de qual ponto de vista, isto é, de qual perspectiva você está falando.

No caso da resiliência, caso o seu local de fala seja a partir das ciências médicas, é importante que você aponte, logo no início do texto, que você irá falar sobre resiliência a partir do ponto de vista da ciência da saúde, pois esse mesmo conceito pode ser identificado, por exemplo, na física, e, assim, caso você não deixe claro esse local de fala, o seu leitor pode depreender que esse conhecimento está relacionado com outra área, o que pode acarretar ruídos na comunicação e fazer com que o texto transmita um outro sentido.

O que fazer quando o estado do conhecimento é solicitado?

Ao ser requerido a você o estado do conhecimento é muito importante que se tenha claro se o requerente em questão está solicitando um estado do seu conhecimento enquanto pesquisador, isto é, deve-se dizer de onde você está partindo, ou seja, qual a área do conhecimento relacionada ao conceito que deseja abordar.

Isso é muito importante, pois o conhecimento é transdisciplinar e, dessa forma, existem certos conceitos, teorias e métodos que podem ser aplicados facilmente em mais de um campo do saber, contudo, cada área possui as suas peculiaridades e interpretam esses conceitos, teorias e métodos de formas distintas, sendo necessário deixar claro o ponto de vista da área em que está se apoiando para fazer uso do conceito em questão.

Nesse sentido, é importante que se tenha muito claro em mente o que é o transdisciplinar e o multidisciplinar.

O relação do estado do conhecimento com o estado da arte

Como sabemos, o estado da arte é uma ferramenta que serve para te guiar durante o processo de coleta e seleção de materiais que irão integrar a sua investigação.

Trata-se, portanto, de uma pesquisa, mas essa pesquisa ganha um diferencial, ela é sistematizada e, como tal, não basta digitar algumas palavras aleatórias no mecanismo de busca de sua preferência, será preciso adotar certos critérios para que seja mais fácil lidar com a quantidade imensa de materiais que é retornada ao digitar essas palavras-chave.

O estado do conhecimento pode fazer parte do seu estado da arte.

Como ressaltamos, o conhecimento é multidisciplinar e transdisciplinar e, dessa forma, várias áreas podem fazer uso de um mesmo conceito, inserindo as suas próprias marcas.

No momento em que for realizar esse estado da arte, você pode apontar à qual área os conceitos a serem trabalhados pertencem.

O estado do conhecimento: exemplo prático

A fim de que o estado do conhecimento possa ficar mais claro a você iremos apresentar um exemplo prático.

Considere uma pesquisa sobre a Diabetes.

Nesse momento, ao dissertar sobre a temática da Diabetes, você não irá nos dizer de onde está partindo para discutir sobre esse problema.

Você irá apresentar o conceito propriamente dito, no marco teórico.

Assim, no próprio estado da arte, é interessante deixar claro ao leitor essas escolhas para que ao iniciar a leitura sobre o conceito propriamente dito ele já saiba de onde você está partindo.

Existe, então, uma diferença entre os dois tipos de mecanismos.

Ela parece pequena, mas pode prejudicar o texto.

No marco teórico você não irá dizer de onde você está partindo, pois é o momento de desenvolver esses conceitos e, assim, o estado da arte pode te ajudar a realizar tais esclarecimentos, pois a justificativa do uso do conceito pode ser explorada nesse momento.

O que é analisado em um estado do conhecimento?

O que é analisado em um estado do conhecimento?

Ao ler o estado do conhecimento, o leitor pode desejar saber quais tipos de conceitos, teorias e métodos você irá empregar para o seu estudo e, ainda, de que ponto de vista você está falando ou, então, esse mecanismo pode ser requerido para que tenha um conhecimento geral de um determinado conceito nas mais diversas áreas e, assim, você não irá se concentrar em abordar esse conceito apenas a partir de um único ponto de vista, pois deseja-se obter um panorama geral acerca de como ele tem sido discutido, se possível, em todas as áreas que o empregam com certa frequência.

Essa estratégia é bastante interessante quando se deseja demonstrar como um conceito evoluiu e se transformou ao longo dos anos e, para isso, demonstra-se como cada uma das áreas relacionadas a esse conceito contribuiu para com essa evolução.

Demonstra-se os caminhos percorridos por esse conceito até chegar à atualidade.

O papel do núcleo de pesquisa no estado do conhecimento

Caso a sua pesquisa não tenha como objetivo demonstrar como um conceito foi compreendido pelas mais diversas áreas a ele relacionado, você pode se deparar com uma outra necessidade: demonstrar o que o seu núcleo/grupo de pesquisa entende sobre esse conceito.

Essa é uma questão que está intimamente ligada com o posicionamento do seu orientador em relação a certos conceitos, teorias, e, ainda, métodos.

O estado do conhecimento pode apontar, ao seu leitor, de que ponto de vista o seu orientador e, consequentemente, o grupo de pesquisas que coordena, entende sobre esse conceito em questão.

Os núcleos de pesquisa possuem pesquisadores de muitas áreas do conhecimento e, desse modo, o fazer científico pode ser colocado em conflito, pois como, geralmente, esses pesquisadores fazem parte de locais de fala muito plurais, determinados métodos podem ser contestados.

A pluralidade de visões nos núcleos de pesquisa

A pluralidade de visões nos núcleos de pesquisa

Em um mesmo núcleo de pesquisa é possível notar a pluralidade do conhecimento, pois além de essas pessoas fazerem parte de espaços diferentes, as suas trajetórias acadêmicas e, também, de vida, deparam-se com essas diferenças.

São faixas etárias diferentes, modos de se fazer pesquisa diferentes, locais de fala plurais, gostos e afinidades distintos e, assim, pode haver certo estranhamento ao empregar-se certas ferramentas, e, até mesmo, conceitos e teorias.

É nesse sentido que o estado da arte se torna polêmico para alguns professores, orientadores e membros desses núcleos.

Grande parte dos pesquisadores formaram-se como doutores no final dos anos de 70, 80 e 90 e, assim, algumas ferramentas não existiam, o que contribui para com essa resistência.

Eles podem até conhecer o instrumento, mas com outro nome e, assim, o conflito entre interesses acaba se evidenciando em razão disso.

As universidades na atualidade

Ao conversar com pessoas que já se encontram nesse meio há muito tempo, pode-se chegar ao conhecimento de que, antigamente, era muito comum saber o que as universidades estavam investigando e, mais do que isso, era possível compreender as suas escolhas.

O diálogo também era mais propício, porque em um evento, por exemplo, era possível se ter um panorama geral acerca de como a ciência brasileira tem sido produzida nas mais diversas regiões do país, o que implicava o conhecimento acerca de métodos, estratégias e técnicas voltadas à pesquisa científica.

Hoje em dia essa realidade não é mais tão comum, pois há um certa tendência de certos temas concentrarem-se em regiões e, ainda, em instituições específicas, o que faz com que essa divulgação do fazer científico, do compartilhamento de ideias, das trocas de experiências não seja tão comum como era antigamente.

Assim, ao surgir um novo instrumento, até que ele circule em todo o país leva muito tempo.

A falta de diálogo na comunidade científica atual

Vivemos imersos em um mundo que é altamente tecnológico, contudo, ao invés de os pesquisadores estarem mais próximos, há certo distanciamento, isto é, certos temas e formas de se pesquisar acabam ficando restritos à grupos e instituições muito específicos, o que faz com que o conhecimento não flua tão livremente, como era comum antigamente.

Como as novas estratégias não chegam até todos os espaços, acabam se popularizando em regiões e locais específicos e, assim, quando um aluno migra de uma instituição para outra, pode entrar em conflito, pois o que era bem aceito em um espaço pode não ser conhecido ou aceito na nova instituição da qual deseja fazer parte.

Nesse sentido, as formas de se fazer pesquisa evoluem, porque, a cada dia, somos abastecidos com novos conhecimentos.

Eles repercutem na sociedade como um todo, mas lidamos com um problema: nem sempre esse conhecimento chega a todos.

O diálogo no respeito às diferenças

O diálogo no respeito às diferenças

A fim de que possamos lidar melhor com as novas possibilidades de se fazer pesquisa é preciso que aprendamos a lidar com o que é comum ao outro, ou seja, precisamos sair da nossa zona de conforto, principalmente se somos professores.

Sabemos que os seres humanos possuem formações diferentes, pois, a depender da época que realizamos um mestrado e um doutorado, aprendemos a fazer pesquisa de uma determinada forma.

Como o conhecimento evolui, é preciso que mantemos a mente aberta para essas novas ferramentas.

É nesse sentido que os próprios alunos podem contribuir.

Ao invés de recusar o uso de uma determinado mecanismo, conceito e afins, saia da zona de conforto e abrace a nova possibilidade.

É muito mais vantajoso abraçar o novo e permitir que ele faça parte da nossa prática, do que recusar e se manter estático naquilo que já se convencionalizar.

As diferenças de núcleos, instituições e áreas no estado do conhecimento

As diferenças entre áreas, núcleos e instituições aparecem em nosso próprio texto, nas nossas escolhas teóricas e metodológicas.

Assim sendo, é bastante interessante apontar no estado do conhecimento o seu local da fala, isto é, de que ponto de vista você está partindo, pois essa é, inclusive, uma forma de se divulgar o modo de se produzir ciência em sua universidade/núcleo de pesquisa, ou seja, é uma forma de resgatar aquela tendência antiga que funcionava: saber o que tem sido produzido no país todo.

Ao ingressar em uma nova instituição o diálogo será o seu principal aliado, pois, como temos ressaltado, o professor pode conhecer a estratégia, mas com outro nome.

Faça perguntas ao seu novo orientador sobre conceitos, métodos, técnicas e afins que deseja utilizar.

É apenas o diálogo que é capaz de romper para com o distanciamento entre aluno e professor na relação de orientando-orientador.

Nem sempre você precisa abrir mão de uma determinada técnica e/ou abordagem.

Quanto mais clara ela estiver ao seu orientador, mais chances ela terá de ser aceita.

É apenas a conversa que pode fazer com que vocês cheguem a um consenso acerca do modo pelo qual você e ele estão acostumados a produzir ciência.

Apresente o seu local de fala e ele, certamente, irá apresentar o dele.

A partir desse conhecimento, encontrem, juntos, um equilíbrio.

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